Querido diário... eu estou no hospital, escrevendo em um papel emprestado. Mas eu precisava escrever, então é isso. Querido pedaço de papel emprestado, eu fiz isso comigo mesma. Depois de meses de cansaço excessivo, de não comer direito, de acreditar que eu não era boa o bastante para ser editora-chefe, eu sofri um burnout.

Basicamente, me lembro de abrir a porta do apartamento, mandar uma mensagem para Nicolas para saber se ele traria Luna pela noite, entrar no carro para vir ao trabalho e mais nada.

Acordei na garagem da Ali, sem ter ideia de como havia parado lá. Ela ficou bem desesperada, se culpou por me deixar morando sozinha. O que é ridículo, somos adultas, e eu não preciso de alguém cuidando de mim.

Pelo menos eu não precisava, pelo menos não quero precisar. Meu Deus! É difícil respirar. O médico disse que tudo isso foi excesso de trabalho, mas como eu posso melhorar se tenho uma lista interminável de coisas que devia estar resolvendo, que não estou fazendo, presa aqui?

E agora estou ouvindo a voz de Nicolas questionando a enfermeira no corredor. Eu não quero ouvir o que ele tem a dizer. Ele tem falado por meses que eu não estou bem, que preciso diminuir o ritmo e me cobrar menos. Eu odeio o fato de que ele conhece cada pedacinho meu, mesmo só me conhecendo a quatro anos, parece que ele sabe de tudo que já passei.

Querido diário, eu não quero ele aqui para isso. Na verdade eu quero, eu preciso que ele me diga que vai ficar tudo bem e não o "eu te avisei", mas outra parte de mim, uma que está gritando no momento, só não quer que o cara por quem estou apaixonada veja meu lado vulnerável. Por isso é uma droga se apaixonar pelo melhor amigo. Há coisas que eu queria muito compartilhar com ele, mas não consigo porque meu coração burro quer algo a mais.

Eu tentei não pensar nisso e acho que consegui. Mas, está meio difícil agora, porque ele acabou de abrir a porta e está chorando por saber que não estou bem.E difícil não amar alguém que chora com você.

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Até amanhã <3