CAMILA
1984
Depois de um longo dia de trabalho eu fui tomar meu banho como sempre faço.
De repente as luzes piscaram e depois voltaram ao normal.
Quando saí do banheiro não estava mais em minha casa mas sim aqui, nesse lugar, nessa casa abandonada...bem, essa casa não está abandonada, tem muitas coisas vivendo aqui, muitas coisas malignas.
Assim que cheguei uma garotinha olhou para mim e disse que queria comer, eu me abaixei dizendo para ela que não tinha nada para dar para ela comer, então ela começou a mastigar meu braço, me comeu por inteira, então eu morri.
Quando isso aconteceu apareci de novo dentro do meu banheiro. Quando abri a porta e saí estava de novo aqui, e dessa vez eu não vi aquela garotinha.
Comecei a observar o lugar e vi que era uma casa abandonada, os móveis todos em ruínas, alguns virados. Era o interior de uma casa comum.
De repente as paredes começaram a sangrar e cobriram meus pés. Eu entrei em pânico e comecei a correr, mas o sangue foi subindo cada vez mais e quando vi, me afoguei no sangue e morri.
Então eu apareci no banheiro de novo.
Eu não queria sair de lá mas a porta se abriu revelando uma escuridão e eu fui atraída pela escuridão.
Comecei a sentir algo subindo pelo meu corpo, algo que acho que eram aranhas, muitas aranhas. Elas foram comendo meu corpo até não sobrar nada e então...adivinha. Voltei para o meu banheiro.
Eu já perdi as contas de quantas vezes já morri. Só quero um jeito de sair deste lugar.
Nesse atual momento eu estou em um corredor cheio de portas abertas. Passei pelas portas e tem um homem cortando o próprio pênis em um dos quartos. Em outro quarto vi um homem apontando uma arma para a própria cabeça.
Este lugar está tirando a minha sanidade e este corredor... acredito que vai me levar para alguma saída. Estou mapeando a casa para não me perder aqui dentro. Já revirei essa casa de cima a baixo e não tem saída.
Às vezes paro em algum lugar para escrever isso no caderno que achei. Em uma noite eu estava escrevendo quando um ser terrível apareceu e me matou. Há marcas de sangue por todo lugar aqui e acho que esse sangue todo é meu, de quando eu morri.
Bem... acho que quem ler isso aqui não vai acreditar, mas eu achei uma floresta em um cômodo da casa, uma floresta bizarra e gigante, com insetos enormes, insetos do tamanho de vacas. Era algo muito lindo de se ver, aquela natureza com flores do tamanho de árvores, e árvores colossais, mas então começou a chover e uma única gota de chuva me afogou, porque uma gota de chuva tinha tanta água que se tem uma cachoeira.
Eu acho aquela floresta algo desproporcional ao seu tamanho, é uma floresta gigantesca para seres gigantes e foi assim que morri novamente. De repente o céu acima de mim foi escurecendo. Quando olhei para cima vi que era a pata de um enorme animal e ele me esmagou. E então eu apareci de novo no meu banheiro...
Mão aguento mais isso. Vou ver se consigo parar com toda essa merda. Espero que sim.
Neste momento estou andando pela casa procurando alguma criatura para me matar, mas antes preciso jogar esse caderno com esse relato lá fora. As pessoas precisam ser avisadas do perigo de entrar nessa casa. Isso aqui é o inferno, um inferno em forma de déjà vu.
Vou jogar a coisa pela janela. Vi uma janela no final do corredor e ela dá para a rua.
Se você estiver lendo isso certamente já devo ter morrido uma centena de vezes mais.
🎃
Rodrigo usou o orelhão e ligou para Berenice:
- Oi gata. Tô chegando aí. Demorei porque estou de a pé.
- Está bem amor.
Ele desligou o telefone, puxou a carteira de cigarros, colocou um na boca e acendeu com um isqueiro.
Foi quando um caderno o atingiu na cabeça.
Ele soltou um grito, mas não de dor, era mais surpresa, afinal não era sempre que um caderno voador acertava alguém na cabeça.
Olhou à sua volta para ter certeza de que não estava começando uma inusitada chuva de cadernos e viu uma casa.
Já tinha passado naquela rua algumas vezes e nunca tinha visto aquela casa.
Era um sobrado com cara de casa velha. Rodrigo podia jurar que era uma casa abandonada, mas então viu a mulher em uma das janelas lá em cima.
Era uma negra, a negra mais linda que ele já tinha visto na vida e ela estava pelada, tinha os seios fartos e lindos.
- Oi lindo. Desculpe acertar sua cabeça com o caderno.
- Oi... Puxa... Eu...
- Sabe gato... Eu estou louquinha pra dar, e o portão está aberto.
Rodrigo arregalou os olhos, não podendo acreditar no que estava acontecendo.
Qual a chance de você ser alvejado por um caderno e encontrar uma gostosa negra querendo transar?
Rodrigo sorriu. Atirou longe o cigarro que estava fumando, jogou o caderno na calçada e se dirigiu ao portão que estava realmente aberto.
Rodrigo entrou na casa.
Debora Quesada e Luís Fernando Alves
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