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Um dia depois

Um dia depois

Eu não pedi para que minha mãe ou meu pai me levassem até a igreja, pois ela não a frequentava desde o momento que se negaram a uma missa a Will. Ele nunca foi religioso fervoroso, porém acreditava em Deus.

Suspirei ajustando a saia em minha cintura para confirmar seu comprimento, abaixo de seus joelhos, estava livre o pecado pelos olhos Dele.

A igreja era bela, feita de mármore com estátuas de granito e outros materiais. Santos e passagens bíblicas enfeitavam as paredes de fora, combinando com a parede de cobre esverdeado que estava repleta de trechos do novo e velho testamento em latim.

Ninguém sabia o seu significado além do papa.

Adentrei sem olhar para os lados ou me preocupar com o olhar conspiratório dos anjos em cima de meu rosto, seus dedos apontando em acusação, a maneira como todos eles pareceriam estar me seguindo enquanto eu andava.

Mesmo sendo bela, a igreja ainda me causava arrepios.

A missa do domingo havia acabado, as pessoas estavam saindo, benzendo-se com a água benta ou apenas ajoelhando em algum altar, pedindo por proteção para suas famílias nesta época de perigos desconhecidos.

Se eles soubessem do que realmente estava se tratando não pediriam para que os santos os protegessem.

O altar já estava arrumado, o padre — um senhor de idade com óculos grossos, um diâmetro acentuado, barba feita e a cabeça careca com manchas da idade — estava terminando de limpar o cálice.

As mãos dele eram enrugadas e delicadas enquanto secavam o cálice dourado que deveria ter sido usado na cerimônia.

Sentei-me na primeira fileira e uni minhas mãos em uma oração que não estava mentalizando, as vezes a tentativa era mais importante do que o feito em si.

Sentia falta da igreja — eu fui complacente a revolta de minha mãe contra a Instituição depois do caso de Will.

O padre demorou, tinha o seu ritual, porém eu não estava com pressa, observei-o realizar cada passo com calma e devoção. Quando era criança, queria ter entrado em um convento para poder fazer parte daquilo, poder louvar a minha crença e trazer as pessoas a crer no mesmo que eu.

Depois eu percebi que estava fazendo tudo errado. Eu queria algo por mera vaidade, por poder dizer que eu o estava fazendo. Percebi que eu tinha mais valor dentro de minha casa e com os meus amigos do que gastando minha vida para alimentar uma ilusão.

Senti uma mão em meu ombro e olhei para cima com um sobressalto ao perceber o sorriso brilhante no rosto de padre Benedict. Ele deveria pensar que eu estava pronta para deixar o ressentimento de lado e voltar as minhas visitas semanais.

Não estava ali para aquilo.

— Eu gostaria de me confessar — disse, levantando-me e andando para onde eu sabia que as pessoas iam para se confessar, para lavar suas almas, porém eu jamais achei que alguém da minha idade o faria.

Isso até agora.

Ele entrou em um pequeno compartimento de madeira com uma tela entre nós, ajoelhei-me ao seu lado, fechando uma cortina ao redor de meu corpo para ter privacidade e não ver que as pessoas estavam me observando.

Fechei meus olhos pensando que iria chorar.

Não chorei.

— Eu acho que eu matei alguém — sussurrei com as mãos entrelaçadas engolindo a seco.

— Elisabeth? Como uma doce jovem como você poderia ter levantado a mão contra alguém? — ele não parecia surpreso, já deveria ter ouvido tanto pior do que o que eu havia acabado de dizer.

Gostaria de poder decifrar o seu olhar, entender o que ele estava pensando e como estava me julgando. Sua voz era neutra, imune a sentimentos, contudo isso não significa que ele poderia pensar que eu não era uma pecadora.

Tão pecadora quanto minha outra metade.

— Padre, eu... — hesitei, eu tinha que confiar na igreja, em Deus, porém isso não explicava porque eu estava hesitando, o padre era apenas um intermediário entre Ele e eu — eu acho que eu matei uma pessoa. Não com as minhas mãos, porém... eu matei alguém por não usar minhas mãos. Meus dedos — não atendi a sua ligação.

— Estamos falando de William? — senti uma pontada no peito.

Era óbvio que estávamos falando de William!

Quem mais?

— Eu acho que se eu tivesse atendido ao telefone quando ele me ligou, talvez ele não tivesse morrido, eu poderia ter impedido... — parei de falar.

Eu poderia ter impedido o que? Um traficante de jogar meu irmão ao mar?

O quanto mais eu pensava no assunto, mais ficava confusa.

Era por isso que eu estava ali, precisava me limpar, lavar minhas mãos sobre o assunto.

Eu tinha que deixar William partir.

No entanto, na hora da fala, era muito mais fácil do que na prática.

— Ele decidiu o seu destino. Um desperdício... menino tão bondoso, porém quando o Senhor chama não há como se negar a ouvi-lo. A morte é algo natural, suponho que o Senhor não queria a morte do jovem William, ele poderia ter entendido errado as instruções do céu quando retirou sua vida — ele falava como minha mãe.

— Assassinado — corrigi sem pensar e apoiei minha testa contra as mãos.

— Como?

— Ele não se suicidou, foi assassinado.

— Elisabeth...

— Eu sei o que você vai dizer e você sabe que não adianta discutir. Ele é meu irmão, eu seria um monstro se me permitisse pensar que ele poderia retirar a própria vida. Sei que ele não faria isso, você também. Você nos viu crescer.

— Eu lamento por Bliss — ele comentou, mesmo que eu soubesse que ele realmente não estava tão sentido quanto dizia, as pessoas nunca estavam.

— Obrigada — não havia algo melhor para responder neste caso.

Eu tinha que ser sincera? O que mais tinha que dizer em uma confissão?

Eu tinha tantos pecados quanto pensava?

Sabia que havia muito que queria revelar diante da santíssima santidade, porém eu não tinha certeza se revelar os segredos de meu irmão seria o mesmo que eu me confessar, se ele quisesse, teria se confessado.

Fechei meus olhos, inspirei fundo.

— Eu não fui uma boa filha nos últimos meses. Perdi-me no abuso, no ilícito, tentei encontrar conforto na facilidade e não no caminho correto — falei calculadamente — eu não fui uma pessoa boa. Deixei a desejar para meus amigos e família.

— As vezes o caminho da verdade é nebuloso, as trilhas parecem se cruzar, confundimos os dogmas que sempre seguimos por mera casualidade. As vezes estar cego faz com que você enxergue melhor — a voz dele, um murmúrio sábio, me tocou — não importa quantas vezes você se perca, o que realmente importa é encontrar o caminho certo no final.

— E como eu sei que eu encontrei o caminho certo? Quero dizer, se eu me perdi uma vez, quem garante que eu não acabe perdida novamente? — olhei para a tela furada que nos separava e notei que ele olhava para frente, conseguia ver o seu perfil.

Ele usava uma bela cruz de madeira no pescoço e isso me fez lembrar-me do colar com o símbolo não identificado do homem que tentou me afogar. Era um colar de prata.

Será que o símbolo era a marca do tráfico?

— Você não sabe, esta é a beleza da vida. As incertezas e as escolhas a serem feitas. Seria tudo tão mais tedioso se soubéssemos de nossos erros e acertos desde o momento em que nascemos... — percebi o devaneio do padre e sorri, era bom saber que até mesmo aqueles que acreditavam estar completamente satisfeitos com a vida, também almejavam por mais.

— E o que isso significa? — não queria mais falar sobre as escolhas. Eu odiava as escolhas que eu tinha que fazer, pois elas me lembravam das escolhas de William e até onde elas o levaram — eu briguei com meu pai, disse coisas que me arrependo.

— A desarmonia pode reinar até nos impérios utópicos, o que realmente importa é a maneira como você consegue contorná-la.

— Ele não me vê, padre, vive pela morte de William e esquece que eu ainda estou ali. Ele prefere se alimentar do passado a ver que ainda há futuro — ouvi murmúrios e abaixei ainda mais minha voz — minha mãe está distante, meu pai não me ama, perdi Bliss e meu irmão foi arrancado de mim. Quem sobrou?

— Aquele que encontra contentamento e autossuficiência na própria existência será o homem mais feliz do mundo.

— Você encontrou tudo isso? Foi por isso que se tornou padre? — perguntei por reflexo, não era para ter sido tão rude ou direta, contudo, agora, já estava feito.

— Não — surpresa, eu soltei um som exasperado — não existe a felicidade completa, assim como não existe o amor sem que haja dor e sofrimento, porém são os pequenos momentos de tristeza que revelam o quanto a vida é bela, o quanto você tem que rezar e agradecer por tudo o que tem.

“Você diz que me ama e não confia em mim. Diz que estamos juntos para tudo quando o seu tudo começa e acaba em um ponto fixo. Amor. O que acontece quando o amor não é recíproco?”

Abri meus olhos tentando afastar os olhos de Will cravados no meu, aqueles olhos sem misericórdia e compaixão, olhos drogados que me amavam e esconderam o amor para que eu não me machucasse mais.

Olhos de um idiota perdido querendo e não querendo ajuda.

Por que ele não me procurou ao invés de correr até os braços daquela garota? Será que ele não havia percebido que ela o amava escondido?

— Eu não sei se consigo — comentei, mais para mim mesma do que para ele, comecei a me levantar, não queria mais conversar com um intermediário.

Abri a cortina e comecei a me afastar.

— Elisabeth! — ele me chamou e eu olhei para trás, ainda estava dentro do seu cubículo de madeira, entretanto agora não parecia mais uma gaiola, aparentava ser uma casa, um porto-seguro, sentia-me mais leve — um terço.

Sorri para ele e assenti.

Queria ir para minha casa, porém não o fiz, sentei no banco e deixei-me deslizar até que estava ajoelhada e compenetrada em uma oração.

Fazia muito tempo que eu não deixava que a luz apagasse as sombras de minha alma.

Eu tinha que deixá-la entrar!

Olhei para minha frente, queria estar em lágrimas como a maior parte das mulheres ficava depois de ter se confessado e resolvido todas as suas pendências. Não estava.

Cristo estava no altar, pendurado na cruz, suas mãos e pés sangravam, os espinhos perfuravam sua pele, todavia quando eu olhava para seu rosto e somente para ele, percebia que não havia dor, não havia prazer.

Ele estava olhando para mim desafiando-me a fazer valer a pena o seu esforço, a sua alma.

Fiz o sinal da cruz e me levantei ouvindo um assovio e olhando, querendo encontrar quem assoviou, porém não havia ninguém além de mim naquele lugar, até mesmo o padre parecia ter se retirado.

Meus braços se arrepiaram e eu fui embora.

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