Orelha 🦅

Fiquei esperando o Gaspar tomar soro, fazer exame pra vê se quebrou algum bagulho, se tratar maneiro, enquanto que comandava a tropa atrás do Coronel e Luana. Depois de quase duas horas com eles numa trocação, saber que eles tinham chegado em casa vivos e com o Fábio de refém, me deixava totalmente aliviado.

Ver que o Gaspar de certa forma tava tranquilo também deixava minha mente mais calma, me fazia respirar fundo e não me sentir um filho da puta, porque afinal, eu tinha conseguido cada parte do meu plano.

Gaspar: Aí cara, vamo meter o pé.- Falou puxando o fio do braço e eu olhei o soro que tava vazio.

Orelha: Espera aí pô, logo mais tá saindo o resultado dos exames e pá, ai nós mete o pé de uma vez.- Tentei ajudar ele a descer da cama.

Gaspar: Tô me fudendo pra exame.- Falou saindo do quarto e eu cocei a cabeça, indo atrás dele.

Ele tava mancando, o corpo todo roxo, nem o rosto tinha escapado, mas tava lá metendo maior marra de puto e fingindo que nada aconteceu. Parei do lado dele ajudando ele a andar e ele nem me olhou.

Sabia que ele tava puto, que odiava passar por isso, que o ódio dele no momento era maior que qualquer bagulho, mas eu não sabia o que fazer, no papo dez!

Entrei com ele no carro e pedi pra um moleque pegar os bagulhos, levei o Gaspar pro morro sem ele falar uma palavra. Foi descer do carro sozinho novamente e eu rodei o carro indo ajudar ele de novo.

Orelha: Qual foi irmão, tu não tá sozinho não! - Reclamei com ele que não respondeu nada.

Entrei com ele vendo que tava geral na sala e a Luana brincando com o Jorge e Coronel, que tava de risadinha pro moleque. Luana colocou Jorge no colo do Coronel e veio na nossa direção, quando ela tocou no Gaspar eu soltei dele e ela abraçou ele com cuidado.

Gaspar cheirou a cabeça dela deitando o rosto ali e segurou a nuca dela, eu me sentei jogando a cabeça pra trás e respirei fundo, vendo que tava geral ali.

Goiaba: Conseguiu ein moleque, fez teu nome.- Falou mandando beijo pra mim e eu soltei uma risada.

Orelha: Tô cansadão viado.- Falei olhando o Gaspar soltar da Luana e ela ajudar ele a sentar no sofá.

Ana: Ele nem tá mais com a carinha de enjoado.- Brincou olhando pro Jorge.

Coronel: Esse aí vê o pai e abre maior cara de malandro.- Luana colocou ele no colo do Gaspar mas ele negou.

Gaspar: Segura ele.- Falou com ela que sentou do lado dele segurando o moleque e mostrando ele pro pai.

Gaspar deu uma risada fraca mas nem parecia tá feliz, provavelmente era muito bagulho rodando na mente dele que ele nem conseguia pensar direito que isso tinha acabado.