Ser adolescente é uma merda. Eu não sei quem sou ou quem eu quero ser, mas essa é a pergunta que mais me fazem. Todas essas emoções novas e devastadoras parecem impossíveis de serem superadas. E a escola, parece um inferno. Me sinto constantemente encurralada, sem conseguir confiar em quem está ao meu redor. Mas, tinha aquela exceção...

Será que eu imaginei os últimos anos? Será que todas as vezes que nos consolamos mutualmente foi uma ilusão? Talvez eu tenha exagerado na profundidade desta relação. Digo, da parte dela, porque para mim sempre foi importantíssimo o que nós tínhamos.

O problema deve estar mesmo em quem sou, na forma como funciono. Porque aparentemente eu não podia confiar nela também. Estamos agora na aula de física. Não tenho ideia do que a professora falou nos últimos vinte minutos. Meus colegas começaram o dia reclamando. Todos tiverem que se mudar, porque eu não posso subir escadas com o pé assim. Agora estamos no primeiro andar, junto com os mais novos.

Eu fiquei o tempo inteiro em silêncio. Minha vontade era gritar: calem a boca seus egoístas! Eu perdi tudo que tinha de mais precioso, meu sonho e meu futuro, e eles reclamam de ter que descer dois andares. Como eu posso gostar de pessoas assim?

Ela agora está na sala ao lado. Mais cedo nossos olhares se cruzaram quando a professora indicava o caminho da nova sala. Pensei que ela diria alguma coisa, mas não. A cada dia me convenço mais de que essa amizade foi só uma invenção da minha mente carente.

Mas, dói. Profundamente. Ela é... era tão importante para mim quanto minha mãe e meu pai. Eu sempre a pus em primeiro lugar. Enfim, acho que essa é a forma da vida me ensinar que confiar nas pessoas nunca acaba bem.

É melhor prestar atenção nas fórmulas de qualquer maneira.

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