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22 - MIGUEL

Lúcifer sorriu entendendo tudo.

— Quer dizer que papai mandou o filhote preferido dele me matar? Eu já devia imaginar. Por que? Porque eu zoei a biblioteca dele? Ele está bravinho, é?!

Miguel sorriu.

— Não tem nada a ver com a biblioteca, Lúcifer, pare de ser burro! Tem a ver com ela.

Lúcifer olhou para Lilith, e revirou os olhos.

— Por que ele insiste?! Por que ele não consegue admitir que o filho dele consegue amar?! Será que é tão difícil assim?!

— Você não pode amar!

— Eu posso!

— Não pode!

— EU POSSO!

— SE VOCÊS SE AMAREM, O CÉU E  O INFERNO MORREM!

Lilith levou a mão à boca completamente abismada. Lúcifer arregalou os olhos olhando para Miguel como se ele fosse uma aberração.

— O... O que você disse?!

— É isso Lúcifer. Se vocês se amarem vai acontecer uma coisa. Vocês irão sugar toda a energia do universo. Será o fim do inferno, o fim do inferno, o fim de Deus, o fim de tudo o que existe. É por isso que eu estou aqui, para resolver a coisa.

Lúcifer começou a balançar a cabeça.

— É MENTIRA! VOCÊ ESTÁ BLEFANDO!

— Não estou não! Tem duas maneiras de resolver isso: na primeira eu levo ela pra longe, muito longe. Vocês nunca mais se vêem e tudo fica legal. Na segunda eu vou matar vocês dois. Vocês escolhem.

Lúcifer olhou para Lilith, havia lágrimas escorrendo por seu rosto. Ele a abraçou.

— Calma querida. Vai ficar tudo bem. A gente vai resolver isso e vamos embora.

Ele deu um beijo na testa dela, e olhou para Miguel.

— Se você acha que eu vou permitir que ela seja levada para longe de mim outra vez, deve estar ficando louco.

— Então irmão, fez sua escolha.

Miguel brandiu a espada.

****

Lúcifer e Lilith se prepararam para enfrentar Miguel. A luz do que parecia do sol (só parecia, porque Lúcifer não tinha a menor ideia de onde estavam) refletia intensamente nas armaduras celestes de Miguel, dando a ele uma aura de pureza que contrastava violentamente com as trevas que cercavam Lúcifer e Lilith. O anjo guerreiro empunhava sua espada flamejante, enquanto Lúcifer o observava com um olhar frio, decidido, mas sabendo que a força de Miguel não deveria ser subestimada. Ele era poderoso demais, um guerreiro imbatível, com habilidades e destreza que faziam até mesmo as criaturas das trevas hesitarem.

Miguel avançou com uma velocidade surpreendente, deixando uma trilha de fogo em seu caminho. Lilith tentou desviar, mas o ar foi cortado com uma precisão avassaladora. A espada de Miguel quase a atingiu, mas ela se moveu rapidamente para o lado, invocando as sombras ao redor para criar uma barreira. Lúcifer, então, ergueu sua mão, e uma onda de escuridão se lançou contra o anjo, mas Miguel, sem hesitar, desfez as trevas com um único golpe, sua espada cortando o ar e dissipando a escuridão como fumaça ao vento.

— É inútil. - Disse Miguel, com uma voz que soava como trovão. — Nenhuma força sombria será suficiente contra o poder celestial.

Lúcifer rangeu os dentes, ciente da superioridade de Miguel. Sabia que ele e Lilith estavam em desvantagem, mas não recuaria.

— Você com toda essa prepotência... e o pai ainda dizia que o arrogante era eu. Você subestima a nossa força. - Respondeu, em um tom desafiador.

Ele avançou, unindo suas forças às de Lilith. Enquanto Lilith conjurava sombras para prender os movimentos de Miguel, Lúcifer atacava com um conjunto de golpes rápidos e precisos. Mas Miguel defendia-se com maestria, seus movimentos eram calculados, e a força de seus golpes era como uma tempestade furiosa.

Lilith, percebendo a força quase invulnerável de Miguel, mudou de estratégia, atacando-o pelas costas enquanto Lúcifer o distraía pela frente. Mas Miguel antecipou a investida, girando rapidamente e bloqueando o ataque com um brilho intenso, que os lançou para trás.

Cansado, mas determinado, Lúcifer olhou para Lilith. Sabia que derrotar Miguel seria quase impossível, mas não pararia até o último instante.

Lúcifer e Lilith se preparavam  para a batalha final. Agora estava bem claro que Miguel tinha recebido ordens para matá-los. O arcanjo avançava sem piedade, sua espada de luz cortando o ar como um raio, cada golpe uma explosão de poder. Lúcifer tentou desviar, mas a lâmina o atingiu de raspão, queimando sua pele como ácido. O grito de dor foi sufocado pelo olhar de fúria que ele lançou ao arcanjo.

Lilith atacou pelas costas, suas garras prontas para rasgar a carne celestial de Miguel, mas ele se virou a tempo, agarrando seu braço e a lançando contra o chão. O impacto foi tão violento que rachou a terra, e Lilith cuspiu sangue ao tentar se levantar. Miguel pisou em seu peito a prensando ainda mais contra o chão.

— Vocês são sombras do que um dia foram! — Rugiu Miguel, girando a espada.

— Lilith! Solta ela, desgraçado!

Lúcifer avançou, sua força renovada pelo ódio. Ele acertou Miguel no rosto com um soco poderoso, mas o arcanjo mal vacilou. Em resposta, Miguel ergueu a espada e a cravou no abdômen de Lúcifer, que caiu de joelhos, a dor lancinante o corroendo.

Lilith, cambaleando, avançou novamente, mas Miguel a chutou com uma força brutal, lançando-a para longe. Ambos agora estavam caídos, exaustos, quase derrotados.

— Isso não tem graça  nenhuma! Eu pensei que íamos ter uma batalha decente aqui, mas isso?! É ridículo!

Miguel se aproximou, a espada erguida para o golpe final, enquanto eles apenas o observavam, determinados a não ceder, mesmo diante da morte iminente.

Foi então que ouviram um som como o ruflar de asas. Miguel olhou para trás e viu um homem negro. Soube na mesma hora que era um demônio.

— Quem é você?!

— Meu nome é Belphegor. E essa espada aí está muito pesada.

De repente Miguel não estava conseguindo segurar a espada, era como se agora ela pesasse toneladas.

— Pra que fazer esse esforço desnecessário, não é amigo? - Continuou Belphegor.

— O que...

Atônito, Miguel sentiu uma terrível onda de canseira cair sobre si. Tentou mudar os passos mas era uma esforço grande demais.

— Por que não tira um cochilo, meu chapa? Você está cansado pra caralho. Todo esse esforço cansa demais. É o que eu acho.

Belphegor tirou um charuto de dentro do bolso do sobretudo preto que estava usando e o acendeu.

— Eu não...

Miguel caiu de joelhos, lutando contra seus olhos que queriam se fechar.

— Vamos lá. Durma.

Miguel caiu no chão ainda lutando para se manter acordado.

— DURMA! - Ordenou Belphegor.

Miguel finalmente  apagou.

Belphegor aproximou-se do lugar onde Lilith e Lúcifer está am caídos.

— Porra, ele é forte!

Lúcifer olhou para ele, o rosto desfigurado pela surra que tinha tomado.

— É... Ele... Ele é um dos mais fortes que eu conheço.

— Eu me lembrei do que você me pediu, Lúcifer. Você me pediu para proteger você!

Belphegor sorriu.

— Que bom que você se lembrou, Belphegor. Agora vamos dar o fora daqui antes que o Miguel acorde.

— Claro. Talvez ainda dê tempo de pegar a última parte do programa na TV, eu achei TV colosso no YouTube!

— Maravilha. Vamos logo.

Belphegor segurou as mãos de Lúcifer e Lilith respectivamente e todos os três desapareceram.

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