11. Carga emocional
Gatilhos: memórias de um acidente; culpa e arrependimento; relação familiar conturbada; abandono parental; menção a depressão; trauma; crise emocional.
✨🌟💫
Tudo bem se você ficar sem fôlego, ninguém vai te culpar, você pode errar de vez em quando porque todo mundo erra, só dizer que está tudo bem, é reconfortante – Breathe (Lee Hi).
A atividade estava sendo bem conduzida. Todas as duplas estavam reunidas em seus lugares, discutindo coreografias, testando alguns passos e, vez ou outra, chamando Taehyung para tirar dúvidas. Os mais reservados eram Seokjin e Gwen, que trabalhavam de forma estritamente profissional. Assistiam a vídeos de salsa, comentavam entre si, davam opiniões e sugeriam mudanças, mas não passava disso — nem um sorriso mínimo era trocado entre eles.
— Posso criar o perfil da próxima dança de vocês? — A voz de Jimin sobressaiu-se, pegando-os de surpresa. Eles apenas assentiram, esperando que o loiro se acomodasse. — Vocês vão dançar salsa. Já pensaram no figurino?
— Poderia ser azul? — Gwen sugeriu, olhando diretamente para Seokjin, que se surpreendeu com a pergunta. — Normalmente, salsa remete a tons de vermelho ou preto, mas acho que azul-marinho com brilho ficaria mais bonito com o nosso tom de pele.
— Parece uma boa ideia. Por mim, tudo bem. — O cantor deu de ombros e voltou-se para o loiro. — Acha que consegue providenciar algo, Ji?
— Definitivamente. — Jimin sorriu animado e mirou o rosto dos dois. — Posso pensar em uma maquiagem mais leve também. O que acham?
— Faça sua mágica, Jimin-ssi. — Gwen brincou, e ele sorriu, suas bochechas adquirindo um tom avermelhado de vergonha. — Oh, ficou envergonhado?
— Só o Kookie me chama assim. — Ele disse de forma acanhada.
— Desculpe, eu não sabia...
— Não se preocupe, não tem problema, ele não liga. — O estilista deu de ombros, voltando a atenção para o papel em suas mãos.
O barulho de algo caindo desviou a atenção de todos para Lalisa e Rosé, que tentavam ajudar Taehyung a se levantar. Seokjin alarmou-se e correu até o irmão, os olhos arregalados e o coração descompassado.
— Sente alguma coisa? — perguntou exasperado, e Taehyung negou com um sorriso tranquilo.
— Eu só escorreguei, Jin. — Ele segurou a mão do irmão e apertou, tentando tranquilizá-lo.
Mas para Seokjin, não estava nada bem. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e uma angústia apertava em seu peito.
— Certo, pessoal, tirem trinta minutos, por favor. — Taehyung anunciou com um sorriso calmo.
Os outros apenas confirmaram que o Min estava bem e saíram da sala de ensaio, restando apenas os irmãos, Gwen e Jimin.
— Ei, maninho, eu estou bem. Veja. — O mais novo segurou os ombros do irmão e se levantou, puxando-o junto. De fato, não havia nada errado com ele. Mas Seokjin continuava com lágrimas nos olhos. — Por que está assim, hmm?
— Eu... Você... Me perdoa, Taetae. Por favor, me perdoa. — Jin começou a chorar de forma sentida, surpreendendo a todos.
Taehyung acolheu o irmão em um abraço, sem entender o motivo de tanto sofrimento.
Hoseok, Yoongi e Namjoon entraram às pressas na sala, alertados pela notícia de que Taehyung havia caído. No entanto, a cena os confundiu: por que era Seokjin quem soluçava e era acalentado?
Os dois se aproximaram, verificando se o marido estava realmente bem. Entendendo que foi apenas um susto, nada grave. O Min mais velho esfregou as costas do seu artista com ternura e lhe depositou um beijo no ombro.
— Ele está bem, Jin. Eu prometi, lembra? — Yoongi murmurou, e o cunhado assentiu. Ele sabia que era verdade.
— Eu fui um péssimo irmão... — murmurou entre fungadas, ainda agarrado ao pescoço de Taehyung, que apenas alisava suas costas de maneira calma e tranquilizadora.
Os outros apenas observavam aquele momento familiar inevitável.
— Ei, Jinnie, eu estou bem, estou vivo e não tenho nenhum ferimento grave que me impeça de viver minha vida ou fazer meu trabalho. — Ele afastou-se apenas o suficiente para encarar o irmão.
Seokjin agora sentia vergonha. Sabia que havia mais gente na sala e se achava um idiota por chorar daquele jeito.
— Vou te levar para o quarto. Vamos. — O mais novo deixou um beijo em sua testa e o guiou para fora, lançando uma piscada para os maridos, que apenas sorriram.
Por alguns segundos, a sala ficou em silêncio. Todos absorviam o desespero de Jin. Até que, finalmente, a pergunta foi feita e eles voltaram a si.
— Alguns anos atrás, eu e Taehyung sofremos um acidente de carro. — Yoongi olhou para Gwen, que pareceu chocada. — O Tae estava dirigindo naquela tarde. Um motorista bêbado atravessou a pista no sinal fechado e bateu em cheio no nosso carro. Foi o fim do Tae nos palcos... Aliás, o nosso fim. Porque eu também não voltei. Caí em uma depressão horrível.
— Eu sinto muito, Yoon. — Ela disse, solidária.
Ele apenas sorriu e negou com a cabeça; aquilo não o incomodava mais, pois já havia superado aquele período.
— Está tudo bem... Mas o Jin nunca superou ver o irmão naquela cama de hospital, todo machucado.
— É compreensível. Seokjin protege Taehyung como se fosse o pai dele. — Namjoon comentou casualmente. — Ele é a figura masculina mais presente na vida do Tae, sabem? Por conta de toda a história deles.
— O pai deles os abandonou? — Gwen perguntou, curiosa, e o Kim assentiu.
— Pelo que ouvi do Jin, ele trocou a família por outra. A amante estava grávida, e Seokjin ficou com tanto ódio do pai que nunca o perdoou. — Hoseok completou.
Gwen apenas assentiu, e o assunto logo foi encerrado. Não demorou para que todos se dispersassem e voltassem aos seus afazeres.
Enquanto isso, os irmãos caminhavam pelos corredores até encontrarem o jardim na parte externa do prédio. O ar fresco era agradável, um bom lugar para Seokjin respirar. Eles se sentaram em silêncio, apenas apreciando a brisa.
— Você não foi um péssimo irmão, Jin. — Taehyung murmurou após alguns minutos. — Na verdade, foi o melhor... Mas, às vezes, me sinto culpado. Queria que você tivesse deixado todo o rancor de lado para entender o lado do nosso pai.
— Não quero falar sobre ele, Tae. — O mais velho abaixou o olhar para as próprias mãos, exausto de carregar tanta coisa dentro de si. — Você era muito novo. Não deve se sentir culpado por eu ter assumido toda a carga sozinho.
O dançarino suspirou e decidiu não insistir. Estava claro que ele e Seokjin ainda divergiam sobre o passado. Cada um tinha sua versão dos fatos, e talvez aquilo não se resolvesse sem a última peça do quebra-cabeça.
— Não foi o acidente com o Yoon que me tirou dos palcos, Jin. — Taehyung revelou. — Quando o fisioterapeuta me liberou e eu finalmente pude dançar de novo, eu já não me sentia o mesmo. Não era mais o que eu queria.
— As experiências moldam o ser humano. — Seokjin recitou, e o irmão assentiu. — Eu não deveria ter chorado... Me sinto um idiota.
— Não se sinta. Você está mudando, e eu vejo isso. — O Min sorriu, aquele sorriso quadrado e familiar. — Deixe o rancor de lado, Jin. Ele não combina com você.
Sem dizer mais nada, o castanho se levantou e deixou o irmão ali, perdido em seus próprios pensamentos. A verdade é que Seokjin nunca foi do tipo que pensa demais antes de agir; ele sempre seguia seus impulsos e lidava com as consequências depois.
Talvez fosse hora de mudar. Sua impulsividade já o havia afastado de tantas coisas... Talvez, para ter uma vida plena e feliz, precisasse aprender a agir de outra forma.
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