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MÁRCIA

Isso se chama tédio.

Márcio está com muito tédio, mas isso é uma coisa meio comum na sua vida, ela costuma ser assim mesmo, absolutamente nada de bom acontece.

Márcio tem 30 anos, é solteiro, virgem, nunca teve uma namorada. Ele se acha feio, gordo e está ficando careca precocemente.

Ele tem alguns parentes ali, na cidade em que mora, mas os odeia, e é uma coisa recíproca. Eles também o odeiam. Seus irmãos nunca o chamam para as reuniões em família, e quando seu pai, que era a única companhia que ele tinha, morreu, seus irmãos não quiseram nem saber do fato dele ter sido a única pessoa com interesse de cuidar do pai quando ele ficou doente aos 70 anos de idade, e venderam a casa, venderam o carro e dividiram entre si o dinheiro que o velho tinha na conta. Márcio tentou argumentar mas foi ameaçado e acabou ficando quieto.

Seus irmãos lhe deram mil reais e ele teve que sair de casa com uma mão na frente e outra atrás.

Mas ao contrário de seus irmãos, Márcio não era um vagabundo filho da puta, ele trabalhava.

O trabalho não servia para muita coisa, mas dava para comer, comprar uns DVDs piratas, geralmente ele comprava DVD porno, e ter um celular. O celular é a única coisa - além dos filmes pornográficos - que ele tem em matéria de entretenimento.

A coisa que ele mais gosta de fazer é ficar assistindo filmes de garotas novinhas transando e se masturbar.

Ele teve que se virar para arranjar um lugar para ficar e teve sorte de haver um quarto nos fundos da chácara em que ele trabalha como caseiro.

Márcio nunca sai de casa, ele não tem amigos, ele não tem namorada, ele não tem um cachorro, ele não tem esperança, ele não tem nada.

Têm horas que ele se acha um lixo só por existir, sente vontade de se matar mas sabe que é um covarde e não tem coragem para tanto. Quando sua mãe era viva, ela costumava dizer que os suicidas vão para o inferno, e ele tem medo.

Márcio vive por viver, come por comer e acha que a única coisa que presta na vida é bater punheta e assistir pornografia.

O nome do negócio é FaceApp. Ele aprendeu a mexer rápido naquela porcaria. O app é usado para editar fotos, tem vários filtros inclusive um capaz de mudar o gênero das pessoas.

Márcio experimenta o filtro em algumas fotos que ele tem.

Sempre teve curiosidade em saber como seria se ele fosse uma mulher. Ele não é uma bicha, mas de vez em quando pensa que sua vida poderia ter sido diferente se ele fosse uma mulher. Ele já está cansado de ser homem e se foder na vida.

Na opinião dele as pessoas tendem a achar que homem tem que aguentar toda a porcaria que a bosta da vida trás e ainda ter força pra não chorar, afinal é homem, mas Márcio sabe que não é verdade. Ele mesmo está cansado de chorar, e é uma coisa que nunca para.

Márcio escolhe uma foto que mostra seu rosto e usa o filtro para trocar o gênero da foto.

Agora ele está vendo sua versão feminina, e de repente a acha linda.

Aquela é a mulher mais linda que ele já viu na vida. É tão linda que Márcio fica olhando para ela por vários minutos.

— Oi garota. Tudo bem? Qual é o seu nome? Márcia? Somos xarás então. Você é muito linda, sabia? Que tal a gente namorar?

A garota da foto não responde, apenas sorri.

††

Nos dias que se passam, aquela foto passa a ser a única figura feminina com quem ele tem contato, e de uma forma esquisita surge uma paixão que Márcio não esperava sentir. Márcio acha que está apaixonado por Márcia, a linda garota da foto.

De noite, Márcia vem visitá-lo, e os dois transam.

Márcio se lembra da primeira vez que transou com ela, a vez em que perdeu a virgindade. Foi maravilhoso, algo que ele realmente não vai se esquecer tão cedo.

Depois do sexo eles ficam deitados na cama, pelados, fumando um cigarro e conversando sobre a vida.

Márcia é uma mulher maravilhosa e Márcio sabe que realmente está apaixonado por ela.

Ele a vê no espelho, quando vai pentear o cabelo, se encontram no chuveiro e transam.

Agora Márcio não está mais sozinho, sua vida ganhou um novo sentido, e ele se chama Márcia.

†††

Márcio conhece Suelen uns três meses depois do aparecimento de Márcia.

Ele estava varrendo a grama quando Suelen bateu palmas no portão:

— Olá, tudo bem? Sou a Suelen, a sua vizinha. - Márcio sabe que há uma outra chácara a uns dois quilômetros dali, mas nunca tinha visto ninguém de lá. - o pneu do meu carro furou ali e eu não tenho um macaco. Será que você tem um para me emprestar? Eu ficaria muito agradecida.

Márcio tem um macaco que fica dentro de seu velho Chevette. Ele comprou aquele Chevette há quase um ano atrás mas não anda muito com ele por causa da documentação atrasada.

— Bem… eu tenho sim. Claro que empresto.

Suelen, que é uma linda moça negra de uns 25 anos de idade abre um sorriso ainda mais lindo e diz:

— Ai moço, você salvou minha vida!

Márcio dá um sorriso.

— Eu vou pegar o macaco.

Ele pega o macaco e acaba ajudando Suelen a trocar o pneu furado.

Os dois acabam conversando. Ele descobre que a moça é muito comunicativa, e algo que ele não pode deixar de notar é o fato dela ser uma mulher bem gostosa, e está exalando um cheiro maravilhoso que faz com que Márcio tenha vontade de agarrá-la e foder com ela bem ali, no meio da rua.

Ele termina de trocar o pneu para ela e Suelen agradece de uma maneira inusitada: ela o abraça e quando isso acontece e o cheiro dela entra pelas suas narinas, Márcio não consegue evitar uma ereção.

— Não sei nem como agradecer a você! Muito obrigada mesmo. Espere… acho que sei como agradecer. Por que não aparece hoje a noite lá em casa pra gente bater um papo e tomar uma cerveja?

— Eu… é… claro.

— Beleza então. Te espero lá.

Suelen entra no carro e vai embora.

Márcio fica ali, não podendo acreditar que uma mulher acabara de o convidar para tomar uma cerveja.

††††

Márcio toma um banho por volta das seis e de repente se vê caminhando na direção da casa de Suelen.

Ele leva consigo uma lanterna, pois a estrada não tem iluminação.

Suelen tem dois cachorros enormes, mas Márcio descobre que os bichos são dóceis. Ele não gosta muito de cachorro.

Suelen o recebe com um sorriso.

Ele está usando um shorts jeans e um top branco, o cabelo crespo dela está preso por uma tiara. É uma mulher linda, maravilhosa.

É a primeira mulher real com quem Márcio tem contato, mas ele nem se dá conta disso porque está vislumbrado com a beleza dela.

Suelen oferece a ele cerveja e lasanha, os dois comem e depois vão beber na varanda.

Ambos contam um pouco de sua história, ele descobre que ela é solteira, e tem um ex namorado.

Márcio evita falar de si que é uma coisa que ele não gosta muito.

Uma cerveja atrás da outra, e bastante conversa. Márcio nunca conversou tanto assim com alguém na vida. Suelen gostou dele, o achou engraçado.

Em determinado momento ela serve um vinho. Os dois já estão meio altos.

Suelen coloca uma música e pede para dançar. Márcio diz que não, que ele não sabe dançar.

— Qual é? Eu também não. Que se foda.

Os dois então começam a dançar.

Suelen é muito linda, Márcio não consegue disfarçar que está atraído por ela. Ela coloca a mão em seu pênis e ele quase tem um colapso.

— Uau! Isso está duro!

— Eu… eu…

— Me acha gostosa?

— Sim… eu…

Suelen então ergue o top e mostra os seios.

— Gosta dos meus peitos?

— Sim…

Márcio está vivendo um sonho. Ele mal pode acreditar mas naquela noite ele acaba perdendo a virgindade.

†††††

Márcio parece ter ganhado na loteria. Inacreditavelmente ele está namorando. Bem, não é bem um namoro. Eles estão transando.

É fantástico, Suelen é uma mulher muito gostosa e linda.

A coisa seguiu o curso por uns três meses até que Márcia voltou.

Márcio está tirando um cochilo quando alguém o chama:

— Márcio, acorde, acorde.

Ele pensa que era Suelen, mas assim que abre os olhos viu que é Márcia.

— O que? Quem… Márcia.

Ela sorri. Márcio vê que ela está nua.

— Oi, meu bem. Estou com saudade. Transe comigo.

— Não. Eu…

— Como assim não? Não está com saudades minhas?

— Não. Eu… Eu estou namorando.

Márcia sorri em tom de deboche.

— Você, namorando? Não me faça rir!

— Sim. Estou. Com Suelen…

— Aquela preta?! - O rosto dela assume uma expressão de raiva. — Você vai me trocar por aquela preta?!

— Você nem é real!

— Do que está falando seu verme? Como não sou real?! Ficou louco seu filho da puta?!

— Você não é real. Não é real. - Márcio fecha os olhos e continua repetindo: — Não é real! Não é real!

— Você vai ver só seu desgraçado! Vou pegar você!

— NÃO É REAL!

Quando ele abre os olhos o quarto está vazio. Márcia se foi.

††††††

Algumas semanas depois, Márcio está varrendo o chão da cozinha da casa de seu patrão quando recebe um chute no saco. Fazem dois dias que ele não vê Suelen, mas eles voltaram a transar umas duas vezes. Suelen disse que o pau dele é gostoso, Márcio se sente bem em saber de tal informação.

O chute é certeiro e ele despenca gemendo. Assim que cai recebe um chute na cara e solta um grito.

Então ele vê Márcia.

— Oi, seu filho da puta. Lembra de mim? Você me trocou por aquela preta! Agora eu vou matar você!

Márcio mal pode acreditar no que está acontecendo.

Márcia pega a vassoura e quebra o cabo nas suas costas.

Ele grita em estado de pânico, uma dor lancinante domina seu corpo.

Ele sai rastejando.

— Eu não gosto de ser traída, ouviu seu verme? Você é meu homem! Só meu.

— VOCÊ NÃO É REAL! NÃO É REAL!

— NÃO SOU REAL? NÃO SOU? VEJA SE ISSO É REAL, SEU BOSTA!

Márcia pega uma faca sobre a pia e a finca na perna esquerda de Márcio que grita desesperadamente.

— NÃO É REAL, SEU VERME? O QUE ME DIZ?!

Márcio se apoia na parede e fica de pé. Ele vê um copo sobre a mesa, o pega e o atira acertando a testa de Márcia.

Então sai cambaleando pelo corredor que vai dar nos quartos. Enquanto caminha deixa um rastro de sangue pelo chão.

— VOLTE AQUI FILHO DA PUTA! VOU TE ENSINAR A ME TRAIR COM PUTAS PRETAS, SEU SUJO!

Márcio, desesperado, se lembra do sótão, e vai cambaleando.
Ele não acredita no que está acontecendo, pede a Deus que seja um pesadelo, uma alucinação. Porém a dor em sua perna e em seu saco não parecem alucinações.

Márcio sobe a escada do sótão com dificuldade e tranca a porta depois de entrar lá.

Ele desaba e ouve a voz amorfa de Márcia:

— ABRA A PORTA SEU FILHO DA PUTA! VOCÊ VAI ME COMER E DEPOIS VOU MATAR VOCÊ!

— NÃO! VÁ EMBORA! VOCÊ NÃO É REAL! NÃO É REAL...Não é real.

— Ok. Fique aí então. Eu e sua preta vamos ter uma conversinha. Você pediu isso, Márcio. Você é o culpado.

Márcio ouve os passos de Márcia de afastando.

Ele fica ali ainda um tempo, completamente exausto, dopado pela dor. Então a ficha parece cair e ele se levanta rapidamente.

— Suelen! Meu Deus!

Ele abre a porta e desce a escada o mais rápido que consegue. Caminha até a sala, pega o telefone e disca 190.

— Emergência. Boa tarde. Qual é a ocorrência?

— Tem uma pessoa em perigo. Uma mulher. O nome dela é Suelen. Ela mora na rua das palmeiras, número 3 mil. Chácara Amarela. Uma mulher vai tentar matar ela. Envie. Uma viatura agora!

Márcio não espera a atendente responder e sai. Vai até sua casa pegar a chave do Chevette, entra no carro e sai em disparada na direção da casa de Suelen.

†††††††

Suelen pega o lençol branco que acabou de lavar e o estende no varal.

Então ela vê uma sombra através do lençol e leva um susto.

Afasta o lençol para olhar e não vê ninguém.

Acha estranho. Sente uma sensação esquisita. Seu coração está palpitando.

De repente ela ouve uma voz afeminada atrás de si:

— Sua preta suja! Ele é meu homem!

Suelen olha para trás e leva uma paulada. Ela grita e vai ao chão.

— Vou te ensinar a não mexer com o homem dos outros, sua cadela!

Suelen leva uma forte pancada nas costas e geme de dor.

Alguém a agarra pelo cabelo e começa a arrastá-la para a casa. Ela é atirada contra o chão e leva uma paulada no tornozelo direito. A dor é tão lancinante que ela não pensa que vai desmaiar.

Então ela vê a imagem difusa de quem está lhe batendo. Uma mulher, uma estranha mulher. Uma mulher com o rosto de…

— Vai aprender a dar a buceta em outro lugar sua maldita!

Suelen recebe um chute na cara e outro no estômago.

††††††††

Márcio quase tomba o Chevette. Freia bruscamente e desce, ouvindo gritos na casa.

Os dois cachorros de Suelen correm na direção dele, furiosos.

— SUELEN!

Márcio despreza os animais e entra na casa.

Suelen está no chão gritando em uma poça de sangue. O rosto dela está desfigurado de tanta pancada que levou. Márcio percebe que ela está morrendo.

— MEU DEUS DO CÉU! O QUE ELA TE FEZ?! NÃO! MALDITA! O QUE VOCÊ FEZ?!

Ele tenta acudir Suelen que está muito machucada.

— Calma! Fique calma! Eu já chamei ajuda!

— Por favor…

— Fique calma!

— Por favor… não… não me bata mais… por favor.

— Não amor! Não fui eu quem te bateu! Foi ela! Foi aquela maldita!

Márcio começa a chorar em desespero.

— O QUE VOCÊ FEZ DESGRAÇADA?! ONDE VOCÊ ESTÁ?! APARECE SUA PUTA! VOU TE MATAR!

Suelen tenta falar.

— Não fale amor! Fique calma!

— Meu Deus… você… você é louco!

— Não! O que?...

— ME DEIXE EM PAZ! PARE DE ME BATER!

Márcio se levanta indignado.

— Mas não!...

Há um espelho de corpo inteiro na sala e Márcio olha para ele. Mas aquele não é seu reflexo. Ele franze o cenho e se aproxima do espelho. A imagem que ele está vendo é de Márcia. Ela está usando uma blusa laranja. Uma calça de Lycra  apegada ao corpo, os cabelos presos num rabo de cavalo. Há sangue nas roupas dela. Seu rosto também está manchado de sangue. Há um sinistro e zombeteiro sorriso em seu rosto.

— O que?... O que você fez, Márcia?

— O que você fez, Márcio?

Márcia.

Márcio.

Márcio está segurando um cabo de vassoura.

Ele olha para Suelen e esta vê o rosto de um demônio.

— NÃO! POR FAVOR! NÃO!

Márcio caminha para ela e ergue o cabo de vassoura pronto para acertar a cabeça dela.

O estampido de um tiro soa ensurdecedor e Márcio cai sobre o sofá.

†††††††††

O policial Torres para a viatura atrás do Chevette velho.

Ele e seu parceiro, o policial Castro, saem da viatura e quase que instantaneamente, ouvem os gritos vindos da casa.

Ambos sacam suas armas.

O policial  Torres é o primeiro a entrar e se depara com uma cena bizarra: tem uma moça negra muito machucada no chão. Um homem vestido de mulher está segurando um cabo de vassoura quebrado, pronto para acertar a cabeça dela.

Ele fica parado, estupefato, vendo aquela cena sem reação. Então ouve o estampido do tiro e vê que seu parceiro acabou de atirar nas costas do homem.

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Luís Fernando Alves

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