Min Myounghee: Mesmo que tudo desmorone
Min Myounghee POV (Min Yoongi)
Eu fui. Fiz uma apresentação na academia de dança do panfleto. Não contei aos meus pais nada sobre isso. E nem pretendo. Se descobrirem, que seja assim que eu vazar por ter passado. E espero que eu passe. Não quero ter tido tantas crises de ansiedade até decidir fazer isso por trás das costas deles, e ainda por nervosismo quando decidi fazer, à toa. Mas eu tenho a sensação de que posso passar. É claro que ainda tenho muito medo do não. Mas eu acho que apesar de estar ansiosa e tensa, me saí bem. E todos foram compreensivos e muito educados. Pareciam felizes fazendo o que eles gostam, na academia. Quero muito, muito passar.
- Myounghee, o jantar está servido. - Minha irmã, Shinhye, me chama.
Olho pra trás, e aceno com a cabeça.
- Já vou. - Respondo, e ela continua na porta por alguns segundos, me olhando, parecendo pensativa. Talvez...um pouco preocupada?
- Certo...
Ela sai, e eu continuo a fazer um trabalho da escola que eu precisava terminar alguns detalhes pra essa semana. Assim que eu termino, me levanto e saio do quarto, pra jantar.
- Boa noite. - Digo assim que me aproximo da minha cadeira da mesa de jantar, falando com todos. Porém, todos na mesa estão em silêncio. Meu pai, minha mãe, e minha irmã.
Algo em cima da mesa chama a minha atenção. E sinto um frio enorme na barriga ao olhar melhor e ver o que é. Aperto minha mão no encosto da minha cadeira e congelo no lugar que estou em pé, sem me mover.
O panfleto.
Assim que volto meus olhos para os meus pais, os percebo me encarando, ambos com olhos severos e nada contentes em mim. Respiro findo, e me sento.
- Estava debaixo do seu travesseiro. Achei quando fui trocar a roupa de cama, hoje de manhã. - Minha mas começa a falar antes de qualquer um de nós.
- Achamos que já tivéssemos conversado sobre isso.
É o que meu pai diz.
- Sim. Nós conversamos sobre isso mesmo. Mas eu não disse que concordava com o que eu ouvi naquele dia. - Respondi, colocando comida no prato.
- Myounghee, você não pode fazer esse teste. Não pode ir atrás dessa maluquice. Já falamos sobre isso, como você mesma disse. Não precisa concordar conosco. Apenas entenda! Estamos preocupados com você. - Minha mãe ergue o tom de fala.
- Eu também estou preocupada comigo. - Digo, parando de pôr comida no prato e olhando para os dois. Minha irmã, Shinhye, estava quieta, sem comer, falar ou olhar pra nós. Apenas de cabeça baixa. Lamento que ela tenha que ver e ouvir isso.
- Somos seus pais, Myounghee! Te colocamos nesse mundo e o que acontece com você é responsabilidade nossa. E não queremos você largada em qualquer porcaria. - Meu pai continua defendendo o ponto dele e da minha mãe.
- Escuta o seu pai. Você tem boas notas, é educada e temos bons contatos. Pode conseguir ir pra uma ótima faculdade depois de terminar o ensino médio. Nós amamos você, Myounghee. Queremos te proteger. É muito mais seguro ficar aqui conosco, em Daegu, e cursar algo seguro como engenharia ou medicina do que sair pelo país fazendo sabe Deus o que pra se sustentar. Sabe o que pode acontecer se você for lá pra fora sozinha?? - Minha mãe não para de falar, e me sinto cada vez pior a cada palavra.
- Não! Eu não sei porque eu nunca tive a chance de tentar! Eu nunca fui atrás da chance também. Porque ninguém se importa com a porcaria dos meus desejos. Me entregam tudo pronto na mão me dando a garantia do sucesso e da felicidade sem saber o que eu quero?? E acham que vale atropelar a minha preocupação comigo mesma com a de vocês?? Que tipo de amor vocês sentem por mim? - Minha voz mais alta do que eu gostaria, mas desafinada, como alguém prestes a chorar. E eu estava mesmo.
Quando menos esperava, estávamos todos em silêncio, dessa vez até mesmo Shinhye prestando atenção e me olhando, assustada. Me surpreendi comigo mesma. Meu coração está batendo rápido e meu corpo inteiro está frio e tenso. Meus pais, mesmo em silêncio, não parecem nada passivos a qualquer palavra que eu disse. Sinto uma tempestade vindo.
- Você vai ter que fazer a sua escolha, então, Min Myounghee. Sua família, ou essa academia de música. Mas não espere nada de nós. - Minha mãe diz, e continua a comer, como se não tivesse acabado de jogar uma bomba na minha frente.
Alguns segundos olhando para a imagem teimosa e ranzinza da minha mãe e do meu pai comendo, fingindo que não disseram as coisas que disseram, foi o suficiente pra mim. Olho pra baixo, pra minha comida, que nem sequer terminei de colocar no prato, e derramo lágrimas. Gotas grossas rolam pelo meu rosto e sinto minha pele facial ficando quente e uma pressão me incomoda. Pressão por estar segurando o choro, completamente sem sucesso.
Me levanto da mesa. Pego meu prato.
- Myounghee!! Aonde pensa que vai? - Meu pai grita.
- Eu vou comer no meu quarto. O clima daqui está frio demais. Vai esfriar minha comida. - E bato a porta do meu quarto atrás de mim.
Como chorando. Uma das piores experiências que tive até agora. Acho que derramei um litro de lágrimas na comida. Além de estar com o nariz escorrendo de tanto que choro. A comida não é tão gostosa comendo sozinha. Sozinha e chorando. E triste. Muito triste. Destruída por dentro.
Cheguei a receber um email da academia de música, me dizendo que passei com uma bolsa de 70% pra estudar lá. Mas agora, depois de discutir com os meus pais, não sei mais o que fazer. Não consigo nem ficar feliz. Só mais confusa.
Uns dez minutos mais tarde, alguém bate na porta. Não respondo.
- Myounghee...? Sou eu. - Ouço a voz de Shinhye.
- ...pode entrar, Shinhye. - E ela entra.
Fico brincando com a capa do meu celular e Shinhye senta na minha frente, na minha cama.
- Você retorna bem quando é mal tratada. Sempre admirei isso em você. - Ouço ela dizer. Olho pra ela, com os olhos inchados. - Mesmo que acabe assim de qualquer forma, você luta mesmo pelo que você acredita.
Ela sorri.
- Me desculpa por aquilo. Não queria que você estivesse ali pra ver esse tipo de coisa acontecendo. Mas não tinha nem como evitar. Eu nem sabia que eles tinham descoberto. - Digo.
Um momento de silêncio toma conta do quarto.
- Nós duas vamos na Eunha daqui a pouco. E você vai fugir. - Quando a ouço, sinto que ouvi coisas. Não consigo ter certeza se ouvi direito e se o que ela disse quer dizer o que eu acho que quer dizer.
- É o que?
- Quando a mamãe viu o folheto hoje de manhã, ouvi ela falando com o papai sobre isso. Dessa forma, soube que eles falariam com você hoje no jantar. Perdão por não fazer nada pra impedir, mas escolhi tentar ajudar ao invés de tentar impedir uma discussão. - Ela continua, parecendo estranhamente determinada de repente. Como nunca a vi antes.
- Ajudar? Como assim? O que você fez? - Seco as lágrimas nas costas das mãos.
- Me organizei pra te ajudar a sair de casa. Preparei sua mochila com roupas e coisas pra comer. Você vai levar as suas economias e uma parte das minhas.
- Espera, espera! - Interrompo sua fala. - Não vou pegar seu dinheiro!! Ficou maluca??
- Myounghee, não discuta comigo. Você precisa mais do que eu agora. Eu guardei o suficiente pra dividir. Você vai usar SIM. E você não vai me convencer de ficar com o dinheiro. Eu quero te ajudar. Me deixa ajudar. - Ela diz, teimosa como só ela.
Bufo, recostando não travesseiros e olhando pro teto. O que está acontecendo aqui?
- Continuando. Você vai pegar as roupas, a comida e o dinheiro e vai fugir. Não recomendo que saia essa noite. Espere o horário o horário de sair pra escola amanhã de manhã e use essa oportunidade. Eu deixei sua mochila pronta na casa da Eunha. Vamos passar lá hoje só pra falar com ela e você ver onde está a mochila e o que tem dentro. Só pra saber mesmo. Vou falar com os nossos pais que você vai me ajudar a trazer algumas coisas minhas que deixei lá na última festa do pijama.
- Garota, como você pensou nisso tudo? E fugir? Como pode pensar em fuga de casa tão facilmente??
Pergunto e ela para de falar por um momento. Ela abaixa a cabeça por alguns segundos antes erguê-la novamente com convicção.
- Não sou a única, sou? Amo nossos pais, mas pra certas coisas, a preocupação deles é suficiente pra fazer o tipo de coisa que fizeram hoje. Suficiente pra dizerem o que disseram. E isso nos faz mal. Eu mesma já pensei em fugir por algum tempo. E minhas economias estão aí justamente pra isso. Mas, você pode ir antes. Consigo ficar mais. Seu caso, é bem mais urgente. Se fosse comigo, não ia querer ficar em casa nem mais um segundo depois de hoje.
Ouço ela falar, sentindo que estou falando comigo mesma. Ela está certa, não é a única com esses pensamentos. Também amo meus pais. Entendo que se preocupem e não queria que tivessem tanto medo quanto eu sinto das coisas darem errado. Mas não posso mudar os sentimentos deles. Nem sobre medo, nem sobre total desaprovação. Porém, tampouco posso mudar os meus desejos de seguir o que eu quero. Então preciso mesmo ir embora.
Depois de falar, Shinhye parecia esperar o que eu diria em seguida, como se pedisse por aprovação de toda a sua ideia, como se quisesse ter certeza de que concordo com ela. Aceno com a cabeça, em positivo.
Ela sorri.
- Você vai sair daqui de manhã, vão achar que é pra escola. Você vai passar na casa da Eunha rápido, trocar de mochila, deixando a da escola e pegando a da fuga, e vai pra onde quiser ir.
- E depois? Quando eles descobrirem? - Pergunto.
Um sorriso quase maligno se forma no rosto da minha irmãzinha.
- Eu quero ser atriz, Myounghee. Eu vou saber montar meu cenário. Vai dar tudo certo. - Ela diz.
Atriz.
Ela está certo, precisaria fugir como eu, da mesma forma. Eles nunca apoiaria isso.
Então, é isso. Próxima manhã, deixarei tudo pra trás. Meus pais, Shinhye, Daegu. Estarei partindo pra Seoul, arriscando tudo que tenho por um futuro incerto, mas tão desejado. Mesmo que tudo desmorone.
...
Status de localização das meninas:
Kyungsoon: Ilsan
Sojin: Seoul
Myounghee: Daegu
Yonseo: Gwangju
Soomin: Busan
Miyoung: Seoul
Kyunghu: Seoul
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