Eu preciso expressar o quanto esse foi o dia mais maravilhoso e aterrorizante da minha vida. Depois de meses de muito estudo, tivemos o recital do conservatório. Não foi como tocar no show de talentos.

Na escola, os meus colegas vibraram comigo e realmente gostaram de algo que eu tinha composto. Já no recital, eu só sentei lá e toquei algo lindo, mas que não é uma verdade do meu coração. Eu amo música clássica, mas o que eu quero mesmo é compor músicas para tocar os corações de pessoas como eu.

E foi estranho porque os meus pais apareceram por lá. Talvez porque é uma espécie de arte que eles não reprovam de todo. Uma herdeira deve ter um "hobbie" e nada melhor do que piano, um instrumento caro e elitizado.

No início, quando eu notei eles lá, quase me senti feliz. Mas, depois eu vi que eles não estavam sozinhos. A família do mauricinho veio fazer uma visita, o que eu achei bizarro. Mas, ele então veio falar comigo.

Ele disse que ainda gostava de mim e que não aceitava um não como resposta, que a gente devia namorar. Onde já se viu isso?! Quem disse que eu gosto dele?! É muito bizarro ele vir com esse papo depois de meses, como se a gente realmente tivesse algo rolando entre nós.

Eu recusei, claro. Não fui tão educada como da última vez, mas tentei ao máximo ser civilizada. Ele não pareceu muito feliz, mas a Hannah apareceu do nada no meio da multidão e me tirou de lá.

Nós comemoramos, porque realmente foi legal tocar piano em público e agora estou no chão do quarto dela enquanto a minha amiga já deve estar no décimo sono. O ponto é que eu não consigo esquecer o jeito que o mauricinho me olhou. Ele não parece ser do tipo que ouve não pela vida, e isso está me deixando angustiada.

Sei que é coisa da minha cabeça, por isso achei que escrever seria uma boa maneira de tirar essa sensação ruim do meu sistema. Mas, caramba, quanto mais eu penso, mais absurdo parece.

Enfim. É melhor eu dormir antes que a Hannah reclame por eu estar com o abajur acesso na madrugada.

xxx

Obrigada pela leitura <3