25 - A LUZ DO UNIVERSO
Os dois se engalfinharam aos beijos, beijos alucinados, cheios de paixão e um desejo acumulado durante eras.
A noite era envolta em um manto de mistério, com a luz da lua filtrando-se através dos vitrais da igreja que agora representavam cenas bestiais. Lúcifer e Lilith, fugitivos de um destino sombrio, encontravam refúgio em uma igreja profanada, iluminada por vaga-lumes que dançavam como pequenos espíritos.
Lúcifer olhou nos olhos de Lilith, onde as estrelas pareciam refletir a própria essência do universo. Ela sorriu, um gesto que irradiava um calor que fazia seu coração, mesmo sendo de um demônio, pulsar com um desejo ardente.
— Você não tem ideia do quanto eu esperei por este momento — disse Lúcifer, sua voz suave como o sussurro do vento.
— Eu sempre soube que este dia chegaria — Lilith respondeu, seus olhos brilhando com um misto de paixão e determinação. — Ninguém pode nos separar agora.
E era o que ele sentia, depois daquilo não haveria mais separação. Não haveria mais poder capaz de os deter, porque eles seriam todos o poder existente no universo.
Ele inclinou-se para mais perto, envolvendo-a em seus braços, e ela se entregou a esse calor, como se o mundo ao redor não existisse mais. Seus lábios se encontraram em um beijo que falava de milênios de solidão e desejo. O beijo começou suave, mas logo se intensificou, enquanto eles se entregavam à intensidade de sua conexão.
Do lado de fora o mundo começou a reagir, o céu estrelado começou a ser cumulado de nuvens que começaram a se convulsionar.
Lilith explorou os contornos do rosto de Lúcifer, suas mãos deslizando até sua nuca, enquanto ele a puxava para mais perto, como se temesse que o momento fosse efêmero. Cada toque era uma promessa, cada suspiro, uma declaração de amor.
A igreja tornou-se um santuário onde seus medos e inseguranças eram deixados de lado. Lúcifer, geralmente tão seguro de si, sentia-se vulnerável, mas Lilith, com seu olhar cheio de compreensão, lhe dava coragem. Eles eram dois seres perdidos, mas agora estavam juntos, navegando nas profundezas de um amor que desafiava as próprias leis do cosmos.
"Você não pode amar. " Aquelas palavras agora não faziam o menor sentido, pareciam hediondas, carregadas de absurdos, porque agora ele era o único amor que existia no universo, ele era a essência do verdadeiro amor, um amor que se arrastar até as profundezas do inferno, para finalmente ser vivenciado.
Enquanto a noite avançava, o tempo parecia parar. As estrelas se abalavam no céu, testemunhas silenciosas de sua união. O calor de seus corpos se misturava, e os sons da igreja se tornaram uma sinfonia que celebrava sua conexão.
Agora se engalfinhavam nus, seus corpos se tocando numa sinfonia de prazeres nunca vivenciados.
— Eu quero que esta noite dure para sempre — Lilith sussurrou, entrelaçando os dedos nos cabelos de Lúcifer.
— E durará, minha amada. Nossa história não termina aqui — respondeu ele, olhando profundamente em seus olhos.
A paixão os envolveu como um manto, e a igreja ao redor se tornou um reflexo de seu amor. Em meio ao abraço do universo, Lúcifer e Lilith encontraram não apenas prazer, mas um significado profundo, um vínculo que transcendia o tempo e o espaço. A noite passou, mas a lembrança daquela conexão ardente e indestrutível viveria eternamente em seus corações.
*****
As barreiras do universo foram fendidas e toda a essência começou a ser sugada.
A eras incontáveis num passado impensável, o próprio Deus tinha dito: haja luz. Agora aquela mesma luz estava sendo canalizada, direcionada para um único lugar.
A antiga igreja, coberta por musgo e sombras, estava imersa em um silêncio reverente. As paredes, uma vez adornadas com vitrais coloridos, que de repente explodiram em uma chuva de estilhaços, agora estavam quebradas, e a parça luz da lua que estava sendo engolida pelas nuvens filtrava-se através dos buracos, criando um espetáculo de luz e sombra no chão de pedra. Era um local onde o sagrado e o profano se encontravam, e naquela noite, o amor de Lúcifer e Lilith tornaria o ambiente em algo transcendental.
Ao se encontrarem no altar, Lúcifer e Lilith estavam cercados por um ar de expectativa. A atmosfera, antes pesadamente silenciosa, pulsava com uma energia quase palpável. Quando seus olhos se encontraram, algo se acendeu dentro deles, uma centelha que parecia fazer vibrar não apenas seus corações, mas também as próprias paredes da igreja.
Eles se aproximaram, e o primeiro toque de suas mãos foi como um raio que cortou a escuridão. O calor de Lúcifer misturou-se ao de Lilith, e, à medida que seus lábios se uniam, uma onda de energia começou a emanar deles. Era como se a força vital do universo estivesse sendo atraída para aquele momento sagrado. A paixão cresceu, e o ar ao redor começou a girar, como se um vórtice invisível estivesse se formando.
Com cada beijo profundo, a luz da lua parecia intensificar-se, iluminando a cena com um brilho sobrenatural. Os fragmentos de vidro colorido que ainda restavam nas janelas reluziam em tons vibrantes, refletindo a energia que era sugada para eles. Lilith, ao sentir essa energia, deixou escapar um suspiro, um som que ecoou pelo espaço vazio, reverberando nas paredes de pedra, como um canto de adoração ao amor que os unia.
Lilith segurou o altar e Lúcifer a penetrou por trás, e à medida que se entregavam um ao outro, a energia do universo se concentrava em torno deles, como se cada estrela estivesse se inclinando para observar. Os feixes de luz atravessavam a escuridão, envolto em uma névoa etérea que dançava ao ritmo de seus corpos em movimento. Lúcifer, perdido na intensidade do momento, sentia sua essência se entrelaçando com a de Lilith. Era como se toda a força do cosmos estivesse sendo sugada para alimentá-los, e o espaço ao redor deles se tornava um templo de adoração ao amor.
Os sussurros de suas promessas preenchiam o ar. A paixão se intensificava, e a luz que os cercava começava a pulsar, como um coração batendo em sintonia com o amor que os unia. O chão de pedra parecia vibrar sob seus pés, e cada toque se transformava em uma onda de poder que ressoava em cada canto daquela igreja esquecida.
Naquele momento, quando Lúcifer e Lilith se tornaram um só, uma explosão de luz e energia irrompeu ao seu redor. O vórtice de poder se expandiu, e a energia do universo se comprimia, sugada para dentro deles, alimentando não apenas a paixão, mas também a própria essência de suas almas. Era como se, ao se amarem, eles tivessem desafiado as leis do cosmos, criando uma conexão tão intensa que parecia ameaçar romper os limites da própria realidade.
A noite avançou, e enquanto o mundo exterior permanecia ignorante de sua união, Lúcifer e Lilith permaneceram juntos, cercados por um campo luminoso que refletia a profundidade de seu amor. Eles não eram apenas amantes; eram agora deuses de um amor tão profundo que até as estrelas pareciam inclinar-se para homenageá-los.
****
Na quietude da antiga igreja abandonada, Lúcifer e Lilith se entregaram ao poder de sua paixão, sem saber que seus corpos entrelaçados teriam consequências além da imaginação. Enquanto a luz da lua filtrava-se através das janelas quebradas, o ambiente ao redor deles pulsava com uma energia crescente, como se o universo estivesse retendo a respiração.
À medida que seus lábios se uniam, um tremor percorreu as camadas do céu e do inferno. A intensidade do amor entre Lúcifer e Lilith não apenas os consumia, mas também ressoava em todas as criaturas celestiais e infernais. Os anjos, em suas moradas etéreas, sentiram a mudança primeiro. A luz radiante que antes os envolvia começou a se apagar, e a pureza de sua essência se tornou turva.
Do alto, os arcanjos, sempre vigilantes e firmes em sua fé, trocaram olhares preocupados. Através do tecido sutil do céu, uma onda de energia corrosiva se espalhou, e à medida que o amor de Lúcifer e Lilith se aprofundava, as feições dos anjos começaram a se distorcer. As asas que eram símbolos de graça se tornaram pesadas, carregando o fardo da transformação. Os anjos, outrora mensageiros de luz, começaram a perder seu brilho, suas formas se contorcendo em desespero. O amor dos dois havia desafiado a ordem celestial; a pureza de suas existências foi destruída, e eles foram expelidos do céu.
O céu se povoou do que os homens chamavam de estrelas que começaram a despencar. Uma chuva de fogo e saraiva foi vista em quase rido o globo terrestre. Os anjos foram atirados na terra com uma força descomunal e abria crateras ao caírem, agora totalmente desprovidos de sua glória e imortalidade. Os elementos do cosmos ardendo se desfizeram e começaram a cair. O céu se enrolou como um livro. A lua tornou-se sangue e começou a manchar a terra.
Ao mesmo tempo, no abismo do inferno, a situação não era diferente. Os demônios, que habitavam as profundezas sombrias, também sentiram a mudança. O ar estava carregado de uma energia nova, uma força que atraía e repelía em igual medida. Quando Lúcifer e Lilith se tornaram um, a essência do amor e da liberdade começou a corroer as barreiras do inferno. Os demônios, com suas formas grotescas, começaram a sentir uma agonia que nunca haviam experimentado. A euforia da libertação se misturava ao horror da perda.
Um grito coletivo ecoou pelo inferno, e assim como os anjos foram expulsos do céu, os demônios foram lançados para fora do reino que habitavam.
Abismos foram abertos na terra e começaram a expelir fumaça com fogo e os demônios foram vomitados com ele, caindo na terra como meros mortais. arrastados para um destino desconhecido. Aqueles que haviam servido sob a liderança de Lúcifer agora se tornavam fugitivos de seu próprio lar, deslocados em um mundo que não os queria.
Enquanto tudo isso acontecia, dentro da igreja, o vórtice de energia ao redor de Lúcifer e Lilith crescia, formando uma tempestade de luz e escuridão. O amor que os unia havia se tornado uma força primordial, e eles se tornaram conscientes de sua influência devastadora. Lúcifer, mesmo em meio à paixão, olhou nos olhos de Lilith e viu não apenas amor, mas a consequência de sua união.
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Agora estavam deitados, vendo as estrelas através de uma parte do teto que havia caído. O mundo parecia ter se acalmado.
Agora eles não precisavam mais fugir, bastava tomar o controle do mundo e fazer dele seu paraíso. Era o próximo passo. Lúcifer sabia que os cavaleiros já tinham tomado cada qual o seu lugar, preparando o caminho para que ele consolidasse o poder ao lado de Lilith.
— O que fizemos? — Sussurrou Lilith, um misto de euforia e temor em sua voz.
— Fizemos o que era necessário, Lilith. Um amor verdadeiro não conhece limites — respondeu Lúcifer, segurando firme a mão dela.
Sua determinação era inabalável, mesmo diante do caos que se desenrolava ao redor deles.
O céu e o inferno estavam mudando, e a realidade se tornava fluida. O amor de Lúcifer e Lilith desafiava as ordens estabelecidas, quebrando correntes invisíveis que prendiam anjos e demônios a seus destinos. Eles eram agora os portadores de uma nova era, um tempo em que a luz e a escuridão poderiam coexistir, mas que também trazia um preço alto.
Enquanto as estrelas caíam e os ecos dos gritos ressoavam pelo universo, Lúcifer e Lilith permaneceram entrelaçados, conscientes de que, ao se amarem, haviam desencadeado um cataclismo que mudaria para sempre o destino de todos. O amor, em sua forma mais pura, era tanto uma benção quanto uma maldição, e eles estavam prontos para enfrentar as consequências de sua escolha.
— Qual é o próximo passo?
— Tomar o controle do planeta. Os cavaleiros já estão fazendo seu trabalho, abriram caminho. - Lúcifer se levantou satisfeito. — Vamos para Nova Iorque querida, para a sede da ONU, tomar o controle do mundo. Mas antes preciso fazer a barba. Todo esse tempo nesse corpo e nem percebi que a barba precisava ser aparada. Deve haver um banheiro em algum lugar por aqui. Vou procurar e já volto.
Lúcifer deu um beijo em Lilith e saiu à procura de um banheiro.
Lilith permaneceu deitada ali, seus pensamentos estavam longe. Ela não sabia ao certo o que pensar. Todas aquelas eras esperando que aquilo acontecesse e agora que aconteceu parecia... Parecia tão etéreo.
Lilith sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo. Havia alguma coisa no ar, algo além daquele poder cuja maior parte parecia ter sido canalizada para Lúcifer. Lilith sentia. Mas não tinha a menor ideia do que era. Ainda não.
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