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Capítulo I

[CAPITULO 1]

O som da água girando descarga abaixo invadiu o banheiro e os pensamentos de Lethicia, levando consigo uma possibilidade que atormentava a moça a mais ou menos uma semana. Leth abriu a porta de vidro fumê da cabine com um barulho alto de tranca e os scarpins fizeram teck teck pelo piso de azulejos. Ela colocou a bolsa no antebraço e caminhou para lavar as mãos. A água gelada foi um refúgio.

Sua menstruação estava atrasada a duas semanas. O que era estranho, mesmo que seus ciclos nunca tenham sido completamente regulares. Dentro da bolsa de fundo vermelho, um teste de gravidez já feito esperava por ela.

Leth deixou a bolsa sobre a pia e caçou o batom vermelho. Encarou seu rosto no espelho. A pele preta de tom amendoado parecia cansada e envelhecida de preocupação e havia olheiras profundas onde costumava estar o lápis de olho.

Ela passou as mãos pelo rosto, acariciando as manchas mais claras. Lethicia subiu a ponta dos dedos pela maior mancha do corpo, suspirando enquanto tentava acalmar os nervos. Retocou o batom, contornando com cuidado a boca carnuda e sorriu, a fim de checar se não havia deixado os dentes sujos. A moça passou outra camada de filtro solar, para fortalecer a que usou antes de sair e deixou o rosto absorver.

Leth piscou, buscando o olhar ansioso no espelho. Encontrou as íris castanhas, manchadas de azul a encarando de volta. Verificou a pele das mãos, passando filtro até o antebraço. Ali, a moça conseguia ver um mapa nas manchas que ganhou do vitiligo. Quando era mais nova, brincava imaginando conversas diplomáticas entre habitantes, guerras iminentes e grandes histórias de amor proibido.

Ergueu o queixo e, respirando fundo, tomou a decisão com os olhos fixos na parede. Resolveria aquele problema depois, com a mãe ou a melhor amiga e na certeza de que teria apoio. Era preferível passar o dia com a incerteza que a mantivesse calma, do que com a confirmação que a tiraria do eixo. Por mais que Leth detestasse a incerteza da gravidez, não podia se dar ao luxo de escolher a segunda opção. Então, ajeitou a saia tubinho preta e a camisa social listrada ao corpo, vestindo o terninho e saiu do sanitário.

O lugar estava apinhado de funcionários. Pessoas engravatadas caminhavam com velocidade para entregar documentos umas às outras, descendo e subindo escadas, os sapatos brilhantes de graxa. Todos os advogados que trabalhavam no casarão usavam uma espécie de uniforme. Quem se identificava como homem, tinha o terno preto e a gravata como vestimenta diária. Como mulher, a saia tubinho até o meio das coxas, a camisa social e os scarpins faziam sucesso. Não era uma regra, mas todos a seguiam.

O casarão tinha três andares, construído com arquitetura colonial e repintado em tons de amarelo claro e madeira. O concreto das paredes era adornado por um rodapé de gesso e nos salões de circulação, o teto ostentava lustres enormes. As portas receberam resina recentemente e ainda brilhavam, enquanto Leth caminhava na correria. Fora a arquitetura, tudo ali era moderno e tinha uma aparência rústica e séria, decorada com bom gosto e couro falso.

— Bom dia doutora Lethicia. — Marcos, o assistente pessoal de um dos fundadores da Oliveira&Macedo, o escritório de advocacia respeitável no qual Lethicia trabalhava a pouco mais de um ano, a cumprimentou sorridente.

— Bom dia. Mas doutora é só quem tem doutorado. Ainda não cheguei lá!

— Reparei no ainda...— Ele balançou a cabeça com humor e voltou aos seus afazeres, abrindo uma das portas no corredor e desaparecendo sala adentro.

Ela entrou em sua sala. Deveria ter dez metros quadrados, construída com um pé direito alto e uma janela de madeira. A mesa de Leth era feita de mogno e estava apinhada de papéis e documentos, que deveriam estar dentro dos arquivos, armários grandes junto à parede. Haviam duas cadeiras, uma poltrona cor de terra e uma cadeira de escritório simples, onde passava boa parte dos seus dias. A moça colocou a caneca que aquecia as mãos com café revigorante, estampada com a arte de um artista de rua, em um espaço vazio ao lado do notebook pessoal.

Por um momento, ela observou a vista da janela. O céu azul claro ostentando nuvens de algodão e o caos disfarçado de paz na cidade a volta do casarão a encantavam.

São Paulo sempre fora sua terra, desde pequena. E toda a caoticidade da cidade grande dava à Leth uma estranha sensação de pertencimento. Se sentia parte de algo grande...

Permitiu que todos os seus pensamentos voltassem para o trabalho que tanto batalhou para conquistar, focada nos documentos de comprovação de paternidade de um cliente, metodicamente jogados sobre a mesa.

O dia seria cheio.


.


A moça arqueou o corpo, dobrando as costas e jogando os braços para o alto.

Alongou os músculos e massageou a nuca e os ombros, aliviando a tensão. Apesar do cansaço, sorriu satisfeita. Antes, papéis se espalhavam em montes confusos, agora, o chão e a mesa de Leth estavam limpos e com aparência de polimento. Finalmente poderia ir embora. O casarão já estava praticamente vazio àquela hora, mas ela não sairia do expediente antes que tudo estivesse conforme planejou para o dia.

Passou a alça da bolsa sobre o antebraço e pegou o celular, desbloqueando a tela. Eram 20:37. Leth digitou, com a rapidez do costume, o número do telefone de Ana Lúcia.

Chamou uma vez. Duas. Três.

No quarto toque Ana Lúcia atendeu.

— Oi Lê. Ainda está no trabalho? — A voz da amiga surgiu na linha. Leth conseguia visualizar o celular apoiado entre o ombro e a orelha de Analu, enquanto a garota servia mais um capuchino a alguém.

— Estou quase saindo. Você acha que está mais calmo aí às 21:00?

— Se esses viciados decidirem parar de tomar café às nove da noite... — A amiga baixou vários tons, mantendo o comentário apenas para a ligação.

— Você é uma viciada Analu...

O silêncio fez uma risada gostosa sair da garganta de Leth. A outra bufou, escandalosa e resmungou, ainda em tom de brincadeira.

— A viciada aqui vai ser demitida se o chefe ver ela com o celular na mão durante o expediente! Se você chegar aqui 21:30 é melhor.

E desligou.

Suspirando, a moça fechou o zíper da bolsa. Leth trancou a porta da sala e enquanto ainda segurava as chaves, ouviu passos pelo assoalho. Marcos surgiu no corredor.

— Lethicia, a Joana tem um caso novo para você. Me pediu para ver se ainda estava aqui, ela sabe como você é.

— Não pode esperar até amanhã? Tenho um compromisso agora, eu poderia ir bem cedo na sala dela amanhã... — A moça cruzou os braços, os lábios se retesando.

— É um dos grandes. Ela quer descrição e durante o dia tem muita gente aqui! — Marcos rebateu.

— Okay, entendi... — Leth piscou, afastando o cansaço.

Talvez se encontrar com Ana Lúcia mais tarde realmente fosse melhor... Caminhando lado a lado, os dois subiram o último lance de escadas do casarão, em direção ao escritório de Joana Macedo.

Joana era uma mulher de cinquenta e tantos anos. Seus cabelos tinham um tom acinzentado e pousado em cima do nariz fino e reto, estavam óculos de armação gatinho rosa. O sorriso era marcado por covinhas atraentes que delineavam o olhar profundo. A advogada era invariavelmente doce e quase sempre agradável. Leth ainda se lembrava do que ela lhe disse no dia em que a contratou: As pessoas não estão preparadas para receber a empatia que pedem. Esperam que o mundo seja bom e justo, mas nem elas mesmas são e julgam e matam e enganam todos que chegam perto. Quando se deparam com alguém verdadeiramente empático, elas não sabem o que fazer. E essa, se torna a nossa maior arma!

Marcos pediu que Lethicia esperasse um momento no corredor, bateu na porta e abriu sem esperar resposta. Um instante depois, sorriu, fazendo um sinal para que ela entrasse.

Leth já esteve na sala de sua chefe algumas vezes e como a sua, era decorada em tons de terra e madeira, apesar de consideravelmente maior. Não era para menos. Fundar um império de advocacia em meio ao caos e à competitividade paulistana, ao menos, poderia ser recompensado com uma sala confortável e espaçosa para trabalhar. A moça tinha paixão pelas poltronas de estofado vermelho sangue, um veludo confortável destinado aos clientes pessoais de Joana. Para a chefe, seu real orgulho estava na parede abarrotada de prêmios e certificados, a confirmação de que havia trilhado um caminho até o topo e construído seu castelo fortificado ali. Foram décadas, até que a logo nos cartões de visita da Oliveira&Macedo estivesse mais dentro das carteiras dos clientes, do que decorando os porta cartões na sede.

Joana surgiu, caminhando de dentro de seu banheiro particular, enquanto espanava as mãos nas calças de sarja azul-marinho. Sorriu ao ver Leth e acenou para que se sentasse.

— Boa noite meu bem, sabia que ainda estava aqui! — Ela puxou sua cadeira de escritório em couro marrom e apoiou o rosto nas mãos.

— Fazendo hora extra, para variar. — Leth soltou uma risada.

Joana concordou, dispensando Marcos com o queixo. O homem murmurou algo incompreensível e rapidamente saiu, batendo a porta.

— Tanto sigilo? Por acaso vai me colocar em um caso de tráfico de crianças?

— Não trabalho com a polícia federal, são só dor de cabeça. — Zombou Joana, revirando os olhos. — Mas é um caso importante. E com importante, além da clara questão de defender a verdade, eu quero dizer caro.

— Vindo diretamente da sua mão, não questiono... Seus clientes pessoais poderiam movimentar o PIB paulistano sozinhos.

Joana assentiu e abriu a primeira gaveta da mesa perfeitamente organizada. De dentro, a mulher tirou uma pasta cinza. Parecia nova e não era muito grossa. Deixou sobre a mesa e fez sinal para que Leth se adiantasse. A moça logo abriu para examinar.

— A mãe dessa criança acusa o pai de abuso sexual. A criança tem onze anos e afirma estar sendo abusada regularmente desde os oito, os laudos médicos feitos após a denúncia confirmam a história. O ocorrido mais recente aconteceu a poucos dias e a menina o relatou com detalhes ao conselheiro tutelar. A criança é Isabella Bithencöurt, a mãe e o pai são Alice e Rodolfo Bithencöurt...

— Os donos da fábrica de papel...

Joana comprimiu os lábios, exasperada.

— ...Alice veio aqui de manhã e me pediu ajuda chroando. Ela me conhece, e colocou suas próprias próteses de silicone em jogo se precisasse pagar e perdesse o caso. Recusei, claro que é uma situação absurda, mas prometi que representaremos ela no tribunal. O marido já disse que entrará na justiça para provar a mentira e lutar pela guarda da menina e ela vai pedir o divórcio. Com toda a certeza vai precisar de um advogado para essa causa também. — Leth passou os olhos pelo depoimento de Isabella ao conselheiro tutelar, apertando a boca nos detalhes mais sórdidos.

— Não sou especialista em divórcios, sabe disso... — Resmungou a moça.

— Você não vai ficar no caso do divórcio, já coloquei alguém de confiança. Mas o processo que dará a guarda da menina à mãe, esse sim, você acompanhará de perto. Alice me adiantou uma parcela bem gorda do pagamento por desespero e prometi a ela que só precisaria pagar um centavo a mais no final de tudo. Terá 100% da comissão dele. Negociei com ela 20% dos ganhos para o escritório e se vencer a causa, tudo é seu.

Lethicia quase caiu da poltrona, perdendo o ar. Piscou atônita e seu olhar se perdeu pelos móveis da sala. Deixou a pasta na mesa, assustada.

— Joana... Esse processo pode se tornar milionário! Mesmo 20% dele...

— Essa é a parte interessante. O contra, é que será um processo midiático, estará em todas as redes sociais e provavelmente terão matérias em algum programa de TV. Qualquer deslize leva a uma grande repercussão. Pode destruir uma carreira. Acha que vale a pena?

Lethicia mergulhou em completo silêncio, enquanto as engrenagens de sua mente pesavam os prós e contras. Não tinha tempo suficiente para pensar em todos os detalhes e isso a incomodou. Precisava considerar o que aquele caso adicionaria à sua carreira... Se valeria o medo de destruí-la.

— Até quando posso te dar a resposta?

— Amanhã, até 19:00.

Percebendo que tamborilava as unhas na mesa, Leth recolheu a mão.

— Posso levar a pasta para pensar melhor? — Joana assentiu levemente com o queixo, arrastando a pasta em sua direção. A moça envolveu os documentos com as mãos desenhadas pelo vitiligo, segurando contra o peito. Se levantou, angustiada enquanto esperava a confirmação para sair e murmurou uma pergunta: — Por que me escolher?

Sua chefe fez questão de encarar no fundo dos olhos castanhos manchados de azul e dizer, séria:

— Você é uma das advogadas mais competentes especializada em conselho tutelar, sua formação é perfeita e trabalhar com crianças não é simples... Te dar esse caso criará mais renome para o escritório e a tornará lembrada no meio. Se falhar, você ainda é jovem, o peso do erro não cai com tanta força na Oliveira&Macedo. É um investimento meu, uma aposta. Todos saímos ganhando. Pense com carinho na proposta Lethicia. Uma causa dessas no currículo alavancaria qualquer carreira. E qualquer conta bancária.

Leth arqueou os lábios em um sorriso e levantou o queixo. Seus olhos encontraram com os de Joana, faiscando com um brilho de admiração. Arrumou a bolsa no antebraço e os documentos contra o peito, murmurando:

— Com licença.

E se virou, sem esperar resposta.

O som da porta batendo ecoou pelos corredores, enquanto Lethicia Castro descia as escadarias do casarão colonial. A moça não escutou nada. Listava em sua mente todos os novos problemas que adquiriu em poucas horas. A proposta foi guardada em uma gaveta e arquivada por enquanto no cérebro, sobreposta por outra mais imediata.

Um frio incômodo se instalou no estômago de Leth, ao sentir novamente o peso do teste de gravidez escondido na bolsa.

E o peso da mudança que ele poderia trazer.

[NOTAS]

Oieee mis milhos pra pipoca!! Como vão? Eu estou muito bem, agradeço por perguntar!

O primeiro capítulo está postado e vocês vão concordar comigo, que a vibe da história mudou COMPLETAMENTE! Costumo fazer isso com meus livros, nunca começo um enredo direto no plot principal. Mas vocês conheceram a protagonista principal desse livro, dona Lethicia Castro e já é possível entender um pouquinho mais de quem ela é! Deixem suas opiniões sobre a Leth nos comentários, junto às teorias e não esqueçam daquela estrelinha LINDA, que me ajuda demais!!!

Até domingo mis milhos!!!

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