Kim Miyoung:
Kim Miyoung POV (Kim Taehyung)
Aquele dia foi estranho pra mim. Acho que já vi Kim Sojin aqui outras vezes, sem saber era ela. Sempre entrou de óculos escuros e as vezes de máscara. Já imaginei ser alguém que não queria se identificado, como algum famoso, mas tentei ignorar porque se não quer ser identificado, não quer e pronto. Não tem porque ir e encher o saco perguntando. Mas se era ela todo esse tempo, por que estava com a guarda tão baixa de repente? E mesmo negando estar, porque estava chorando? Foi bastante inesperado e fiquei um bom tempo com isso na cabeça.
Não conheço muito dela, mas com sua fama crescendo tanto, dificilmente as pessoas não sabem o mínimo. Aparentemente, sempre foi muito bonita desde criança e fazia comerciais pro aí. Se tornou modelo mirim e evoluiu para outras passarelas. Expõe um sorriso gigante e satisfeito no rosto onde quer que vá. Daqueles que te convencem de que realmente está tudo bem, apesar de ser muito possível não estar. Ela tem o benefício de poder sonhar em ser o que é, mas mesmo assim, não parecia tão feliz naquele momento. Mesmo tendo tudo o que aparentemente queria. O que me faz reafirmar: Sonhar não é pra qualquer um. É o privilégio mais cobiçado no mundo e mais difícil de manter. Você sonha, mas se ferra tanto pra conseguir uma migalha quanto pra manter o que conseguiu depois. Não que isso não funcione da mesma forma pra outras coisas menores que se pode fazer na vida, mas quanto mais incomum e exposto, mais difícil. Não gostaria de ser Kim Sojin. E apesar de não conhecê-la, me sinto mal por seja lá qual for o motivo das suas lágrimas. Ela é doida em levar isso pra frente, se realmente não se sentir bem nisso mais.
No fim do dia, depois do último cliente ter ido embora, começamos a fechar.
- Miyoung, vire a plaquinha da porta, por favor. - Minha mãe me pede e vou até a porta da frente da loja, pra virar a placa da entrada e sinalizar que estava fechada agora.
Assim que viro a placa, noto alguém olhando pra entrada com uma expressão frustrada, e se sentando na beira da calçada. Parecia ser uma garota jovem como eu, estranhamente bem vestida pra alguém com uma postura e semblante de um andarilho das ruas. Ela também carregava uma mochila nas costas. Olho para os meus pais pra ver se precisavam de ajuda, e os avisto conversando enquanto contam o dinheiro do caixa. Parecem estar bem. Me viro na direção da garota e abro a porta. Me aproximo dela devagar.
- Com licença. Tudo bem? - Pergunto, ao encostar no seu ombro. Ela vira pra trás, um pouco surpresa, mas estranhamente calma também.
- Não. - Ela diz, com uma voz fraca.
- Por quê está sentada na calçada nesse escuro?
Ela não me responde. De repente, ouço o som de uma barriga roncando. Ela abraça seus joelhos, se encolhendo na minha frente. Talvez de vergonha, talvez de frio.
Respiro fundo.
- Qual o seu nome? - Pergunto.
Ela demora um pouco pra responder, me observando por cima do seu ombro, pelo canto dos olhos.
- Min Myounghee. - A mesma responde bum suspiro.
- Certo, Min Myounghee. Pode vir comigo? - Estendo a mão na direção dela. Ela olha pra minha palma aberta, sem fazer nada.
- E pra que? - Ela questiona.
- Está com fome, não está? Posso ter dar comida.
- Não tenho dinheiro. - Ao falar isso, ela se encolhe mais ainda, como se a afirmação tivesse alguma ligação com algo pior do que a falta de dinheiro em si. Me abaixo ao lado dela.
- Eu disse que vou te dar comida, não te vender comida. Vem. Não precisa pagar. - Insisto e aproximo minha mão aberta de uma de suas mãos. Ela me olha, desconfiada, mas acaba segurando a minha e levantando comigo.
Entro com ela na nossa loja e meus pais imediatamente olham para nós duas. Min Myounghee para mais atrás, perto de uma das mesas, e eu vou até os meus pais.
- Miyoung? O que houve? - Meu pai pergunta, olhando para mim e para a garota.
- Quando fui virar a placa, vi essa menina sentada na beira da calçada, sozinha. Ela está com fome e parece sentir frio também. Acham que podemos ajudar? - Meu pai parece duvidoso sobre o assunto, mas olha pra minha mãe e aponta com a cabeça para a estufa quente de salgados. Ela sorri levemente e vai pegar algo.
- Vai falar com ela. Eu vou limpar a mesa. - Meu pai diz e se afasta.
- Certo. - Me aproximo lentamente dela, que parece perdida olhando pra rua pela vitrine. - Min Myounghee? - Ela olha pra mim. - Você vai comer alguma coisa, tudo bem? Pode se sentar.
Direciono a mesa mais próxima e ela se senta. Me sento na frente dela.
- O que aconteceu? Parece um pouco mais desanimada que o normal. Isso tudo é fome?
Sorrio ao dizer isso, mas ela continua muito séria.
- Não quer conversar? - Pergunto. - Posso te deixar em paz, se quiser ficar sozinha.
- Não. Fica, por favor. Estive sozinha nos últimos dias. - Ela ergue a cabeça na minha direção rapidamente, mesmo que ainda pouco e falando baixo. - Eu só não sei o que dizer. Estou cansada. Vim de longe e estou com fome e com frio.
- De onde você veio? Mora longe daqui? - Me interesso pelo assunto. Ela esteve vagando por muito tempo?
- Daegu. Minha casa é em Daegu.
Assim que ela responde, arregalo os olhos.
- Você veio de Daegu??? Tão longe assim?!
No tom que falei, provavelmente até meus pais ouviram. Só espero que mais ninguém tenha também.
...
Status de localização das meninas:
Kyungsoon: Seoul
Sojin: Seoul
Myounghee: Seoul
Yonseo: Gwangju
Soomin: Seoul
Miyoung: Seoul
Kyunghu: Seoul
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