Uma vez,
Eu pensei que fosse um deus,
E podia criar e destruir.

Certa vez,
Dentro dos delírios meus,
Pensei ter o direito de sorrir.

Vi que estava errado
Mais uma vez,
Quando a ilusão se desfez.

Me vi acordado,
O efeito passou,
Vejo realmente quem sou.

Sou um ser humano falho
Sempre me atrapalho,
Vivo procurando atalho
E erro pra caralho.

Dessa vez
Pensei que seria diferente
Mas novamente o inferno se abriu.

Outra vez
Eu me senti impotente
Refém da minha natureza vil.

Pensei que drogado,
Não ia mais sentir,
Essa intensa dor de existir.

Mas estava enganado,
Demais,
Essa fuga não me trouxe paz.

Sou um ser humano falho
Sempre me atrapalho,
Vivo procurando atalho
E erro pra caralho.

Nesse submundo
O fim é o início
Da primeira dose,  até a necrose,
Fundo do precipício.

Parece liberdade
Ilusão que eu tive
Se você usar, parece voar
Mas é queda livre.

É caminho sem volta
Essa estrada torta,
Nunca se tem paz, sempre se quer mais
E nada mais importa.

Para alimentar o vício
Só se envolve em treta
A gente só perde,vira walking dead
Caixão e vela preta.

Poucos são aqueles
Que podem contar a história,
Se já experimentou e se libertou
Então pode dar glória.

Recuperação
A taxa é quase zero,
Eu saí de lá e não posso voltar
Não posso e não quero.

Sou um ser humano falho
Sempre me atrapalho,
Vivo procurando atalho
E erro pra caralho.