2 - ABADON
Lúcifer apertou os punhos, tentando esconder a sensação de insignificância que o assolava diante de Abadon. Ele sabia que enfrentá-lo não seria uma tarefa fácil. O ar ao redor vibrava com a presença imponente de Abadon, cada palavra sua era como um trovão que ecoava nas profundezas do submundo.
Sem desviar o olhar, Lúcifer ergueu a espada flamejante que roubara do Serafim, uma arma forjada nas fornalhas celestiais, capaz de cortar até mesmo a mais dura das pedras. Ele sabia que Abadon, o Destruidor, não era uma ameaça qualquer. Seus olhos negros e profundos pareciam absorver toda a luz ao redor, deixando Lúcifer envolto em uma escuridão crescente.
— Eu não preciso da sua permissão - respondeu Lúcifer com uma firmeza forçada, avançando com rapidez. Cada passo era pesado, como se a gravidade ao redor de Abadon tentasse arrastá-lo para baixo.
Abadon sorriu, um sorriso cruel e impiedoso, e com um movimento lento, ergueu sua mão colossal. Em um instante, o chão ao redor de Lúcifer começou a se partir, abrindo-se em fendas profundas de onde saíam línguas de fogo e enxofre. Abadon lançou um rugido que fez as paredes tremerem, e com um único golpe, sua mão gigante desceu em direção a Lúcifer.
Lúcifer olhou para as garotas que tinha trazido e que se encontravam desesperadas perto de uma parede e disse:
— Corram!
Ele desviou por um triz, sentindo o calor intenso da mão de Abadon passar raspando por seu corpo. O chão onde estava se despedaçou, lançando faíscas e fragmentos de rocha para todos os lados. Sem perder tempo, ele começou a correr pela sala.
Mas Abadon não permitiu que ele fugisse. Com uma velocidade impressionante para sua estatura, ele ergueu a outra mão e agarrou Lúcifer pelo tornozelo, puxando-o de encontro ao chão. O impacto foi devastador, e o piso ao redor deles explodiu em uma nuvem de poeira e pedras.
Lúcifer se contorceu de dor, mas antes que pudesse reagir, Abadon o levantou novamente e o lançou contra uma parede de pedra. O corpo de Lúcifer colidiu com um estrondo, rachando a superfície rochosa. Ainda assim, ele não cederia. Sentindo a raiva fervendo dentro de si, ele invocou toda a sua energia, e seus olhos se inflamaram em um brilho ofuscante.
Com um grito de desafio, Lúcifer lançou-se de volta ao combate, movendo-se com uma rapidez que desafiava a própria natureza. Sua espada cortava o ar em arcos flamejantes, cada golpe destinado a derrubar o gigante à sua frente. Abadon, no entanto, bloqueava cada ataque com seus braços poderosos, rindo enquanto fazia isso.
A batalha continuava, uma tempestade de fúria e destruição que fazia o próprio inferno tremer. Para cada golpe que Lúcifer desferia, Abadon respondia com uma força avassaladora, até que o campo de batalha ao redor deles se tornasse um cenário de ruínas e fogo.
Finalmente, em um momento de distração, Lúcifer conseguiu penetrar a defesa de Abadon, sua espada atravessando a carne negra do gigante, liberando uma onda de energia escura. Abadon rugiu de dor e recuou, mas Lúcifer sabia que aquilo estava longe de ser o fim.
Enquanto Abadon cambaleava para trás, Lúcifer ergueu-se, ferido mas não derrotado. Ele sabia que essa batalha ainda estava longe de terminar, mas uma coisa era certa: ele não recuaria. Por mais poderoso que Abadon fosse, Lúcifer enfrentaria o Destruidor até seu último suspiro, determinado a prevalecer na escuridão eterna.
— É uma batalha inútil, Abadon, e você sabe disso.
— Você é inútil! O que pensa que está fazendo?!
— Corrigindo os erros de nosso pai!
— Nosso pai não erra!
Lúcifer sorriu.
— Vocês anjos e sua confiança cega! Não questionam, não dão vazão à sua vontade.
Abadon, furioso com as palavras de Lúcifer, avançou como uma tempestade, as mãos incandescentes tentando esmagá-lo. O calor que emanava de suas mãos distorcia o ar, mas Lúcifer manteve-se firme, a espada flamejante erguida em defesa.
— Você não passa de um traidor! — vociferou Abadon, suas palavras reverberando nas profundezas do abismo. — Você não é digno de usar essa espada, Lúcifer!
— Digno ou não, ela está em minhas mãos — retrucou Lúcifer, a voz carregada de um misto de orgulho e desespero.
Num impulso, ele desferiu um golpe potente, mirando o coração de Abadon. A lâmina ardente cortou o ar, acertando o peito da entidade. Abadon recuou, gritando de dor enquanto a ferida se abria, espalhando uma energia escura e sufocante.
Mas, ao invés de cair, Abadon sorriu. Seu sorriso distorcido era um reflexo de pura maldade.
— Você acha que pode derrotar a Morte? — zombou Abadon. — Eu sou o fim de tudo. E você... não passa de um peão em um jogo maior!
Antes que Lúcifer pudesse reagir, a energia negra que emanava de Abadon começou a envolvê-lo, formando correntes espectrais que se apertavam ao redor de seus pulsos e tornozelos, arrastando-o para o chão. Lúcifer tentou se libertar, mas as correntes o apertavam com força esmagadora, drenando sua força.
— Olhe para você, "Portador da Luz", acorrentado como um mero mortal. — Abadon se aproximou lentamente, cada passo fazendo o solo tremer. — Você falhou, Lúcifer. Como sempre.
Lúcifer, ofegante, sentiu as correntes apertarem mais, cada vez mais perto de sufocá-lo. As garotas que ele havia ordenado que fugissem agora estavam imóveis, observando em silêncio aterrorizado. Ele percebeu que sua derrota significaria não apenas seu fim, mas o delas também.
Fechando os olhos, Lúcifer buscou dentro de si a última fagulha de sua antiga glória. Ele não podia deixar que tudo terminasse assim. Com um grito que reverberou no abismo, sua forma começou a brilhar intensamente. As correntes que o prendiam começaram a rachar sob o poder crescente, e um raio de luz pura emanou de seu corpo, cegando momentaneamente Abadon.
— Eu sou mais do que você imagina, Destruidor. — A voz de Lúcifer ecoou como trovão. — E não vou cair sem lutar.
Num último esforço, ele invocou todo o poder contido na espada flamejante, canalizando a energia divina da lâmina diretamente em direção ao coração de Abadon. A explosão de luz e fogo consumiu tudo ao redor. O grito de agonia de Abadon reverberou pelas profundezas do inferno enquanto sua forma colossal começava a se desfazer, como uma sombra que se dissolve ao nascer do sol.
Quando a poeira finalmente assentou, Lúcifer, exausto e com o corpo marcado pela batalha, ergueu-se. Ele sabia que a vitória era temporária. Abadon voltaria. O inferno sempre reclamava os seus.
— Corram, agora! — gritou ele novamente para as garotas.
Elas, ainda paralisadas pelo terror, finalmente se moveram, escapando pela abertura que Lúcifer havia criado na batalha. Ele as seguiu lentamente, mas com um pensamento claro em mente: a guerra estava apenas começando.
E dessa vez, ele seria o arquiteto da ruína, ou da salvação.
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