3. Você confia em mim?
Gatilhos: pressão e estresse na carreira; desconexão emocional; medo de falhar; conflitos internos.
✨🌟💫
Não quero perder o controle. Não posso fazer mais nada. Tentando todos os dias quando prendo minha respiração. Girando no espaço, pressionando meu peito. Não quero perder o controle – Control (Zoe Wees).
A mulher tagarelava incessantemente sobre alternativas de sei lá o que, mas Gwen sequer conseguia processar. Sua mente estava em outro lugar, seu olhar estava fixado em um único ponto da sala: o porta-retrato sobre a mesa do escritório. A imagem ali era de seu grupo. Não apenas um conjunto de cantoras, mas um grupo de amigas — tão diferentes em estilo e personalidade, mas que se completavam como uma bela melodia. Eram suas melhores amigas. E agora, estavam afundando junto com ela, arrastadas por sua maldita incapacidade de manter o controle sempre que Kim Seokjin estava envolvido.
— Gwen, você me ouviu? — a voz irritada de Lis interrompeu seus devaneios. Gwen piscou algumas vezes, tentando se recompor, antes de esboçar um sorriso cansado.
— Obrigada pelas sugestões, Lis, mas nenhuma delas vai me salvar do fracasso — ela suspirou profundamente, sentindo o peso das palavras afundar ainda mais em seus ombros. Apesar de sua competitividade e impulsividade, Gwen era também determinada e leal. E se havia algo que desprezava, era empurrar para outros a responsabilidade de consertar a bagunça que ela mesma havia criado. — Pode ir descansar.
— Gwen... — o tom de pena na voz da mulher fez Gwen cerrar os dentes. Sabia que Lis detestava se intrometer, mas o olhar carregado de preocupação a traiu. Ela conhecia bem Gwen e sabia que ela tentaria enfrentar aquilo sozinha, como sempre fazia.
— Ninguém mais precisa pagar pelo que eu fiz — o sorriso que ela esboçou foi mais uma tentativa de autopreservação do que qualquer outra coisa. Lis hesitou por um instante, mas assentiu, respeitando a decisão da amiga. Porém, antes de sair da sala, lançou uma última sugestão. E talvez, só talvez, fosse a única que Gwen estaria disposta a aceitar.
A tensão no ar era palpável. A enxurrada de escândalos e notícias sensacionalistas não apenas a pressionava, mas também colocava sua empresa à beira do colapso. Contratos estavam ameaçados, parcerias sendo desfeitas. Era como assistir um castelo de cartas desmoronar em câmera lenta.
Gwen se levantou, sentindo o coração pesar ainda mais no peito, e caminhou até sua mesa. Pegou o celular, as mãos trêmulas. Havia apenas uma pessoa que poderia ajudá-la, uma única carta na manga que ainda restava. Seus dedos pairaram sobre a tela por um instante antes de finalmente fazer a ligação.
A linha chamou uma, duas, três vezes, o som ecoando em sua mente como um lembrete do risco que estava prestes a correr. Será que ele atenderia? Mais ainda, será que ele estaria disposto a ajudá-la?
Gwen prendeu a respiração, o medo e a ansiedade entrelaçados em um nó apertado em sua garganta. Quando a voz do outro lado da linha finalmente respondeu, ela soube que ainda havia esperança.
✨🌟💫
Fazia meia hora que Yoongi estava ao telefone, tentando convencer seu melhor amigo de infância a aceitar o artista mais problemático de sua gravadora no programa que Namjoon havia criado para melhorar a imagem de idols em apuros. Normalmente, Namjoon aceitaria sem muita resistência. Mas com Seokjin na equação? Era outra história. Kim Namjoon e Kim Seokjin eram a definição viva de incompatibilidade.
— Nam, por favor, você é minha única opção! — Yoongi implorou, o desespero evidente em sua voz.
— Como se você tivesse outra, Yoongi — o loiro debochou do outro lado da linha, arrancando um grunhido frustrado do Min. Será que precisaria se ajoelhar e implorar de verdade?
— Joon, a D-Day é minha vida! — dramatizou, a voz carregada de tragédia. — Você sabe o quanto eu lutei para construir isso aqui, e agora está tudo desmoronando. O que vou dizer aos meus maridos quando eu falir? Hein? Que perdi tudo porque um certo Kim não consegue se comportar? — ele suspirou dramaticamente, tão teatral que Hoseok, sentado ali perto, precisou tapar a boca para conter o riso.
Yoongi definitivamente sabia como ser dramático e apelativo quando queria, transformando até as situações mais sérias em um verdadeiro espetáculo. Era um talento natural, algo entre irritante e cômico, que só ele conseguia equilibrar tão bem.
— Exatamente isso. Você vai dizer que aceitou um idol problemático e que ele destruiu sua empresa. Aposto que o Taehyung conhece alguém que pode dar uma surra no Seokjin — Namjoon zombou sem cerimônia.
Yoongi apertou os olhos, considerando a ideia por um segundo. Min Taehyung realmente poderia encontrar alguém para "dar um jeito" no irmão mais velho. Na verdade, bastaria chamar a mãe deles. A senhora Kim era a mulher mais doce do mundo, mas, quando precisava, sabia exatamente como colocar Seokjin de volta nos trilhos.
— Joonie, pelo amor de Deus! Isso é sério! — Yoongi explodiu, já à beira de arrancar os próprios cabelos.
Do outro lado da linha, Namjoon suspirou pesadamente. Sabia que ter Seokjin no programa poderia ser um desastre completo, mas também tinha consciência de que a mídia adoraria assistir à sua transformação. Talvez aquilo não fosse tão ruim, afinal.
— Tá, tá, pode parar de choramingar. Vou conversar com a equipe. Mas, ao que tudo indica, ele pode entrar — Namjoon revirou os olhos, rendendo-se à insistência do amigo.
Antes que pudesse comemorar, Yoongi ouviu a voz debochada do Kim outra vez:
— E diga ao Hoseok que ele deveria estar trabalhando.
— Como você sabe que ele está aqui? — Yoongi perguntou, franzindo o cenho e lançando um olhar desconfiado para o marido.
— Quem mais te daria essa ideia estúpida? — Namjoon encerrou a chamada com uma risada sarcástica, deixando Yoongi plantado no lugar.
Sem perder tempo, o Min largou o celular e correu até sua mesa, onde Hoseok estava confortavelmente sentado em sua cadeira giratória, girando de leve e com um sorriso triunfante no rosto.
— Conseguimos! — Yoongi exclamou antes de agarrar Hoseok e plantar um beijo cheio de entusiasmo em seus lábios. Sem aviso, ele começou a fazer sua dancinha da vitória — uma performance desengonçada e hilária que só ele sabia executar, sacudindo-se de um lado para o outro.
Hoseok gargalhou, sentindo o coração aquecer ao ver seu marido tão feliz pela primeira vez em dias. Ele sabia o quanto Yoongi vinha sofrendo ultimamente e estava disposto a fazer qualquer coisa para trazer esse sorriso de volta.
— Vamos pra casa. Quero transar. — Yoongi anunciou, já pulando em direção à porta com a mesma energia de uma criança que acabou de ganhar um presente.
— Meu Deus, Yoongi! — Hoseok riu, balançando a cabeça, mas não perdeu tempo em se levantar e seguir o marido. Afinal, como resistir?
✨🌟💫
Namjoon encarou o celular sobre a mesa e suspirou, desviando o olhar para o computador. A manchete em caixa alta parecia gritar com ele: "KIM SEOKJIN E LEE YEBIN: IRÃO AFUNDAR JUNTOS?". A tensão em suas sobrancelhas refletia a frustração que crescia em seu peito. Ele sabia que aquele desastre iminente tinha proporções gigantescas, mas o que poderia fazer?
Quando o celular começou a tocar, viu o nome dela brilhando na tela. Um suspiro pesado escapou de seus lábios enquanto passava a mão pelos cabelos loiros, já imaginando o que estava por vir.
— Já até sei por que está me ligando — ele atendeu sem rodeios, a exaustão evidente em sua voz. — Não precisa implorar. Eu aceito.
— Quem disse que eu iria implorar? — Gwen rebateu com um tom debochado do outro lado da linha, arrancando dele um revirar de olhos automático. — Tá bom, talvez eu fosse... só um pouquinho.
Apesar do tom despreocupado dela, Namjoon sentiu o peso naquelas palavras. Ele não precisou de muito para perceber a angústia por trás da fachada.
— Como você está? — perguntou, sua voz suavizando.
Aquela simples pergunta foi suficiente para desarmá-la. Gwen começou a desabafar, sua voz carregada de preocupação e cansaço, como se cada palavra fosse uma tentativa de manter as emoções sob controle. Namjoon apenas ouviu, o coração apertando ao perceber o quanto ela estava tentando carregar sozinha.
Os dois tinham uma história que remontava anos. Antes de criar o programa Estrelas em Ascensão, Namjoon tinha sido agente de Gwen, e ninguém mais sabia controlá-la tão bem quanto ele. Mesmo depois de seguir caminhos diferentes, a confiança e o respeito entre eles permaneceram intactos.
Quando decidiu criar o programa, Namjoon contou com todo o apoio que Gwen podia oferecer. Ela sabia o quanto ele precisava de um novo propósito em sua vida, e ajudá-lo parecia o caminho certo a seguir, apesar das dificuldades que surgiriam no processo.
Namjoon havia iniciado sua carreira na indústria como rapper, mas sempre quis ir além. Tornou-se produtor e, mais tarde, agente, determinado a fazer a diferença para outros artistas. Porém, com o passar do tempo, sua vida tomou rumos inesperados. Reviravoltas pessoais e profissionais o fizeram se sentir cada vez mais perdido, como se estivesse andando no escuro sem uma direção clara.
Foi nesse período de incertezas que surgiu a ideia do programa. O conceito de ajudar artistas em dificuldades o atraía profundamente, quase como uma redenção para si mesmo. Mas, por mais nobre que fosse seu propósito, ele sabia que o desafio não seria simples. A pressão da indústria era esmagadora, e Namjoon temia que, caso falhasse, não apenas arruinaria sua própria reputação, mas também o futuro daqueles que confiavam nele.
Agora, olhando para os artistas que se candidataram para a nova temporada, incluindo Gwen e Seokjin, um frio percorreu sua espinha. A responsabilidade era imensa, e a ideia de colocar Seokjin no programa o deixava especialmente inquieto. Ele estava lidando com um artista cuja reputação estava por um fio, e qualquer passo em falso poderia ser desastroso.
Namjoon se sentia como se estivesse equilibrando-se em uma corda bamba, com tudo ao seu redor à beira de um colapso. Mas, no fundo, sabia que não podia recuar. Se havia algo que ainda o mantinha de pé naquela indústria cruel, era a chance de oferecer a outros o que ele mesmo nunca teve: uma segunda chance.
— A próxima edição começa em dois dias. Vou falar com a equipe para incluir vocês — disse, decidido.
— Vocês? Como assim, vocês, quem? — Gwen perguntou, a confusão evidente na voz.
— Você e Seokjin.
O silêncio do outro lado foi breve, mas carregado de hesitação.
— Yebin... — Namjoon começou, chamando-a pelo nome.
— Sim? — ela parecia ainda mais confusa.
— Você confia em mim?
Gwen franziu o cenho, surpresa com a pergunta. É claro que confiava. Ela confiava nele como confiaria sua própria vida. Então por que ele precisava de uma confirmação?
— Claro que sim, Namu — respondeu, sem hesitar.
— Então, quando entrar no programa, não questione minhas decisões. Só... confie, está bem?
— O que você está aprontando? — ela tentou sondar, o tom de curiosidade se misturando com uma pontinha de receio.
— Digamos que será uma surpresa — ele disse, o tom misterioso que só serviu para deixá-la mais inquieta.
Gwen mordeu o lábio, sabendo que ele não cederia. Não havia escolha a não ser esperar para descobrir o que Namjoon tinha em mente.
— Venha aqui amanhã — ele continuou. — Ah, e traga suas amigas do grupo.
Aquela última instrução a pegou de surpresa, mas ela não questionou. Namjoon sempre sabia o que fazia, mesmo que seus métodos fossem, no mínimo, peculiares. Ele já a tinha tirado de situações ruins antes, então tudo o que lhe restava era seguir o plano, por mais estranho que parecesse.
E se aquilo acabasse sendo um sacrifício maior do que imaginava? Bom, só o tempo diria.
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