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13. Questões mal resolvidas

Marduk, reino de Júpiter

Costumes cotidianos tendem a ser tão comuns que passam despercebidos pela pessoa depois de tanto tempo, como sempre usar um descanso de copos, serrar e pintar as unhas, passar um hidratante facial minimamente cheiroso. Pequenos atos que são feitos quase no automático, e considerados tão normais a ponto de não fazerem diferença no dia de uma pessoa.

O mesmo se aplicava para Frida, ou melhor, se aplicou. Comparecer ao cabeleireiro do Lágrima era como uma terapia semanal para jogar conversa fora e simplesmente procrastinar tudo enquanto mantinha a imagem de estar cuidando de seus fios esverdeados. Naquele momento, sentar em uma das cadeiras e passar freneticamente a tela do celular não ajudou muito, pelo contrário, sentia o coração disparar e voltar à normalidade com mais frequência do que gostaria.

— Se você me disser que tá olhando os elogios à sua apresentação, vou ficar muito mais aliviado. Se não for isso, vou jogar seu celular no tanque do Max — ela ouviu a voz do cabeleireiro, ou melhor, de Naghi. Frida moveu apenas os olhos ao encará-lo, o rapaz meio saturniano tinha um tubo de tinta verde turquesa em mãos e esfregava parte da tinta nas próprias mãos, como se tivesse acabado de passar aquilo no cabelo de alguém. — Devo me preocupar em comprar outro já que provavelmente o Max vai ser o novo dono disso aí?

— Não se atreva.

— Quanto mais ficar procurando, mais nervosa vai ficar, e mais vai ficar explícita sua cara suspeita — Naghi argumentou, ainda com a tinta em mãos, e caminhou calmamente até ela. Puxou outra cadeira com o pé, e sentou de frente para Frida. — Relaxa.

— Eu sei o que eu vi, Naghi. E agora a cidade inteira está alarmada, se eu colocar um pé fora daqui vão saber.

— Como vão? Pode ser qualquer um. — Ele ergueu as sobrancelhas ao falar, e passou um dedo sujo de tinta pela raiz dos cabelos da frente dela. Ou melhor, na própria testa, como um erro de lavagem. Verdade seja dita, aquela tinta jamais chegaria na mesma tonalidade do cabelo de Frida.

— Eu não sei, mas não vou ser trouxa de pensar que tá tudo bem.

— Aproveita que de você só falam da apresentação, e viu o anúncio dos novos brinquedinhos divinos? O pessoal tá doido atrás deles.

— E você viu que anunciaram abertamente uma caça a quem sequestrou o garoto de Saturno? — Frida igualmente ergueu as sobrancelhas, não como se estivesse rebatendo a fala de Naghi, mas adicionando um fato minimamente empolgante. Até mesmo endireitou a coluna e a inclinou para a frente para falar mais diretamente com o rapaz. — Ele pode muito bem estar morto, mas e se não?

— Eu sinceramente preferia que você estivesse com medo — Naghi concluiu, balançando o rosto como se indicasse para ela continuar. Já era difícil saber o que Frida pensava, não dispensaria um momento em que ela estivesse tão empolgada para falar.

— Falei com a ruiva de Netuno no outro dia, na hora foi assustador, com aqueles olhos e os dentes e tudo mais, mas voltando um pouco, ela foi muito mais simpática que a ruiva de Urano. Tudo bem, a gente se tolera e finge que nada tá acontecendo há um tempo, mas a outra não parecia com alguém que mandaria sequestrar uma pessoa só pra desovar em algum canto. — A cada palavra dita, a empolgação na voz dela aumentava, e Naghi apenas concordava com a cabeça enquanto ouvia e passava um pouco mais de tinta na parte superior da testa dela.

— Isso se tiver alguma relação...

— Como pessoa que se apresenta naquele palco toda quinta usando abertamente a porcaria desse poder, eu afirmo, a ceninha no restaurante foi uma distração. Posso ficar me escondendo, mas não dá pra ignorar isso, tem mais gente envolvida.

Naghi assentiu novamente, fazia sentido, assim como sentia um frio na barriga só de imaginar qualquer cenário onde Frida se pusesse em risco. Às vezes, a ignorância era uma benção, e ele queria muito ser um mero ignorante quanto àquele assunto. Já Frida, gostaria que todos à sua volta fossem ignorantes quanto à situação, e ainda assim, era grata pelo apoio e sinceramente não sabia se ainda estaria viva caso não tivesse Naghi e Enyo como suporte ativo.

— Vem molhar essa cabeça — Naghi concluiu, já que tinham tempo, fariam ao menos jus ao tempo dispensado para aquela farsa semanal.

— Não se preocupe, vou ficar bem, só estou curiosa sobre isso — Frida comentou, com a voz bem menos tensa, dando de ombros antes de sentar na cadeira com um tanque atrás. — Devia se preocupar é com aquele bonitinho do Controle que vive dando em cima de você. Deve estar bem no meio dessa bagunça toda.

— Ele não dá em cima de mim. — Naghi fez uma careta, e ligou a ducha do tanque para molhar os cabelos dela. Já que não ia realmente pintar, nada impedia de ao menos lavar. Ele jogou tinta dentro do tanque de louça branca meramente para fazer parecer uma pintura decente, o próximo cliente chegaria e ver as marcas verdes na louça branca já ajudava muito.

— Ah, claro, você quem dá, ele corresponde, pena que tava com a perna ferrada, por isso ele não apareceu mais? — Frida inclinou a cabeça para trás, olhando para Naghi com os olhos bem abertos e brilhando em curiosidade. Falar sobre assuntos alheio lhe era bem mais confortável do que continuar falando sobre si, e sua mudança de expressão foi quase automática.

— Você tá andando demais com a Enyo e virou essa fofoqueira, credo, Frida — ele reclamou, quase bem humorado, e ela riu baixo enquanto voltava a atenção para o celular.

Ainda tinha o risco de Naghi jogar o aparelho no tanque de Max, claro, mas ela ainda assim procuraria por alguma notícia minimamente concreta sobre qualquer uma das reencarnações. Nem que fosse alguma coisa sobre a prisão de Netuno ou sobre o sequestro do garoto saturniano.

Ao invés disso, recebeu uma mensagem em letras grandes vinda de Enyo, apenas com a palavra "CONTROLE", e imediatamente Frida abriu bem os olhos.

— Eles vieram — ela avisou a Naghi, rapidamente, e ele se apressou para jogar mais água na cabeça dela para dar ênfase na parte onde ela tirou a tarde para realçar as belas madeixas esmeralda. Soava como uma grande piada.

E novamente, o coração dela bateu mais forte. Não fugiria, isso só estamparia sua culpa mesmo que não tivesse feito alguma coisa significativa. Não era difícil se manter em um papel, tinha dado certo antes, daria certo novamente.

Menos de dois minutos depois, puderam identificar a silhueta de Enyo se aproximando da entrada do salão, e atrás dela mais três silhuetas, uma na mesma estatura baixa, outras duas mais altas. Frida tinha plena certeza de Enyo estar odiando ser praticamente a secretária da própria funcionária com o número tão alto de visitas nos últimos dias.

Naghi jogou uma toalha de tonalidade nos ombros de Frida, e colocou o melhor sorriso simpático no rosto ao ver os três oficiais, não sem antes acenar brevemente para a chefe. Frida não precisou acenar, apenas franziu a testa como quem estava surpresa com a visita.

Fãs — Enyo comentou, com um falso bom humor. Seus dois funcionários conseguiam reconhecer a falsidade, já as pessoas de fora, não.

— É maravilhoso vir aqui e ver tão de perto os bastidores de um espetáculo tão bonito, admito, suponho que nem todos tenham o privilégio de ver o preparo até mesmo desse verde tão vivo — Jorani comentou, com um sorriso animado no rosto.

Frida automaticamente passou a toalha pela cabeça de forma desengonçada, parte atuando, parte tentando tirar a água de seus ouvidos já que quase foi afogada pela ducha de Naghi. Para ele, nada mais natural do que ela realmente ter que tirar a água excedente, então tudo certo até ali.

— Tivessem avisado mais cedo teríamos organizado uma recepção melhor — Enyo comentou, e Frida tinha certeza da melhor recepção ser chá com veneno.

— Não precisa se incomodar, eu gostaria só de fazer algumas perguntas, se não for incômodo — Jorani concluiu, calmamente, alternando o olhar entre Enyo e Frida.

Ambas assentiram, como poderiam negar, só teriam os pulsos algemados e o interrogatório aconteceria na base do Controle, isso estava absolutamente fora de questão.

Não precisariam de cadeiras para sentar, e nem fizeram questão de oferecer. O incômodo de ficar em pé deveria ser o suficiente para agilizar toda aquela enrolação. Ou quem sabe se colocassem uma vassoura atrás da porta, mas isso provavelmente não teria efeito, precisariam de um estoque enorme de vassouras para espantar alguém do Controle. Até onde Frida tinha visto, exatamente a doutora Hong foi quem ficou encarregada de investigar o sequestro do saturniano.

— Na noite da apresentação, algum de vocês viu algo suspeito? Alguém agindo esquisito...?

"Sim, alguém amarelo e brilhante na plateia, claro que vou dizer isso para você" Frida pensou, e precisou se controlar muito para não revirar os olhos ou bufar. Talvez até devesse dizer para livrar sua barra e ganhar algum crédito, mas isso seria trair a si mesma, ficaria extremamente puta caso alguém fizesse isso.

Se a princesa uraniana não tinha a delatado, Frida não seria baixa a ponto de delatar a figura amarela ou mesmo Cairbre. Talvez isso fosse burrice, talvez a chance de manter sua liberdade estivesse escorrendo por entre seus dedos, ou talvez ela só fosse enfiada no mesmo buraco que todos os outros como culpada ou cúmplice no sequestro do dia anterior.

Entre uma opção ou outra, a escolha era óbvia.

— Nada, e fica até bem difícil, foi uma noite bem cheia — Frida comentou, balançando a cabeça devagar. — Fotos, gravações, os ensaios, não é todo dia que o Hallik vem de Vênus e eu sinto bastante falta dele por aqui.

— Entendo... e depois da apresentação, todos os funcionários voltaram para cá? — Jorani continuou, com a atenção quase completamente em Frida.

— Sim, como sempre, fechamos e fomos para casa.

— Alguns soldados me disseram que proibiram a instalação de nossos equipamentos perto do palco e dos camarins, correto? — As feições de Jorani endureceram em uma fração de segundo, tornaram-se frias, sérias demais, demandando uma resposta direta.

— Meus funcionários ficaram desconfortáveis com a ideia desses seus trecos tão perto de onde trabalham, atrapalharia os imãs que usamos — Enyo explicou, inclinando o corpo levemente para o lado.

Um sinal silencioso para Frida dar um passo para trás, uma medida de defesa caso tentassem algo. Nunca acharam que precisariam utilizar disso, sequer sabiam se funcionaria, e bastou isso para Frida precisar cruzar os braços para não deixar suas mãos à mostra.

— Ah, é? — Jorani estreitou os olhos ao perguntar, irônica, descrente.

Não se demoraria ali, prometera ao General que voltaria com uma notícia boa e estava determinada a ter essa notícia. Realmente precisaria da notícia, principalmente quando soubesse da situação do Complexo Prisional, e sentiu uma pontada de incômodo no próprio braço machucado. Ignorou a pontada, e retirou do bolso o aparelho escuro projetado por Lian.

Jorani não perguntaria novamente, não adiantaria, e sinceramente ela queria muito só poder voltar para a Base e continuar seu trabalho sem dar de cara na parede novamente. Ela ligou o aparelho, e imediatamente o apito agudo atingiu os ouvidos de todas as pessoas presentes.

Com exceção de Jorani, os outros tomaram um susto ao ouvir o apito, e a expressão quase calma dela foi assustadora. Encarava o aparelho com alívio, surpresa, animação, e moveu a mão para os dois lados para ter certeza de não estar pifado ou com defeito.

O apito diminuiu ao apontar para Enyo, diminuiu ao apontar para Naghi, e aumentou significativamente ao apontar para Frida, esta com os olhos bem abertos e em completo choque. Jorani a olhou como quem dizia "não adianta a face de surpresa", e Frida sequer sabia como reagir àquilo.

Não podia se fazer de desentendida, não poderia sair correndo, a arma carregada por Jorani e pelos outros dois soldados era grande demais e ela não estava muito afim de ser o alvo.

— Você realmente alegrou o meu dia, senhorita Selistaz — Jorani comentou, dessa vez com um sorriso genuinamente feliz. A mulher virou o rosto para o lado, para um dos soldados, e encarou Frida pelo canto do olho por dois segundos antes de continuar a falar. — Levem ela, com cuidado, não queremos machucar uma figura pública até sabermos quem é.

[...]

Complexo Prisional

Ardor, cansaço, o sangue pulsando como uma bomba elétrica a ponto de fazer seus ouvidos zumbirem, sua pele queimando como se tivesse pulado voluntariamente dentro de uma fogueira, Danika já tinha imaginado que sofreria algum dano ao tentar sair dali, mas nunca imaginou ser naquele estado deplorável. E o pior, apanhou para uma pessoa que em comparação a ela, parecia um palito, e estava com a aparência ainda pior.

Uma pessoa de certa forma semelhante, e ainda assim, Danika conseguiu reconhecer perfeitamente a tonalidade de roxo. Só podia ser uma grande piada que logo aquela pessoa tinha colaborado para tirá-la dali, e o outro elemento que tinha ficado para trás igualmente trazia mais perguntas que respostas à cabeça de Danika.

Ela e Eana caminhavam devagar por aquele corredor, as duas sentindo o corpo inteiro querer simplesmente parar de funcionar. A ruiva tinha um braço apoiado nos ombros da loira enquanto prosseguiam ou era capaz de simplesmente cair, e a essa altura, Danika não duvidava das duas caírem.

— Não sabia quem vocês eram — Danika comentou, baixo, firmemente. Não era um pedido de desculpas, mas uma justificativa. — Mas você eu sei quem é.

Parabéns, mas olha, se for me julgar também é melhor guardar isso pra outra pessoa porque já me encheram o saco com isso por hoje — Eana respondeu, como uma reclamação, e virou o rosto para Danika com uma expressão igualmente rígida.

Não que quisesse soar arrogante, mas àquele ponto não conseguiria fingir plenitude ou calma quando todos os ossos de seu corpo doíam como um inferno. Danika a encarou de volta, sem esboçar uma expressão, e por um segundo puderam ver o brilho alaranjado e arroxeado nos olhos da outra, como um aviso, como uma centelha que poderia facilmente explodir mesmo no estado atual das duas.

— Não vou julgar você, princesinha, mas quebro a sua cara se empinar de novo esse nariz pra mim — Danika concluiu, e impulsionou o corpo para a frente, para continuarem andando.

Eana pigarreou baixo, suas pernas gritando por um descanso ou para ir mais devagar, mas mais devagar do que já estavam só se parassem de vez e sentassem no chão.

— Se não gosta de nariz empinado, o problema é seu.

— Vocês ainda estão aqui?! — Ouviram um grito vindo do final do corredor, seria impossível não reconhecer um berro vindo de Nikolai.

Seria bem difícil ir mais rápido, ele reconheceu isso no momento em que chegou mais perto, mas não admitiria isso em voz alta. Corria o risco de levar outro tiro na face, mas precisava que as duas saíssem vivas dali, lá fora poderiam usar ele de saco de pancada como quisessem.

Antes das duas responderem algo, que provavelmente seria uma patada muito bem dada pelas expressões mal humoradas, Nikolai fez as próprias mãos brilharem e encostou nas costas das duas quase como um tapa, e por dois segundos, o brilho se espalhou por ambas.

Danika considerou dar um soco em Nikolai por aquilo, mas logo notou a dor estar bem menor, e de ter mais energia para andar, isso realmente foi muito bem-vindo. Eana não iria ficar grata, Nikolai não tinha feito nada mais que a obrigação dele de manter ela inteira quando na hora da surra ele tinha feito um absoluto nada.

— Vamos buscar a Psique e o Lian e dar o fora, vocês tão uma merda — Nikolai comentou, praticamente empurrando as duas para virar à esquerda. — Mas ainda bem que quem tá assim são vocês, me dá até arrepio de pensar que por meio metro teria sido eu.

— Você é um babaca — Danika comentou, parcialmente incrédula.

— É, eu sei. — Nikolai sorriu sem mostrar os dentes, e recebeu uma bola arroxeada e ardente na face novamente. — Para com isso, cacete!

— Não — Eana respondeu, séria, e com vontade de fazer de novo caso sua própria energia não estivesse tão baixa.

Ele pode jurar que ouviu um riso baixo e discreto vindo de Danika, e ela realmente riu pelo nariz, sem humor, de forma seca, mas achando muito bem feito pela parte onde ele tinha jogado as duas contra uma das paredes de pedra, e sim, aquilo doeu.

Mesmo com Nikolai dando um ligeiro suporte, ambas tinham que andar por si só, já que repetidamente ele apressava o passo, disparava na frente, e logo tinha que dar vários passos para trás para conseguir acompanhar Danika e Eana. Um grande trabalho de corno, mas ao menos conseguiram chegar ao corredor da sala de controle das câmeras. Como imaginaram, alguns soldados tentavam arrombar a porta, e Nikolai decidiu que não valeria a pena o esforço de tentar tirá-los dali.

Desmaiou todos com um movimento da mão, e impulsionou poder vindo de seu pulso para realmente conseguir arrombar a porta. Ouviu um grito fino vindo de dentro da sala, e sinceramente não queria saber de quem foi ou isso seria muita humilhação para a pessoa.

Antes dos três de fora conseguirem entrar, os três de dentro colocaram a cabeça para fora para ver quem chegava, e a primeira a pular por cima dos soldados desacordados foi Psique. Com dois pulinhos conseguiu passar por cima de alguns deles e foi diretamente até Eana, visivelmente alarmada pelo estado físico da ruiva.

— Quem fez isso com você?! — Psique perguntou, imediatamente abraçando forte o pescoço de Eana, recebendo um gemido de reclamação em resposta. Ao olhar para o lado, Psique encarou Danika, e pode reconhecer muito fácil o tipo de ferimento que os poderes de Eana causavam. A resposta para sua pergunta estava bem ali, e Psique franziu a testa e encarou a loira como se um movimento em falso ela pudesse voar no pescoço da mais alta.

— Isso é o que menos importa aqui, vocês fritaram o sistema? — Nikolai perguntou, apressado.

— Sim, e as filmagens apagadas — Lian afirmou, respirando fundo, como se tomasse coragem para continuar. O rapaz abriu bem os olhos e ergueu as sobrancelhas ao encarar Danika e Eana, definitivamente não queria saber como chegaram àquela situação.

— Ótimo, hora de meter o pé...

Não dá, fecharam a nossa saída — Psique avisou, ainda abraçada em Eana como um carrapato.

— É o que?! — Nikolai estreitou os olhos e fez uma careta, parcialmente indignado, parcialmente querendo muito que aquilo fosse um blefe.

— A mesma coisa que usam nas portas do subsolo usam na porta da garagem, é impossível de abrir se não for por fora — Miguel explicou, cavando ao máximo qualquer tipo de coisa que lembrava sobre aquele setor, e recebeu quatro olhares de quem achava aquilo inacreditável.

Quatro julgamentos, em palavras mais simples, apenas Lian não parecia tão desapontado, mas ele ainda era educado demais para esboçar a insatisfação em público. Os outros já tinham chutado o balde.

Nikolai esfregou o rosto com as duas mãos, cansado, tentando pensar em algo e tendo uma ideia muito ruim. Podiam dar a volta, sair pelo mesmo lado do outro grupo, e isso seria suicídio se tudo do outro lado tivesse dado ruim.

Considerou horrível demais, teria tentado pensar em outra coisa, mas teve uma infeliz confirmação de que seria a primeira opção ruim ao escutar a voz de Zyr perguntando a localização de Nikolai.

[...]

De todas as pessoas possíveis para ver naquele dia, a última pessoa quem Maya esperava era o próprio primo. Tê-lo visto literalmente uma vez na vida colaborou para isso, não imaginou que o encontraria pessoalmente outra vez, não depois que o rapaz escutou vários xingamentos vindos dos pais de Maya. Zyr tinha tentado contato com a família, Maya ficou feliz, e logo entristeceu novamente quando ele sequer quis permanecer perto dela.

Zyr não insistira, nem deveria, mas para ela, deveria ter se esforçado mais um pouco ao invés de simplesmente voltar para os netunianos. E agora ele estava ali, bem maior do que ela lembrava, com os olhos irritantemente fendados e do lado de duas pessoas que provavelmente tinham invadido aquele lugar.

Como tinham soltado Om? Uma pergunta que martelava tanto na cabeça dela quanto na de Jab, mas isso era o de menos quando ela queria saber o que ele tinha ido fazer ali. Se Zyr queria soltar Eana, aquele não era o caminho.

— Parados! — Jab gritou, e apontou a segunda arma na direção dos três de pé.

Imediatamente, Eike também ergueu a arma em um blefe, que estrago faria com a porcaria da arma de sonífero? Exatamente, nenhum, mas também não ficaria sem reagir. Era muito bom que Juno ou Zyr resolvessem usar a porcaria dos poderes antes dele desfalecer por dentro.

— Quanto tempo — Zyr comentou, encarando Maya com um sorriso amarelado. Parte simpático, parte triste por terem se encontrado daquele jeito. Como se pedisse desculpa pela situação, mas não necessariamente arrependido.

— Sai daqui, Zyr — Maya o alertou, ainda sem conseguir realmente mover o corpo para agir. Ainda queria enfiar a lâmina da espada no meio da garganta de Om, mas queria o primo bem longe dali ou seria obrigada a levar ele também em cárcere.

Só dele estar ali já seria motivo o suficiente para ser preso, mas isso não respondia as outras dez perguntas que brotavam na mente de Maya como uma fonte jorrando água torrencialmente.

— Foi mal, ainda não — Zyr franziu os lábios em um sorriso sem mostrar os dentes, indiretamente se desculpando por não poder atender ao pedido, e novamente Jab atirou.

O coração de Maya parou por um segundo, Jab tinha apontado diretamente para Zyr e ela concluiu que claro, atirar no que tinha olhos diferentes realmente seria seu primeiro ato, mas ainda assim, naquele não. Ela quem deveria se acertar com Zyr, não qualquer outra pessoa.

Felizmente, a bala não chegou até ele. Ricocheteou no meio do caminho em uma superfície invisível e nesse momento Om deu outro grito fino, pensando que o tiro tinha sido nele, e Eike o encarou como quem queria profundamente entender o que se passava naquela cabeça ou se era só um mero objeto para segurar cabelo.

Não querendo outra fuga para um lugar ainda pior, Eike abaixou a arma e apontou para Om. Disparou o dardo tranquilizante em uma das pernas dele e só então voltou a apontar a arma para Jab. Claro, já sabiam que era só sonífero, mas era melhor que nada.

Mais dois tiros contra a barreira invisível, Maya sentiu o corpo tremer em ambos, e Jab rosnou em ódio por não surtir efeito.

"Juno, não faz nada, se não souberem quem é quem é melhor pra todo mundo" Zyr avisou, e ela concordou com um olhar. Se ninguém brilhasse, até Eike poderia estar fazendo aquilo, e seria a chance de saírem sem nenhum buraco na pele.

"Faz eles dormirem, porra" Eike disse, olhando para Zyr de forma alarmada.

"Tão usando um bracelete que nem o do Lian, não dá ou vai ser fraco demais" Zyr disse, e suspirou forte. "Valeu, Lian"

"Então a gente quebra e tá tudo certo" Juno concluiu.

Ninguém precisava dizer que sim para entender que seria um sim, só faltava conseguirem chegar perto o suficiente pra isso e de quebra carregar Om para longe dali antes dele sangrar demais. Zyr projetou uma pequena barreira por cima da pele de Om para não sangrar demais e torceu para isso ser o suficiente.

"Quem vai levar o princeso adormecido?" Juno perguntou, e não obteve resposta imediata.

"Cadê você?" Zyr perguntou, e embora todos tenham escutado, ninguém soube exatamente para quem ele tinha perguntado.

"Que se foda essa merda, a gente faz o plano S" Nikolai respondeu.

"O que é o plano S?" Eike perguntou, e não teve uma resposta, para sua infelicidade e acúmulo de ódio.

Zyr bufou e esfregou o rosto antes de estender a mão para frente e aumentar a barreira com força o suficiente para jogar Maya e Jab para trás. Não queria ter dado aquela notícia para a prima daquele jeito. Oi, sou um deles também, surpresa, era basicamente isso apenas com aquele ato.

O olhar de Maya era um misto de choque, raiva e rancor, encarava unicamente o primo como se fosse o único a importar ali. Para ela, era realmente o único. E justamente ele tinha se mostrado ser uma daquelas coisas com uma naturalidade tão grande que a enojava. Poderia perdoá-lo por não voltar para Plutão, mas não o perdoaria por ser aquilo como se ela tivesse algum direito sobre isso.

Se as balas não resolveriam, as lâminas iriam.

"Ganhem tempo" Nikolai comentou.

"Vocês não iam sair pelo lado leste?" Eike perguntou.

"Fecharam a saída, não dá nem pra sair explodindo, a Juno tá com vocês"

Por um momento, até cogitaram fazer uma prece. Mas quem atenderia? Não era novidade de uma pessoa recorrer ao divino em um momento tão desesperador, mas e se até o divino estivesse desesperado, então tudo tinha ido para o buraco.

Tinham que ganhar tempo sabe-se lá por qual motivo, e era exatamente isso que não tinham. Se saíssem correndo naquele momento, poderiam ferrar a fuga dos outros e aí sim seria um problema. Se mantivessem a barreira, Maya e Jab poderiam correr para o lado oposto e achar Nikolai. Se desfizessem a barreira, manteriam a atenção dos dois ali.

Foi no segundo em que Maya empunhou a espada com força que Zyr desfez a barreira, e ela tropeçou para a frente por desequilíbrio. Com um movimento da mão, o meio netuniano moveu o corpo de Om para trás de si, para mais perto de Juno, e silenciosamente dividiu com Eike quem aguentaria quem.

Não adiantaria de nada Eike tentar chamar a atenção de Maya, o foco dela seria apenas um, então teria que se contentar com o outro maluco armado. Seu salário não cobria lidar com gente armada sem uma arma que prestasse, e tudo que tinha nos bolsos eram duas faquinhas pequenas.

Ele jogou a arma de sonífero no chão, não sem antes colocar três dos dardos na parte de trás do cinto, e precisou desviar de outro tiro que por pouco não arranhava seu tórax. Nesse momento, adicionou Psique em sua lista de pessoas para afogar, ela quem tinha o convencido da ideia.

Eike arremessou uma das faquinhas, por sorte atingiu o centro da mão de Jab. O susto fez o venusiano largar a arma, assim como o corte consideravelmente fundo. Eike até poderia ter sorriso, mas ao ver uma faca um pouco maior que as suas no coldre de Jab o fez repensar se teria sido uma boa ideia arremessar. Pelo menos tinha largado a arma, e no segundo seguinte, viu a pistola praticamente derreter. Agradeceria a Zyr por isso mais tarde, mas ainda não o tinha tirado da lista de afogamento.

Jab empunhou a faca e investiu contra Eike como se estivesse determinado a se fantasiar de açougueiro e fatiar a carne até ficar moída. Precisou desviar, e logo em seguida outro golpe, e outro, e outro, e se Eike não fosse mais rápido, já teria virado presunto fatiado. Girou o corpo, bloqueou outro golpe, definitivamente seu estilo se fazia bem mais livre que o do soldado.

Em outras palavras, um estilo certamente menos aprimorado e dependente principalmente de golpes não tão honrados, mas ninguém estava julgando, não quando Eike contou pelo menos cinco vezes que quase era acertado em um órgão vital. Bloqueio, desvio, tentativa de golpe, um chute atrás dos joelhos, um soco no rosto, a essa altura o rosto de ambos tinha marcas de sangue que eram e não eram suas.

Foram interrompidos ao receberem uma onda de poder que os arremessou para o outro lado do corredor, e ouviram um "foi mal" vindo de Zyr. Eike até poderia ter reclamado, mas isso também fez Jab se atrasar alguns segundos para levantar.

A pior coisa que poderia acontecer era se Zyr acertassem quem não deveria, e verdade seja dita, ele não tentava realmente acertar Maya, apenas queria mantê-la longe enquanto a mulher insistia em se aproximar ofensivamente.

Não adiantaria dizer os famosos: "pare Maya", "não precisa ser assim", "você não tá pensando direito", "vamos conversar". Precisava ser daquele jeito para ela extravasar a raiva, ela realmente não estava pensando direito, e conversa alguma resolveria. Zyr tampouco queria aquele estresse, não ali, não daquele jeito, então manter ela longe dele mesmo e longe de Juno que tentava carregar Om seria o principal.

O meio netuniano pouco desviava, fazia pequenas barreiras para não ser atingido e vez ou outra fazia a barreira avançar. Acertou Jab e Eike duas vezes e pode escutar os gritos de frustração vindos deles, mas principalmente, conseguia sentir o nível de revolta exalando de Maya enquanto ela tentava se aproximar. Para ela, era inaceitável, poderia tolerar o primo afastado, mas não quando ele era aquilo.

Mais atrás, Juno parecia prestes a entrar em desespero. Queria ajudar Zyr e Eike, mas não conseguiria fazer isso com Om desmaiado e sendo um prato cheio para qualquer soldado com o dedo frouxo no gatilho.

— Anda, anda, anda — Juno repetia, balançando o corpo de Om para ele despertar, sem sucesso. — Acorda, cara.

Ela comprimiu os lábios, arrancou o dardo tranquilizante da perna dele, e deu um tapa na lateral esquerda do rosto de Om. Ele pareceu resmungar, ótimo, tinha surtido efeito.

A mão de Juno brilhou, e no segundo tapa, uma onda de choque atingiu o corpo de Om intensamente. Ele acordou no grito, no susto, e uma pequena onda de poder na cor ciano foi emanada como se ele fosse uma lâmpada queimada.

— O que?! Que... que tá acontecen...

— Se você sair correndo de novo, eu explodo a sua cabeça, então fica quietinho aqui — Juno disse, apontando para o chão e olhando seriamente para Om.

Ele não sabia se estava mais assustado pela tontura, pela dor no pé, pelo brilho amarelado vindo de Juno ou pelo fato de saber que amarelo significava literalmente explosões, então não tinha sido blefe e sim uma real ameaça. Quase real, Juno nunca tinha explodido a cabeça de alguém, nem pretendia, mas Om não precisava saber disso.

Ao virar o corpo, ela ergueu uma mão e a fechou, no mesmo segundo o ar próximo de Maya e Jab entrou em combustão. Precisaram abaixar o corpo para proteger o rosto, tempo suficiente para Zyr se afastar mais e Eike dar uma joelhada no tronco do oficial com força.

Om poderia ter corrido, queria correr, mas infelizmente mal conseguia erguer o corpo sem sentir a cabeça girar, e achou que tinha tomado muita droga na veia ao ver o brilho amarelado se multiplicar em prata, roxo e laranja. Não, não tinha se multiplicado, ele coçou os olhos antes de conseguir reconhecer mais pessoas ali, algumas tão fodidas fisicamente quanto ele.

— Deixa de ser inútil e levanta. — Ouviu uma voz extremamente familiar, e ao olhar para o lado, deu de cara com um Nikolai claramente apressado e sem entender a razão de Om continuar sentado no chão como se estivesse derretendo.

— Deu certo? — Zyr perguntou, e logo o brilho arroxeado chamou sua atenção. Sim, tinha dado, mas ao ver o brilho alaranjado ao lado precisou de dois segundos para digerir a informação. Mais que certo, e isso tava ótimo. — Caramba.

— Olha só, finalmente nos conhecemos — Nikolai comentou, ignorando completamente a pergunta de Zyr, e encarando Maya com um sorriso ladino no rosto. Ele fez uma reverência teatral antes dela conseguir levantar a espada novamente. — Encantado.

— Vá pro inferno — Maya cuspiu as palavras, e retirou uma pistola de plasma do coldre.

Nikolai teve tempo apenas de erguer uma barreira entre ele e ela, tendo uma surpresa desprezível ao ver que aquela porcaria também tinha sido feita por Lian. Primeiro pela cor e padrão, segundo por ter atravessado parcialmente a barreira. Isso era ruim, muito ruim.

O primeiro a ter a decência de ajudar Om a se levantar foi Zyr, que o sacudiu levemente e usou do próprio poder para tirar a tontura do tranquilizante. O pé ainda seria um problema, mas isso entraria pra lista de mazelas a se resolver quando saíssem.

Juno fez o ar explodir novamente muito perto de Maya, arremessando ela para trás, e essa foi a deixa para Nikolai usar do poder para puxar Eike mesmo à distância.

Eike só sentiu o corpo ser sugado para o outro lado do corredor, e Nikolai sentiu o plasma da pistola de Maya atingir sua perna, e aquilo doía como ácido.

— Vamos, não dá pra ficar mais tempo — Psique avisou, e dessa vez ela quem servia de apoio para Eana andar.

Lian correu para ajudar Zyr a carregar Om, e Eike ficou próximo de Nikolai com uma das armas dos soldados desmaiados. Atiraria no chão ou no teto, mas finalmente teria algo para usar que fosse realmente útil.

Do outro lado do corredor, viram mais dois soldados chegarem, Jonathan e Cairbre, e definitivamente seria a hora de correr, um deles carregava um rifle com o mesmo padrão da pistola agora segurava por Maya.

— Abaixa! — Ouviram um grito de Eana, que mesmo fraca, conseguiu conjurar o canhão de braço novamente e atingiu Jonathan em cheio, para o desespero de Cairbre. Eana sentiu a cabeça rodar por ter feito isso, já Cairbre sentiu o coração apertar por escutar o uniforme de Jonathan se desfazer como água fervente em evaporação.

— Santo caralho alado... — Eike comentou, ao ver o nível de estrago, e apontou a arma para Maya que estava mais próxima enquanto indicava para os outros se afastarem.

Apesar da falta de ar, Jonathan indicou com a mão que estava bem, apesar da roupa corroída, e levou um susto ao notar que sua pele nem sequer tinha sido queimada ou atingida. O momento de confusão mental dele com aquilo foi o bastante para largar o rifle e este ser puxado por Jab, que apontou na direção do grupo.

Cairbre conseguiu respirar direito ao ver a pele quase intacta de Jonathan, e soube ali que aquele tiro tinha sido somente pelo susto, não para ferir. Mas o tiro que o rifle nas mãos de Jab faria feriria alguém e muito feio.

Jab mirou, ligou a luz vermelha da mira para ter certeza do alvo, e Cairbre se desesperou ao ver o ponto vermelho muito perto de Eana e de Danika. Não teve tempo de concluir qual das duas seria atingida.

NÃO! — Cairbre gritou, e tentou empurrar o rifle para Jab não conseguir apertar o gatilho.

Porém sua voz saiu muito mais grossa do que pretendia, e a luz azul emanando de seu corpo expandiu com força o suficiente para jogar contra a parede não somente o rifle, mas Jab e até mesmo Jonathan que estava mais próximo.

Todos conseguiam ver a aura azulada dela naquele momento, os olhos brilhando em um azul profundo e suas mãos igualmente emanando poder. O desespero pelo tiro se tornou ainda maior ao notar que agora todos conseguiam enxergar aquilo, e tudo isso foi inútil ao perceber que Jab havia sim atirado, e a bala ricocheteou nas paredes com força.

No segundo seguinte, ouviram o grito fino e estridente. O chão tremeu, e toda a estrutura da prisão tremeu junto. De um lado, afastaram-se de Cairbre ao ver a pulsação azul emanando dela, enquanto ela encarava o outro lado na tentativa de ver quem foi o azarado, já aceitando que estava muito fodida.

Do outro lado, a perna esquerda de Psique tinha sido estilhaçada. Ela podia se acostumar com a dor, mas não daquele jeito, com seus ossos tendendo ao farelo e com aquela bala banhada de energia supressora. Alguém ao lado dela também gritou em desespero, ela não saberia dizer quem, a dor suprimia qualquer outro sentido seu e isso amoleceu completamente seu corpo.

— Absorve de mim — ela escutou Eana falar, e negou com a cabeça. — Você precisa!

— Você tá fraca — Psique conseguiu dizer, e mesmo que não estivesse, ela jamais faria isso.

— Eu não posso curar você, você sabe disso, vai ter que absorver de alguém — Zyr falou, muito rápido, e olhou ao redor em busca de alguém minimamente saudável para isso. Ele e Nikolai não eram opções viáveis. Om, Danika e Eana muito menos, então tinham sobrado só duas tentativas. — Juno!

Nikolai que se virasse para conter o Controle, Eike ficaria atirando de longe, e provavelmente estavam atônitos demais com Cairbre emanando azul para sequer prestar atenção.

— Não é justo fazer isso — Psique disse, chorosa pela dor, já sentindo o corpo fraquejar. Ela não olharia para a própria perna, recusava-se.

— Eu tô pouco me fodendo pro que é justo agora — Eike comentou, ao lado da netuniana, mantendo um olho nela e outro na mira da arma. Não tinha ideia do que iria acontecer, mas se fosse pra irem logo, ele topava qualquer coisa. Ou melhor, quase qualquer coisa. — Faz logo, porra!

— Segura no Eike, e Eana, se afasta dela agora ou é capaz de você desmaiar — Zyr disse, olhando para cada pessoa que ele queria longe. Ele puxou Juno para mais perto, segurando nos ombros da mercuriana, e olhou no fundo dos olhos dela antes de falar. — Ela precisa absorver parte do poder de alguém pra usar os dela, só ela consegue curar a si mesma, você permite?

— Sim — Juno confirmou, e se abaixou para ficar mais perto de Psique. Mesmo sem entender, ela sabia que era a em melhor estado até aquele momento, e isso seria inegável. — O que eu faço?

— Segura o braço dela, Psique — Zyr ordenou, e Psique relutou antes de fazer. — Colabora.

Mesmo a contragosto, Psique encostou no braço de Juno, e o brilho prateado de Psique foi visível até mesmo para aqueles que não tinham a visão divina. Não somente o dela, o de Juno também, e indo contra a crença de metade daquelas pessoas, a onda de choque que percorria a mão de uma e o braço de outra se estendeu e atingiu Eike.

Eike gritou em susto, em choque, e sua pele emanou um brilho azul muito igual ao de Cairbre, mas mais claro, e o choque percorrendo o corpo dos três fez os olhos de Psique praticamente explodirem em luz.

Ela gritou de novo, e a reverberação da voz fez todos do corredor precisarem tapar os ouvidos, sentiam como se o cérebro fosse praticamente derreter. Até mesmo o brilho de Cairbre sumiu aos olhos daqueles que não tinham a visão divina, e demorou longos segundos até ela cessar o grito e conseguirem ao menos levantar.

A perna dela continuava quebrada, mas seus ossos não pareciam completamente estilhaçados, e com um suspiro mais forte, o ar do corredor foi impulsionado contra o grupo de controle a ponto de fazê-los cair novamente. Foi ótimo, Nikolai não precisava ficar segurando a barreira, e ele sinceramente não ligava para a face de choque daqueles que sequer tinham noção do que a pentelha conseguia fazer.

Lian largou Om e tentou aparar Eike antes do homem cambalear para o lado, Juno ainda conseguia se manter equilibrada nas próprias pernas, e por Om quase cair com a cabeça na pedra, Zyr usou do próprio poder mantê-lo em pé.

— Dá pra ir agora — Psique disse, ofegante, e ainda sentindo o osso deslocado incomodando sua perna.

— O que porra aconteceu aqui? — Eike perguntou, incrivelmente baixo para uma frase vinda dele. Ele encarava Lian, que não tinha a resposta, então encarou Zyr e Nikolai.

Nenhum parecia disposto a explicar naquele momento quando já deveriam estar correndo. Zyr empurrou Danika, Eana e Juno junto de Psique para irem logo para a saída, e já fazia o mesmo com Lian e Eike.

Depois a gente conversa — Zyr disse, impaciente, e impulsionou o poder para fazê-los ir mais rápido.

Ainda restavam três pessoas, ele, Om e Nikolai, e a essa altura conseguiam ver a dualidade do Controle entre continuar avançando e se afastar de Cairbre. Que ficassem com medo de Cairbre, dariam o fora dali, e Nikolai foi o primeiro a puxar os outros dois para seguirem o mesmo caminho dos outros.

Nikolai sentiu a perna arder, um indício de Zyr tentar curá-lo, e ficou aliviado por isso. Antes de conseguirem virar o corredor, ouviram o grito de uma pessoa que não poderia estar mais ignorante propositalmente ao brilho da uraniana.

— Zyr! — Maya gritou, e com a distância relativamente curta entre eles, sabiam dela ter gritado apenas para ter certeza dele escutar.

Como prevenção, Nikolai ergueu novamente a barreira, e odiou Zyr por virar o corpo e dar um passo à frente como uma chance de deixar Maya falar.

— Vai realmente ajudar o animal que matou sua mãe a sair daqui? — Maya perguntou, dessa vez sem gritar, e ele percebeu o olhar dela em direção de Om enquanto falava.

O meio netuniano ergueu as sobrancelhas, em choque, de todas as possíveis conversas com a prima, essa foi inesperada, e ele olhou em direção de Om apenas para ter certeza das palavras dela pela face culpada do plutoniano. O medo, o arrependimento, o receio de ser pego, e até mesmo Nikolai precisou parar um segundo para entender toda a situação.

Zyr respirou fundo, várias vezes, e piscou devagar os olhos enquanto alternava o olhar entre Maya e Om. Ele tinha inúmeras perguntas a fazer, nenhuma pertinente para o momento ou talvez ele quem ocupasse a cela de Om ou a de Eana, ou pior, talvez fosse para a caixa de vidro ao lado de onde mantinham os caixões do Sol e da Lua anteriores no subsolo do Museu dos Caídos, e esse era o maior medo de Maya.

Vendo que todos pareciam atônitos demais para agir, Nikolai ergueu uma parede luminosa entre eles e Maya, e praticamente carregou os dois em direção à saída.

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