Tormento momentâneo achei que seria

Quando de repente me vi perdida em sua vastidão negra e misteriosa

Tão longe e tão palpável em meu peito

Que o fazia bater nos momentos mais exorbitantes de meus dias

Efêmero como um frágil inseto achei que seria

Enganei-me imprudentemente, larguei-me a ti sem pensar

Se não durastes tanto,

O sentimento que permanece o mesmo no peito angustiado em amar

Céu que anoitece, passam-se dias em suas notáveis mudanças

O tempo passou com sua interminável dança

São mil e noventa e cinco dias de paixão e as mesmas nuanças

Ainda lembro-me daquela tarde como se fosse ontem

Sem propósito e sem nenhuma explicação que nos atem

Culpa e ânsia que penetrava em minha carne enquanto todo o meu ser por ti clamava

E você ao meu coração nada revelava a não ser a dor de não ser amada

Chorei lágrimas amargas pensando em nossos olhares perdidos e curiosos

Que para ti nada era, mas para mim o meu mundo ainda desperta

Aguentei toda a verdade, mas meu peito ainda arde em seu nome

Que ecoa em mim desde o primeiro momento que o ouvi

Tormento transitório e eterno - insistente em tuas marcas e as prismas de nossos olhos

Que perderam-se por um ato em um outono com suas folhas em úmido orvalho

Mil e noventa e cinco dias de incerteza e precisão

De um coração preso a um momento de indefinida exatidão

Ainda pesa em mim - desde o primeiro momento em que a vi

Teu nome, querida, ainda ressoa em mim

15 de março de 2020