29 - NAMASTÊ
Ela abriu a boca e começou a gritar, um grito impregnado de fúria que fez a montanha tremer:
— Aaaaaaaaaaaahhhhhhhhh!!!!!
Raguel sentiu um punhado de neve se deslocar; ela apenas chutou longe a pilha de neve.
— Desgraçado! Maldito! Aaaaah! Ai, quando eu te pegar, Lúcifer! Ah, Lúcifer, quando eu te pegar!
Raguel ergueu a cabeça ao céu e começou a rir de forma alucinada.
— Eu te mato, desgraçado! Tá ouvindo? Eu te mato! Que se dane as profecias. Eu vou te mataaaaar!
Um casal de alpinistas observava a cena incomum: uma mulher, com roupas comuns, calças jeans rasgadas em vários lugares, como se fosse sobrevivente de alguma guerra, e um top azul também rasgado, deixando parte de um dos seios à mostra, gritava e ria brandindo uma espada.
— Você está bem?— perguntou a moça para Raguel, que a encarou.
— Você não está com frio? — foi a vez do rapaz perguntar.
Raguel abaixou a espada.
— Não, eu não estou com frio — respondeu ela, se sentando em um monte fofo de neve.
O casal trocou um olhar desconfiado, hesitando ao ver a intensidade nos olhos de Raguel. A moça, ainda assim, deu um passo à frente, mantendo a voz baixa e cuidadosa.
— Você parece… perdida. Talvez possa descansar no Monastério de Pangboche. Fica a uma caminhada daqui.
Raguel bufou, desviando o olhar. Sua voz saiu fria e impaciente.
— Não preciso de ajuda. E não estou perdida.
O rapaz, cauteloso, manteve a distância, mas insistiu:
— Entendemos. Mas é só uma sugestão, sabe? Os monges podem oferecer abrigo e… conhecimento. É um lugar sagrado, dizem que guarda respostas para aqueles que as procuram.
Raguel hesitou, ainda empunhando a espada e resistindo a qualquer sinal de vulnerabilidade. Mas a palavra "respostas" fez algo em seu olhar se suavizar por um breve instante. Ela finalmente olhou para o casal, com uma faísca de interesse.
— Esse monastério… é seguro?
A moça assentiu rapidamente.
— Sim, e fica mais isolado; quase ninguém incomoda os monges lá. Podemos te guiar até ele, se quiser.
Raguel suspirou, abaixando a espada, mas seu tom ainda carregava um toque de desdém.
— Muito bem. Mas não se enganem. Não estou aceitando ajuda… só acompanhando vocês até lá.
O casal trocou um sorriso discreto e começou a guiá-la pela trilha até o Monastério de Pangboche, sem fazer perguntas, conscientes de que Raguel era alguém fora do comum.
Enquanto caminhavam pela trilha coberta de neve em direção ao Monastério de Pangboche, o casal começou a conversar baixinho, tentando não incomodar Raguel, mas sem conseguir esconder o alívio de não estarem mais sozinhos naquela paisagem desolada.
— Tsering, você trouxe a lanterna, né? Vai escurecer mais cedo hoje — perguntou a moça, lançando um olhar ao companheiro.
— Claro, Dolma. Achei que você sabia que sempre trago a lanterna, lembra? — respondeu ele com um sorriso, ajeitando a mochila no ombro.
Dolma riu baixinho de sua pergunta boba, o som suave ecoando na neve. Ela olhou para Raguel, que caminhava em silêncio ao lado deles, mantendo-se sempre a um passo de distância.
— Você… tem um nome? — perguntou Dolma, com um sorriso caloroso, tentando quebrar o gelo.
Raguel manteve os olhos fixos na trilha à frente, respondendo com uma voz baixa e firme:
— Raguel.
Dolma e Tsering se entreolharam, surpresos pela resposta breve e direta, mas decidiram continuar tentando ser amigáveis.
— Eu sou Dolma! — disse a moça com um aceno leve. — E este é o Tsering. Somos guias de montanha.
Raguel apenas assentiu com um leve movimento de cabeça, mas não fez nenhuma pergunta de volta. Eles podiam ser quem fosse, até mesmo Deus ou qualquer outro ser celestial, ela não dava a mínima; tinha os pensamentos firmes em Lúcifer.
Olhou para os picos nevados e imaginou Lúcifer aprisionado em uma geleira, com o gelo comprimindo-o lentamente até ele perder todas as forças. Ela visualizava a luta dele, enquanto o gelo se fechava, sufocando e congelando cada pedaço de sua existência.
Ela sonhou por um breve momento com a ironia de usar fogo para consumi-lo. Imaginava invocar uma chama celestial tão pura e ardente que nem Lúcifer conseguiria resistir, sendo reduzido a cinzas. Ele sentiria o fogo devorar sua essência até desaparecer por completo.
Ela ponderava sobre uma forma de corromper a essência de Lúcifer, envenenando sua energia até torná-lo vulnerável. Algo que destruiria seu espírito de dentro para fora, de forma lenta e dolorosa, até ele não ser mais do que uma sombra vazia de si mesmo.
Raguel imaginava conjurar estalagmites de cristal que sairiam da terra, perfurando o corpo de Lúcifer repetidamente. Ele estaria imobilizado por essas lâminas brilhantes e afiadas, como uma estátua de cristal, enquanto a própria luz da montanha refletiria no seu corpo ensanguentado e ferido.
O ar rarefeito e o frio a inspiravam a imaginar Lúcifer congelado em um estado de hibernação eterna, sem calor ou luz, imobilizado pela neve. Ele jamais teria forças para sair de lá, seu corpo permanecendo imóvel, condenado a um sono eterno.
Ela estava quase gargalhando desses pensamentos maravilhosos, até que a voz de Tsering a despertou de seus devaneios.
— E você, Raguel… — Tsering hesitou, escolhendo as palavras com cuidado. — Está aqui… para algo especial? Quero dizer, a montanha costuma atrair pessoas em busca de respostas.
Raguel parou por um segundo, fitando-os com olhos penetrantes e sem qualquer traço de gentileza.
— Eu não busco respostas nas montanhas. Meu propósito é… pessoal. E não estou aqui porque quero.
Dolma sorriu, tentando suavizar o clima, sem se deixar abater pelo tom frio de Raguel.
— Bem, seja o que for, esperamos que o monastério possa ajudar, ou ao menos te dar um pouco de paz. Os monges são muito acolhedores, e o lugar é realmente tranquilo.
Raguel deu de ombros, sem demonstrar interesse. Ela parecia incomodada com a companhia, mas continuava a seguir os dois sem questionar.
Depois de alguns minutos de silêncio, Tsering arriscou mais uma pergunta, tentando entender a misteriosa mulher ao seu lado.
— Raguel, você é daqui? De alguma das vilas? É raro ver alguém tão… preparada para o frio, ainda mais assim, sem jaqueta ou cobertores — disse ele, reparando nos pés descalços da mulher, na calça jeans rasgada e no top com seu seio praticamente todo de fora e os cabelos cobertos de neve, todo desgrenhados.
Raguel lançou um olhar afiado para ele, sua expressão séria.
— Eu não sou daqui. E o frio não me afeta.
Tsering assentiu, engolindo em seco e trocando um olhar com Dolma. Ela deu um leve sorriso, murmurando para ele:
— Bom, pelo menos ela nos disse o nome…
Continuaram o caminho, Dolma e Tsering voltando a conversar entre si sobre pequenas trivialidades do dia, sempre respeitando o silêncio de Raguel, mas observando-a com curiosidade.
*****
Raguel lançou um olhar distante para a fachada do monastério, uma expressão quase austera em seu rosto, que contrastava com o clima reverente do casal ao seu lado. Havia algo em seu semblante — uma rigidez fria, talvez até um toque de hostilidade — que a fazia parecer mais uma figura de proteção do que uma companheira de jornada. Ela mantinha-se ereta, analisando o templo com olhos aguçados, como se procurasse por algo além das pedras antigas e das bandeiras ao vento.
O casal, ciente do peso de sua presença, hesitou antes de dar o primeiro passo em direção ao portão. O homem lançou um olhar preocupado para Raguel, tentando decifrar o motivo de sua postura tão reservada. A mulher, por sua vez, manteve-se próxima, em silêncio, como se respeitasse o espaço invisível que Raguel parecia impor ao seu redor.
Conforme avançaram juntos, o som de seus passos ecoou nas pedras que cobriam o chão da entrada. O ar gelado da montanha os envolveu, e o murmúrio das bandeiras de oração, misturado ao vento, trouxe um toque quase sobrenatural ao momento. Raguel parou por um instante, olhando fixamente para as portas do monastério, antes de lançar um breve olhar ao casal, sua voz firme e contida.
— Bem, é um lugar bastante bonito. Me surpreendo com o que as pessoas são capazes de construir, e com o que eram capazes de fazer séculos atrás.
O casal trocou um olhar e sorriu, felizes por terem conseguido trazer Raguel até ali. Deram um passo adiante, e Raguel, mantendo sua expressão dura, seguiu logo atrás, uma presença constante e impenetrável, como se ela mesma fosse uma extensão das rochas que cercavam o templo. Ao cruzarem o portal, o monastério os envolveu em uma penumbra fria e serena, onde cada respiração parecia ecoar e cada movimento tornava-se uma promessa não dita.
Ao cruzarem o portal, o trio foi recebido por um grupo de monges, suas expressões tranquilas contrastando com o olhar inquieto de um jovem monge que parecia incapaz de desviar os olhos de Raguel. Ele mal conseguia conter a intensidade do que sentia ao vê-la; sua presença despertava algo dentro dele que ele nunca havia experimentado – um desejo incontrolável, bruto, e fora de lugar ali.
Primeiro ele se deteve em seu rosto. O rosto de Raguel era lindo, por mais que tivesse várias marcas de arranhões e machucados. Os olhos castanhos dela irradiavam força, e seus cabelos, mesmo desgrenhados e cobertos de neve, tinham um toque de selvageria que ele achava lindo.
Os olhos do monge percorriam cada centímetro dela, detendo-se na pele exposta de seu colo, onde o tecido se ajustava, insinuando o contorno de seus seios de maneira perturbadoramente sedutora. Ele notou o movimento de sua respiração; cada subida e descida do peito parecia puxá-lo para mais perto, instigando algo escuro e febril que ele sequer sabia nomear.
Mais abaixo, o monge observou sua cintura e a barriga lisa, cheia de curvas marcantes, cada detalhe parecendo uma afronta aos votos de controle e renúncia que ele fizera. Pensamentos intensos e proibidos inundaram sua mente, cada ideia mais ousada que a anterior. Ele se viu querendo estender a mão, tocar aquela pele que parecia tão macia, sentir o calor do corpo dela sob seus dedos, talvez até dominá-la, submeter aquele ser misterioso à sua vontade. Era um desejo inesperado, quase violento, que o assustava e o atraía com a mesma força.
Ele desviou o olhar por um instante, tentando retomar o autocontrole, mas a imagem dela parecia queimar em sua mente, cada detalhe incitando-o mais.
— Sejam bem-vindos! — o monge mais velho disse, e todos os outros abaixaram a cabeça em respeito. Nenhum convidado, ou mesmo o jovem monge, foi o último a abaixar a cabeça. Seus olhos estavam fixos no seio à mostra de Raguel.
Dolma e seu marido se aproximaram do monge chefe, e ela, falando em um tom baixo e gentil, quase em sussurros para não atrair a atenção dos outros, pediu:
— Mestre Tenzin, por favor, olhe para ela com a compaixão com que sempre olhou para mim.
Raguel estava afastada enquanto a guia e o monge Tenzin conversavam em voz baixa. Ela permitiu-se um momento de distração no hall de entrada do monastério. Seus olhos brilhavam de curiosidade ao observar as diversas decorações que adornavam o espaço. Ela disse, lançando um olhar rápido para Raguel, que esperava mais afastada:
— Raguel percorreu um caminho duro e chegou até aqui buscando algo que talvez nem saiba nomear. Está marcada pela jornada, e a aparência... bem, não é a que estamos acostumados, mas seu coração precisa de paz.
Ela hesitou por um instante, o tom da voz carregado de sinceridade.
— Eu sei que o senhor consegue ver além das roupas e da aparência, mestre. Raguel precisa de acolhimento. A sabedoria de vocês pode lhe trazer um alívio que não encontrará em outro lugar.
O monge Tenzin, falando com o mesmo tom baixo, respondeu, sua expressão transparecendo a gratidão pela preocupação dela.
— Minha filha — disse ele, com um tom sereno —, agradeço por trazer esta jovem até nós. O amor e a amizade que você demonstra são preciosos e necessários em momentos como este.
Ele fez uma breve pausa, refletindo sobre suas palavras antes de continuar.
— Acolheremos Raguel em nosso espaço, como sempre acolhemos aqueles que buscam auxílio. Todos aqui têm suas próprias lutas e cicatrizes, e este é um lugar de compaixão e cura. Que ela sinta a mesma bondade e paz que você sempre encontrou entre nós.
Tenzin então olhou para a jovem, um convite silencioso em seu olhar, indicando que ela era bem-vinda a se juntar à comunidade e a buscar o conforto que precisava.
Raguel parou diante de uma tapeçaria que pendia da parede, admirando os detalhes intricados que contavam histórias de antigas lendas e ensinamentos. As cores vivas dançavam à luz suave que filtrava através das janelas de vidro colorido, criando um espetáculo de luz e sombra no chão de pedra. Raguel ficou intrigada, tentando decifrar os significados por trás de cada símbolo bordado.
Seguindo em frente, Raguel caminhou até uma das colunas esculpidas que sustentavam o teto alto. Os padrões eram tão elaborados que pareciam ganhar vida sob seu toque. Ao passar a mão pelas formas ondulantes, sentiu a textura da madeira, um lembrete do cuidado e da devoção que haviam sido investidos na construção daquele espaço sagrado.
Raguel então notou uma mesa de altar decorada com flores frescas, cujas pétalas vibrantes traziam um toque de natureza ao ambiente sereno. Ela se aproximou, aspirando o aroma delicado e doce que emanava delas. A cena era tranquilizadora, uma antítese ao tumulto que ela carregava dentro de si. Ela, por aquele breve instante, se permitiu relaxar, algo que nunca havia feito em séculos de existência.
Ao longe, os murmúrios de meditação dos monges se misturavam ao som suave de uma fonte que jorrava, criando uma sinfonia de paz. Raguel sentiu seu coração se acalmar, mesmo que por um breve instante, enquanto permitia que a beleza do monastério a envolvesse, alheia à conversa que acontecia atrás dela.
Após assegurar ao casal que Raguel seria acolhida com carinho, o monge Tenzin se virou para um dos monges mais próximos, o jovem que a observava com atenção.
— Lobsang — começou Tenzin, chamando-o com uma voz suave —, por favor, leve a jovem até o alojamento. Ajude-a a se instalar e ofereça-lhe um lugar onde possa tomar um banho e se trocar.
Ele fez uma pausa, olhando com gentileza para Raguel.
— É importante que ela se sinta confortável e segura. Um pouco de água e um espaço tranquilo podem fazer maravilhas para acalmar o espírito.
O jovem monge Lobsang se afastou um pouco, seus olhos fixos em Raguel. Ele não conseguia evitar o olhar que percorria cada detalhe do corpo dela. As curvas perfeitas, acentuadas pela calça jeans rasgada e o top que deixava seu seio à mostra, despertavam nele uma mistura de curiosidade e desejo que o deixava nervoso.
A cada movimento de Raguel, Lobsang sentia seu coração acelerar. Ele se perguntava se ela estava ciente do efeito que causava, mas o pensamento logo se dissipava, sendo substituído por um turbilhão de emoções. Os olhares furtivos que lançava em sua direção eram carregados de uma vontade reprimida; ele se esforçava para manter a compostura, mas era difícil.
Quando Raguel se virou para admirar uma tapeçaria na parede, Lobsang não pôde deixar de observá-la, seus olhos percorrendo cada curva que se destacava sob a luz suave do hall. O calor subiu ao seu rosto, e ele rapidamente desviou o olhar, apenas para encontrá-la novamente com um novo movimento. A tensão em seu peito aumentava, enquanto ele lutava para ignorar o desejo crescente que a jovem despertava nele.
Ele lançou mais um olhar nervoso para Raguel, sentindo a excitação e a confusão se misturarem. Com cada instante que passava, o desejo de se aproximar e tocá-la se tornava mais intenso, um impulso que ele sabia que deveria resistir. Mas a batalha interna estava se tornando cada vez mais difícil de suportar.
Com um esforço visível, Lobsang finalmente decidiu se aproximar de Raguel, ainda nervoso, mas determinado a oferecer ajuda. Ele respirou fundo, tentando se acalmar enquanto dizia:
— Venha, eu a levarei até o alojamento.
Mas mesmo ao falar, não pôde evitar mais um olhar furtivo ansioso e cheio de emoção, que se fixou no seio quase todo à mostra em Raguel, absorvendo sua presença enquanto as palavras saíam de sua boca.
Lobsang começou a guiar Raguel por um caminho de pedras que serpenteava pelo monastério, o som de seus passos ecoando suavemente na quietude da noite. O céu estrelado iluminava levemente o caminho, enquanto lanternas penduradas em suportes de madeira lançavam um brilho suave sobre as paredes de pedra do monastério. Raguel olhava ao redor, fascinada pela arquitetura impressionante que se destacava contra a escuridão. As sombras dançavam nas superfícies, revelando os entalhes intrincados que representavam figuras de deuses e ensinamentos ancestrais.
— Eu me chamo Lobsang. E você? — ele perguntou, se forçando a não olhar para ela, mas falhando quando ela respondeu.
— Meu nome é Raguel.
Ele olhou fixamente para ela novamente. Agora ela estava tirando a neve do cabelo.
Raguel parou para admirar uma coluna esculpida, a luz das lanternas realçando os detalhes. Suas mãos tocaram a superfície áspera, e um sorriso de admiração surgiu em seu rosto. A beleza do lugar era mágica sob a luz suave da lua, e Raguel se permitiu deixar levar pela serenidade que emanava de cada canto. Naquele momento, ela havia esquecido por um breve instante sua fúria e Lúcifer.
Enquanto isso, Lobsang lutava para manter o foco na tarefa de guiá-la, mas a presença de Raguel era uma distração constante. Ele não conseguia evitar desviar o olhar para as curvas de seu corpo, especialmente quando ela se inclinava para examinar as tapeçarias, o top quase revelando mais de seu seio à mostra. O coração do jovem monge disparava, e o calor subia em seu rosto, suas mãos trêmulas enquanto tentava manter a compostura.
A cada passo que davam, Lobsang se forçava a concentrar-se na missão, mas o desejo que crescia dentro dele tornava isso cada vez mais difícil. Ele observava cada movimento dela, desde a maneira como seus cabelos caíam suavemente sobre os ombros até como sua silhueta se destacava na penumbra mágica do monastério.
"Respire, Lobsang, respire", pensou, tentando afastar os pensamentos proibidos. Mas mesmo assim, seus olhos não conseguiam resistir a explorar a figura dela mais uma vez. Cada instante ao lado de Raguel intensificava o conflito em sua mente, um misto de devoção e desejo que parecia consumir sua razão.
Finalmente, chegaram à porta de um alojamento simples, mas acolhedor. Lobsang abriu a porta, gesticulando para que Raguel entrasse, sua mente ainda tomada por imagens dela.
— Espero que você se sinta confortável aqui — disse ele, tentando manter a voz firme, mas a tensão era palpável. A jovem sorriu em resposta, e Lobsang sentiu seu coração disparar mais uma vez, enquanto o desejo e a confusão continuavam a borbulhar dentro dele sob o manto da noite estrelada.
Após Lobsang deixá-la sozinha no alojamento, Raguel fechou a porta e respirou fundo, aliviada por finalmente ter um momento de paz. O ambiente era acolhedor, e a luz suave de uma lamparina lançava sombras dançantes nas paredes. Com um leve sorriso, ela se despediu da tensão acumulada, permitindo-se relaxar.
Dirigindo-se ao pequeno banheiro, Raguel encheu a pia com água morna, o vapor suave subindo em seu rosto. Assim que a água tocou sua pele, sentiu-se renovada, como se cada gota levasse embora séculos de tensão, permitindo que a fúria que ela sentia sobre Lúcifer se dissipasse lentamente de sua mente. Ela se deixou afundar na sensação de calor, fechando os olhos e permitindo que os pensamentos voassem. O cheiro de ervas e o som da água a envolviam em um manto de tranquilidade.
Enquanto o banho a envolvia, Raguel refletiu sobre a calma que estava sentindo. Ela jamais havia sentido isso antes, liderando exércitos em guerras, mas nunca tinha tido muito tempo para si mesma, para relaxar. Ela iria relaxar o tempo que fosse necessário naquele tranquilo espaço e, quando chegasse a hora, ela iria matar Lúcifer. Mas, enquanto essa hora não chegasse, ela iria relaxar ao máximo. Afinal, ela merecia, não é?
Após alguns minutos, Raguel saiu do banho, sentindo-se revigorada. Ao se secar, ela sorriu, aliviada e tranquila, pronta para o que viesse a seguir. Estava tão absorta em seus pensamentos que não percebeu que o tempo havia passado.
*****
Enquanto isso, Lobsang, nervoso e ainda lutando contra a atratividade que Raguel despertava nele, voltou ao alojamento. Na mão, ele segurava uma túnica laranja, um presente simples, mas que representava a acolhida que o monastério oferecia. Ele hesitou por um instante na porta, sentindo o coração acelerar.
Bateu gentilmente na porta, sua voz nervosa saindo em um sussurro quando chamou:
— Raguel? É Lobsang. Eu trouxe uma túnica para você... é hora do jantar.
A tensão em sua voz traía seu nervosismo, enquanto ele esperava ansiosamente pela resposta dela, sem saber o que esperar.
De repente, a porta se abriu. Lobsang não conseguiu segurar a boca aberta ao ver Raguel completamente nua. Ele deixou a túnica cair de suas mãos enquanto olhava aquele banquete à sua frente, principalmente nos seios.
Ele se abaixou para pegar a túnica sem desviar os olhos nenhum momento do corpo de Raguel. Quando levantou, prendeu os olhos entre as pernas dela e, estendendo a túnica ainda sem jeito, disse com sua respiração acelerada, a voz tremendo de nervosismo:
— R-Raguel... eu... eu trouxe a túnica... p-para você vestir. E... está na hora do jantar, se você qu-quiser... os outros monges estão esperando...
Ele gesticulou com a túnica em suas mãos, tentando desviar o olhar, mas sua atenção era irresistivelmente atraída para ela.
— É... um jantar... simples, mas... mas muito bom, e... e seria legal se você se juntasse a nós — ele completou, gaguejando enquanto as palavras saíam apressadas, seu rosto aquecendo com a situação, seus olhos se prendendo a cada centímetro do corpo dela, que sorriu.
Aquele sorriso fez com que Lobsang quisesse abraçá-la, sentir aqueles seios lindos e com certeza macios contra seu corpo, fechar a porta do alojamento e conhecer melhor cada centímetro daquele corpo.
— Obrigada — ela disse, pegando a túnica e ali mesmo, na frente do monge, vestindo-a. Seus cabelos ainda estavam molhados, seus pés descalços.
Lobsang guiou Raguel pelo corredor iluminado do monastério, ambos vestidos com as túnicas simples que simbolizavam a vida monástica. À medida que se aproximavam da sala de jantar, o aroma acolhedor da comida caseira envolveu-os, uma mistura de especiarias e ervas frescas que evocava um sentimento de calor e comunidade.
Ao entrarem na sala, o ambiente estava repleto de monges sentados em longas mesas de madeira, com risadas suaves e conversas amenas ecoando nas paredes de pedra. A mesa era cuidadosamente posta com pratos de cerâmica rústica, repleta de alimentos simples, mas saborosos: um ensopado de legumes, arroz integral e pães caseiros. Um grande jarro de chá fumegante estava centralizado, pronto para ser compartilhado.
Lobsang conduziu Raguel até uma extremidade da mesa, onde duas cadeiras estavam dispostas lado a lado, prontas para recebê-los. Nervoso, ele puxou a cadeira para Raguel, um gesto respeitoso que ocultava sua inquietação. Assim que ela se sentou, Lobsang se acomodou ao seu lado, seu coração disparando enquanto tentava focar na conversa ao seu redor.
Os outros monges notaram a chegada dos dois e acenaram amigavelmente, mas Lobsang mal conseguia se concentrar. Ele sentia a presença de Raguel ao seu lado, e a ideia de estarem juntos naquele espaço, compartilhando uma refeição, o deixava nervoso e ao mesmo tempo animado. Enquanto a comida era servida, ele lançou um olhar discreto para Raguel, admirando sua presença e tentando não deixar que a ansiedade tomasse conta.
Enquanto a refeição começava, um monge mais velho, com longas vestes marrons e uma expressão serena, sentou-se do outro lado de Lobsang. Seu olhar profundo e gentil se fixou em Raguel, e um sorriso acolhedor iluminou seu rosto.
— Bem-vinda ao nosso monastério, jovem Raguel! — começou ele, com uma voz calma e profunda. — É uma honra tê-la aqui conosco. O que a trouxe a este lugar sagrado?
Raguel respirou fundo antes de responder. O monge a observava atentamente, como se tentasse entender não apenas suas palavras, mas também a história que elas carregavam.
— Eu vim parar aqui através daquele casal. O que me trouxe aqui, encontrei com eles no topo do Monte Everest.
Lobsang, olhando para ela com seus lindos olhos que explodiam muitos segredos, perguntou:
— É um lindo lugar para refletir, você não acha?
— Talvez seja, mas não estava lá porque eu queria. Alguém achou divertido me mandar para lá — respondeu ela com um pouco de hostilidade, o que fez o jovem monge se calar de imediato.
— Como você se sente desde sua chegada? — continuou o monge mais velho.
— Eu me sinto bem, muito obrigado por me acolherem aqui.
— A vida aqui é simples, mas cheia de paz e reflexão. Nós acreditamos que a conexão com a natureza e com os outros pode curar muitas feridas. Você encontrou alguma tranquilidade neste espaço?
Raguel, pela primeira vez em milênios de existência, soltou uma risada, o que fez Lobsang querer ouvir aquela risada para sempre.
— Em poucos momentos, pela primeira vez em toda minha vida, eu consigo sentir paz. Me sinto revigorada.
O monge mais velho fez uma pausa, permitindo que Raguel refletisse sobre suas palavras.
— E se me permite perguntar... — prosseguiu, inclinando-se um pouco para frente.— Você já teve alguma experiência que a tenha feito se sentir... desconectada de si mesma? Um momento em que sentiu que não era quem realmente deveria ser?
Ele fez uma pausa, suas palavras flutuando no ar.
— Às vezes, quando enfrentamos desafios em nossas vidas, nos perdemos em meio a frustrações e desilusões. É comum, mesmo para aqueles que têm grandes objetivos, como você. Por favor, sinta-se à vontade para compartilhar, se isso não a incomodar.
A pergunta pairou no ar, um pouco constrangedora, mas com uma sinceridade que buscava tocar o coração de Raguel. Lobsang, ao lado, percebeu a intensidade do momento e segurou a respiração, esperando que a jovem se sentisse confortável o suficiente para abrir seu coração.
Raguel pensou por um momento, observando o monge à sua frente. A pergunta a deixou refletindo sobre sua própria existência.
— Desconectada?... É um sentimento que me persegue...
Ela começou, sua voz firme, mas com uma leve vulnerabilidade. — Durante tanto tempo, nunca consegui relaxar de verdade. Sempre estive em guerra — comigo mesma e com o que está ao meu redor.
Ela fez uma pausa, sentindo as emoções tumultuadas à flor da pele.
— E não se engane, não é fácil se sentir assim. Esse lugar... é diferente. Há uma calma aqui que, de certa forma, me irrita. A sensação de paz é quase uma lembrança do que eu nunca tive. vocês não sabem como é, durante a minha vida toda nunca me permiti relaxar por um instante sequer. Eu não podia, e eu não posso! Eu sempre estive tão focada em lutar, em me preparar, que perdi de vista o que é viver.
O olhar de Raguel se endureceu, mas sua voz carregava uma sinceridade inesperada.
— Sim, houve momentos em que me senti completamente desconectada, como se estivesse assistindo à vida passar, enquanto tudo ao meu redor tentava me puxar para baixo. E para ser honesta, isso é frustrante. É como se cada plano que fiz para superar esses obstáculos... sempre falhasse. Mas quem sou eu para reclamar, não é? Afinal, aqui estou eu, com a oportunidade de encontrar um pouco de paz mas não posso deixar de pensar... pensar que é certo o que eu devo fazer... pensar nele
Ela deu um soco na mesa.
— Por mais que eu queira... e me sinto confortável em relaxar, sei que não posso relaxar para sempre. Devo voltar para o meu caminho e...
Ela parou abruptamente, a expressão mudando enquanto ela lutava contra a nova sensação de vulnerabilidade que surgia. O monge, em seu silêncio, parecia entender, mas Raguel não estava pronta para abrir mais seu coração:
— Desculpe, mas não posso me perder em devaneios. -
Ela finalizou, sua voz agora mais contida. — Isso não me levará a lugar algum.
Desviando o olhar, ela sentiu o peso das emoções crescendo dentro de si, e também havia outra coisa, algo maior do que ela.
— Preciso de um momento... -
Murmurou, antes de se afastar da mesa, sua mente fervilhando com pensamentos confusos enquanto deixava os monges surpresos.
Ela saiu do refeitório se sentindo estranha com suas emoções. E havia algo estranho: ela não sentia a mesma força de antes.
Foi quando olhou para o céu e viu uma chuva de estrelas que começou a cair diante seus olhos. Mas olhando com mais atenção ela percebeu que não eram estrelas, eram anjos que estavam caindo
*****
Depois de algum tempo, Lobsang e os outros monges saíram para ver o espetáculo da chuva de estrelas. Eles observavam pelas janelas enquanto comiam.
O último anjo a cair chamou a atenção de Raguel, que sentiu um impacto diferente ao ver o fenômeno.
— Lobsang, você poderia me acompanhar até o meu alojamento? Acho que esqueci o caminho.
Lobsang assentiu e seguiu ao lado dela, reparando cada vez mais em Raguel, percebendo não só sua beleza exterior, mas algo mais profundo nela.
Quando chegaram ao alojamento, Lobsang, percebendo o quanto ela parecia perturbada, perguntou com gentileza:
— Você está bem?
— Não… Quer dizer… Me sinto estranha. É tudo muito estranho. - Respondeu Raguel, como se estivesse sentindo, de maneira ainda incerta, a mudança em sua própria essência.
Ela sabia que agora era apenas uma mortal, e o peso disso parecia confundir seus pensamentos.
Lobsang, achando que seria melhor deixá-la descansar, deu meia-volta para sair, mas Raguel o chamou:
— Lobsang, fique…
Ele parou, surpreso.
— O que foi? - Perguntou ele.
— Meu mundo… Ele desmoronou. Tudo o que eu era, tudo o que eu conhecia, ficou para trás. - Ela respondeu com a voz entrecortada, como se estivesse à beira de perder o controle.
Então, sem esperar mais, Raguel deslizou sua túnica pelos ombros, deixando-a cair no chão, sem se dar conta do efeito que isso causava no monge.
— Quero dizer, Lobsang, que pela primeira vez na minha vida estou… sem amarras, sabe, eu estou sem chão...
Mas as palavras de Raguel já não chegavam a ele com clareza; Lobsang estava hipnotizado pela visão dela. Seus olhos percorriam os detalhes de seu corpo com reverência, admirando a suavidade de sua pele, que refletia a luz do ambiente de uma forma quase etérea.
Raguel caminhava pelo quarto com uma graça natural, o movimento dos ombros revelando uma delicadeza contrastante com a força contida em seu olhar. Seus braços longos e esguios acompanhavam o balanço suave de seu andar, e sua silhueta, delineada e firme, destacava-se sob a luz. Seu corpo possuía uma beleza singular, de formas harmoniosas, com curvas discretas mas bem definidas. Os seios pequenos, mas delicadamente moldados, moviam-se com sutileza, seus mamilos endurecidos pelo frio da noite, ou talvez pelo próprio mistério do momento.
Lobsang observava, fascinado, o contorno de sua cintura fina, que acentuava ainda mais a curva natural dos quadris. As pernas longas e firmes deslizavam pelo chão com a suavidade de alguém que parecia não ter peso, e ele sentiu o olhar seguir cada detalhe — das coxas torneadas até os pés leves, que se moviam com graça. O contraste entre a força e a delicadeza de seu corpo parecia uma expressão de toda a complexidade de sua alma.
E, antes que ele pudesse se dar conta, Raguel se aproximou e fechou a porta atrás de si, deixando-os a sós naquele momento que parecia suspenso no tempo.
Enquanto Raguel se movia para fechar a porta, Lobsang sentiu uma onda de pensamentos o invadir, cada um mais conflituoso que o outro. Ele sabia que deveria manter sua disciplina, lembrar-se dos votos feitos — o compromisso com a pureza, a entrega à meditação e à paz. Mas, naquele instante, tudo isso parecia uma lembrança distante, algo frágil diante da visão que tinha à sua frente.
Seu olhar seguiu o movimento dela, notando cada detalhe enquanto Raguel se afastava, de costas para ele. Ele não conseguia ignorar a graça de suas costas nuas, o contorno delicado de seus ombros e a curva acentuada de sua cintura, que se desdobrava em quadris marcantes. Ali, sua atenção foi capturada pela perfeição dos glúteos, bem delineados e firmes, movendo-se suavemente a cada passo. A forma arredondada e a pele suave faziam seu coração bater mais rápido, e ele se viu hipnotizado, incapaz de desviar o olhar.
A cada segundo, seus pensamentos vacilavam entre o desejo crescente e a culpa por permitir que seu autocontrole se esvaísse tão facilmente. Ele se perguntava se, por um único momento, poderia abandonar seus votos, deixar para trás o caminho que havia seguido por toda a vida. Seria um sacrilégio? Ou seria uma rendição natural, uma entrega ao que agora parecia inevitável?
Mas, olhando para Raguel, ele percebeu que não era apenas um desejo passageiro. Era algo mais profundo — uma vontade de conhecer e sentir a vida em toda sua intensidade, de entender o que significava se conectar com outra alma em um nível físico e emocional. Mesmo que isso significasse abandonar tudo o que ele jurou, uma parte dele estava disposta a arriscar.
Raguel virou-se para ele, o olhar calmo e expectante, como se soubesse da batalha interna que ele enfrentava. E, naquele instante, Lobsang percebeu que estava à beira de uma decisão que mudaria tudo.
Raguel percebeu o olhar de Lobsang, intenso, quase devoto. O desejo dele estava estampado em seu rosto, uma mistura de fascínio e hesitação, como se ele lutasse contra o próprio coração. Ela compreendeu, naquele momento, o poder que exercia sobre ele. Mas mais do que isso, sentiu a curiosidade despertar em seu próprio peito — a curiosidade de saber o que significava ceder a essa atração, permitir-se sentir e tocar como os humanos faziam. Afinal, agora ela própria era uma humana. Então por que ela não deveria experimentar esse desejos? Ninguém poderia julgar. Os anjos tinham caído, eram todos humanos agora, e ela ia precisar pensar bastante antes de tentar matar Lúcifer. Então, naquela noite, ela podia relaxar.
Ela se aproximou devagar, observando a maneira como Lobsang a olhava, sua respiração entrecortada, os olhos fixos nela. Pela primeira vez ela entendia o que era ser desejada de uma forma tão humana, tão crua e verdadeira. Sentiu um leve arrepio percorrer sua pele e se perguntou se esse era o tipo de conexão que os humanos buscavam, algo que ia além de palavras e pensamentos, algo que falava diretamente ao corpo e à alma.
— Lobsang... - Sua voz saiu baixa, quase um sussurro, enquanto o chamava para mais perto.
Ela quase podia escutar as batidas do coração dele, sua respiração entrecortada, suplicante, cheia de desejo e medo; pois ela sabia que ele tinha medo do que podia acontecer.
Ele deu um passo, hesitante, mas seus olhos estavam cheios de uma intensidade que a fazia se sentir exposta e ao mesmo tempo, estranhamente, segura. Sem dizer nada, Raguel estendeu a mão, tocando o rosto dele com uma suavidade quase reverente. Ela podia sentir o calor sob sua pele, a pulsação acelerada. Era como se, naquele toque, ela estivesse descobrindo uma parte nova de si mesma, uma que nunca imaginou que existisse, Ela descobriu amor e felicidade.
Lobsang fechou os olhos por um momento, respirando fundo enquanto sua mão se ergueu lentamente, repousando sobre a dela. A expressão em seu rosto era de entrega e conflito, um monge à beira de quebrar todos os votos, mas ao mesmo tempo, alguém que queria, desesperadamente, viver aquele momento.
— Se… você está certa disso... -
murmurou ele, a voz vacilante, mas carregada de emoção.
Raguel sorriu levemente. Ela sabia que estava prestes a romper todas as barreiras, mas sentia que era algo que precisava experimentar, que queria experimentar. E naquele instante, movida tanto pela curiosidade quanto pelo desejo, ela assentiu.
— Eu sempre estive certa de tudo que fiz na minha vida, o único aqui que tem que ter certeza é você, eu não sou um monge não fiz nenhum voto.
Então, lentamente, ela se inclinou, aproximando seus lábios dos dele, até que o toque suave se transformou em um beijo — um gesto simples, mas carregado de uma intensidade que nenhum dos dois poderia prever. E, juntos, se entregaram ao momento, explorando uma conexão que transcendia tudo o que já haviam conhecido, cada um descobrindo um lado novo de si mesmo e do outro.
Lobsang sentiu a suavidade dos lábios de Raguel contra os seus, e uma onda de sensações invadiu seu ser. O beijo, inicialmente tímido, logo se intensificou, como se uma corrente elétrica passasse entre eles, aquecendo cada parte de seus corpos. Ele se permitiu esquecer por um instante as regras, os votos, o peso de ser quem era. Neste momento, eram apenas eles, dois seres que se encontraram em um mundo caótico, buscando um pouco de paz em meio à tempestade.
Raguel percebeu que havia algo profundamente libertador naquele beijo. Era uma forma de expressão que superava palavras, uma entrega que desafiava a lógica e o entendimento. Ela se afastou ligeiramente, seus rostos ainda tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro. Os olhos de Lobsang estavam repletos de uma mistura de espanto e alegria, como se ele estivesse vendo a luz pela primeira vez.
— O que isso significa para nós? - Ele perguntou, a voz embargada, ainda capturada pela intensidade do momento.
— Não sei, mas talvez isso não precise de um significado agora. Podemos apenas sentir.
Com um gesto delicado, ela segurou a mão dele, sentindo a firmeza e a fragilidade do toque, e o conduziu pelo quarto, onde a luz suave da lua se filtrava pelas cortinas, criando padrões dançantes no chão de madeira. O espaço estava impregnado de um ar de intimidade, envolto em sombras e em suaves brilhos prateados. Ali, naquele ambiente acolhedor, tudo parecia possível. Raguel nunca imaginara que um simples toque e um beijo poderiam trazer tanto significado e complexidade à sua nova existência.
Ela se sentou na beirada da cama, puxando Lobsang para mais perto, e a proximidade os envolveu em um calor compartilhado. Olharam um para o outro, e as palavras se tornaram desnecessárias. O silêncio entre eles estava repleto de compreensão, uma promessa silenciosa de que estavam dispostos a explorar essa nova realidade juntos, mesmo que as sombras do passado ameaçassem interferir.
— Raguel... - Lobsang começou, hesitando, como se as palavras estivessem entaladas em sua garganta. - O ambiente se tornava mais apertado à medida que o que estava em jogo se tornava mais real. — Eu não quero que você se machuque por causa de mim.
— E eu não quero que você se machuque por causa de mim. - Ela respondeu, um sorriso triste aparecendo em seus lábios, enquanto olhava nos olhos dele. — Só nessas últimas horas meu mundo virou de cabeça para baixo e estou enfrentando coisas que nunca sonhei em enfrentar até estou aqui com você hoje, o medo não é algo que deve me abalar, mas se você não quiser e não estiver pronto compreendo, saio do mosteiro imediatamente e você nunca mais torna a me ver.
Ele assentiu, mas a incerteza ainda dançava em seu olhar. A determinação estava lá, mas mesclada com uma insegurança profunda, como se cada passo que desse pudesse levá-lo a um precipício. Se ela estava disposta a correr o risco, ele se perguntava se teria a mesma coragem.
Enquanto se sentavam juntos, a luz da lua iluminava seus rostos e Raguel sentiu o peso de sua nova vida, das escolhas que ainda teria que fazer, mas, por um momento, isso tudo parecia distante. O que importava era aquele instante, a promessa de novas experiências e a oportunidade de descobrir o que significava amar e ser amada.
*****
A tensão no ar aumentava, e o coração de Lobsang batia descompassado. Ele se aproximou ainda mais, sua mão acariciando o rosto de Raguel com um toque suave e reverente, como se ela fosse uma flor delicada que pudesse se desintegrar ao mais leve movimento. Mas a hesitação o consumia; ele estava atormentado por seus próprios demônios, e a ideia de se entregar a esse momento o deixava paralisado.
— E se tudo der errado? -
Ele murmurou, sua voz trêmula, revelando a vulnerabilidade que ele tentava ocultar.
— E se tudo der certo?
Raguel respondeu, abrindo os olhos para encontrá-lo com um olhar cheio de esperança e firmeza.
— Devemos nos permitir descobrir. O mundo é vasto, e nós somos livres para explorá-lo juntos.
Lobsang hesitou mais uma vez, sua mente lutando contra o desejo que fervilhava em seu peito. Ele queria Raguel, mas o medo de se machucar e de machucá-la o mantinha à distância. O que aconteceria se o peso do passado o arrastasse de volta? Se tudo o que ele amava fosse tirado dele novamente?
— Raguel... - Começou ele, a luta visível em seu rosto. — E se eu não conseguir ser quem você precisa?
— Você não precisa ser perfeito, Lobsang. Só precisa ser você mesmo. - Ela respondeu, sua voz naquele dia pela primeira vez estava tranquila, cheia de compreensão. — Isso já é o suficiente para mim, e não se preocupe com nada deixa que eu luto por nós dois. Juro, mato quem for necessário.
A coragem dela o tocou, e ele sentiu uma centelha de esperança nascer em seu coração. Lobsang se inclinou, capturando os lábios de Raguel em um beijo suave, mas hesitante, uma declaração silenciosa que refletia não só o desejo, mas também a luta interna que travava. O beijo, embora carregado de anseio, era um pedido de permissão, um reconhecimento de que mesmo o medo tinha seu lugar naquele momento.
E enquanto suas almas se tocavam, o peso de suas histórias passadas começou a se dissipar. Raguel percebeu a luta dele, mas também viu a determinação crescer em seu olhar. O amor, aquele amor humano e imperfeito, pulsava entre eles, e ao olhar nos olhos de Lobsang, Raguel soube que estava exatamente onde deveria estar, disposta a aceitar o que o futuro reservasse para eles. A conexão entre eles era a promessa de que, juntos, poderiam enfrentar os desafios que a vida lhes apresentasse.
Raguel ainda beijava Lobsang quando, com um gesto suave ela , começou a retirar a túnica que o cobria seu corpo. No entanto, ao perceber a tensão dele, ela se afastou ligeiramente, notando o olhar distante e preocupado que se formou em seu rosto.
Raguel franziu a testa, uma mistura de preocupação e compreensão.
— Está Tudo bem, Lobsang. Não quero que você se sinta pressionado.
Ele respirou fundo, lutando contra os pensamentos que o assombravam.
— Eu quero isso. - Disse ele, a sinceridade em sua voz. — Mas… e se isso mudar tudo?
O olhar dela se suavizou ao ouvir isso. Ela percebeu que o que Lobsang temia não era a proximidade em si, mas as consequências que poderiam advir de sua conexão.
— E se mudar para melhor? -
Questionou Raguel, inclinando-se um pouco mais perto, a mão acariciando suavemente o braço dele. — Às vezes, o desconhecido pode ser assustador, mas também pode trazer coisas maravilhosas.
Ele hesitou, a luta interna evidente em seu olhar.
— Eu não sei o que esperar. O que estamos fazendo aqui, isso é... intenso. E se nos perdemos no caminho?
— Não vamos nos perder
ela respondeu com convicção.
— Estamos juntos, e essa conexão que sentimos é algo raro. Não devemos deixar o medo do que pode acontecer nos impedir de viver o agora.
Lobsang olhou profundamente nos olhos dela, buscando alguma certeza, alguma resposta. O desejo que sentia por Raguel estava entrelaçado com a apreensão, mas a sinceridade em sua expressão começou a dissipar suas dúvidas.
— Você realmente acha que podemos enfrentar isso? -
Ele perguntou, vulnerável, mas ao mesmo tempo esperançoso.
— Sim, eu acredito, e mato qualquer um que nos impedir. - Raguel sorriu, seu coração pulsando forte. — O amor é um risco, e eu estou disposta a correr esse risco se você também estiver.
Lobsang hesitou por um momento, mas a determinação e a luz nos olhos de Raguel o encorajaram. Ele se inclinou mais perto, capturando os lábios dela em um beijo suave. Era uma declaração silenciosa, um passo para explorar o desconhecido juntos.
O calor do momento envolveu os dois, e as preocupações começaram a se dissipar, enquanto eles se entregavam à magia da conexão que estavam criando. Ali, sob a luz da lua, um novo capítulo se desenrolava em suas vidas, e Raguel soube que, independentemente do que o futuro reservasse, estavam prontos para enfrentá-lo juntos.
*****
Raguel e Lobsang se entregaram ao momento com uma intensidade que os envolveu como um manto suave. A tensão que havia pairado entre eles se desfez à medida que as dúvidas se evaporavam, dando lugar a uma conexão profunda e visceral.
Lobsang agora sem nenhuma preocupação e de forma desesperada muito ansioso puxou Raguel para mais perto, seus corpos se entrelaçando enquanto as mãos dele exploravam cada curva do corpo dela fazendo ela soltar suspiros enquanto o beijava vorazmente, ele a explorava , como se estivesse descobrindo uma terra desconhecida. O toque dele era ao mesmo tempo cauteloso e urgente, como se quisesse memorizar cada detalhe. Raguel sentiu o calor subir por sua pele, e cada toque acendia uma chama de desejo que se espalhava por todo seu ser.
Ela retribuiu, suas mãos deslizando sobre o torso dele, admirando a musculatura tensa e o calor emanando de seu corpo. O mundo exterior desapareceu; havia apenas eles dois, imersos em uma dança antiga, onde cada movimento e cada suspiro contavam uma história de descoberta e entrega.
À medida que a intensidade aumentava, eles se deixaram levar pela paixão que os consumia. Lobsang, em um impulso, deslizou suas mãos para baixo na vagina de Raguel e a massageou fazendo ela gemer baixinho.
Ele puxou Raguel para mais perto, seus corpos se fundindo em uma sinfonia de sensações. O toque da pele dela contra a dele era como eletricidade, e a atmosfera ao seu redor pulsava com a energia do momento.
Raguel, agora completamente ciente de sua humanidade, se entregou ao prazer que o sexo proporcionava. Seus lábios se encontraram novamente, e cada beijo se tornou mais profundo, mais urgente, enquanto eles se moviam em um ritmo natural, como se fossem parte de uma coreografia cósmica.
As respirações se tornaram mais rápidas e ofegantes, e o mundo exterior se desfez em um borrão indistinto. No quarto iluminado pela luz da lua, eles se tornaram um só, entregando-se ao momento com um fervor que transcendia palavras.
As sensações se intensificavam, cada toque e cada movimento alimentando o desejo que crescia entre eles. Raguel se sentiu livre e viva, como se cada célula de seu corpo estivesse vibrando em uníssono com Lobsang. E ele, com olhos cheios de paixão, a observava com uma adoração que a fazia sentir-se mais do que apenas desejada — fazia-a sentir-se amada.
Naquele instante, enquanto se entregavam ao prazer e à intimidade, Raguel e Lobsang descobriram não apenas o corpo um do outro, mas também suas almas, entrelaçadas em uma nova e linda realidade que se desenrolava diante deles. Com cada suspiro, cada gemido, eles se tornaram mais do que o que eram antes, explorando não apenas seus corpos, mas também a essência do que significava amar verdadeiramente.
*****
Na manhã seguinte, a luz do sol filtrava-se através das janelas do monastério, aquecendo o ambiente com um brilho suave. Lobsang sentia o peso do que havia decidido enquanto caminhava pelos corredores silenciosos, seus pensamentos ainda ecoando com a intensidade da noite anterior. A sensação de ter se entregado a Raguel era uma mistura de alegria e determinação, mas agora ele precisava ser honesto consigo mesmo e com os outros.
Ele parou diante da porta do líder dos monges, Tenzin, seu coração batendo com força. O respeito e a reverência que sentia pelo homem que estava prestes a encontrar tornavam a tarefa ainda mais desafiadora. Lobsang respirou fundo, reunindo coragem, e bateu levemente na porta.
— Entre, — chamou uma voz forte e serena.
Lobsang empurrou a porta e entrou. O Tenzin, um homem idoso de longas barbas brancas e olhos sábios, estava sentado em uma mesa simples, cercado por livros e pergaminhos. Ao vê-lo, Lobsang sentiu um misto de respeito e insegurança, mas estava decidido.
— Mestre Tenzin, - começou Lobsang, a voz firme, embora seu coração estivesse acelerado. — Venho até você hoje com um pedido importante.
Tenzin olhou para ele, seus olhos penetrantes avaliando a sinceridade nas palavras do jovem monge.
— O que deseja, Lobsang? -
Perguntou Tenzin, com um tom que transmitia tanto interesse quanto sabedoria.
— Eu quero renunciar à vida no monastério. -
Disse Lobsang, sentindo a gravidade de sua declaração.
— E peço sua bênção para me casar com Raguel.
Houve um momento de silêncio. Tenzin observou Lobsang com atenção, como se estivesse pesando as implicações da declaração. O jovem monge sentia o olhar do mestre penetrar em sua alma, buscando entender não apenas suas palavras, mas suas intenções.
— Você entende o que está pedindo? A vida no monastério é uma jornada de renúncia e devoção, uma busca pela iluminação. O casamento representa um compromisso diferente, com uma mulher e com as responsabilidades que vêm com isso.
— Eu entendo. -
Lobsang respondeu, a determinação ressoando em sua voz. — Mas a experiência que tive com Raguel me mostrou que o amor é uma forma de iluminação própria. Não posso ignorar o que sinto por ela. O que vivemos é real e significativo. Eu desejo construir uma vida ao lado dela, aprender e crescer juntos.
Tenzin continuou a observá-lo, as rugas em sua testa se aprofundando enquanto considerava as palavras do jovem. Finalmente, ele se inclinou um pouco para frente.
— O amor é uma força poderosa, Lobsang. - Disse Tenzin, sua voz suave, mas firme. — Mas deve ser acompanhado de responsabilidade. Você realmente está disposto a deixar para trás a vida no monastério e enfrentar as dificuldades que vêm com essa escolha, por uma mulher que você acabou de conhecer?
Lobsang hesitou por um momento, sentindo o peso da pergunta. Ele havia conhecido Raguel apenas No dia anterior, e ainda havia tantas incertezas sobre o que o futuro poderia reservar. O amor que sentia por ela era intenso e genuíno, mas sua mente estava repleta de dúvidas. Ele olhou nos olhos do líder, buscando a sabedoria que sempre lhe fora oferecida.
— Estou. — Respondeu ele, sua voz começando a falhar levemente. — Quero ser um homem melhor, não apenas por mim, mas por Raguel e pelo futuro que podemos construir juntos. Mas...
Ele hesitou, a vulnerabilidade transparecendo em seu olhar.
— É realmente certo eu me comprometer assim? Abandonar tudo? nós dois ontem nos entregamos um ao outro.
Tenzin o observou com uma expressão de compreensão, como se percebesse as tempestades internas que Lobsang enfrentava.
— O amor verdadeiro é um caminho cheio de riscos, Lobsang. É preciso coragem para abraçar o desconhecido, especialmente quando se é jovem e ainda se está descobrindo o próprio coração. Vocês acabaram de se conhecer, e o que foi vivido entre vocês até agora foi intenso. Mas você tem certeza de que deseja seguir por esse caminho? Deixar a vida de devoção que construiu e se lançar em algo tão incerto?
Lobsang sentiu a pressão nas palavras de Tenzin. Ele pensou em Raguel, em sua força e beleza, e na conexão que ambos haviam criado tão rapidamente. Era uma explosão de sentimentos que ele nunca imaginou que poderia experimentar. A ideia de estar ao lado dela, de construir um futuro, era irresistível.
— É uma decisão difícil, — continuou o mestre, sua voz carregada de sabedoria. — O amor pode ser uma luz, mas também pode trazer sombras. Estar ao lado de Raguel é maravilhoso, mas você deve considerar as implicações desse amor. Está preparado para os desafios que vêm junto com a alegria?
A determinação de Lobsang começou a se fortalecer. Ele queria Raguel ao seu lado, não apenas pelo que sentiam um pelo outro, mas pelo potencial que vislumbrava em sua união.
— Eu quero enfrentar o que vier.— Disse Lobsang, sua voz mais firme. — Quero explorar o que somos juntos, mesmo que isso signifique abrir mão de tudo o que conheço. O que vivemos não é apenas um capricho; é real, e estou disposto a me comprometer com isso.
O líder sorriu levemente, um brilho de aprovação nos olhos.
— Então, que você tenha coragem em sua nova jornada. Eu dou minha bênção para o seu casamento com Raguel. Que seu amor seja um guia em sua vida, assim como a busca pela iluminação. Lembre-se de que, mesmo fora do monastério, o caminho do coração também é um caminho de sabedoria.
Lobsang sentiu um alívio profundo, como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros. Ele agradeceu com uma reverência profunda, a gratidão transparecendo em seu olhar.
— Obrigado, mestre Tenzin. Prometo que honrarei este compromisso.
Enquanto Lobsang se afastava, um novo senso de propósito o preenchia. Ele havia dado um passo ousado, não apenas em direção ao amor, mas também a uma nova vida que estava apenas começando. A dúvida ainda pairava em sua mente, mas agora era acompanhada pela certeza de que estava pronto para enfrentar o que quer que o futuro reservasse.
Com o coração leve e uma nova determinação, ele se dirigiu para encontrar Raguel, ansioso para compartilhar a notícia e construir o futuro que ambos desejavam. O ar estava fresco e o sol começava a se erguer no horizonte, simbolizando o início de um novo dia e de uma nova vida.
*****
O dia do casamento de Lobsang e Raguel amanheceu claro e ensolarado no Monastério de Pangboche, um local que pairava majestoso sobre as montanhas do Himalaia. Com suas paredes de pedra e telhados de madeira, o monastério exibia um charme rústico, imerso na serenidade do ambiente ao seu redor. O céu azul se estendia sem fim, e o som distante do vento entre as árvores criava uma atmosfera de paz.
Os monges, vestindo suas túnicas tradicionais em tons de laranja e vermelho, se reuniram no pequeno pátio do monastério, onde a vista deslumbrante das montanhas ao fundo servia como um cenário perfeito para a cerimônia. Tenzin, o mestre, estava à frente, com uma expressão tranquila, preparado para conduzir a cerimônia com sabedoria e respeito.
Lobsang estava nervoso, mas a expectativa e a alegria superavam qualquer incerteza. Ele aguardava ansiosamente a entrada de Raguel, que estava prestes a se tornar sua esposa.
Quando Raguel apareceu, a luz do sol iluminou seu rosto, e um brilho inconfundível emanava dela. Vestida com um simples, mas elegante vestido branco que parecia brilhar sob o sol, seu olhar refletia pura felicidade. A brisa suave fazia suas mechas de cabelo dançarem ao redor, e seus olhos brilhavam com amor e determinação. Lobsang sentiu seu coração disparar ao vê-la.
Os poucos convidados — monges e o casal que tunham ajudado apoiado Raguel — se organizaram ao redor, formando um círculo respeitoso. A atmosfera estava impregnada de amor e expectativa.
— Estamos aqui hoje para celebrar a união de Lobsang e Raguel, — começou Tenzin, sua voz ecoando suavemente no pátio. — Um amor que floresceu em meio a desafios e incertezas, mas que encontrou força na coragem de se entregar um ao outro. O que eles escolheram construir juntos é um testemunho do poder do amor e da devoção.
Lobsang e Raguel se encararam, sorrisos radiantes iluminando seus rostos. As palavras do mestre os envolveram, reforçando a certeza de que estavam fazendo a escolha certa.
— O amor, assim como a luz que irrompe pelas montanhas ao amanhecer, deve ser cultivado todos os dias, — continuou Tenzin. — Que este compromisso que vocês estão prestes a fazer seja um reflexo de sua disposição de crescer juntos, enfrentando as adversidades e celebrando as alegrias.
Ele então se virou para Lobsang.
— Lobsang, você aceita Raguel como sua esposa, prometendo amá-la e respeitá-la em todos os momentos, nas alegrias e nas tristezas?
— Aceito, — respondeu Lobsang, sua voz firme, cheia de emoção.
Tenzin virou-se para Raguel.
— E você, Raguel, aceita Lobsang como seu esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo em todos os momentos, nas alegrias e nas tristezas?
— Aceito, — ela respondeu, sua voz clara e decidida, transbordando amor.
Tenzin sorriu e, diante da presença dos convidados, fez um gesto simbólico, unindo as mãos do casal.
— Que a união de Lobsang e Raguel seja abençoada, e que cada dia juntos seja uma nova oportunidade de aprender, amar e crescer.
Em seguida, Tenzin fez uma breve oração, pedindo bênçãos de felicidade e proteção para a nova vida que os dois estavam prestes a começar. Os monges se juntaram em um cântico suave, criando uma atmosfera mágica e sagrada ao redor do casal, ecoando pelo vale montanhoso.
Após a oração, Lobsang e Raguel trocaram simples alianças, cada uma representando o compromisso eterno que faziam um ao outro. A cerimônia foi breve, mas repleta de significado, assim como a própria essência do monastério, que sempre acolhera aqueles que buscavam paz e sabedoria.
Ao final, Tenzin olhou nos olhos do casal, seu semblante sério se suavizando em um sorriso.
— Que seu amor seja sempre uma luz, mesmo nos momentos mais sombrios. Agora, com a bênção da comunidade e do cosmos, eu os declaro unidos em matrimônio.
Os convidados aplaudiram com alegria, e Lobsang e Raguel se abraçaram, sentindo a emoção de um novo começo. A cerimônia simples, cercada pela beleza natural do Monastério de Pangboche e pela presença dos monges, refletia a essência de seu amor: verdadeiro e sincero.
Depois da cerimônia, o grupo se reuniu para celebrar com um pequeno banquete, rindo e compartilhando histórias sobre o casal, que agora se preparava para embarcar em uma nova jornada juntos, com esperança e amor no coração, sob as majestosas montanhas que sempre foram testemunhas de tantos destinos.
*****
Após a cerimônia de casamento no Monastério de Pangboche, Raguel e Lobsang se retiraram para um local tranquilo, onde as montanhas cercavam o espaço como guardiãs majestosas. O sol começava a se pôr, tingindo o céu com tons de rosa e laranja, criando um ambiente mágico que parecia prometer novos começos.
Enquanto admiravam a paisagem, Raguel virou-se para Lobsang, seu olhar cheio de determinação Então ela contou sua história, contou quem era e tudo que já foi, e contou tudo sobre Lúcifer. Ela tinha medo que ele não acreditasse mas ele acreditou em cada palavra que ela disse.
Ela deu mais um beijo profundo nele e depois disse:
— Agora que estamos juntos, sinto que devemos fazer algo grandioso. — sua voz era firme, mas suave. — O mundo precisa de proteção, e acredito que podemos formar um exército nas montanhas do Himalaia.
Lobsang a olhou, surpreso, mas rapidamente sua expressão se transformou em um sorriso.
— Você está falando sério? Um exército de ninjas?
— Sim! — ela exclamou, empolgada. — Homens e mulheres que se unirão a nós para proteger aqueles que não podem se defender. Treinaremos todos os dias, aperfeiçoando nossas habilidades e formando um grupo forte e coeso.
A ideia a estimulava, e Lobsang sentiu a mesma paixão ardente em seu coração. Ele sabia que a visão de Raguel poderia se tornar uma realidade, e a perspectiva de lutar ao lado dela era inspiradora.
— E nós estaremos juntos nisso, — Lobsang afirmou, a determinação ecoando em sua voz. — Vou treinar com eles. Quero ser um líder que inspire outros a lutar por um propósito maior.
— Precisamos de um plano, — disse Raguel, já começando a elaborar ideias. — Primeiro, vamos convocar aqueles que têm interesse em se juntar a nós. Depois, podemos organizar um campo de treinamento nas montanhas, longe dos olhos curiosos.
Lobsang concordou, sentindo a adrenalina percorrer seu corpo.
— Podemos aproveitar as cavernas e os vales ao redor. Assim, os treinos serão mais discretos e podemos nos mover rapidamente, — sugeriu ele.
Ela assentiu e abraçou ele novamente, e mais uma vez um beijo, e quando se afastaram ele falou novamente:
— E quando estivermos prontos... Raguel, meu anjo, meu amor, juntos, eu, você e nosso exército, vamos arrancar a cabeça daquele demônio chamado Lúcifer
Raguel sorriu, admirando a visão de seu esposo. O amor e a parceria que haviam estabelecido agora se entrelaçavam com um novo propósito.
****
Nos dias que se seguiram, a pequena aldeia nas montanhas começou a fervilhar com rumores sobre o novo exército de ninjas. Raguel e Lobsang se dedicaram a reunir pessoas dispostas a lutar. Eles organizaram encontros, compartilhando sua visão com aqueles que estavam insatisfeitos com a situação do mundo. Homens e mulheres de todas as idades e por todo o Nepal se apresentaram, animados para se juntar à causa.
Com a ajuda de Tenzin e dos monges, Raguel e Lobsang estabeleceram um campo de treinamento, um espaço onde todos poderiam se reunir e aprender. O treinamento começou com habilidades básicas de combate, agilidade, furtividade e disciplina. Lobsang se dedicou a liderar as sessões, usando suas experiências como monge para ensinar sobre a importância da mente e do corpo em perfeita harmonia.
As manhãs eram preenchidas com exercícios físicos, enquanto as tardes eram dedicadas ao aprendizado de estratégias e táticas. Raguel se destacou como uma instrutora excepcional, inspirando cada membro do grupo a superar seus limites. A conexão que ela tinha com os outros, baseada em empatia e força, motivava a todos.
O exército de ninjas começou a crescer, e a diversidade dentro do grupo se tornava uma de suas maiores forças. Pessoas de diferentes origens e habilidades ,de dentro do país e fora dele, se uniram sob uma mesma bandeira, todos movidos por um desejo comum de justiça e proteção.
— Estão indo muito bem, — Lobsang elogiou um grupo de recrutas após uma intensa sessão de treinamento. Ele viu a determinação em seus rostos, e isso o encheu de orgulho.
Raguel se aproximou, um sorriso satisfeito nos lábios.
— Eles estão aprendendo rápido. E você, meu amor, é um ótimo líder.
Lobsang sorriu, sentindo a felicidade irradiar dele.
— Nós estamos construindo algo significativo juntos. É mais do que apenas um exército; é uma família.
*****
As semanas se transformaram em meses, e o campo de treinamento nas montanhas tornou-se um lugar vibrante e dinâmico. À medida que os recrutas se tornavam mais habilidosos, Raguel e Lobsang sabiam que sua missão estava se fortalecendo. Estavam prontos para enfrentar qualquer desafio que o mundo lhes apresentasse, unidos pelo amor e pela determinação de lutar por um futuro melhor.
Juntos, eles moldavam um novo legado, um exército de ninjas, cuja coragem e determinação ecoariam pelas montanhas do Himalaia e além, prontos para proteger os inocentes e lutar por justiça em um mundo que tanto precisava.
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