Onde vou estar daqui a cinco anos? Tudo agora parece tão abstrato, como se eu estivesse vivendo em um mundo paralelo. Minha vida está no limbo. Mas, como as coisas serão quando essa fase acabar?

Eu gosto de imaginar que estarei feliz. Trabalhando com alguma coisa qualquer que pague minhas contas. Escrevendo, assistindo séries, virando noites fazendo algo divertido. Espero ter pessoas ao meu lado. Não quero estar sozinha na próxima década.

Mas, eu tenho sérios problemas para socializar. Não consigo ter aquele carisma natural para encantar os outros. Às vezes penso que não sou uma pessoa, mas sim um caramujo. Sempre que alguém tenta se aproximar, me escondo em minha concha.

Não que alguém esteja tentando me conhecer de fato. Jovens são previsíveis. Só reparam na sua existência quando existe algum interesse oculto. Eles te procuram se você for inteligente, para que os ajude nas notas. Te procuram se for popular, para escalarem a hierarquia social (por mais que eu tente não me importar com isso, ela sempre existe em certo nível). Te procuram se você for bonita, para te exibir como um troféu, uma conquista.

Eu queria não ser assim, mas sendo sincera também estou apenas buscando meus próprios interesses. Depois de anos na mesma sala, essa semana falei pela primeira vez com a Thaís. A professora passou um trabalho em dupla e acabei perguntando se ela gostaria de fazer comigo. Ela disse que sim. Hoje ela vem aqui em casa. Vamos tentar fazer o melhor trabalho da sala. É um bom assunto para distrair a mente. E por incrível que pareça, por mais difícil que tenha sido dar o primeiro passo, me senti bem em socializar com uma pessoa diferente para variar.

Mas, é penoso verbalizar as primeiras palavras da conversa. É árduo iniciar a caminhada da coragem. O orgulho é um sentimento tão poderoso que sempre irá nos impedir de dar os saltos de fé. Às vezes, me pergunto quantos outros primeiros passos ainda precisarei dar nessa vida. Queria que alguém viesse até mim, ao menos uma vez.

No fundo, mesmo quando eu saio da concha, desejo que alguém quebre as barreiras que eu mesma construí, e me alcance na minha introspecção.

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