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O Passado de Elvira e o Herdeiro (parte 3)


As mãos de Elvira tremiam, enquanto ela olhava para o corpo desacordado do herdeiro ao chão. A faca ensanguentada escorregou de seus dedos, e caiu com a ponta virada para baixo. Ficou em silêncio durante longos segundos, sofrendo o luto da traição que cometera.

- O que foi que eu fiz!? – Disse baixo, para si mesma; seus joelhos cederam e colidiram bruscamente contra a grama, há poucos metros do corpo inconsciente do herdeiro. Ela chorou. Escondia o rosto por detrás das mãos sujas de terra. Parecia não acreditar no que fora capaz de fazer. Júlia se aproximou de Elvira.

- Você fez o certo, minha querida. – Disse, enquanto passava a mão em seus cabelos.

- E agora... Vou poder ver meus pais novamente? – Perguntou Elvira, aos soluços.

Júlia abaixou-se com cautela, pegando a faca que se encontrava ao chão. Ela era inteira preta, extremamente afiada e tinha uma ponta curvada na forma de meia lua. Contemplou o objeto ensanguentado.

- Você não faz ideia do quanto esta faca é poderosa, faz? – Elvira não respondeu. – Criada diretamente por Malignus; fará o herdeiro congelar no tempo, não envelhecer um segundo sequer. Não haverá nenhum herdeiro para Malignus se preocupar, não haverá meios de passar o seu poder para uma futura geração caso fracassasse; no caso era você que geraria o filho cuja profecia iria se concretizar. Um filho que você jamais terá por conta do que fez. Um filho que estava destinado a cumprir finalmente o destino de todos os herdeiros que já existiram. Então, definitivamente, a profecia está rompida, e tudo graças a você, Elvira.

Pela primeira vez, Elvira desfizera seu olhar de tristeza e culpa, lançando um olhar frio, cruel e extremamente ameaçador para a bruxa. Naquele momento, Elvira abandonaria a curta experiência que tivera de ser feliz. Ela não tinha mais esperanças; uma escuridão imensa invadiu seu peito, de modo que passaria a ser outra pessoa, prometendo a si mesma não se permitir ser feliz nunca mais.

- Você me manipulou desde o começo! – Rebateu Elvira, ainda ajoelhada na grama. – Malignus jamais traria meus pais adotivos de volta.

Júlia a encarou, com um falso olhar piedoso.

- Elvira, mesmo que fosse possível trazer os mortos à vida, ele não te ajudaria por um motivo... – Júlia dizia suas palavras pausadamente. – Malignus odeia traidores, e você traiu a única pessoa em quem se apegou após a morte de seus pais.

Elvira lançou um olhar ao corpo de Christopher, o herdeiro. Finalmente ele falara o seu nome. Sentiu vontade de rir pela ironia, e depois, de chorar. Como fora enganada tão facilmente? Mal teve a chance de dizer a ele como se chamava. Havia jogado fora a sua segunda chance; a segunda chance de poder ter sido feliz com alguém que gostava. Ao invés disso, preferiu se apegar as lembranças de quem um dia já amou, os seus pais, porém que já não estavam mais lá. Esse era o preço que se paga por querer viver o passado; o preço de sonhar e se esquecer de viver.

- Joguei fora a minha única oportunidade de ser feliz! – Disse Elvira se levantando com dificuldade. – E não vou culpar você por isso! – Júlia a olhou, intrigada; não era essa a reação que esperava. – Culpo a mim, e somente a mim. Culpo-me por ter sido tão ingênua, por ter tido esperança e por confiar em alguém como você. Mas não posso desfazer o que já está feito. Mesmo assim, quero saber se Chris está sofrendo neste momento... – Havia certa frieza no tom de sua voz; uma frieza característica da velha Elvira.

- Sim! – Disse Júlia, sem hesitação. - Os seus olhos podem estar fechados e o seu corpo parecer sem vida, imóvel, impotente, mas consciente. Ele se encontra no pior inferno que existe, o de seus pensamentos. E posso lhe garantir que ele reviverá a noite de hoje nas próximas décadas.

- Então, por favor, eu imploro, apague a memória dele, não o quero sofrendo... Ele não merecia nada disso.

- Ora... Por que você mesma não faz isso?

- Porque eu não sou uma bruxa!

- Você é uma alfa agora!

- Do que está falando...? Eu não sou!

Júlia se aproximou de Elvira e segurou uma de suas mãos. Olhe suas garras, sinta a sua força, não notou nada de diferente?

Elvira encarava suas mãos. Realmente se sentia mais forte depois que esfaqueara Chris.

- Mas por quê? Não faz sentido! Como isso aconteceu?

Júlia passou seus dedos pelo rosto da loba, encarando-a.

- Malignus fez isso por um motivo. – Disse Júlia, apreciando a ironia de seu mestre. – Por causa dos olhos!

- Como assim? – Elvira estava confusa.

- Estão vermelhos... Assim toda vez que olhar o seu reflexo lembrará o que fez.

A loba afastou a mão de seu rosto com repúdio, e segurou em um dos braços da bruxa com firmeza. Ela encarou Elvira, surpresa, mas não reagiu. Sabia que ela não tentaria lhe fazer mal.

- Por que vocês estão fazendo isso!? – Esbravejou ela, entredentes. - Por qual motivo já não nos matou de uma só vez?

Júlia sorriu e olhou para Elvira, como se encarasse uma criança ingênua.

- Não é tão simples, Elvira. – Explicou ela, paciente. - É comum pensarmos que matar um dos herdeiros, antes mesmo de ele deixar um sucessor de sangue, irá resolver o problema. Na verdade, isso não acontece, pois a origem de todos os herdeiros veio de um feitiço muito poderoso. Portanto, o que tem de ser feito é destruir esse feitiço, e não o corpo no qual ele habita. – Elvira ergueu as sobrancelhas, confusa. Júlia respirou profundamente, e continuou. – Destruir o corpo de nada ajudaria, pois um poder como esse... – Júlia fez uma breve pausa, se recordando da forte magia emanando do corpo de Chris. – Consegue encontrar um corpo, só que desta vez não se restringiria a um laço de sangue, poderia habitar qualquer um na face da terra, selecionar aquele com a maior chance de derrotar meu mestre.

- Está me dizendo que apenas o poder de um herdeiro não é o suficiente para derrotar Malignus?

-Estou! – Disse Júlia, em um tom de voz firme. – É necessário muito mais do que o poder de um herdeiro para derrotá-lo. Por isso não matamos Chris, você viu o fluxo de energia que saiu de seu corpo, se este dom cair nas mãos erradas; ou seja, em alguém forte o suficiente...

- Malignus então seria derrotado. – Concluiu Elvira.

- Exatamente!

- Espera um pouco... Se você está dizendo que nem todos os herdeiros são capazes de derrotar Malignus, e por esse motivo não se pode deixar aquela magia poderosa escolher uma pessoa realmente capaz...

- Matar um herdeiro que ainda não tem um sucessor de sangue, apenas agilizaria o fato de encontrar alguém suficientemente poderoso para derrotar Malignus.

- Então por qual motivo vocês quiseram impedir que eu e o her... Chris...?

- Eu disse que para derrotar meu mestre, apenas a força de um herdeiro não era o suficiente. É extremamente raro encontrar a pessoa capaz e que ainda possui esse poder. Porém, não impossível, pois o filho de vocês era essa pessoa que estava destinada a concretizar a profecia. Ele era a pessoa especial, cujo poder do herdeiro aliado a sua força natural, seria apta a colocar um fim em Malignus. Mas agora nada disso importa, pois esse filho nunca nascerá.

- Mas e quanto a Chris... Ele vai ficar assim por quanto tempo?

- Ele está enfeitiçado para acordar apenas quando Malignus descobrir como destruir, de uma vez por todas, o poder da linhagem dos herdeiros. E quando isso acontecer, ele irá extrair esse poder de seu corpo, e finalmente matá-lo!

- Mas por quê? Se Malignus destruir o poder, não vai mais ter que se preocupar com os herdeiros!

- Esqueça-o, Elvira! Vá viver a sua vida e deixe-o. É melhor para você! Vou lhe ensinar a apagar a memória dele. – Júlia se aproximou de Elvira e quando tocou em seu braço, a fim de ajudá-la, sentiu algo estranho. Sua mente foi bombardeada por diversas imagens. Viu os anos passarem rapidamente em um piscar de olhos, uma forte dor invadiu o seu corpo, suas mãos tremiam e seus olhos, durante breves segundos, se mostraram confusos, ou até mesmo assustados. Em seguida, sua expressão se transformou em puro ódio, desgosto e indignação. Então esse era o preço por quebrar a profecia. Tudo havia sido alterado; e pode-se dizer que um futuro trágico lhe aguardava. Ela cerrou os punhos.

- O que houve? – Perguntou Elvira, assustada ao vê-la se afastar com tanta repulsa.

- Nada! – Disse ela. – Vamos fazer isso logo.

Elvira colocou as mãos sobre a nuca de Chris, e Júlia lhe ensinou tudo o que devia ser feito para apagar a memória do herdeiro. A bruxa então, disfarçadamente, repousou uma de suas mãos no corpo desacordado e acrescentou um pouco de sua magia em Chris. Ela lançava um olhar raivoso e vingativo, não direcionado a ele, mas sim a alguém que não estava presente naquele momento... Malignus.

São poucos os que conseguem escapar do trágico caminho traçado pelo destino. Malignus é um deles; um ser extremamente poderoso, acima dos deuses do Olimpo, capaz de se desvencilhar das armadilhas do universo. Entretanto, seres normais como bruxos e bruxas, mesmo que extremamente poderosos, acabam pagando o preço por romper com algo tão poderoso como a profecia. Júlia viu como seria o seu futuro nos próximos anos, ela seria morta no começo do ano de 1578 pelo seu próprio mestre. Era de se esperar que ela ficasse furiosa, pois seres inferiores normalmente não controlam suas emoções. Então, com a sutileza de uma bruxa, ela ligou a sua vida à memória do herdeiro. Desse modo, quando Júlia morresse, o feitiço que lhe tirara a memória seria enfraquecido, sendo possível, portanto, que Chris se lembrasse de tudo.

Agora que um vão foi aberto em um percurso já traçado pelo destino, surgiu uma infinidade de possibilidades; um caminho incerto. A vida de todos foi entregue a sorte e ao acaso. Malignus pode ser derrotado por qualquer um ou por ninguém; não cabe mais ao jovem herdeiro sem memória, ou a tola bruxa Sophia, que fez sua vida girar em torno de um único propósito do qual não existe mais. Por isso nunca gostei de profecias e do que elas fazem com os seres frágeis e manipuláveis, tal como a espécie humana e a sobrenatural. Sei que podem estar se perguntando como posso saber de todas essas coisas, ou até mesmo se questionando sobre quem está escrevendo isto, se não o herdeiro ou a bruxa Sofia; a resposta é que eu sou onipresente, estou em todos os lugares, sei o que todos estão pensando, eu sou o começo e o fim, eu sou a guerra e a destruição, e acima disso, sou eu quem estou contando esta história.

Antes de esclarecer algumas coisas quero ressaltar a importância que a profecia tem, e a relação dela com o fato de eu estar aqui escrevendo nesta insignificante folha de papel. Bom, para começar, as profecias se restringem aos humanos e a seres sobrenaturais, como bruxos, vampiros e o resto. Os deuses são os que criam as profecias, e por isso elas são extremamente poderosas. Entretanto, nós, como eu e Malignus, estamos acima da burocracia dos deuses. Infelizmente, eles criaram um mundo só deles, do qual não podemos intervir, e por esse motivo eu apenas observo a evolução humana, curiosa em suas peculiaridades, mesmo já sabendo como tudo acaba. Malignus, entretanto, conseguiu se libertar das forças que nos impedem de interferir neste mundo. Ele então matou a primeira deusa, Athena. Mas ainda sim, apenas ele era capaz de fazer isso. Agora, porém, que a profecia foi quebrada, a linha tênue que separa meu mundo ao dos humanos ficou extremamente frágil. Entretanto, não quero intervir nesse mundo, pelo menos não por hora... Pois agora, quero apenas analisar de longe e saborear a forma como tudo irá acabar.

Sophia se encontrava sentada debaixo de uma árvore já no tempo presente. Escrevia em uma folha de papel, enquanto se deixava levar pelos seus pensamentos e conclusões sobre a visão que Elvira lhe mostrara. - Então Christopher não perdeu os seus pais esse ano. Mas quem eram eles? Pessoas normais? Chris ficou inconsciente por décadas. Ele acordou na noite em que seus supostos pais foram mortos?- Sophia pensava alto, enquanto escrevia a carta destinada ao herdeiro. – A bruxa havia dito que ele apenas acordaria quando Malignus conseguisse o meio necessário para destruir o poder da linhagem dos herdeiros. Se Malignus está atrás de Chris, significa que ele finalmente conseguiu... Na trágica noite, foram os Maledictus Eres que haviam invadido a casa do herdeiro em sua busca, e não Júlia. Isso significa que ela provavelmente já estava morta, ou seja, o feitiço que ligava a sua vida com a memória de Chris se enfraquecera. E mesmo assim ele não consegue se lembrar de nada... Talvez ele não queira se lembrar; talvez esteja se poupando, mesmo que inconscientemente, da dor que Elvira lhe causou – Sophia se concentrou novamente na folha de papel, com um olhar triste, porém firme.

Levantou-se, com pesar, e encarou o local onde a maioria estava dormindo. Depois segurou com firmeza o pedaço de papel e o fechou em sua mão, amassando-o. Em seguida, uma chama azul emergiu de seus dedos e a carta que fizera evaporou-se no ar.

- Você escreveu por todo esse tempo atoa? – Perguntou Elvira, confusa.

- Não! – Respondeu a bruxa, com simplicidade. – Na verdade eu fiz um feitiço. Na hora certa a carta irá aparecer ao herdeiro, mas por hora, ela estará guardada.

Elvira a encarou, compreendendo a bruxa.

- E agora? O que vai ser daqui para frente? Quer dizer, a profecia não existe mais.

Sophia estava exausta. Não conseguia mais pensar em nada, apenas no fato de que todos esses anos de sua vida não valeram de nada. Malignus vencera no momento em que a profecia fora rompida; ele conseguiu o que mais desejava. Usou uma garota inocente, que provavelmente irá se culpar para o resto da vida.

- Não sei mais o que fazer! Preciso ir... Tenho que ir para o lugar onde tudo começou!

- Está certo! – Disse a loba, tentando se animar diante de uma possível esperança. – Onde nós... – Elvira sentiu-se fraca, seus joelhos estavam trêmulos e seus olhos se fechavam lentamente, até se apagar por completo. Sophia colocou gentilmente o seu corpo desacordado ao lado de uma árvore e, sem olhar para trás, desapareceu misteriosamente. 

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