DEVIL IN DISGUISE
Pedro viu aquele cara com olhos vermelhos saindo da casa. O cara não estava pegando fogo mas havia fumaça saindo dele e do cachorro.
Mais cedo Pedro pegou sua bicicleta e passou na casa de Paulinho o convidando para dar um rolê, mas a mãe de Paulinho disse que ele estava de castigo e não ia a lugar algum. Então ele saiu sozinho mesmo, já que não tinha mais amigos. A ideia era dar uma passada na rua da cacimba e ver se tinha alguma casa abandonada com vidros legais para serem quebrados. Quebrar vidros de janelas de casas abandonadas era uma coisa bem legal.
Pedro levou seu estilingue, pegou algumas pedras no ribeirão, e pedalou a todo vapor até lá.
Algumas pessoas moravam na rua da cacimba, mas no final da rua ficava uma casa abandonada, a número 94.
A casa era uma imponente mansão de dois andares. Havia um muro de pedras na frente. O portão enferrujado servia de apoio para algumas trepadeiras que estavam mortas. Na verdade a maioria as plantas que havia ao redor e dentro do terreno da casa estavam mortas, o que dava um ar soturno à construção. Mas Pedro não tinha problema nenhum quanto a isso. Ele gostava bastante de casas abandonadas e já tinha entrado em várias.
Ele largou sua bicicleta Monark prateada na frente do portão e entrou pela abertura que tinham feito na grade velha. Percorreu o jardim até a parte da frente e ficou olhando para a casa por alguns instantes.
De repente ele mudou de ideia. Ele queria bater em retirada porque havia alguma coisa (que ele não conseguia explicar o que era) naquela casa que o enchia de medo.
Era como se a casa estivesse olhando para ele, e estivesse o desafiando.
" Vamos lá seu moleque mijão. Faça o que veio fazer. Quebre um vidro. Se atreva seu frouxo. "
E ele sabia que o.momenro em que fizesse aquilo a porta ia se abrir, uma língua enorme ia sair de lá de dentro e o puxar para o interior escuro.
Pedro ficou ali, paralisado. Seus olhos se arregalaram quando a maçaneta da porta começou a girar. Ele mijou nas calças (coisa que não fazia há quatro anos) quando a porta se abriu e o homem saiu de lá.
Era um jovem de uns vinte a poucos anos, os cabelos eram loiros, ele estava usando o que parecia ser um uniforme de agente secreto. Era uma roupa preta, meio camuflada. Tinha uma espécie de capacete na cabeça. Pedro já tinha visto aquilo nos filmes e sabia que era um equipamento de visão noturna. O cara estava armado com um fuzil.
Mas o que mais impressionou o garoto de oito anos era o fato de que estava saindo fumaça do cara, como se ele tivesse acabado de sair do forno.
Um cachorro pequeno, preto saiu depois dele e também estava exalando fumaça.
Pedro ouviu o som de ossos estralando quando o cara mexeu o pescoço e foi então que ele olhou para o garoto, e os olhos do cara eram vermelhos, como sangue.
O cara ficou olhando para o garoto por alguns instantes e sorriu, e o sorriso encheu Pedro de pavor.
— Cai fora daqui garoto.
Então Pedro consegui se mexer. Correu como o flash, passou pelo portão, subiu na bicicleta, embora, mais tarde não se lembrasse de tê-lo feito, e pedalou mais rápido que Vinícius Rangel *, e desapareceu dessa história para sempre.
*****
Quando ele saiu no portão o cachorro não estava ali.
Ele fechou o portal e olhou para o livro que estava sobre o altar. O livro entrou em combustão espontânea.
Ele caminhou pelo corredor e os encontrou na sala. Todos estavam ali. Maria, Teresa, Sávio sentado em sua poltrona, o pequeno cachorro, e todos os outros. Estavam reunidos na sala como bons empregados esperando seu senhor.
Assim que ele entrou na sala eles se prostraram e o adoraram.
Lúcifer sorriu. Uma nova era estava prestes a se tornar realidade. Ele era a estrela da manhã, a luz que devia vir ao mundo.
— Vocês foram ótimos, fizeram tudo direitinho. Agora eu lhes dou a liberdade.
Todos sorriram e começaram a desaparecer.
O cãozinho preto ficou ali, deitado como um bom cachorro.
Lúcifer começou a caminhar para fora da casa.
— Vamos lá amigo. Temos que sair.
Enovigenese abanou a cauda e o seguiu.
Os dois caminharam pelo vasto corredor até a porta.
Lúcifer abriu a porta e saiu.
Era um belo dia. O sol brilhava majestoso. Alguns pássaros cantavam. Ele sorriu satisfeito.
Moveu o pescoço fazendo os ossos estralarem e olhou para a esquerda.
Um garoto pequeno estava parado ali. Olhando para ele aparentemente apavorado.
Lúcifer sorriu.
— Caia fora daqui garoto.
O menino destravou e siu em disparada.
Lúcifer meteu a mão no bolso do uniforme de Edilson e pegou uma carteira de cigarros. Acendeu um e deu uma tragada. Soltou a fumaça no ar e olhou para o cachorro.
— Bom demais. Não acha?
O cachorro abanou a causa feliz.
— Vamos nessa.
Os dois saíram da casa e caminharam até a rua.
A van de Edilson estava parada do outro lado.
Lúcifer caminhou até ela e abriu a porta. Deixou o cachorro entrar e este se abrigou no banco do passageiro.
Lúcifer assumiu o volante.
— Como eu sempre digo... Vamos nessa.
Ele se lembrou de que não tinha a chave.
— Bem... Não há problema algum.
Ele colocou a mão no volante e o carro ligou.
Lúcifer puxou o quebra sol e um óculos escudo caiu em seu colo. Ele colocou o pulos e sorriu.
— Vamos ver.
Ele ligou o rádio e um rock povoou o interior do carro era Elvis Presley cantando (You're The) Devil In Disguise.
Enovigenese latiu e Lúcifer soltou uma gargalhada.
— Não podia ser melhor.
Ele engatou primeira e saiu com o carro
☠️☠️☠️☠️☠️
Luís Fernando Alves
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro