Pega em Flagante
O som da voz está em fases de mudança, ele não está sendo grosso ou ignorante, parece curioso, até demais. Encarando-me, ou somente os meus olhos mesmo, já que tem uma cor diferente.
- E... E... Eu? - gaguejar é a única coisa que consigo fazer.
- Sim você, há um tempo que eu te vejo na porta da escola, sempre no mesmo horário, e olhando pra mim, eu te conheço de algum lugar?- ele me observava atentamente.
Eu engulo em seco.
- Não, eu fico aqui esperando meu afilhado. - foi à única coisa que passou pela minha cabeça, minhas mãos estão geladas.
- Engraçado você dizer isso, já que ele nunca te acompanhou quando você vai embora. Na verdade eu nunca o vi com você. - ele está com um pequeno sorriso no rosto como se tivesse ganhado a discussão, adolescentes.
- Eu... é... - aos poucos sinto meu corpo ficar mole, vejo pontinhos pretos, só consigo ver o rosto dele e escutar sua voz.
- Moça, tá tudo bem?
Ai eu apago.
Acordo em um quarto que sei que não é meu, levanto observando ao redor, as cores da parede é cinza enquanto a cortina branca junto com os moveis. Tem alguns pôsteres pelas paredes, Alguns de banda de Rock como Guns N' Roses, System Of a Down, outros não consigo identificar. A janela fica de frente para a rua, por isso o quarto é bem arejado, pelo fato de estar na cama ao lado da janela consigo ter uma visão melhor. Uma porta está aberta do meu lado direito, e já sei que é o banheiro, porém não vou olhar. Tem uma mesa de computar ao meu lado esquerdo. Algumas roupas espalhadas, mas nada ao ponto de estar desorganizado.
Escuto um cochilo ao lado de fora do quarto, com a porta fechada não sei quem seria, porém eu até rio com a conversa que começa a ficar elevada ao ponto de eu escutar:
- Se ela for uma estupradora, ou uma traficante? Já pensou nisso Ethan? - a voz é forte e autoritária, me faz arrepiar os cabelos de um modo bom. É o pai dele, só pode ser, e não estou gostando das reações que ele está me causando.
- Pai, deixa de ser louco, ela é inofensiva, ela desmaiou você queria que eu fizesse o que? A Largasse lá par alguém fazer mal a ela? - Ethan estava tranquilo e pela voz parecia estar se segurando para não rir.
- Ok. - houve uma breve pausa. - Você e seu coração bom, vamos ver se ela acordou e ai você a leva pra casa.
- Pai, eu vou sair agora, não dá. - podia até o ver revirando os olhos.
- Ok. Eu levo.
A porta foi aberta.
Se Ethan daria trabalho ao seu pai, eu gostaria de saber para quem o Pai dele Daria trabalho.
A primeira coisa que reparei foram os olhos, verdes dando contraste com a pele morena e a barba por fazer. O corpo não muito forte, porém definido, cabelo liso mais preto que o preto. Ele não sorria, mas por um momento eu queria ver, só pra sentir como seria.
- Sra... - Pai de Ethan disse.
- Manuela. - eu respondi.
- Você está melhor? - Ethan perguntou se aproximando e sentando na cama ao meu lado.
- Sim, obrigada. Desculpa o Incomodo - eu disse olhando para o pai de Ethan. - Sr...
- John.
- Sr. Jonh, Obrigada por me acolher, e por não achar que eu sou uma estupradora ou traficante. - na hora que eu vi já tinha falado.
Escutei a risada de Ethan ao meu lado, o olhei e sorri para ele sem graça.
- Gostei dela pai. - Ethan disse. - Manu não poderei te levar, mas meu pai vai, a gente se vê por ai. - quando acabou de dizer, ele entrou no banheiro e me deixou sozinha com o Sr. Maravilindo.
O silencio constrangedor era o que reinava.
- Não foi minha intenção dizer aquilo, mas Ethan tem o coração muito bom, e hoje em dia não dá pra confiar em todo mundo - John me dizia isso, mas não parecia envergonhado e sim decidido.
- Sem problemas. - eu disse me levantando. - Não precisa me levar, eu pego um uber, obrigada mais uma vez, deve ter orgulho do seu filho! - sentir uma dor no estomago, disse a mesma coisa que a policial.
John deve ter percebido minha cara
- Você está bem? Quer alguma coisa? - ele se aproximou, porém eu dei um passo pra traz.
- Não precisa, eu já vou indo. - passei por ele para que não visse as lagrimas.
Respirei fundo algumas vezes para me recompor enquanto procurava a saída.
- Deixa de ser teimosa Manuela, eu levo você. - sua voz estava elevada e parecia irritada. Pelo jeito não gosta de ser contrariado.
- Ok.
Ele passou por mim e se direcionou a saída. O segui em silencio não queria conversar, a muito tempo não sentia essa dor, a dor de ter perdido algo muito precioso, e agora ele tinha um nome, Ethan.
Dentro do carro o silencio era sufocante, mas ele cortou o silêncio.
- Ethan disse que você o tem perseguido? - bem direto deveria ser o nome dele.
- Não, eu não tenho perseguido só gosto de ir à escola ver as crianças.
- Depois você me diz que não é psicopata. - ele estava brincando já que estava sorrindo.
- Engraçadinho. - me senti relaxar um pouco.
Depois disso, nós ficamos em silencio, assim que o carro parou na porta do meu apartamento, não sabia o que fazer.
- Então... - eu suspirei, por que está tão difícil de reagir, estou paralisada. - Obrigada.
- De nada. - ele me olhou e sorriu e que sorriso. - Foi um prazer conhecer você.
- Eu digo o mesmo. - eu sorri sem graça.
Quando fui abrir a porta do carro estava trancada.
- Tem como destravar? - eu perguntei.
Ele destravou no mesmo momento que eu fui tentar abrir, para quem conhece de carros sabe que não funciona assim, primeiro destrava depois abre, porém eu estava tão nervosa que queria sair do carro logo.
- Puta merda, desculpa, vai de novo. - o suor já escorria pelo meu rosto.
Mas eu fiz de novo.
- Só abre assim que eu destravar, ok? - ele disse me olhando, mas estava se divertindo com meu constrangimento.
- Ok. - suspirei mais uma vez, porém eu fiz de novo.
- Mas que merda! - saiu sem querer, tenho essa mania de falar quando estou muito nervosa, e sai só coisas que não podem.
- Vamos fazer o seguinte Manuela. - ele soltou o cinto. - Você fica quietinha enquanto eu destravo o carro, não se mecha um músculo se quer, vou resolver isso. - ele destravou o carro, desceu e abriu a porta para mim. O Sorriso era enorme no rosto dele, rindo de mim. Que vergonha.
- Olha me desculpa, eu não sei o que houve. - eu pedi descendo do carro e quase caindo, só não dei de cara no chão por que ele me segurou pela cintura.
-Não se preocupe, já lidei com situações piores - sua voz era baixa e podia sentir a respiração no meu pescoço. Já que meus cabelos negros estavam presos em um coque mal feito.
Eu não sou uma beldade de mulher, não sou gorda nem magra, meus cabelos vão até a cintura, tenho 1,65 de altura a única coisa diferente em mim são meus olhos cinza claros, e sinceramente não sei por que deles serem assim.
Desvinculei do seu braço.
- O... Obrigada. - e sai apressada. Ele me deixava quente e no momento não estou querendo entrar no vulcão.
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