O GATO
Em uma rua no Jardim Boa Vista em Várzea Paulista, uma única casa costuma chamar a atenção. Seu jardim é glorioso, tomado por lindas flores dos mais variados tipos e cores, incluindo rosas de diversas espécies. Um colorido que encanta a rua e chama a atenção de moradores e transeuntes. Devido à grande quantidade de roseiras que o jardim abriga, a casa é conhecida como casa das rosas, embora a única placa que ali exista seja a plaqueta como o número da residência -217- que fica fixada na grade.
Todos os dias no final de tarde um casal apaixonado passa na frente da casa. Trata-se de Talles, de 26 anos, e sua esposa Roberta, de 22. Talles costuma esperar a esposa todos os dias no ponto de ônibus da Avenida Dr. Walter Gossner, e a acompanha até em casa. Nunca houve nenhum problema, o lugar até bem seguro, mas ele prefere assim, afinal ele a ama, e quem ama cuida e se preocupa.
O caminho do casal é sempre pela rua Itupeva, onde fica a casa das rosas, e onde o casal também mora, próximo ao Cemitério Nossa senhora da Piedade. A moça ama aquelas rosas.
Sempre que passa com a esposa na frente da casa Talles arranca uma rosa e dá para a esposa. Nunca tiveram problemas com isso, porque, apesar de ser um jardim bem cuidado, a casa está sempre fechada e com aquele aspecto de abandono. Nenhum vizinho jamais viu alguém ali, nenhum carro na garagem, nenhuma janela ou porta aberta, absolutamente nada, de modo que a casa das rosas deve estar abandonada.
Um dia, passando de frente com a casa, por volta das cinco da tarde, a moça vê um gato no jardim. Um gato muito lindo.
Roberta simplesmente adora gatos, e aquele é um legítimo bamboim, totalmente preto, os olhos de um amarelo intenso.
— Meu Deus! que bicho lindo amor!
Roberta chama o gato estendendo a mão e ele vem miando e pedindo carinho, e Roberta prontamente atende.
A moça pega o gato no colo e sorri.
— O que está fazendo amor?
— Vou levar ele pra mim, ué.
— Mas e se for de alguém?
— Tenho certeza de que não é de ninguém. Essa casa está abandonada, não está?
— É, eu acho que sim. Tudo bem, vamos levar o bichinho.
Roberta abre um sorriso de orelha a orelha e beija o marido.
— Obrigada amor. Eu te amo.
Então eles o levam para a casa
Mas nos dias que se seguiram o gato sempre voltava para o Jardim da casa da rosas. Todos os fins de tarde quando Talles está "roubando" rosas, Roberta cata o gato e o leva para a casa, pensando em uma maneira de fazer o bichano se acostumar com o lar.
Até que um dia, antes do casal chegar perto da casa, Roberta não avista o gato que está em um muro alto, olhando para eles.
— Ué, cadê o gatinho? - Pergunta Roberta meio decepcionada.
— Foi embora. - Diz Talles. — Desiste desse gato amor. Ele não vai se acostumar nunca.
Talles pega uma rosa e o casal vai embora.
O gato, que observava o casal sem ser visto, pula do muro e solta um miado sombrio. E é quando duas mãos o pegam, e uma voz masculina fala:
— É, eu sei meu anjo, vamos atrás desses ladrões que estão destruindo o nosso Jardim.
Alguém abre o portão da casa e um cara segue o casal até a casa deles.
Fica parado do outro lado da rua, observando de longe o casal entrar pelo portão. Então ele solta o gato.
O gato atravessa a rua com agilidade, passa pelo portão com tranquilidade e fica miando na porta até a moça abrir.
— Não acredito! - Exclama Roberta com um lindo sorriso nos lábios. — Não acredito que é você. Veja amor. Ele voltou!
Talles diz alguma coisa lá de dentro mas ela não entende nada.
Ela pega o gato e o coloca para dentro. Depois abre uma janela para o caso do gato querer sair.
Naquela noite eles passam uma rotina normal. Roberta faz a janta enquanto Talles toma banho. Eles comem e vão assistir TV na sala. No jantar o gato mia e recebe um pedaço generoso de salsicha que é a mistura que eles têm para hoje.
Por volta das dez da noite casal vai dormir depois de transar e como a janela que ficou aberta era do quarto o dono do jardim os assistiu.
Se eles olhassem pela janela iriam ver uma sombra parada diante da janela do lado de fora.
Mas eles não viram.
Depois de transarem gostoso, Talles e Roberta foram dormir e não viram mais nada.
†
Ele entra na casa pela janela. Sombra vem miando e se entrelaça entre suas pernas.
Ele se aproxima lentamente do casal que está dormindo profundamente na cama.
O homem está roncando.
Ele caminha até a mulher e afasta lentamente as cobertas.
Ela está dormindo nua. Os peitos dela são lindos e gostosos. Ele passa a mão de leve para não acordar ela.
Sombra sobe na cama e mia e ele faz sinal de silêncio.
Ele saí do quarto pisando delicadamente para não fazer nenhum barulho.
Percorre um pequeno corredor e vai até a sala.
As rosas roubadas estão lá, colocadas sobre uma mesa dentro de um pote com água.
"Malditos. O que eles pensam que são?!"
Ele vai até a cozinha e começa a revirar gavetas até achar uma faca. A pega e abre a geladeira.
Ve que tem leite em uma vasilha e toma um longo gole. Depois coloca no chão. Sombra mia satisfeito e começa a tomar.
Ele caminha de volta ao quarto. O casal ainda dorme.
Ele se aproxima da mulher e começa a passar o fio da faca de leve a pele dela.
Começa em cima, passa pelos seios e deixa descer até a vagina. Um filete de sangue sai daquele risco e é então que a mulher abre os olhos.
Quando isso acontece ele enfia a faca no olho esquerdo dela. Há uma expressão de assombro e perplexidade no olho direito dela. Ela começa a se debater. Ele tira a faca do olho esquerdo e enfia no outro olho. Depois começa a esfaquear o peito dela. Esfaqueia com força e prazer. Ele acha que é capaz de gozar com aquilo.
††
Talles percebeu que Roberta estava se debatendo na cama e acordou preocupado.
— Amor !!! O que está acontecendo?
Talles estica o braço para a mesa de cabeceira e acende o abajur.
Ele vê um homem completamente nu debruçado sobre sua mulher a esfaqueando.
— MEU DEUS! QUEM É VOCÊ? ROBERTA!!
Com assombro percebe que o homem está fodendo Roberta.
O homem lhe ataca esfaqueando seu ombro.
Talles grita em estado de desespero e cai no chão.
Se afasta gritando em estado de terror e vai se encolher em um canto da parede, gritando a plenos pulmões.
O homem o ataca.
Talles pega a única coisa que está ao alcance, que é o abajur e tenta se defender.
Ele espedaça o abajur na cabeça do homem desconhecido e este geme se afastando um pouco.
Em pânico, Talles pula sobre o cadáver ensanguentado da esposa e corre na direção da porta.
Então vê o gato.
O gato preto mostra os dentes, os pelos eriçados. Talles se afasta, o gato o ataca metendo as unhas em sua cara. Talles grita, usa as mãos para se proteger, arranca o gato de sua cara e o atira com força na parede.
O gato cai estatelado e Talles ouve um miado forte, no meio da penumbra e vê um homem de preto se aproximar, e sua cabeça era de gato.
Ele olhou para a porta na direção de onde tinha jogado o gato e o que vê é uma mulher negra. Sua face também é terrivelmente deformada, a enorme cabeça de um gato.
— Jesus Cristo!
Uma mão forte o segura por trás e uma faca é passada em seu pescoço. Um corte profundo, o sangue de espalha por toda a parte.
Talles arregala os olhos em estado de terror e começa a engasgar com. O próprio sangue.
Ele olha para a cama e vê que o homem voltou a estuprar o cadáver de Roberta.
Olha para a mulher gato e só vê um gato preto miando.
Talles desaba, aos poucos sua visão fica turva. Ele ainda tem tempo de ver o gato preto sorrindo. Então cai na escuridão.
†††
JOVEM CASAL É BRUTALMENTE ASSASSINADO EM RUA TRANQUILA EM VÁRZEA PAULISTA.
Um crime dizarro chocou os moradores de uma pacata cidade Em uma rua pacata no município de Várzea Paulista, o casal Talles Vasconcelos da Silva de 26 anos, e Roberta Maria da Silva de 22 anos, foi encontrado morto na casa onde moravam.
Na última sexta feira, os vizinhos, ao notarem o desaparecimento do casal que não era visto há dias e o mal cheiro vindo da residência, chamaram a polícia que encontrou o casal morto na cama com sinais de facadas pelo corpo.
Uma peculiaridade chamou a atenção dos policiais: os corpos estavam cobertos de rosas coloridas.
Nada mais foi encontrado na residência, senão um gato preto.
Debora Quesada
Luís Fernando Alves
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