Capítulo 4
Estava dormindo bem tranquilamente no meu sono, até que fui acordada por um grito de alguém entrando do quarto. Abri os olhos e vi que é uma mulher de pele pálida, olhos puxados e cabelos pretos bem curto com poucos fios brancos.
– Levantem, queridinhas. – gritou – O sol nasceu.
– Ai, babá Jasiri. – Cristina bocejou.
Então ela é babá delas, pelo cheiro descobri que ela é Humanimal Morcega.
Jasiri se aproximou da rede da Blaire e deu um balanço meio forte.
– Ei. – Blaire resmungou.
– Bom dia, lindas felinas.
– Cadê a vovó? – perguntou Blaire – Prefiro ela nos acordando do que você.
– Sinto muito, ela está ocupada. – disse Jasiri e bateu as palmas – Vamos acordando.
– Mas ainda está escuro. – disse Fátima, e ri vendo a cauda longa nos olhos dela.
Levantei e tirei a cauda no rosto dela.
– Opa, minha onça-pintada gosta de brincar comigo. – riu.
– Levantem. – Jasiri deu um grito agudo e tapei as minhas orelhas.
– Droga, odeio isso. – Natália e Ivete falaram juntas e levantaram.
– É um belo dia e vocês têm grandes tarefas.
– Mas todo dia tem tarefas. – comentou Blaire.
– Tem razão. – gêmeas concordaram.
– Bem cedo. – bocejei.
– Acordamos quando o sol nascer. – Cristina sorriu e escovou meu cabelo.
– Cristina, cuidará da Érica e mostra a aldeia para ela. – Jasiri foi falando – Natália e Ivete vão fazer patrulha de manhã com Íaça, Blaire vai ajudar as mulheres na horta, Fátima vai treinar com Lisa no campo de treinamento, e Clara ficará com as crianças para a aula da Indira.
– E quem fica com a mamãe? – perguntou Cristina.
– Azula vai cuidar dela. – Jasiri riu – Sua mãe é forte, principalmente por ter tido muitas filhas.
Jasiri olhou para mim e sorriu.
– Você é a cara da sua mãe, só que gordinha. – depois fez cara bem séria – Por favor, não seja como ela.
– O quê?! – perguntei confusa.
– Jasiri foi babá da sua mãe, meu pai e nossos tios. – Cristina riu – Sempre nos conta histórias para não sermos como eles.
– Vocês são bem piores. – Jasiri sussurrou.
– O que disse? – as gêmeas perguntaram.
– Nada não. – Jasiri sorriu – Eu adoro cuidar de vocês, é a função da minha vida.
Quando a maioria saíram, Jasiri resmungou:
– Odeio ser babá de felinas complicadas, nem parecem filhas do Jurandir. – suspirou – Muito menos da Sofia, a mãe mais quieta do que as filhas.
– Vamos, vai conhecer muita coisa aqui. – Cristina sorriu e pegou minha mão.
Saímos da cabana e as mulheres já foram cumprimentar a Cristina. Os homens abriram espaço para nós quando foram passando, até os mais velhos se curvaram para Cristina.
– Você é bem popular. – comentei.
– Bem, já que sou a primogênita do líder e uma Humanimal Híbrida, claro que reagem assim.
– Humanimal Híbrida?!
– É que nós fomos. – mostrou sua cauda – Tenhos duas almas animais, mas se fundiram em um. Tenho partes de leoa e parte onça-pintada, alma híbrida.
– Então é como eu. – suspirei – Por que fomos assim?
– Perguntei isso para sua mãe uma vez, já que ela é Sagrada. – deu uma pausa – Mas ela não falou nada, e pediu desculpas.
– Pelo quê?!
– Também não sei.
– Júnior é Humanimal Híbrido também, não é?
– Sim, mas ele é um tipo especial. – disse meio nervosa.
– Por… – fui interrompida quando esbarrei em alguém e Cristina me segurou para não cair – Des…
Fiquei em choque vendo um homem musculoso e bem alto. Pele bronzeada, careca e me encarou com reação de bravo, me dando tanto medo principalmente por sua grande cauda de crocodilo.
– Desculpe, desculpe, desculpe… – implorei – Foi sem querer, me perdoe.
– Felipe, você a assustou. – Cristina riu e sorriu para o homem – Não se preocupe, ele tem cara de lutador assassino, mas ele é muito gente boa.
– Desculpe. – disse com voz grosso.
– Assustando meninas outra vez. – apareceu um homem moreno e vestindo só uma calça suja de lama – Também, com essa cara de bicho-papão.
Felipe o encarou e rosnou.
– Calma, só estava brincando.
– Ele e Felipe são responsáveis pelos guerreiros, e são os braços direito e esquerdo do meu pai. – Cristina matou minha curiosidade e sorriu – Olá, Matheus.
– Se não a nossa primeira princesa do chefe. – Matheus riu – Passeando?
– Mostrando a aldeia.
– Qualquer coisa, pode contar conosco. – tocou no ombro do Felipe – E cuido para que esse monstro não te assuste.
Gritou quando Felipe agarrou o pulso dele e o puxou forte.
– Temos trabalho. – foi embora com Matheus.
– Que medo.
– Ele é assim mesmo, demorei para me acostumar com ele. – Cristina sorriu.
Fomos andando e me levou até uma cabana com cheiro forte de ervas curativos.
– Vem, ela vai querer te conhecer.
Entramos e encontramos uma mulher de pele bem escura, usando longo vestido vermelho e penas vermelho nos cabelos pretos.
Arregalou os olhos quando me viu e sorriu.
– Quase achei que era ela.
– É Lucinda, nossa curandeira, e uma das amigas de infância da sua mãe. – Cristina a apresentou.
– Prazer. – Lucinda apertou minha mão – Aquela malvada, não me contou nada de você.
– Amigas de infância?!
– Sim, nossas mães são amigas e crescemos juntas. – Lucinda sorriu – É mesmo, se importam de levar essas amoras para Laila.
– Claro. – Cristina pegou uma cesta grande cheia de amoras roxas – Depois voltamos.
Segui a Cristina e chegamos numa cabana ao lado de uma horta. Ouvi gritos e encontramos uma mulher de meia-idade, muito linda com seus cabelos pretos e longo.
Espere, esse cheiro…
– Já falei muitas vezes, cuidado e seja delicadas com legumes sensíveis. – gritando para duas garotas – Ficaram sem almoço hoje.
– Laila. – Cristina a chamou.
– Desculpe, amor. – disse com calma – Essas jovens de hoje são impossíveis, e essa é a famosa Érica?
– Sim. – Cristina a apresentou – Ela é nossa tia-avó e ela é…
– Humanimal Sereia.
– Olha, tem bom olfato. – Laila riu – É meu perfume.
– Sim. – melhor não contar que já senti muito cheiro de sereia na boate do Chefe.
– Ele voltou. – uma das garotas gritou e foram se unindo.
Graças a chegada do Clay Júnior, elas gritaram como se ele fosse uma celebridade bem famoso.
– Olhe como é lindo.
– Esses músculos.
– Essa reação séria é excitante.
– Como queria chegar bem perto dele.
– Calem a boca. – gritou bem grosso e suspirou – Me dá algo para eu comer.
– Que qual, por favor. – Laila resmungou e jogou uma maçã.
– Obrigado. – ele pegou e foi comendo quando foi se afastando.
– Grosso e lindo, como queria que ele se apaixonasse por mim.
– Que famoso, hein. – ri.
– Sim, tem a fama de Leão Vampiro por causa da sua alma animal, e é bem mais famoso por causa da sua bela aparência que faz todas as mulheres desmaiarem.
Bem, ele é bonito mesmo.
Mas é grosso.
– Pegamos. – fui atingida numa montanha de crianças que foram pra cima de mim.
– Presa capturada. – reconheci Clara com duas crianças.
– Crianças, saiam em cima dela. – gritou Cristina.
– Essa não. – apareceu um homem meio magro e roupas todas sujas de terra, tirou as crianças de cima de mim – Clara, Luan e Bianca, que falta de educação.
– Marcos, estávamos brincando de caçada. – disse Clara – E Érica é minha prima.
– Mas ainda está nos conhecendo. – Cristina me ajudou a levantar – Desculpe por isso.
– Tudo bem, olha que nem percebi eles chegando.
– Foi minha ideia, serei uma ótima caçadora. – Clara disse com orgulho.
– Acabou as aulas da sua mãe? – perguntou Cristina por Marcos.
– Não, ela me mandou pegar esses três engregueiros. – pegou Clara no colo – Vamos voltar.
– Droga, queremos passear na floresta. – menino reclamou.
– Não estudar. – menina de tranças falou junto.
– Marcos, pensei que estivesse ao meu lado. – Clara reclamou.
– Estou do lado da educação de vocês. – agarrou três crianças e os levou embora.
– Ele é guerreiro? – perguntei.
– Não, ele cuida das crianças menores. – Cristina cruzou os braços – Difícil de imaginar que o Marcos, um homem bem doce, é parceiro do Felipe.
– Quê?! – choquei – Felipe e ele são…
– São, os dois são completamente opostos, mas se amam muito.
Difícil de imaginar.
– Sabe o Rômulo? – me perguntou e assentiu – Ele é o pai do Marcos, por isso ele é bem chato. Até hoje não aceita o relacionamento do filho com… Alguém como Felipe.
Foi aí que lembrei da conversa de ontem à noite.
– Quem é Ursão?
Perguntei e ela fez um olhar de tristeza.
– Vem comigo.
Fomos para fora da aldeia e só a fui seguindo. Finalmente paramos, num campo vazio e sem árvores, menos os montes de pedra no chão.
– Esse é…
– Cemitério. – se aproximou em um dos montes de pedra, o maior que os outros – Esse é do Ursão, sabe da pandemia no ano passado?
Sim, pandemia de um vírus que causou caos em todo mundo. Ainda lembro que meu e pai tivemos que ficar em casa e usar máscara quando saímos.
Essa doença resultou em muitas mortes e perigo para todos nós. Meu pai até perdeu o emprego quando o mercado fechou depois que a pandemia passou. E Chefe perdeu alguns membros do seu grupo.
– Essa doença foi tão horrível que tirou um dos nossos melhores guerreiros. – olhou para outro tumulto – E do nosso antigo curandeiro.
– Sinto muito.
– Vô Ursão era como nosso avô para nós, adorávamos brincar com ele e cuidava bem das minhas irmãs. Vó Clarisse e Vô Raoni ficaram um dia inteiro sentados ao lado do túmulo dele. – deu uma pausa – Curandeiro Zaki passou muito tempo cuidando das pessoas doentes, mesmo sendo atingido pela doença e lutando até dá sua última força.
– Queria ter conhecido… – assustei vendo um homem bem alto e forte me encarando, e seu corpo está meio transparente.
Ele deu um sorriso e quase se aproximou até que Cristina levantou.
– Tem alguém vindo.
O homem olhou para a floresta e foi embora.
– Espere…
Ouvi um barulho e Cristina foi ao meu lado. No meio das árvores apareceu uma mulher alta, pele bronzeada e uma cauda de lobo de pelagem cinza.
– Jeordana, você nos assustou. – Cristina suspirou.
– Então porque não sentiu meu cheiro? – perguntou meio rindo.
– Não, com certeza não tomou banho hoje.
– Credo, que educação, princesinha do papai.
– Olha quem fala.
– Marie?! – Jeordana olhou para mim – Seu cabelo cresceu rápido e parece que exagerou um pouco na comida.
– Ela não é a Marie. – Cristina ficou perto de mim – Por falar nisso, cadê ela?
– Ué, ela não é a Marie? – me encarou confusa.
– Cadê a Marie? – Cristina rosnou.
– Calma, faz um tempo que aquela selvagem anda sumida. – cruzou os braços – Até achei que estava com vocês, mas sei que a aldeia é o último lugar onde ela ficaria.
E riu olhando para mim.
– Nem sabia que ela tem…
Rapidamente Cristina correu e tapou a boca da Jeordana.
– Cale essa boca irritante.
– O que está acontecendo? – perguntei quase gritando.
Do nada ouvimos gritos vindo das pessoas da aldeia.
– Falando da selvagem. – Cristina suspirou.
– Estão em perigo?! – assumi a forma tigresa-cobra branca humana e corri.
– Não, espere. – Cristina gritou.
A ignorei e pensei nas pessoas da aldeia, principalmente da família que acabei de conhecer. Não vou deixar que nada de mal aconteça com eles.
Cheguei e vi pessoas correndo para se afasta de uma anaconda gigante, mas ela é peluda por causa da pelagem branca com listras pretas.
Empurrou um dos guerreiros e ouvi grito de criança. Vi Fátima protegendo duas crianças bem menores.
Rugi chamando atenção da anaconda, e me encarou com seus olhos azuis.
Mas…
É a anaconda que sempre vejo no rio.
Ela ignorou as crianças e se aproximou mais de mim, abriu sua grande boca mostrando muitos dentes afiados com duas presas gigantes.
– Chega. – Vó Clarisse apareceu e deu um soco forte no rosto da anaconda, tão forte que ela caiu.
– Tudo bem? – Vó Clarisse me perguntou.
Assentiu.
– Sua… – Vó Clarisse gritou bem forte – Marie, te chamei para conversar e não criar pânico.
– Vi aqui porque seus gatos não pararam de encher meu saco. – ouvi uma voz feminina vindo da anaconda – E também você me ameaçou.
– Não te ameaçaria se não fosse tão teimosa.
– Tanto faz, você não é minha mãe.
– Mas sou sua avó.
O quê?!
– Não contou para ela, não é? – Anaconda riu.
– Posso isso fiquei te procurando como louca a noite toda.
Vó Clarisse foi ao meu lado e olhou para a anaconda se transformando.
Seu tamanho foi diminuindo, sua cauda se dividiu em dois e virando pernas. A cabeça de cobra se transformou numa cabeça humana, surgiram os braços e o corpo virando um belo corpo feminino.
Terminou a transformação virando uma bela mulher jovem com uma pele bem branquinha, meio alta, vestido só um grande capuz branco, cabelos bem curtos e…
Brancos.
Me encarou com olhos azuis e disse com voz suave:
– Que bom que está salva, minha irmã.
IRMÃ?!
– Finalmente apareceu, Marie. – disse Cristina, apareceu sendo seguida pela Jeordana – Estávamos preocupadas com você.
– E por que nunca nos contou que tem uma irmã gêmea. – Jeordana riu – Sua mãe não contou…
– Não é da sua conta.
– Credo, sumiu por cinco meses e ainda é a mesma de sempre. – suspirou e olhou pra mim – Espero que as duas não tenham o mesmo comportamento.
– Quem… Quem é ela? – perguntei meio confusa.
– Não conhece sua própria irmã?!
Eu tenho…
Uma irmã?!
– Claro que não me conhece, assim como a mamãe queria. – disse Marie meio brava.
– Marie. – Vó Clarisse gritou – Você sabe muito bem que sua mãe fez isso para protegê-las, não tente colocar muita culpa nela.
– Espere… – achei atenção delas – Eu tenho uma irmã gêmea?!
– Érica. – Vó Clarisse tentou se aproximar de mim até que me afastei dela.
– Ótimo, o que mais o meu papai, minha mãe que nem conheço, e uma parte da minha família que nem sabia que tinha não me contaram?
– Então contarei o que com certeza não contaram. – a mulher que se parece muito comigo falou séria para mim – Nossa mãe está caçando almas malignas, e ela está desaparecida há seis meses.
Minha mãe…
Está desaparecida.
– Com certeza as almas malignas sequestraram aquele humano e tentaram te pegar para atrair minha mãe. – Marie cruzou os braços – Significa que nem eles sabem onde ela está.
– Aquele humano?! – falei – Está falando do nosso pai.
– Só se for seu pai, nunca chamarei um humano qualquer de pai.
– Ei, não fale mal do nosso pai. – rosnei – É ele quem a nossa mãe amar.
– Sim, amar tanto que ela não tem tempo nem para dizer um olá para ele. – Marie riu – É uma loucura ele está loucamente apaixonado por um espírito poderosa imortal. A única coisa útil que ele faz é ser um cachorrinho fiel a dona que esquecer que ele existe.
– Já falei… – rosnei – Não fale mal do meu pai.
Fui para cima dela e ela segurou meu pulsos mesmo eu tentando arranhá-la com minhas garras.
– PAREM. – a vovó assumiu forma tigresa humana e deu um rugido alto.
Senti meu corpo imóvel e não consigo me mexer.
– Ótima, minha vez. – Marie ergueu punho para me socar.
Mas foi impedida quando tio Jurandir segurou o punho dela.
– Desculpe. – tio Jurandir agarrou os ombros dela e a prendeu no chão.
– Droga, me solte. – Marie resmungou.
– Érica. – Cristina está ao meu lado e ainda não consigo mexer meu corpo.
Vó Clarisse assumiu a forma humana e Cristina me segurou quando voltei à minha forma humana.
– Leve-a para nossa cabana. – tio Jurandir disse – Eu cuido da Marie.
– Sim, pai. – Cristina assentiu e me ajudou a andar.
Senti uma dor de cabeça e Cristina me fez sentar em uma cadeira.
– Ai, minha cabeça. – choraminguei.
– O Rugido da vovó é bem horrível mesmo. – me entregou uma caneca com leite quente – Vai passar daqui alguns minutos.
– Ela… Não foi afetada.
– Isso porque a maior parte da alma animal da Marie é de anaconda, então não sente efeito do Rugido que controla nossa parte felina.
– Como… – suspirei – Como ela pode ser minha irmã?
– Sim, você é bem diferente dela.
– Vocês sabiam?
– Marie cresceu conosco, achávamos que ela era filha única até você aparece. – explicou – E tia Liadan nunca…
– Nunca falou de mim.
– Não te contamos sobre a Marie, porque… – Cristina revirou os olhos – Bem, você viu a personalidade dela. E ela é bem mais sumida do que a tia Liadan, achei que não iam se conhecer.
– Ela é sempre assim?
– Quando a tia Liadan está no mundo espiritual, Marie ficava conosco. Crescemos juntas desde que éramos pequenas. – riu – Ela é que chamam de monstrinho num corpo de criança, já perdi quantas vezes ela bateu em garotos e fugiu das aulas.
– Ela só obedece a tia Liadan. – deu uma pausa – Quando a alma animal se manifestou, tia Liadan a levou para treiná-la no mundo espiritual. Desde então é bem raro ela nos visitar, ela não é tão fã de ficar aqui na aldeia.
– Por quê?!
– As pessoas a encaram e não gostam do comportamento dela, por isso ela não se sente confortável aqui e gosta de ficar sozinha.
– Então ela é sozinha também. – falei em voz alta.
– Você não tem amigos na cidade?
– Tenho amigos, mas… – olhei para minha cauda – Também tenho problemas por causa do que eu sou.
– Escute, não leve a sério o que ela disse sobre seu pai. – suspirou – Ela nunca teve um pai e ela amar muito a tia Liadan.
– Mas, por que minha mãe nos separou? – perguntei.
– Como disse, tia Liadan não é boa de dar respostas para perguntas complicadas.
– Ela disse que minha mãe está desaparecida. – olhei para Cristina – Por isso que os Sombrios pegaram meu pai, para ela aparecer?
– Bem provável que é isso, mas a tia Liadan é uma Sagrada bem forte. – sorriu – Com certeza ela vai salvar seu pai e acabar com a raça dos Sombrios.
– Mas quero salvar meu pai. – falei séria – Cada hora ele corre risco de vida, e… Minha mãe com certeza não vai fazer nada como sempre.
– Érica, não pense…
– Desde que nasci, meu pai me criou sozinho enquanto minha mãe cuidou melhor da outra filha ao invés de ver o homem que nunca deixou de amá-la e nunca visitou uma garotinha que sempre desejou conhecer a mãe. – levantei rápido – É óbvio que ela não quer saber nada de mim e nem do meu pai.
– Não é verdade.
– Falar é fácil, você até conversou com ela mais vezes do que eu. – gritei alto e fechei minha boca – Desculpe, quero ficar sozinha um pouco.
– Tudo bem. – acariciou meu cabelo e me deixou sozinha.
Ajoelhei e chorei por estar com raiva da minha mãe pela primeira vez. Estou até com inveja da minha irmã gêmea que passou muito tempo com ela e até viveu ao lado da família da mamãe.
Assustei sentindo alguém se aproximando e vi Clay Júnior entrando na cabana. Me encarou e foi até a cozinha, pegou uma garrafa de água e bebeu bem rápido.
– Fale alguma coisa. – quase gritou.
– O quê?!
– Está na cara que quer falar alguma coisa para mim. – suspirou.
Fiquei quieta e dei de costas para ele.
Ouvi ele se aproximar de mim e vi a mão dele colocando um mini cesto com morangos bem limpos ao meu lado.
– Melhor comer antes das gêmeas. – foi que antes de ir embora.
Fiquei bem surpreendida pelo comportamento dele.
Talvez ele não seja tão ruim assim.
Ou só fez isso por que somos primos?
– Olá. – outra pessoa apareceu do nada, dessa vez é a Jeordana – Por que está sozinha?
Não falei nada e dei as costas para ela.
– Ué, é tímida? – riu – Não parecia quando quase atacou a Marie. Um conselho, tem que ser mais rápida do que ela e acertá-la na cabeça.
Reagi e a encarei.
– Não conte para Marie, ela odeia que eu conte os pontos fracos dela.
– Então por que me contou? – contei por curiosidade.
– Oras, porque você é irmã dela. – sorriu.
– Sinto muito, mas parece que nunca seremos irmãs bem próximas.
– Sim, a Marie… – riu alto – É uma cobra que morde.
– Você é…
– Foi mal, não me apresentei direito. – se curvou – Meu nome é Jeordana, Humanimal Loba, e futura alfa do Clã dos Lobos.
– Clã dos Lobos?!
Ouvi falar muito do Clã dos Lobos pela Elaine. Ela me contou sobre os jovens Humanimais Lobos de um clã virem muito na boate.
– Espere, futura alfa?!
– Sim, ficarei no lugar do meu do seu pai.
Sei que o alfa do clã só tem uma filha, é o que os jovens Humanimais Lobos falam.
– Então, você sabe da Yara?
Neguei.
– Eita, pelo jeito a Cristina ainda não te contou sobre Yara. – deu sorriso longo – Quer conhecê-la?
– Por quê?
– Vai por mim, vai adorar conhecê-la. – pegou minha mão esquerda e me puxou forte.
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