Hannah
Querido diário, eu meio que obriguei Nicolas a me deixar. Eu simplesmente não podia aceitar que ele deixasse uma oportunidade gigantesca só porque eu fui estúpida o bastante de trabalhar até ficar doente.
Ele vai para o Canadá, vai aproveitar o momento propício para exportação da literatura nacional e vai brilhar, como sempre. E eu vou sobreviver. Já me sinto melhor. Já estou melhor.
E talvez seja melhor assim. Talvez quando um ano se passar eu consiga ficar perto dele sem pensar em sentimentos confusos. Talvez a distância apague qualquer traço de paixão e estabeleça a amizade. Claro que o meu rosto inchado de chorar não parece uma visão de alguém com esperanças para o futuro.
Eu odeio chorar. É algo que só faço quando realmente, realmente, não consigo evitar. Eu chorei hoje na casa dele de vergonha e de raiva. Vergonha porque é de certa forma um alívio ter ele longe, para evitar que eu estrague tudo dizendo que o amo. Raiva porque não era para ser assim. Não era para eu falar coisas horríveis como "eu não preciso de você". Até parece. Ele faz parte de todas as melhores coisas da minha vida.
Eu preciso dele. Preciso como amigo. Preciso como algo a mais que ele nunca vai ser. E ele está partindo. Ele vai para o outro lado do continente e eu não vou ser capaz nem de lhe dar um abraço de despedida.
E vou ficar com essas memórias amargas dos nossos últimos momentos. Não consigo lembrar da última vez que rimos juntos. Tudo que consigo pensar é a forma como ele olhou para mim como se fosse eu que o estivesse abandonando.
Talvez eu esteja. É melhor assim. Deve ser.
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Até segunda s2
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