48
Orelha 🦅
Quando cheguei na casa do Gaspar, Miguel tava na sala segurando o Jorge com a ajuda da Luana e ela sorrindo, mas foi só olhar pra gente que o sorriso se desfez ao poucos, vendo a cara de geral.
Luana: Tá todo mundo bem? - Falou baixo e eu olhei pro Miguel, que me olhou também.
Miguel: Isso é sangue, tio? - Falou assustado olhando pra minha blusa e eu só encarei ele, sem nem saber o que falar.
Gaspar: Quer deixar ele aqui hoje? Ele curte o Jorge e pode ser maneiro pra ele, tu não precisa contar hoje.- Falou baixo do meu lado e eu neguei.
Orelha: Bora pra casa, menor.- Falei indo até a pia e lavei as mãos, tirando o que restava de sangue ali.
Miguel: Tchau tia Lua, tchau Jorge.- Falou beijando a cabeça do Jorge e a Luana sorriu fraco.- Obrigada.
Luana: Volta quando quiser, tá?! - Falou ajeitando o Jorge no colo, que começou a chorar aos poucos.
Miguel confirmou com a cabeça e eu tirei a blusa, coloquei a pistola pra trás e joguei a blusa no lixo, pegando ele no colo. Saí dali calado e ele tava quieto no meu lado, enquanto eu subia pelos becos, porque ainda tinha menor ruim por aqui.
Orelha: Miguel, tu tem algum tio ou tia que tu ache muito maneiro? - Falei olhando pra frente e ele me olhou.
Miguel: Tem o tio Pedro, ele é legal mas as vezes é muito chato. Não me deixa comer chocolate porque diz que faz mal.- Falou pensativo.- Tio, quando a gente chegar em casa eu posso ligar pra mamãe?
Orelha: Quando a gente chegar, a gente conversa.- Falei respirando fundo e tirando a chave do bolso.
Coloquei ele no chão, abrindo o portão e ele entrou correndo e esperou na porta, abri a porta também e ele pulou no sofá. Fechei os bagulhos e me sentei do lado dele.
Orelha: Não sei como conversar isso contigo, menor.- Falei negando com a cabeça.
Miguel: É a minha mamãe?! Onde ela tá? - Falou me olhando atento.
Orelha: A sua mamãe teve que ir morar no céu.- Falei devagar, nem eu mesmo entendia o que falar.- Ela precisou virar uma estrelinha, aqueles bagulhos que brilham, entendeu?!
Miguel: Igual ao meu pai? - Falou me olhando com os olhos cheios de lágrimas, eu confirmei com a cabeça e ele negou, começando a chorar.- Eu não vou ver mais ela? Tio... eu quero a minha mãe, eu quero minha mãe agora.
Orelha: Não da cara, não dá...- Falei respirando fundo sentindo o bagulho preso na minha garganta, Miguel começou a chorar e eu nem sabia o que fazer.
Miguel; Eu quero a minha mãe, me leva pra ela, por favor tio.- Falou pegando no meu braço.- Vamos lá.
Senti a lágrima descendo pelo meu rosto e ele se encolheu no sofá chorando, abracei ele tentando fazer algum bagulho melhorar mas parecia que tava tudo fudido.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro