Verdades Devastadoras
Guilhrme's P.O.V. 💚
Ela está chorando. O que será que ela disse pra ele? Estou confuso. Ela não se lembra de absolutamente nada do que aconteceu com ela. Não lembra da jura de amor entre ela e Gustavo, não lembra do estupro ao qual foi sujeita, e nem como adquiriu os cortes por todo seu corpo. Estou apreensivo. Não sei bem o que vou falar pra ela. Sei que tem todo o direito de saber o que seu corpo foi capaz de aguentar, mais acho que está com a cabeça muito carregada para esse tipo de informação.
"E não se esqueça, por trás das sombras, a verdade pode ser mais reveladora e brutal do que você imagina."
— Olha Nathy, vou te falar, tudo bem? Mas você precisa se acalmar primeiro. — Sento na cama e ela se senta ao meu lado. — Desde que você caiu da escada, estava desacordada. Mas teve algumas vezes em que você acordou e ele, "o moleque do xadrez", estava cuidando de você. Você mesma disse pra mim que achava ele fofo, chegou a roubar um beijo dele e tudo mais.
— Eu fiz isso? Eu estava mesmo inconsciente. — Ela parecia estar tirando as próprias conclusões.
— Vocês discutiram?
Ela me olha tristemente. Minhas informações parecem não ter sido o suficiente, já que ela parece buscar por mais detalhes.
— Eu disse para ele se afastar, mas ele saiu chorando e... ah eu sei lá. Eu... eu acho que ele gostava mesmo de mim, e eu magoei ele, Guinho. Ele nunca vai me perdoar pelo que eu falei!
Ela deve tê-lo magoado profundamente e tem consciência disso, mesmo não lembrando da jura de amor que fizeram juntos. Isso prova o tamanho da conexão que envolve esses dois. Acho que eu sei o que fazer.
— Claro que não, Nathy. Relaxa, está bem? Vocês terão outra chance de conversar. — Digo, tentando deixá-la mais confortável.
— Não Guinho, você não está entendendo! Eu disse para ele fingir que eu não existo, eu disse muita coisa sem pensar! — Seu choro se intensifica e eu não sei o que fazer.
— Nathy, olha pra mim. Sei que não devia te deixar sozinha numa situação como essa, mas eu preciso cuidar de uma emergência. Eu volto o mais rápido que eu conseguir, te prometo.
Saio do dormitório pensando no que aquela menina falou. Não, eu não vou recorrer a você. Vou correndo para o quarto do Gustavo. Preciso que ele ajude ela, ele sabe que é o único. Quando chego ao seu dormitório, eu escuto uma conversa séria atrás da porta. Meu instinto de gente curiosa vai para a fresta da porta, não dá para ver, mas para escutar perfeitamente, então, me encosto e presto atenção aos mínimos detalhes.
— Me fala a verdade Rafael, para de mentir pra mim, você não me engana! — Essa é a voz do Gustavo. Ai que merda.
— Vai a merda, Gustavo. Você tirou a virgindade dela, não foi? Por que está agindo como se tivesse sido eu?
— Ah, então você admite que foi você, não é? Desgraçado?
— E se por acaso a culpa fosse mesmo minha? O que você poderia fazer?
— Eu te mato, arrombado. Você viu como deixou o corpo dela? Porra! Ela chegou a perder a porcaria da memória! Você acha mesmo que a escola vai deixar isso passar!?
— Como se isso importasse pra mim. Por que, em vez de discutir comigo e tentar descobrir tudo sozinho, você não tira satisfação com o vagabundo que está escutando atrás da porta?
O que?... como ele sabe que eu estou aqui?
— E o que ele tem haver com isso?
— Por que não pergunta pra ele? — Depois que terminou de falar a porta do quarto foi aberta e eu fui puxado pra dentro do quarto espaçoso.
Após eu brevemente me recompor, ambos me encaram com desejo de que eu revelasse a verdade.
— Fala para ele, Moranguinho, se desfaça do peso que carrega nas costas. — Diz Rafael.
— Para de me chamar assim, seu idiota!
— O que você tem haver com isso, Guilherme!? — Bradou Gustavo com ultrajar em seu tom. — O que tem a ver com o que aconteceu com ela naquele dia!?
— E-eu, eu...
— Fala logo! — Implora Gustavo, deixando suas lágrimas escaparem.
— Eu já sabia, está bem!? Eu já sabia quem tinha feito aquilo com ela, mas não cheguei a tempo de impedir! Eu apenas vi ele saindo de lá! — Aponto para Rafael.
Tudo parou. Gustavo me olha desacreditado.
— Você disse que não tinha visto quem era... mentiroso. Não dá pra confiar em ninguém aqui. Nem em você Guilherme.
Doeu. Doeu ele dizer que não sou alguém que mereça confiança. Minhas lágrimas caem junto com as dele.
— Desculpa, Gustavo. Mas, eu não podia falar. — Digo com tom de voz mais baixo que o normal.
— Não. Você podia sim, não disse, simplesmente por que não confia em mim. — Gustavo me olha por longo período e sai do cômodo balançando a cabeça de um lado para o outro demonstrando negatividade.
— Não, Gustavo, ela precisa de você... — Sussurro. Minha voz não saiu por algum motivo.
— Que cena ridícula, dois homens chorando por coisas tão irrelevantes. Nunca ouviram falar em sexo selvagem? Foi apenas o que eu fiz com ela. Quanta sensibilidade. — Rafael chega perto do meu rosto e o segura com aversão. — Esse é o preço de tentar cuidar de tudo sozinho. Eu disse que faria você pagar pelo que fez.
— Foi um acidente. — Me livro de sua mão e digo com o fogo da ira queimando meu rosto.
— Vai ser um acidente, se eu descontar seu erro nas pessoas que você gosta? — Pergunta Rafael, olhando pra mim.
Me sinto um ser deplorável. Ele continua me olhando nos olhos, e remonta a época em que eu o fiz sofrer, mas nunca vai acreditar em uma única palavra que eu digo. Não importa o que eu diga... tenho medo de a Nathy estar se sentindo assim também.
— Talvez. Eu posso levar a culpa, mas você sabe quem é o maior culpado de toda essa situação, não é? — Diz Rafael, se agachando para ficar do meu tamanho. Costumava fazer isso naquela época...
Saio do cômodo com a cabeça baixa. Sei com quem preciso falar agora.
Droga.
...
09:30
...
Rafael's P.O.V. 🖤
Isso é raro... é raro eu me sentir desse jeito. Estou sem aulas desde o começo da semana, a professora de biologia está atrasada e só chega amanhã à noite. Minha cabeça está pesada. Não quero continuar acordado, é tortura demais. Abro a gaveta da minha cômoda e tiro aquela caixa preta que todo mundo acha que está cheia de brinquedos sexuais e um monte de outras coisas inúteis e pego meus remédios.
Pego minha penúltima caixinha de Melatonina e coloco quatro comprimidos na boca. Bebo dois ou três goles de água e deito na minha cama.
Porcaria, era para usar de forma moderada e apenas em situações de insônia extrema. O problema é que eu não durmo direito a muito tempo. Desde antes de vir pra cá. Antes de Guilherme destruir a minha vida. É engraçado, não? Tínhamos tudo para dar certo e ele faz o que fez? Da mesma caixa, tiro duas alianças de prata e fico analisando-as. Eram tão lindas ocupando seus lugares nos dedos de quem as usavam...
Não demora muito para meus olhos se fecharem e se entregarem ao mundo que mais gosto de frequentar, aquele onde a triste realidade não me persegue.
...
— Oi Moranguinho. — Digo, enquanto abria a porta para que ele pudesse entrar.
— Oi Solzinho. — Ele me dá um selinho rápido e então, entra e fecha a porta.
— O Gui tá ai? — Pergunta a voz curiosa de uma criança de 6 aninhos. — Mano, o Gui tá aí?
— Tá sim, vem cá dar um oi pra ele, Gabe.
Um garotinho pula de cima de sofá e vem em direção a porta. Seus olhos brilham e ele pula no colo do meu namorado.
— Oi Gui! Tava, tava com saudade de você!
— Eu também tava, fofura! — Responde Moranguinho com felicidade enquanto retribuía os abraços apertados de Felipe.
— Olha só que chegou! — Diz minha mãe saindo da cozinha.
— Olha quem está aqui hoje! — Responde Moranguinho, surpreso ao ver que minha mãe estava com a gente esse final de semana. — Como a senhora está?
— Eu estou bem! Ah, Felipe Gabriel! Desliga a TV se você não vai assistir. E você, Luan, bota ordem no seu irmão.
Moranguinho coloca Gabe no chão e ele corre de volta até a sala. Eu o olho e ele me retribui. Quando minha mãe retorna à cozinha, começamos a conversar.
— Relaxa, ela está assim desde que chegou. — Digo para ele.
— Sua mãe, e os nomes compostos que ela deu pra vocês. — Rimos juntos. — Ah, eu amo a sua mãe.
Começamos uma incrível maratona de filmes, mas que infelizmente não durou muito tempo. Depois do almoço e de deixarmos a cozinha limpa, é claro, continuamos a maratona. Depois de tantas risadas e alguns comentários estranhos, cada um foi tirar seu sono da beleza. Mas eu e Moranguinho, ficamos na sala. Eu acabei me deixando levar pelo costume de todas as tardes tranquilas em família e acabei pegando no sono.
Acordei com um cheiro de fumaça densa. A sala estava escura, mas não estava de noite. Me levanto com dificuldade e escuto os gritos do meu irmão. Droga, o que está acontecendo? Minha mãe e meu namorado gritam por ajuda. Não sei pra onde ir primeiro.
— Esquece a gente! Vai atrás do seu irmão! — Dizia Guilherme com minha mãe nos braços, já inconsciente.
Fui correndo para o andar de cima, e não o encontrei, escutava-o gritar mas não sabia onde ele estava. Minha visão estava turva e não enxergava mais nada. Senti meu rosto se colidir com o chão. Droga, eu sou fraco...
Eu ainda sou fraco.
...
— De quem foi essa ideia idiota!? — Pergunto chorando incessantemente. Guilherme chora junto à mim.
— Foi minha, mas... — Ele tenta falar, mas eu o interrompo, não quero ouvir suas desculpas... apenas quero que saia da minha frente.
— Seu desgraçado, viu como deixou o corpo deles!? Não passam de corpos carbonizados agora! Não dá nem pra olhar para eles uma última vez!
— Por que você não me deixa terminar de falar!? — Ele aumenta o tom de voz.
— Você é o culpado de tudo isso, uma pena que também foi taxado de vítima. — Digo.
Temos queimaduras de 1 e 2 grau. Fomos os primeiros a serem retirados do local pelos vizinhos, pois fomos encontrados em locais mais acessíveis a quem entrou na casa. Os bombeiros demoraram a chegar. Minha família está morta. Tudo culpa dele.
— Sai daqui, eu não quero ter que escutar o que você tem pra dizer, pois nada do que disser vai trazê-los de volta. — Tiro a aliança de prata do meu dedo e jogo no chão.
Guilherme não fala nada. Ele tira sua aliança, coloca no chão com cuidado e sai correndo. Eu prometo que vou devolver na mesma moeda. Você vai se arrepender de ter tirado tudo que eu tinha.
— Disse que se arrependeria de se envolver com ele. — Disse uma voz feminina. Ao levantar o olhar, eu percebo que é Jenna.
— Jenna, eu não estou para joguinhos agora. Me deixa em paz! Porra! Você não larga do meu pé! — Respondo, grosseiro.
— Não vim até aqui para discutir. Vamos, pode desabafar, está com raiva dele, não? Ele matou seu irmão!
— Cala a boca, Jenna! Cala a boca! — Minha paciência estava por um triz de acabar e eu não havia nada disso no estoque. Ela me olha com gigantesco sorriso e se aproxima.
— Cale a minha boca, Rafinha. — Ela de repente me puxa para um beijo. Eu sinto repulsa imediata e a empurro.
— Sai de cima, sua psicopata! — Eu aciono o botão ao lado da minha cama e uma sirene começa a ressoar pelo hospital. O quarto onde eu estou, muda de cor por causa das lâmpadas que agora emanam luz avermelhada. Seguranças entram no quarto e a puxam com força para o lado de fora.
— Eu vou voltar, Rafinha! Custe o que custar!
...
Abro meus olhos lentamente. Droga, esses remédios parecem perder o efeito conforme o passar do tempo. Me levanto, pego mais seis comprimidos e jogo a caixinha vazia no lixo. Com lágrimas nos olhos, bebo mais um copo de água para reforçar meu sono. Volto à cama e me deixo levar pelas lembranças que guardo no fundo da minha memória.
...
09:50
...
Gustavo's P.O.V. 💙
Nunca me senti tão enganado na minha vida. Se Guilherme tivesse me dito quem era, eu mataria Rafael durante o sono. Uma forma perfeita de provocar uma morte e sair ileso. Todos iriam pensar que foi suicídio, até porque não seria difícil colocar ele com o pescoço enrolado na cortina.
Eu estou ficando maluco.
Nathaly, por que será que você não se lembra de mim? Será que ele te acertou na cabeça? Ou será que foi a convulsão? Tudo que você disse, nós fizemos, e quero deixar isso claro pra você. Mas preciso esperar, afinal... você pediu pra eu me afastar. Mas não vou descumprir o que prometi pra você.
Você está me deixando maluco, Nathaly... estou lentamente caminhando até você.
Droga. Não posso fazer isso, nem que eu queira. Meus pés, inconscientemente me levam até meu dormitório. Estou cansado de mais para pensar em outra coisa que não seja a Nathaly. Quando entro, Rafael está dormindo na cama, com uma caixa preta do lado. A caixa deve ser para guardar algo bastante pessoal, então, não vou bisbilhotar. Eu caio na cama e uma vontade de chorar gigantesca invadiu meus pensamentos e o meu corpo.
Deixei que me guiasse enquanto minhas lágrimas molhavam o travesseiro.
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Resumo da história: FIREEEEEEEE
APAREÇAM ARMYS
(Isso que estamos apenas na primeira semana de estudos neh UuU)
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