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𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐅𝐎𝐔𝐑

A pessoa comum passa cerca de um terço da vida dormindo. Minha tia-avó costumava dizer isso. Ela era uma mulher cheia de energia, que tomava chá preto como se fosse água e sempre corria como se o mundo estivesse atrasado e ela precisasse corrigir isso. Talvez por isso, nunca tenha dado muita importância ao sono. Eu herdei esse hábito. Três ou quatro horas por noite são mais do que suficientes para mim.
Sempre acreditei que a insônia era uma assinatura do gênio. E, é claro, da insanidade. Prefiro ignorar a última parte.

Na manhã do terceiro dia após minha coroação, levanto antes do sol, com o céu ainda pintado em tons de cinza e azul profundo. Visto um suéter verde e uma saia lápis que combina perfeitamente. Um toque de tradição no broche de pérolas que foi da minha avó e o coque alto e impecável que sempre me acompanha. É um visual pensado: elegante, mas com autoridade. E hoje, mais do que nunca, eu preciso ser exatamente isso - uma autoridade.

Depois de um café da manhã leve e da leitura minuciosa dos três jornais mais importantes do país, dirijo meu Rolls-Royce até a loja de departamentos. Na calçada molhada pela garoa, ajeito meus óculos de sol grandes e redondos, que cobrem metade do meu rosto. Apesar do tempo nublado, gosto de como eles me dão uma aura de mistério. Ergo o olhar para o prédio imponente de pedra à minha frente, imersa por um instante no peso do império que Liam construiu com uma visão que poucos possuiriam.

Minha equipe de segurança abre caminho, guiando-me pelas portas de vidro impecáveis e sobre o chão de azulejos pretos e brancos, que parecem mais lustrosos do que lembrava.
Entramos no elevador, subindo ao andar mais alto, onde um homem de cabelos ruivos e um sorriso que sempre parece prestes a explodir em risada me espera.

- Estrela Real! - Liam se levanta de sua cadeira assim que me vê, fazendo uma reverência exagerada atrás de sua mesa de mogno. É uma peça impressionante, quase imponente. Tão digna quanto ele, mas talvez mais adequada para uma rainha. Farei questão de encomendar algo semelhante para mim.

- Liam. - Cumprimento com um sorriso controlado, embora o brilho nos olhos dele quase me faça rir.

- Chá, Majestade? - Seu assistente pergunta, com a bandeja já equilibrada nas mãos.

- Não, obrigada. - Aceno ligeiramente, dispensando-o. - Pode nos deixar a sós, por favor.

Assim que a porta se fecha, Liam se recosta na cadeira de couro com aquele ar de descontração natural que sempre parece colocá-lo um passo à frente de qualquer negociação.

- Esta é uma surpresa agradável. - Ele indica a cadeira acolchoada à sua frente, e eu me acomodo com calma. - Visitando antes da abertura para aproveitar os descontos? Prometo que posso conseguir algo especial para você.

- Não vim aqui para compras, Liam. - Inclino-me levemente para a frente, o tom da minha voz mais sério. - Estou aqui para fazer um pedido. Um grande pedido.

Ele arqueia uma sobrancelha, interessado. - Peça. Você sabe que não consigo dizer não para você. - Leva a xícara de porcelana aos lábios com uma confiança quase desafiadora.

E então, eu solto a bomba:

-

Quero você no Conselho Consultivo.
Liam engasga, colocando a xícara de volta no pires de forma apressada.

- O Conselho Consultivo? - Ele passa um guardanapo pelos lábios, claramente tentando ganhar tempo. - Isso é... inesperado.

- Inédito, na verdade - respondo, de forma calma, quase casual.

Ele ri sem muito humor, balançando a cabeça. - Esther, é um compromisso de tempo integral. Eu não tenho espaço na minha agenda.

- Preciso de você, Liam. - Minha voz é firme, mas há algo mais ali. Uma vulnerabilidade cuidadosamente escondida, uma verdade silenciosa que espero que ele escute mesmo sem eu precisar dizer mais.

Ele fica em silêncio por um momento, os olhos me estudando com uma intensidade que raramente vejo nele. Eu não recuo. E então, algo muda em sua expressão, quase imperceptível, mas real.

A batalha, percebo, está apenas começando.

Meu pai sempre me dizia que, no fim das contas, só é seguro confiar em si mesmo. E eu confio. Confio o suficiente para reconhecer que não posso fazer tudo sozinha, que preciso de pessoas em quem eu possa depositar minha fé e compartilhar meu propósito.

- Preciso do seu instinto para negócios e da sua habilidade de enxergar o mercado, Liam. Meu pai dizia que, se você conquista as pessoas, você conquista o mundo. Quero que me ajude a levar minha visão para o país, que faça minha mensagem alcançar cada canto.

Liam entrelaça os dedos sobre o abdômen, os polegares se movendo em um ritmo lento, pensativo.

- Você acredita que o Parlamento vai se opor aos seus planos? - Ele inclina a cabeça, avaliando minha expressão com olhos astutos.

- Tenho que estar preparada para qualquer cenário - respondo, com serenidade.

Ele estreita os olhos, um traço de preocupação atravessando seu rosto. - Mas apenas nobres podem ocupar assentos no Conselho Consultivo.

Liam tinha a confiança e a amizade de um rei. Era um homem brilhante, um estrategista nato, mas, até agora, sem sangue ou título aristocrático.

Pego um envelope de tamanho considerável, lacrado com um selo dourado, e o entrego a ele. Dentro, repousa um papel de alta gramatura com uma inscrição em caligrafia elegante e minha assinatura, sólida como a própria coroa.

- A partir de hoje, você é o estimado Visconde de Altamira. Parabéns.
Liam pega o envelope como se estivesse manuseando um artefato precioso, mas perigoso. Ele o examina com um ceticismo quase divertido.

- Você tem esse poder sem passar pelo Parlamento? - pergunta, franzindo a testa.

Dou de ombros, permitindo-me um sorriso enviesado. - A terra é minha, os títulos são meus. Posso concedê-los como quiser. Mas, se quiser uma cerimônia oficial, ficarei feliz em organizar uma.

- Isso não será necessário - ele responde, com firmeza.

Estudo suas feições enquanto ele digere a novidade. Posso quase ouvir os pensamentos girando em sua mente analítica. Ser um empresário de renome internacional já era impressionante, mas ser um visconde elevava sua posição a um patamar que poucos poderiam ignorar. Ele sabia disso. E eu também.

Aproveito o momento para fazer outro pedido.

- Há mais uma coisa. Preciso que Grace venha trabalhar comigo. Quero que ela seja minha secretária particular.

As sobrancelhas de Liam se arqueiam em um misto de surpresa e humor. - Então você está tentando comandar minha agenda e agora também a vida da minha filha?

Seus três filhos vieram para Aethyria logo após terminarem os estudos na Escócia. Trabalharam ao lado do pai nos negócios da família, uma tradição que Liam valorizava profundamente.

- Culpe a si mesmo - respondo, com um sorriso desafiador. - Você vive elogiando as habilidades dela: organização impecável, energia inesgotável, iniciativa. Posso usar tudo isso no palácio.

Liam me lança um olhar medido, avaliando minhas intenções. Tradicionalmente, o cargo de secretário particular do monarca era reservado a homens. Mas talvez fosse hora de romper essa tradição. Grace Flynn tinha o carisma e a perspicácia do pai, além de uma alegria contagiante que eu admirava. Não havia dúvida: ela era a pessoa ideal para o papel.

Enquanto Liam permanece hesitante, um silêncio carregado paira entre nós, eu resolvo provocá-lo, tentando aliviar a tensão no ar.

- Vamos, não faça tanto drama, velho - digo, com um sorriso travesso. - Você ainda tem Levi e Louis. Eles vão continuar o legado do seu glorioso império varejista.

Ele ergue as sobrancelhas, surpreso, e me encara com uma mistura de confusão e divertimento.

- Velho? Desde quando você começou a me chamar assim? - Ele franze a testa, claramente mais intrigado do que ofendido.

Não consigo evitar; uma risada escapa, quebrando a seriedade do momento.

- Então, o que me diz? Está comigo nessa?

Por um breve instante, seus olhos se estreitam como se ponderasse profundamente, mas logo o reconhecível sorriso aparece. É o mesmo sorriso - aquele caloroso e reconfortante que tantas vezes me ancorou nos momentos mais difíceis da minha vida.

- Claro que estou com você. Havia alguma dúvida?

A verdade é que não. Nunca houve. Mas ouvir isso dele ainda traz uma sensação de alívio inexplicável.

Eu me inclino um pouco mais perto, mantendo o tom brincalhão que sempre nos conectou.

- Bem-vindo à nobreza, Liam. Prepare-se, porque não é tão glamouroso quanto parece.

Ele me lança um olhar de desconfiança e, com a testa levemente enrugada, retruca:

- Não parece nada glamouroso.

Sorrio, balançando a cabeça.

- Exatamente.

Meu próximo destino está a quatro horas de carro. Não é bem o meio do nada, mas é certamente longe de qualquer lugar que as pessoas chamem de "algum lugar". Enquanto a paisagem desfila pela janela, o som abafado da estrada combina com minha leitura mental do último relatório fiscal. A realidade fria paira em cada linha: desde o fim da guerra, as receitas diminuem mês após mês, e agora o Parlamento considera seriamente aumentar os impostos. Mas o problema não é que os impostos sejam baixos demais; é que há pouquíssimos empregos.

E como alguém pode tirar sangue de uma pedra? Não importa o quanto a golpeie com outra pedra maior e mais áspera.

O relatório escorrega para o banco ao meu lado, junto com o peso de sua realidade. Lá fora, passamos por portões de ferro forjado que rangem ao abrir. A estrada se estreita e serpenteia entre colinas cobertas por musgo, onde a chuva que há pouco caía transformou a terra em um espelho cinzento. Agora, uma névoa espessa e sonhadora sobe do chão, enquanto um tímido raio de sol luta para romper as nuvens. É então que o vejo.

O Castelo do Ducado de Veridom.

É como algo saído de um livro de contos de fadas. Suas torres altíssimas parecem desafiar o céu, cada pedra brilhando sob o brilho recém-descoberto do sol. As passarelas flutuantes entre as torres criam a ilusão de algo suspenso no tempo, e os arcos das janelas sugerem segredos sussurrados ao longo de gerações. À esquerda, o mar verde e enfurecido se choca contra as rochas, cada onda uma pintura viva. À direita, a floresta se estende como um tapete selvagem e infinito.

Eu cresci cercada por castelos. Eles não são mais fascinantes para mim do que o cheiro familiar de um cobertor usado. Mas este... Este ainda me arranca o fôlego.

Na torre mais alta, bandeiras tremulam ao vento: o estandarte de Aethyria acima, seguido do estandarte da família Valor, declarando que o duque de Veridom, Nathaniel Valor, está em casa.

Quando finalmente o encontro, ele está reclinado na sala de estar, a personificação do descuido elegante. Os pés descalços repousam numa poltrona de couro escuro, as mãos atrás da cabeça, e a camisa branca está parcialmente aberta, revelando seu peito pálido e, claro, meticulosamente definido. Ele é aquele tipo de pessoa que parece acordar com a perfeição casual que outros lutam para construir. Mas Nathaniel nunca está sozinho - ou entediado.

- Boa tarde, Majestade.

A voz veio de Maximilian Lucius Windermere, que está sentado calmamente em uma cadeira próxima. Ele inclina a cabeça em minha direção, seus cabelos loiros escuros brilhando como seda sob a luz. Maximilian, o terceiro filho do rei e de uma artista anônima, carrega uma beleza quase irritante. Ele e Nathaniel compartilham um tipo especial de amizade, do tipo que faz o tempo desacelerar quando estão juntos, sempre que os deveres da aristocracia permitem.

Entre eles, um tabuleiro de xadrez está montado, com peças elegantemente dispostas - mas ninguém parece realmente interessado no jogo.

- Estávamos prestes a almoçar, Esther. - A voz de Nathaniel é rouca, como se o tempo todo que ele passara repousando ainda não fosse suficiente. Ele nem sequer abre os olhos para me olhar, apenas inclina a cabeça para trás e sorri com a confiança de alguém que sabe que será perdoado por qualquer descuido. - Gostaria de se juntar a nós?

- Seria adorável - respondo, mas o encanto do momento se dissipa assim que um cheiro horrível atinge meu nariz.

- Céus! - exclamo, tapando o rosto com a mão. - Que cheiro é esse? Parece que algo rastejou para fora do inferno, se afogou no pântano e depois morreu.

Nathaniel solta uma risada preguiçosa. - Uma pomada de nome impronunciável. Algo para esse maldito resfriado. Você se acostuma depois de um tempo.

- Depois que suas narinas se rendem e decidem morrer - murmura Maximilian enquanto desliza sua torre pelo tabuleiro.

- Exatamente - responde Nathaniel, erguendo o punho num gesto teatral de falsa indignação. Ele abre os braços e mexe os dedos em minha direção. - Venha, deixe-me abraçá-la.

Dou um passo para trás, cruzando os braços. - Não, obrigado. Você está fedido demais. Parece que não toma banho há dias.

Maximilian ri enquanto levanta sua taça de vinho, um brilho de diversão estampado em seu rosto. Entre o tabuleiro de xadrez, os comentários cortantes e o cheiro indescritível, percebo que esta será uma tarde interessante no Castelo de Veridom.

Enquanto movia os pés de Nathaniel para o lado, permitindo-me sentar na poltrona macia, senti a textura do tecido frio contra minha pele. Sem cerimônia, assumi o controle do jogo de xadrez contra Maximilian, reposicionando o bispo dele de maneira calculada e implacável, avançando-o como uma ameaça direta ao rei adversário.

- Tenho uma proposta para você, Nathaniel. - Minha voz soou tranquila, mas havia algo deliberado em cada sílaba.

Ele abriu os olhos devagar, a curiosidade cintilando em seu olhar preguiçoso, como se estivesse à espera de uma diversão inesperada.

- É uma proposta perversa? Você sabe que essas são as minhas favoritas. - Um sorriso brincava em seus lábios, desafiador e perigosamente encantador.

Inclinei-me ligeiramente para a frente, deixando a luz dourada do abajur entre nós projetar sombras suaves no tabuleiro.

- Isso depende da sua definição de perverso. - Fiz uma pausa estratégica, mantendo-o em suspense por mais um segundo. - O que acha de ocupar um lugar no Conselho Consultivo?

Seus olhos escureceram por um instante, absorvendo o peso da oferta. Ele saberia, é claro, que aceitar exigiria abrir mão de seu assento no Parlamento, um lugar que sua família ocupava há gerações. As regras eram claras, e nós, mais do que ninguém, éramos fiéis guardiões dessas regras. Ainda assim, o Conselho Consultivo era um prêmio muito mais grandioso: mais influência, mais poder. Um lugar onde seu nome poderia ser escrito nos anais da história, se ele jogasse bem.

- Acha que os idiotas do Conselho vão concordar? - Sua voz carregava uma ponta de sarcasmo, mas havia curiosidade genuína em suas palavras.

- Provavelmente não. - A certeza no meu tom fez Maximilian erguer os olhos momentaneamente do tabuleiro. - Mas lembre-se: ainda sou a Rainha.

Maximilian deslizou seu cavalo para uma nova posição, e eu o capturei imediatamente com minha dama.

- Eles vão contestar você por isso. - Nathaniel deu um gole preguiçoso no conhaque que segurava, girando o copo com dedos habilidosos. - Dirão que sou muito jovem, muito imprudente... - Seus olhos se estreitaram ligeiramente, um brilho de desafio ali. - Mas o que me falta em idade, compenso com experiência.

- Experiência, claro. - Maximilian levantou seu copo em um gesto silencioso de concordância, enquanto eu pegava uma das peças do tabuleiro.

Segurei a rainha entre os dedos, analisando-a com cuidado, sentindo o peso simbólico do momento.

- A rainha é a peça mais poderosa do tabuleiro. - Minhas palavras foram ditas mais para mim mesma do que para eles, mas eu sabia que cada sílaba era absorvida com atenção. - Mas sem os bispos e cavalos ao seu lado, ela nunca dura muito. - Minhas unhas deslizaram pela base da peça antes de devolvê-la ao tabuleiro. - Pretendo durar, Nathaniel. Por isso, não estou aqui para perguntar o que o Conselho pensaria. Quero saber o que você pensa.

O silêncio que se seguiu foi carregado, mas não desconfortável. Um sorriso lento e provocador espalhou-se pelo rosto de Nathaniel, trazendo consigo aquela centelha inconfundível de má ideia que sempre o acompanhava.

- Acho que eles não iram gostar. Não será divertido? - Ele ergueu o copo, o brilho nos olhos se encontrando com o meu. - Conte comigo.

Um sorriso curvou meus lábios.

- Excelente. - Minha voz tinha uma nota de triunfo, enquanto minhas mãos se moviam novamente pelo tabuleiro. Fiz meu movimento final, deixando o eco das peças contra a madeira preencher o ar entre nós. - Xeque-mate.

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