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Prólogo

Estados Unidos, dias atuais

O gelo sob seus pés fazia com que Tessa Elliot se sentisse a garota mais leve do mundo. No rinque de patinação, ela não era apenas uma menina comum. Ela era a garota que patinava como uma princesa do gelo. Ali, ela era observada por todos com admiração, e todos queriam imitar seus passos e brilhar. Pois Tessa brilhava como Sirius, a estrela mais cintilante do céu noturno.

Tessa fazia seus movimentos, saltando, deslizando e girando com maestria. Assim que terminou seu treino, ela notou que alguém a observava. Ignorou a sensação daqueles olhos castanhos sobre ela, sentou-se numa das arquibancadas, tirou seus patins e guardou-os rapidamente em sua mochila rasgada. Passou os dedos pela fenda e suspirou.

Tessa morava com a tia Violet, que não a permitia seguir seu sonho. Ainda assim, quando surgiu a oportunidade de um teste para uma vaga sem custos numa escola de patinação ao lado do colégio em que cursava o último ano, ela não pensou duas vezes antes de fazê-lo. Não acreditava que realmente pudesse passar, mas, quando viu seu nome no topo da lista, sentiu como se seu coração fosse sair do peito e ao mesmo tempo uma angustia se apoderou dela.

O que diria à sua tia? Como ficaria seu emprego na lanchonete? Passou uma noite insone pensando naquelas questões e decidiu que a vida estava lhe dando uma oportunidade que ela não deveria deixar escapar. Permitiu que Violet continuasse pensando que ela ainda trabalhava na lanchonete todas as tardes, enquanto ia aos treinos.

Levantou-se, colocou a mochila rasgada sobre os ombros e atravessou a porta. Enquanto caminhava pelo corredor até a saída, ouviu uma voz chamá-la:

- Espere!

A jovem parou e voltou-se para trás com o olhar inquisidor.

- Vai participar da competição regional? - quis saber Stephen, o filho da treinadora.

Tessa observou-o por alguns segundos, admirando a beleza de Stephen. Seus cabelos cor de azeviche caiam sob seus olhos, a pele levemente bronzeada só contrastava ainda mais o tom de amendoado de suas íris. Embora o achasse muito bonito, não sentia por ele o que a maioria das meninas. Talvez fosse fria demais para se apaixonar por alguém, ou talvez o seu coração já estivesse preenchido por outra pessoa, com um sentimento que ia além de sua compreensão.

- Não - respondeu com firmeza.

Quando empurrou a pesada porta, o ar lá fora açoitou seu rosto com força e ela apertou a gola se seu casaco ainda mais em seu pescoço. Tessa continuou andando e ficou surpresa com o fato de Stephen ainda estar ao seu lado.

- E o que acha de formarmos um par e entrarmos para a competição de duplas?

A jovem ponderou por alguns segundos e imaginou a possibilidade de competir, estar diante de várias pessoas, num lindo modelo brilhante e dançar sobre o gelo. Mas a realidade a atingiu como um soco forte no estômago. Ela não teria como conseguir aquelas roupas glamorosas e como pagaria suas viagens?

- Por que não convida uma das outras garotas? - ela perguntou de forma um tanto rude.

- Porque você é a melhor e nenhuma delas sabe fazer o que você faz e minha mãe concorda comigo. - Stephen se pôs à frente de Tessa, fazendo com que ela tivesse de parar e, como se lhe adivinhasse os pensamentos anteriores, sugeriu: - Se o problema são os gastos, eu posso arcar com tudo.

Tessa empertigou-se, sua respiração formando uma fumaça branca no ar.

- Ouça, Stephen, você não irá me comprar - ela sentenciou e tornou a caminhar com passos largos.

- Calma, Tessa - riu Stephen, tentando acompanhar seu ritmo. - Eu não quero comprá-la. Mas pense no que eu lhe disse. Nós dois juntos venceríamos qualquer competição e você ficaria muito conhecida, teria dinheiro suficiente para me pagar depois. Digamos que o que eu faria com você agora seria mais como um investimento.

Parecia uma boa oferta, mas era algo incerto. Se Tessa decidisse seguir por aquele caminho, a primeira coisa que perderia seria um teto sob sua cabeça. Sua tia jamais permitiria e certamente a expulsaria.

- Eu preciso pensar.

- Já é alguma coisa - Stephen sorriu e lhe passou um papel com seu número de telefone. - Vou esperar o seu sim.

Tessa guardou o número no bolso de seu casaco e continuou o percurso até chegar em casa. Perguntou-se se realmente a treinadora compactuava com tudo isso e, se fosse assim, deveria ela aceitar?

Aspirou o ar gelado para os pulmões e entrou pela cozinha, tentando ser discreta.

- Dê-me isso aqui, menina - Sarah, a empregada, tomou a velha mochila das mãos de Tessa, que a fitou sem compreender por que a urgência em sua voz. - Sua tia saiu do trabalho mais cedo e está à sua procura. Não sei o que você fez, mas ela está furiosa! - alertou-a.

O que seria agora? Tessa soltou um longo suspiro e foi até a sala de estar. Sua tia, Violet, encontrava-se de pé, em frente à lareira, com as mãos atrás das costas. Assim que sentiu a presença de Tessa, Violet virou-se com o olhar acusador, as feições austeras que a surpreenderiam se já não fosse um costume de sua tia fitá-la sempre assim.

- Onde você esteve? - inquiriu-a com uma voz cortante.

Tessa mordeu o lábio. Era inteligente o suficiente para saber que, de algum modo, sua tia já sabia que ela não estava mais trabalhando na lanchonete. A questão era quem havia lhe dito e o que havia dito, pois já fazia meses que não ia até lá. E, apesar de todos os defeitos que Violet possuía, ao menos deixava que Tessa gastasse seu dinheiro como quisesse sem nunca lhe prestar contas sobre seus ganhos. Dessa forma, para ela havia sido fácil se esquivar, mas agora parecia não ter saída. Como Tessa já sabia, as mentiras eram como a sujeira que você varre para debaixo do tapete. Em algum momento alguém irá levantá-lo e irá descobrir que foi enganado e que a sujeira continua ali.

- Eu fiz o teste Violet e ganhei uma bolsa. Estou fazendo aulas de patinação - despejou de uma vez num tom irritantemente tranquilo.

- Deixou a lanchonete para fazer aulas de patinação?! - acusou-a com um pesado ar de censura. - Pois você irá pedir seu emprego de volta e irá largar essa ideia absurda de patinar - falou como se não fosse uma opção.

- Não - protestou. Tessa ficou surpresa com a convicção com a qual as palavras saíram de seus lábios.

Os olhos de Violet cresceram e ela empertigou-se.

- Vai fazer o que eu digo enquanto estiver sob meu teto! - exigiu.

- Não se preocupe. Sendo assim, então eu deixarei esta casa.

Violet sorriu de forma sarcástica e pareceu não acreditar que Tessa estivesse falando sério, mas viu nos olhos dela um brilho que jamais tinha visto antes e seu sorriso morreu. Ela estava realmente certa do que iria fazer.

- A escolha é sua, Tessa - disse Violet e endireitou ainda mais os ombros. Aquela postura parecia dar a ela um ar de imponência que, porém, de forma alguma intimidou Tessa. - Mas não pense em voltar. Já sabe que não a aceitarei de volta. Se a mantive aqui, foi apenas porque Henry me pediu.

A menção a Henry fez Tessa corar e ela baixou os olhos para que Violet não notasse como aquele nome mexia com ela.

Saiu da presença da tia e foi até seu quarto. Dobrou algumas roupas, enfiando-as em sacos. Pegou alguns livros e mais alguns pertences. Procurou suas botas pretas e recordou-se de que as havia deixado no sótão. Tessa foi até o cômodo escuro, manteve a porta entreaberta e desceu as escadas, hesitante. Será que havia feito a escolha certa? Talvez fosse melhor ceder aos desejos de Violet, não podia se dar ao luxo de arriscar seu destino.

Mesmo com dúvidas, a jovem entrou no sótão. A lâmpada que ficava pendurada no teto estava queimada e Tessa tentou ligar a lanterna que havia pegado em seu quarto, mas ela não acendeu. Deu algumas batinhas no objeto e, vendo que nenhuma luz saia, abriu a tampa. Estava sem pilhas. Lembrou-se de que as havia tirado, pois estavam fracas e ela tinha planejado trocá-las pelas que havia comprado na loja.

Pensou em voltar ao quarto e pegar as pilhas novas, mas a luz do dia, embora não iluminasse tão bem todo o sótão, era suficiente para fazê-la enxergar suas botas. Ela sabia que as havia deixado no canto da parede. Enquanto se dirigia até o local, Tessa começou a observar cada objeto daquele lugar. Sua tia guardava muitas coisas desnecessárias como móveis que não serviam mais, livros teóricos que já estavam ultrapassados. Ela foi andando até tropeçar em algo que quase a fez cair. Quando olhou para baixo percebeu que se tratava de uma caixa de sapatos.

Tessa fitou a caixa com o cenho franzido. O que haveria ali dentro? Provavelmente fotos do falecido marido de sua tia ou mesmo da infância de Henry. Um arrepio de deleite a percorreu quando pensou em Henry, mas Tessa reprimiu o sentimento. Ela deveria investigar? Era completamente insano e esquisito, mas Tessa sentiu que estava ligada àquela caixa de sapatos de algum modo e, ainda que não compreendesse aquela sensação, agachou-se e abriu-a.

Lá dentro havia algumas fotos em preto e branco de um casal que ela não conhecia; uma espécie de diário; um cachecol azul; uma embalagem de batom e uma linda corrente de ouro, com um pingente de cristal em forma de flor. Tessa ficou encantada com a peça e pendeu-a entre seus dedos, acima de seus olhos, para fitá-la melhor. Em letras minúsculas, encontravam-se as iniciais H.H.

Curiosa, Tessa procurou algum papel onde pudesse se sentar e, achando um velho jornal, colocou-o no chão, cruzou as pernas, abriu o diário e correu os olhos pelas linhas. O diário, como ela pôde descobrir, era de uma mulher chamada Heidi Hoffman e, conforme foi avançando à leitura, Tessa começou a sentir que ali estava uma parte de si mesma e a resposta para suas dúvidas.

Estados Unidos, 1942

Em frente ao espelho, passei o meu batom vermelho nos lábios e comprimi-os um no outro. Estava com uma carta em mãos e beijei o papel, deixando a marca de meus finos lábios sobre ele. Agora James se lembraria de nossos beijos, enquanto estivesse lendo minhas palavras.

Peguei o colar que James havia me dado em seu aniversário e o coloquei em meu pescoço, mesmo sabendo que por baixo de toda essa roupa de inverno ninguém o veria. No entanto, eu sentia que estar com essa peça era como carregar um pedacinho dele comigo.

Ergui-me da cadeira, rumei para a sala e, antes de sair, peguei meu grosso casaco e o chapéu que estavam pendurados, e abaixei-me para pegar também meus patins. Havia combinado que encontraria Sophia, Alexander e meu querido James na pista de gelo.

Quando cheguei, meus amigos já estavam deslizando e eu me senti ansiosa para estar ali. Se fossem outros tempos, eu diria que amava o inverno, pois era a única época em que podia fazer o que mais gostava. Mas meu coração permanecia angustiado com os acontecimentos e era difícil estar feliz com as possibilidades que me cercavam.

- Venha logo, Heidi - chamou Sophia assim que me viu.

Sentei-me no banco frio e descalcei minhas botas, substituindo-as por meus patins. Permaneci fitando-os por alguns segundos. Recordava-me de uma vez ter sonhado em ser uma grande patinadora como a norueguesa Sonja Henie, ganhando as olímpiadas e participando de campeonatos mundiais. Sacudi a cabeça, pois aquilo era pouco provável.

Juntei-me aos amigos. James ainda não havia chegado e de tempos em tempos, eu olhava para os lados em busca de sua figura.

- Quanto tempo acha, Alex, que poderemos ficar assim? Ficar em paz? - Sophia perguntou.

Quase deixei uma risada escapar. Sophia não havia percebido que a paz já havia partido há muito tempo?

- Só Deus sabe - disse Alexander dando de ombros.

- Pois você deveria saber também, Alex. Não pense que só por ser rico vai se livrar de se tornar um soldado. Agora que você irá completar dezoito anos, precisa ter consciência de que há uma grande chance de que isso aconteça.

- Pelos céus, Sophia, como você consegue ser desagradável - ele riu, fingindo não se importar. - Venha, querida, vamos comprar um doce para esse seu paladar azedo. Gostaria de um também, Heidi? - ofereceu.

Fiz que não com a cabeça e ele afastou-se com Sophia, antes que seus olhos revelassem o medo que ele procurava ocultar. Alexander sonhava que ao fazer dezoito anos fosse estudar direito, mas, se o exercito o chamasse, o que seriam de seus planos?

A guerra sempre havia sido muito cruel. De origem alemã, eu era grata a Deus por meus pais terem tido a chance de sair do país antes daqueles acontecimentos bárbaros, dos quais eram totalmente contra. Quando eu pensava sobre o assunto, sentia raiva de como uma política egoísta era capaz de manipular uma mente desesperada, convencendo-a a aceitar o que em um estado normal seria completamente deplorável. A Alemanha, de fato, havia tido uma ascensão econômica, pois o novo governo havia diminuído em muito o desemprego. O novo reich sabia como fazer com que as pessoas o seguissem, mas isso não justificava suas atitudes cruéis e desumanas.

Fechei os olhos e apertei-os, sentindo um nó na garganta. Abri os braços e, enquanto deslizava, por um momento pensei que poderia voar como um pássaro e fugir dali. Abri os olhos lentamente quando senti duas mãos grandes agarrarem minha cintura fina e um perfume amadeirado invadir minhas narinas. Era o cheiro de meu James e eu o reconheceria em qualquer lugar.

Virei-me para ele e sorri. Ambos estávamos num ritmo perfeito e de forma tão harmônica, que era como se nossas laminas afiadas acariciassem o gelo abaixo de nós. James usava um casaco cinza e um cachecol azul que combinava com a cor de seus olhos. Ele notou que eu não usava nenhum e, com carinho, tirou-o de seu pescoço e o envolveu no meu.

- James - sussurrei como se estivesse num sonho.

James colou sua testa à minha, sem parar com os movimentos.

- Heidi - ele sorriu de um jeito que fez com que o meu coração congelasse no peito. Era um sorriso triste e pesaroso e eu senti que o ar começava a se esvair dos meus pulmões.

- Eu trouxe uma carta para você. - Ansiosa, eu estendi o papel para ele, que o pegou de minhas mãos trêmulas.

- Guardarei para ler depois. Tudo que quero agora é aproveitar você.

James guardou a carta em seu casaco, tirou as luvas pretas e tocou o meu rosto frio com as mãos nuas. Queria me sentir e eu estremeci com o toque dele.

- Eu nunca conheci uma garota mais bonita do que você. - Os olhos dele cintilaram e ele beijou os meus lábios suavemente.

- Tenho certeza de que não procurou muito bem, James - tentei brincar, como se fosse possível diminuir a força esmagadora do que viria.

- Não sei, meu amor. A única coisa que sei é que você é muito linda. E eu te amei mais do que poderia amar qualquer outra pessoa.

O passado em sua forma de falar, não passou despercebido por mim. Pareciam palavras de despedida, e eu senti as lágrimas quentes subirem à superfície dos meus olhos e escorrerem por meu rosto. James comprimiu os lábios numa linha fina e enxugou as minhas bochechas com os dedos.

Toquei o peito dele e encarei-o nos olhos. Eu precisava saber. Precisava da certeza, mesmo que estivesse com medo dela.

- James, diga-me, eu tenho que ouvir.

Ele engoliu em seco antes de dizer.

- Eu fui convocado, Heidi. Estou indo para a guerra.

Aquela confirmação era como uma avalanche sobre nossos sonhos, soterrando-os.

- Não, James - sussurrei e o abracei como se pudesse mantê-lo comigo para sempre.

- Eu sinto muito - disse James e apertou-me em seus braços. - Eu sinto muito, minha estrela de gelo. Mas eu prometo que farei de tudo para voltar para você.

Tessa fechou o diário ao ouvir o barulho de passos, guardando-o de volta na caixa de sapatos. Esperou para ver se era Violet, mas ninguém apareceu. Levantou-se com alguma dificuldade e, pegando suas botas, subiu os degraus. No entanto, não pôde prosseguir, deixando aquela caixa ali. Sentia uma estranha conexão com Heidi Hoffman e precisava entender o motivo. Pegou a caixa de sapatos, escondendo-a debaixo de seu braço e colocou-a junto de suas coisas.

Assim que terminou de arrumar suas coisas, procurou pela tia. Violet não estava em nenhum lugar e, de qualquer forma, Tessa achou que ela não quisesse vê-la.

Caminhou até a cozinha e, com um abraço apertado, Tessa despediu-se de Sarah, enquanto a velha senhora soluçava, sabendo que sentiria falta daquela moça que ela vira crescer e para quem levava doces em seu quarto, sem que Violet soubesse, quando a pequena chorava porque sentia medo dos trovões.

- Para onde você vai, querida? - quis saber, passando a mão nos cabelos claros de Tessa.

- Vou seguir o meu sonho, Sarah - ela respondeu com um brilho nos olhos. - Não só por mim, mas por ela - disse pensando em Heidi.

Tessa lutaria mais do que nunca para conseguir seus objetivos. Tinha mais um motivo para isso. Faria aquilo por ela. Faria aquilo por Heidi.

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Oi, pessoal! Esse conto foi escrito para um desafio da comunidade RomanceLP , na época a história tinha que conter os elementos: batom vermelho, caixa de sapatos, lanterna sem pilhas, uma mochila rasgada e não lembro se tinha mais coisa.

Eu retirei porque tinha a intenção de aumentar e fazer um romance, porém já se passou muito tempo e essa vontade meio que passou também, mas futuramente posso escrever um conto maior. Não sei quando, mas decidi deixar a história por aqui mesmo assim, então espero que tenham curtido

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