Posfácio
Foi uma longa jornada. A primeira parte concreta deste livro foi postada em meu blog no dia 22 de outubro de 2014. A história da Hannah é ainda mais antiga, porém suas nuances narradas por aqui só ganharam forma depois.
Alice nasceu na minha cabeça morta. Simples assim. Eu sempre fico com o coração partido e nunca antecipei isso. Em 2014 eu tinha um Gustavo de luto, escrevendo uma carta, e uma Alice que já havia partido.
Pelo processo de escrever Ela era meu verão, eu me esforcei para sentir o que o narrador estava vivenciando. Eu tentei amar Ali tanto quanto o Gustavo amava e hoje acredito que já o ultrapassei de certa forma.
De todo modo, Alice nasceu morta para que eu sobrevivesse. Naquele ano, eu conheci um garoto que parecia inofensivo. Foi uma época de me esquivar e minimizar atitudes da parte dele que deviam ser sinais de alerta. É interessante pensar que um quase desconhecido teve um impacto tão grande na minha vida, deixando essa marca.
Algumas pessoas entraram no caminho quando ele avançou para me atacar. Fui ferida fisicamente apenas de maneira superficial. E ainda é difícil parar de me desculpar por isso. Eu sei que a culpa não foi minha, mas a gente cresce com esse sentimento de que somos erradas para este mundo. De que ele não nos pertence.
Muito do que escrevo traz essa temática porque essa não foi a única vez que me deparei com um perseguidor. Eu só quero dizer que se alguém aí está passando por isso, eu estou aqui. O medo nos paralisa, mas eu tenho fé de que as palavras ainda podem nos salvar em certo nível.
No fim, eu não acredito que as pessoas realmente conseguem entender esse tipo de experiência. Você precisa vivenciar para compreender, e espero do fundo do meu coração que você nunca entenda. É terrível não se sentir segura em sua própria pele.
Mas, Alice morreu para que eu vivesse. Infelizmente nem todas as mulheres sobrevivem. Acredito que há mais Alices do que Anas nessa conta. A gente precisa mudar isso.
Então, querido leitor, amada leitora, eu preciso que se um dia alguém assediar uma mulher na sua frente, você a defenda. Não fale o que me falaram: "eu teria dado na cara dele", porque, acredite em mim, o medo nos paralisa, nos torna indefesas. Por favor, segure a mão dessa mulher. Por favor, não permita que se ela sinta sozinha em um local repleto de pessoas omissas.
Alices, fiquem firmes. Falem! Eu sei que o medo engole nossa voz, mas não se cale. Continue falando até alguém te escultar. Até que o mundo entenda que mulheres serem mortas diariamente é inaceitável.
A jornada da H. e da Ali termina aqui. Foram 154 capítulos de rotina, amizade, brigas e reconciliações. Obrigada por ter me acompanhado a cada página.
Parte de mim acredita que não voltarei para um próximo livro. Talvez essa seja a estória que eu realmente precisava contar. Mas, vocês me conhecem, quando aquela saudade bater eu volto com uma nova trama e uma maratona de postagens.
Obrigada por existirem neste mundo. Tenho plena convicção de que vocês são pessoas singulares, que no fim do dia entregam o melhor possível. Esse foi o meu melhor. Obrigada por me fazer sentir que há algo de bom aqui.
Com amor,
Ana.
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