Coronel 🥷

Eu tava cego de ódio, tava querendo matar qualquer um na minha frente e eu tava fazendo isso. Tinha descido pra ajudar os moleques contra a polícia e tava matando qualquer um sem dó, só precisava colocar o ódio pra fora.

Tava me sentindo um filho da puta por não ter tido paciência com a Andressa, por quando ela veio chorar eu pedi pra ela parar porque não tava com cabeça pra drama.

Mas não era drama caralho, ela perdeu a vó dela, a pessoa que ela amava mais que tudo, e eu tinha sido um completo cuzão só por tá sem cabeça, só por tá cheio de ódio.

Já tava de noite quando a polícia foi embora, eu subi pra casa e abri a porta, Andressa tava encolhida não cama do quarto quando eu entrei e ela me olhou assustada. Tirei o pano que cobria o rosto, coloquei o fuzil, a pistola e as munições em cima da bancada e tirei a blusa respirando fundo.

Coronel: Foi mal.- Falei sentando na ponta da cama.- Muita coisa em uma hora só, eu fui um otario contigo.

Ela não respondeu nada só balançou a cabeça virando o rosto e eu me levantei, tomei um banho demorado pra caralho pra ver se tirava o peso das minhas costas mas não tinha como. Saí do banheiro vendo a Andressa com o celular no ouvido e fui pegar minha roupa.

Andressa: Manda ela parar com essa palhaçada, vai fazer mal pro bebê...- Falou quase sem voz.- Gaspar pelo amor de deus, como você deixa essas coisas acontecerem?

Coronel: Qual foi? - Falei meio sem jeito pra ela e ela me encarou colocando o celular no viva voz, enquanto eu vestia minha bermuda.

Gaspar: Ela falou que só vai ter ele depois de meia noite, eu vou fazer o que? Num sou eu que tô carregando, a Laura falou que era seguro.

Coronel: Tu não tinha falado que ele tava tranquilo pra aguentar mais um mês? - Falei alto sentando na cama.

Gaspar: Ele tava, mas assim que ela acordou começou a sentir dor. Não sei cara, só sei que daqui pra amanhã esse moleque vem.- Falou com voz de bolado.- E eu vou voltar pro quarto porque só vim comer algum bagulho.

Andressa: Eu tô indo aí.- Falou desligando o celular e jogando em cima da cama.

Coronel: Andressa, tu não tá bem pô...- Ela nem deixou eu falar.

Andressa: Estou bem, tá tudo bem.- Falou levantando e eu segurei o braço dela, ela engoliu no seco e quando eu abracei ela, ela desabou nos meus braços começando a chorar.- Por que ela? Ela nem fazia parte disso, ela não era envolvida com nada disso.

Coronel: Porque ele queria avisar que a guerra começou, que vai matar qualquer um.- Falei passando a mão no cabelo dela.- Eu vou vingar isso, eu te prometo.

Andressa: Ela não vai nem ter um enterro digno, ela não vai conhecer o Jorge, não vai conhecer o nosso filho.- Falou chorando e eu fiquei sem entender.

Coronel: Ela vai tá olhando pra gente de qualquer forma, como tu acha que ela vai parar de sermão na gente? - Andressa sorriu fraco se afastando.

Ela limpou o rosto respirando fundo e eu abracei ela novamente até ela parar de tremer, beijei a cabeça dela vendo ela se levantar e ir em direção ao banheiro.

Coronel: Quando tu falou "nosso filho", foi no futuro ou alguma coisa tá acontecendo e eu tô por fora? - Falei fazendo ela virar e respirar fundo.

Andressa: Não era pra você descobri assim, era pra ser uma surpresa boa.- Falou abrindo a gaveta e eu abri maior olhão, ela me entregou um papel e eu só li o positivo.

Coronel: Mas não era isso que tu queria, que isso?! - Falei nervoso, sem entender nada.- Tu falou que...

Andressa: Tanta coisa aconteceu do jeito que eu não queria.- Coçou a cabeça e olhou pro papel na minha mão sorrindo fraco.- Eu achei que tinha tomado o remédio, mas eu atrasei duas semanas e acabei desregulando tudo.

Coronel: Caralho tu tá grávida! - Apontei pra barriga dela e ela limpou o rosto de novo, porque tava chorando de novo.

Andressa: Eu não sei como vai ser porque eu prometi pra ela que deixaria ela cuidar de mim quando isso acontecesse.- Falou apontando e começando a chorar de novo.

Me levantei ainda sem entender quase nada do que tava acontecendo ali mas só abracei ela de novo, fiz carinho no cabelo dela deixando ela chorar no meu peito o tempo que ela quisesse, foi praticamente uma hora dela chorando calada no meu peito, até querer ir se arrumar pra ir pra maternidade, enquanto eu tava perdido pra caralho.