Maldita flecha que me atingiu sem misericórdia e permissão. Como posso sentir abstinência de um ser que nem posso tocar? Como pode ter tanto poder para me fazer correr?

Maldita flecha cujo veneno me fez sentir amarrada; com uma agonia impossível de ser explicada. Eu pergunto o motivo. Mas as malditas flechas são simplesmente sem destino. Atingiu-me em cheio naquela tarde, quando olhei naqueles olhos distantes e intocáveis. 

Por que tanta injustiça diante da dor? Deveria existir uma lei: não se pode escrever linhas de amor quando não é possível enviá-las ao destinatário. Pois nada é mais forte que esse veneno. É a pior tortura para o coração; é o veneno mais mortal que inflama o cardio. Nem o tempo é poderoso o suficiente para criar uma casca, para tirar o dor. Por que tanto afeto em vão? Pra que tanta ilusão?

Queria pedir um favor às flechas venenosas: só atinja-me novamente quando atingir também aquele coração que roubou-me o meu.