Capítulo 7
Parecia mais uma arena sádica do que uma sala de visitas.
Jesus estava sentado em uma das duas poltronas da sala, de costas para a escada; Isabel encontrava-se de pé, logo atrás de Jesus. Na outra poltrona estava o Sr. Pavanello, que fumava um charuto fedido e espalhava fumaça por toda a sala. Ele parecia animado e contava algo que provocava risos em todos.
Sentados no sofá, de frente para a escada, estavam Otelo e Renato. Ele a viu surgir na escadaria e seu semblante iluminou.
Renato foi o primeiro a se levantar, seguido de Damião Pavanello e de Otelo. Jesus continuou sentado, apenas girou um pouco o corpo, ao perceber que Triana e Breno desciam as escadas.
- Triana, como se sente? - a voz de Jesus parecia levemente gentil.
Ela tencionou os músculos e franziu a testa. Seu pai jamais se preocupara em saber como ela se sentia.
- Sinto-me melhor, senhor meu pai.
- Então, venha aqui. Estes senhores ficaram sabendo do seu mal estar e se dignaram a fazer-nos uma visita. Seja grata e venha recebê-los.
Triana cruzou a sala e primeiro cumprimentou Pavanello, fazendo um discreto meneio de cabeça. Depois se virou para Renato e tinha a intenção de fazer o mesmo cumprimento, mas ele logo se ergueu e tomou-lhe a mão, levando-a aos lábios.
- Fiquei preocupado, quando soube que estava doente. Está realmente bem, senhorita?
O fogo queimava-lhe as faces e as pernas mal podiam sustentá-la.
- Obrigada, mas já estou melhor.
Imediatamente, juntou-se à sua mãe e procurou não olhar muito para Renato, mesmo sentindo que ele não tinha este mesmo cuidado.
Caçada, colheita e comércio. Eles conversaram sobre tudo, e no momento em que fora ajudar sua mãe a servir um refresco, estendeu um dos copos para Renato e sentiu as mãos roçarem-se, suavemente, o que lhe causou um tremor afogueado no corpo.
Quando o sol já começava a baixar e Isabel já havia chamado Triana para ajudá-la no jantar, Damião Pavanello as impediu:
- Sra. Isabel, perdoe meu atrevimento, mas gostaria de pedir que deixassem o jantar para depois. - Seus olhos corriam de Isabel para Jesus e deste para Triana. - Minha visita aqui não se deve apenas à doença da menina, mas também ao cumprimento de um dever.
Enfim, ele irá me delatar, pensou Triana. Seu estômago começou a embrulhar e então, buscou a segurança do olhar de Breno. Nele, encontrou confiança e apoio.
- Jesus, meu amigo. Como já disse, meu sobrinho Renato mora em Curitiba e veio aqui apenas me ajudar em alguns assuntos. Ele tem um negócio bastante lucrativo na cidade grande, mas foi aqui que encontrou o que tanto procurava.
As pausas que Damião impunha à sua fala pareciam ter o intuito cruel.
Triana vasculhou cada expressão naquela sala: Renato não tirava os olhos dela, nem por um segundo; Isabel estava tensa e a emoção aflorava em seu olhar; Jesus tamborilava impaciente no braço da poltrona e parecia analisar cada palavra de Damião; Breno também examinava a cena, tal qual Triana, mas Otelo... Otelo trazia uma expressão completamente avessa. Ele parecia... Radiante?! Otelo estava ansioso, como se fosse saltar no meio da sala, como um louco, a qualquer momento. Seus olhos brilhavam e no canto dos lábios havia um sorriso malicioso. Aquilo tocou Triana como se fosse uma espinha de peixe cravada em sua gengiva.
- Então, amigo Jesus, como o representante da família, no lugar do meu falecido cunhado, vim aqui pedir a mão de sua filha Triana, para o meu sobrinho Renato. Se for do seu gosto, claro.
Isabel explodiu em palmas de felicidade, mas Jesus tratou de contê-la apenas com um olhar. Triana sentiu as pernas dissolverem e, antes que pudesse cair, as mãos de Breno envolveram a sua cintura e em seu ouvido ele sussurrou:
- Segure-se, maninha, não me faça ter que carregá-la novamente escada acima.
Renato sorria e ainda a encarava. Seu olhar era seguro e confiante, passando esta mesma sensação para Triana.
O silêncio de Jesus durou mais do que o normal, começando a criar desconforto em todos os presentes. Em especial, e inesperadamente, a Otelo. Ele se remexeu no sofá e pigarreou, antes de quase gaguejar:
- Meu pai, o Sr. Pavanello espera uma respos...
- Eu sei. - A voz de trovão fez Otelo não apenas se calar, mas também diminuir o entusiasmo. Jesus apoiou os cotovelos nos joelhos e olhou diretamente para Pavanello. - Damião, o seu sobrinho é rico, não é?
Pavanello sorriu um pouco sem graça e sem entender onde Jesus queria chegar.
- Sim. Ele tem uma loja de tecidos bastante rentável. Triana terá o futuro assegurado...
- Não estou preocupado com o futuro. O que quero saber é se, tendo tanto dinheiro quanto diz ter, Sr. Renato, o senhor terá coragem de me cobrar um dote?
Foi o bastante para Triana empalidecer de vez e buscar, às cegas, uma cadeira para se sentar. Breno a ajudou e aproveitou para sentar também. Era inacreditável que seu pai estivesse pechinchando pelo casamento de Triana. E mais inacreditável ainda, era Otelo incomodar-se com o assunto, a ponto de abrir a boca para protestar. Porém, o olhar de Jesus manteve-o calado.
- Caro Jesus... - Damião sorria um tanto desconcertado - Dote é dote, não é? E um casamento com meu sobrinho... - E olhou para Renato, falando como se à sua frente estivesse uma saca de uvas nobres. - Meu sobrinho é um bom partido. Um homem honesto, digno, trabalhador.
- Não estou duvidando disso, Damião. E fico bem satisfeito com o casamento. Mas penso que, sendo digno e honesto como você está dizendo que ele é, seria indelicado querer cobrar dote de um homem pobre como eu.
- Você não é pobre, Jesus! - protestou Damião.
Os ânimos esquentavam e a altura das vozes se elevava cada vez mais. Triana olhou para Breno porque sentiu vergonha de continuar encarando Renato. Tudo o que queria era sumir dali e não aparecer nunca mais.
Porém, quando tudo indicava que ficaria pior, Otelo projetou o corpo mais à frente no sofá e elevou a voz, até ser escutado.
- Meu pai! Sr. Pavanello! Parem, por favor! Eu tenho algo a dizer e... Bem, eu estou certo de que tenho a solução.
Triana segurou na mão de Breno e voltou a encarar Renato por um instante, até que buscou em Otelo a tal solução.
- Eu tenho o desejo muito grande de me casar, também. - Então, virou-se para Pavanello. - Sr. Damião Pavanello, há muito tempo gosto de sua filha, Domitila, e pedindo licença ao meu pai, peço permissão para casar-me com ela.
Jesus estreitou os olhos e serrou os punhos. Odiava ver sua autoridade sobrepujada daquela forma.
Renato abriu um sorriso tão largo quanto podia, em contraposição à fisionomia sisuda de Pavanello. Ele, claramente, precisava de um tempo para digerir toda aquela informação. Damião e Jesus trocaram olhares por algum tempo e, por fim, o patriarca Pavanello suspirou com resignação.
- Tudo bem, eu aceito o seu pedido e minha filha, a partir de hoje, é comprometida com seu filho, Jesus. - Antes que todos pudessem comemorar, ele prosseguiu: - No entanto, acho muito justo que façamos uma negociação.
- Que negociação, Damião? - Jesus estava desconfiado e estreitou os olhos, prevendo que sairia em desvantagem, na tal negociação.
- Você permite que sua menina case com meu sobrinho Renato. Eu permito que Otelo se case com Domitila e ninguém gasta um só centavo com os dotes. O que me diz? Ambos abrimos mão dos dotes a que temos direito. E então?
Por cinco longos segundos o silêncio pairou naquela sala. Era quase palpável a tensão, bem como o funcionamento das engrenagens no cérebro de Jesus, contando as vantagens e desvantagens do acordo.
- Fechado! Mas teremos que fazer os casamentos juntos e dividirmos as despesas. Além de que... Quero este contrato em cartório.
O sorriso de Damião fechou o acordo e só então Triana pôde respirar aliviada. Seu olhar encontrou o de Renato como se fossem puxados por atração. Enquanto Isabel servia taças de vinho e Jesus apertava a mão de Damião, Triana sentia um forte impulso de se atirar nos braços de Renato. Não via a hora de poder encontrá-lo para conversar sobre o futuro que teriam juntos. Era difícil acreditar no que parecia impossível em sua vida. Ela, que nunca alimentara sonhos românticos e casamento, agora já começava a pensar em filhos.
Não houve oportunidade para a tal conversa. Ao menos não naquela noite. Os detalhes do casamento seriam acertados ao longo da semana e na manhã seguinte mesmo, iria tirar as medidas para o vestido. Os casamentos foram marcados para dali a trinta dias. Isabel reclamara que era pouco tempo para concluir o enxoval e que haveria tantas coisas a fazer... Mas Damião alegara que todos trabalhariam para que tudo desse certo. Que a cidade estava precisando de uma alegria como aquela, o que acabou por convencê-la.
Aquela seria a noite mais longa de sua vida, até ali. Sentia-se nas nuvens e um anjo lhe fizera companhia até altas horas. Breno tinha estado com ela até tarde da noite e haviam conversado sobre tudo, inclusive, sobre o estranho comportamento de Otelo. Um rapaz que nunca se envolvera em nada da família, nunca se importara com o destino de ninguém e, desta vez, havia se mostrado tão impaciente e preocupado com o destino de Triana. Estava tão nervoso antes do pedido, que parecia saber o que Pavanello viera fazer ali. Se não tivesse apresentado o seu próprio pedido de casamento naquele momento, se tivesse esperado outra oportunidade, papai acabaria conseguindo o "desconto" no dote de Renato e ainda acabaria ganhando dinheiro com o dote de Otelo. Por que fizera aquilo? Precipitara-se daquela maneira, livrando-me de um constrangimento maior? Eu pouco importo para ele!
Aliás... O que importava mesmo é como seria sua vida de agora em diante. Seria a senhora Seabra! Viveria em Curitiba, uma cidade grande e cheia de coisas diferentes. Será que seria obrigada a frequentar confeitarias? Comprar roupas em ateliê? Conviver com damas da sociedade? O simples pensamento de uma vida frívola causou-lhe arrepios. Não. Poderia sim ser uma esposa distinta e dedicada sem ter que mudar o seu jeito. É claro que Renato gostaria de ir a um teatro, um concerto de vez em quando, e ela adoraria isso, mas, certamente, não a obrigaria a viver de forma coquete. Que homem quer que sua esposa seja uma coquete?
Aquelas duas semanas passaram depressa demais. O vestido já estava sendo confeccionado e estava lindo! Digno de uma princesa! O de Domitila também estava muito bonito, e no dia do casamento, certamente, apagaria todo o brilho de Triana. Mas ela já estava acostumada a ser coadjuvante. O que de fato importava era que ela seria de Renato e ele dela! Para sempre!
E lá estava o seu noivo.
Ele apeou do cavalo e entrou no galpão de fermentação. Triana estava verificando os barris de vinho e se surpreendeu quando o viu chegar. Ele era tão lindo e elegante! Sempre parecia ter saído do banho. Com o penteado impecável, a roupa sempre muito limpa e engomada e o perfume amadeirado exalando aonde quer que fosse.
Haviam se encontrado muitas vezes naquelas duas semanas, mas sempre acompanhados por alguém. Triana estava louca para repetir os beijos que haviam trocado à beira da estrada e voltar a sentir as mesmas sensações que fizeram-na sonhar por noites e noites.
Ele se aproximou sorridente. Estavam sozinhos, pois Breno estava no campo com Jesus; Isabel cuidando da horta e Otelo... Bem, Otelo devia estar ajudando os Pavanello com as uvas. O que deixava Jesus nem um pouco satisfeito.
- Então, ansiosa?
Sorrir era muito fácil, na presença de Renato.
- Bastante. E você?
Ele não respondeu. Estava perdido nos olhos de Triana. Acariciava seu rosto, mas era como se estivesse em transe.
- Renato?
Ele piscou algumas vezes e sorriu, antes de pousar um beijo na testa de sua noiva.
- Desculpe, meu amor. Vim apenas te ver. - Olhou ao redor, como se procurasse algo. - Triana, acha que... Acha que podemos conversar um pouco?
- Sim, quando quiser.
Ele segurou sua mão e levou-a mais para dentro do galpão. Queria privacidade e temia ser surpreendido. Parou quando contornaram um dos imensos barris de madeira e ele a colocou de costas para a grande peça de carvalho e prendeu-a ali, entre os braços estendidos e apoiados na madeira.
- Eu precisava de seus beijos, mais uma vez.
Antes mesmo que pudesse protestar, Triana já estava dissolvida por aqueles lábios, como tanto ansiara, desde que ficaram comprometidos.
Ela espalmou as mãos no peito de Renato e o afastou um pouco. Os olhos azuis do rapaz estavam escuros e ela supôs que era puro desejo.
- Renato, alguém pode nos ver.
Ele sorriu e o brilho que Triana viu em seus olhos causou um gelo na espinha.
- Me assegurei de que não seremos interrompidos, meu amor.
Ele tornou a pousar um beijo furtivo em seus lábios e depois a encarou profundamente. Parecia querer falar algo... Algo que estava entalado em sua garganta. Ela sentiu que ali havia apreensão e uma grande ansiedade.
- O que há, Renato? O que está errado?
Ele respirou fundo e abaixo a cabeça por alguns segundos.
- Triana, vamos fugir?
- Hein?! Está louco?!
A reação de Triana não o intimidou.
- Vamos, Triana, não posso esperar mais. Vamos embora agora. Já. - Ela sacudia a cabeça negativamente, tentando interrompê-lo, mas Renato não permitiu interferências - Vamos, Triana. Vou agora pegar meu cavalo, enquanto você recolhe algumas coisas suas. Não precisa levar roupas, nem nada. Apenas aquilo que você quiser...
- Não! Não Renato! - E o empurrou em vão, pois ele criou resistência. - O que dirão? Nos casaremos em pouco mais de uma semana, então, por que quer fugir?
- Porque não suporto mais não tê-la em meus braços!
Ela então sorriu, ainda nervosa.
- Não seja bobo. Aguente um pouco mais e me terá nos braços todos os dias.
Ele tornou a abaixar a cabeça e permaneceu em silêncio alguns segundos. Quando voltou a encará-la, seu olhar era outro. Era lascivo.
Renato a beijou novamente, agora de um jeito que seria impossível alguém querer escapar. O corpo de homem forte e viril colou ao seu e Triana sentiu que seu próprio controle estava esvaindo-se a cada momento. As mãos, que antes estavam apoiadas no barril, agora escorregavam pela cintura da garota e dançavam, deslizando pela lateral do corpo e, vez por outra, ousando-se pela base dos seios.
- Não, Renato! - Mas, porque era impossível falar sério com ele lhe causando arrepios, começou a rir. - Não seja apressado!
- Triana... Em menos de duas semanas estaremos casados. Eu não consigo mais aguentar. - E encostou a testa na dela. - Eu preciso ter você.
- Teremos que esperar, Renato.
Sua boca foi calada com mais um beijo. Desta vez, mais violento e possessivo.
Em meio ao beijo, que aos poucos derrubava as resistências e a força de vontade de Triana, Renato colou seu corpo ao dela, fazendo-a sentir o quanto seu corpo a desejava.
Sentindo que estava a ponto dela mesma atirá-lo ao chão e entregar-se sem qualquer pudor, Triana virou o rosto e arfou, buscando ar e prudência. Neste momento, como nunca antes, pode sentir que ele realmente precisava de um alívio. Renato estava vidrado de vontade.
- Triana... Me dê só uma pequena prova de seu amor, por favor.
Ela o afastou.
- Preciso dar provas?
Então, ele sentiu que tinha apertado o botão errado.
- Desculpe. Por favor, Triana, me desculpe.
Renato recostou no tonel, ao lado dela, e de olhos fechados, respirou fundo. Precisava se conter. Ele a desejava como nunca havia desejado mulher alguma. Precisava tê-la o quanto antes. O cheiro que Triana exalava era puro feromônio e ele sabia que aquela menina seria a maior e melhor das amantes que ele tivera. A pele aveludada, as formas tão femininas, a maneira como ela o tocava... Tudo nela o enlouquecia.
- Desculpe, Triana, mas... Preciso ser honesto com você. Se eu a estiver assustando, por favor, me avise e eu me deterei, mas preciso desabafar.
Ela apenas o observava. Em seu íntimo, um misto de curiosidade e medo.
- Triana, eu... -- Renato mantinha os olhos fechados. - Desde que a conheci, naquela festa, eu tenho sonhado com você. - Ele abriu os olhos e fitou-a diretamente - E estes sonhos têm ficado cada vez mais intensos e excitantes.
Mesmo percebendo o sobressalto da moça, que imediatamente depois abaixou os olhos, Renato prosseguiu.
- Eu imagino como é você assim... sem nada.- E deslizou a mão sobre o abdômen de sua noiva. - Como seria sem toda esta roupa. - Ele buscou seu olhar, parecendo preocupado. - Por favor, me faça parar se estiver sendo muito audacioso.
Triana ergueu o rosto e o fitou por alguns segundos.
- Seremos casados em breve, Renato. Se não puder me dizer tudo que sente... Que tipo de casal seremos?
Aliviado pela complacência que via em sua noiva, ele esboçou um sorriso sutil e continuou.
- Eu não tenho estado com mulher alguma desde que te conheci. E tudo parece estar acumulado em mim. - Apesar de ser um homem, neste momento, Triana o via como um menino. Uma criança suplicando para saborear a sobremesa antes da refeição. - E quando sonho com você, é como se eu a estivesse traindo. Não sei como é te tocar, por isso, imagino. Se não sei como você é, eu termino por imaginar um corpo que, talvez não seja o seu. E isso é traição. Você consegue me entender? - Pperguntou, estreitando os olhos.
- Acho que sim. Eu também tenho sonhos com você e o imagino. - Aquela era a primeira conversa íntima que tinham e ela não queria estragar tamanha cumplicidade com melindres.
Então, com um sorriso maroto nos lábios, Renato começou a abrir os botões da própria camisa. À medida que um pouco mais de carne surgia entre os botões abertos, a respiração de Triana ia acelerando.
A penugem fina do peito... Os mamilos entumecidos... Os músculos do abdômen... Sim, seu noivo era um homem muito bonito.
A visão que se descortinava, a excitava ao ponto de deixá-la lânguida e molhada, e foi preciso muito esforço para conseguir controlar a respiração e não delatar sua consternação.
Excitado ao extremo e estimulado pelo olhar curioso de Triana, Renato puxou-a para si e colou seu corpo ao dela, fazendo-a sentir sua masculinidade latejando contra o próprio ventre. Ele a beijou com violência, um beijo que logo tornou-se frenético. Mas quando suas mãos alcançaram novamente os seios de Triana, ela enrijeceu.
- Calma, amor... - sussurrou - Eu dei um pouco de mim para alimentar seus sonhos à noite. Por favor, me dê um pouco de você.
Triana estava confusa. Talvez não fosse um grande problema, oferecer um pouco de sonho ao homem com quem iria se casar tão em breve. Já ouvira falar de outras garotas que haviam ido até mais além, nos dias que antecederam o casamento. Não haveria nada demais se lhe mostrasse um pouco. Só um pouco.
Então, ela abriu os dois primeiros botões de seu vestido e sentiu Renato colar-se ainda mais ao seu corpo. Estavam tão juntos que ela podia senti-lo pulsar. Sim... Ela estava gostando. Aquilo era lisonjeiro, sentir que ele a desejava tanto.
Quando, finalmente, abriu o terceiro botão e a curva do seio ficou à mostra, Renato atreveu-se e levou os dedos trêmulos até o tecido fino, circundado por um delicado bico de renda, e o afastou. O monte elevado dos seios alvos fazia uma curva perfeita, com uma pele que era puro cetim. Ele afastou o pano com muita delicadeza, quase com medo de tocá-la, ou da reação que sua noiva teria. Surgiu, então, a aréola rósea e o mamilo intumescido. De forma involuntária, um gemido rouco saiu da garganta de Renato no momento em que seus dedos tocaram a pele arrepiada e os mamilos de Triana. Uma ânsia sufocante quase o fez avançar bem além do que deveria. Ansiava por arrancar-lhe a roupa e fazer amor com ela ali mesmo, no chão do galpão. A ideia não apenas passou-lhe pela cabeça... Ficou ali, latente.
Renato a puxou para sim e mergulhou o rosto no pescoço de Triana, sentindo o cheiro incrível que ela exalava e pressionando seu próprio corpo contra o dela.
De repente, a porta do galpão se abriu e os dois se afastaram como se fossem polos magnéticos. Com dedos desesperados, Triana fechou o decote a contornou o barril, ordenando, por meio de gestos, que Renato permanecesse onde estava.
Ela saiu de trás do imenso barril e à sua frente estava Jesus.
- Pai!
Ela sabia que estava totalmente ruborizada, não apenas por causa do queimor que sentia no rosto, mas, especialmente, por causa da expressão de seu pai. Ela teve a sensação de que ele os tinha visto.
- O que há menina?
- Nada! - E olhou nervosamente para trás. - Pensei ter escutado algo atrás dos barris, mas são apenas ratos. Já os espantei.
O sorriso nervoso encheu seu rosto.
Jesus não sorriu. Olhava com estranheza para o local onde ela dizia ter visto ratos. Ele sempre mantivera o galpão muito limpo, mas... Estas coisas acontecem.
- Sua mãe está chamando. Vê se não demora. - E saiu sem olhar para trás. Só então, Triana conseguiu liberar o ar dos pulmões.
Renato surgiu de trás do barril já recomposto, mas o desejo ainda estava em seu olhar.
- Sairei primeiro. - Determinou Triana, ao se aproximar - Dê mais alguns minutos e saia. Vá embora daqui, por favor.
Ele a segurou pelo braço. Em seu olhar havia súplica.
- Me dê mais uma chance, por favor. Encontre-me hoje à noite e deixe-me tentar convencê-la a fugir comigo.
- Que loucura, Renato! Pare com essa ideia insana!
- Não é insana, Triana. - Então, ele a abraçou de forma quase desesperada. - Nunca duvide de meus sentimentos. Eu a quero demais.
Quando voltou a encará-la, Renato era outro homem. Estava mais controlado e em seus olhos havia um gelo arrepiante.
- Você será minha, Triana. Mulher nenhuma me causou tanto desejo quanto você. Você será minha.
Ela sorriu e achou graça na expressão sombria que ele apresentava agora.
- Deixe de bobagens, Renato. Claro que serei sua, mas só daqui a alguns dias.
- Não importa quando, mas você será minha.
Ele tornou a beijá-la, agora de maneira suave e demorada. Então, ela se despediu e saiu correndo. Precisava atender ao chamado de Isabel.
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