Querido diário, as chuvas de verão são o cenário do verdadeiro natal brasileiro. A Ali acabou precisando enfrentar várias nessa época de vestibular, mas acabou passando para Publicidade sem dificuldades. Eu estou feliz porque vamos morar juntas! Claro, a convivência tende a fortificar ou destruir os relacionamentos. Espero que nesse caso a gente fique mais unida. 

Daqui a pouco o pessoal vai chegar para as comemorações. É bom ter esse momento de rever toda a galera que só se fala pelo grupo da família. Sempre tem as perguntas inconvenientes, mas mesmo com meu jeito introspetivo e mal humorado, amo todo mundo incondicionalmente.

Isso é meio triste da vida adulta. A gente perde aquela intimidade adquirida com brincadeiras no fundo do quintal. E morando em outra cidade, eu nem posso mais acompanhar as mudanças de perto. 

A vovó parou de pintar o cabelo, a minha prima teve um bebê, meu tio finalmente acabou a reforma da casa e eu não estava aqui para ver essas coisas. É meio triste. A vida afasta todo mundo.

E eu também afasto as pessoas. Estou tentando não ser assim, mas é um instinto primitivo quase incontrolável. Mas, se a vida e eu ficarmos insistindo nesse caminho, vou acabar sozinha. Não quero esse fim. Pelo menos acho que não.

Fins de ano sempre me deixam meio melancólica, querido Diário. Deve ser porque eu sempre tenho as mesmas respostas para as perguntas constrangedoras. 

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