PARADA OBRIGATÓRIA ANTES
1996
Layla escutou quando o pneu traseiro estourou. O Fusca dançou na pista de um lado para o outro e ela chegou a gritar.
Segurou o volante com força e diminuiu a velocidade lembrando-se de não encostar o pé no freio.
Ela vinha dirigindo por aquela estrada por horas. Era o que se podia chamar de estrada reta e longa. Não havia curvas, e a paigagem se dividia entre campos de pastagens e florestas.
Layla já estava achando que aquela era uma estrada diretamente para o fim do mundo quando avistou o posto.
Era um posto velho. Havia apenas duas bombas de combustível. Ao lado ficava uma loja de conveniência com uma enorme placa que dizia PARADA OBRIGATÓRIA.
Na frente do posto havia um pátio cimentado que estava repleto de carros. Ela viu os carros mas não viu movimento algum. O lugar parecia um deserto.
Layla estava ponderando se era uma boa ideia parar quando escutou o barulho do pneu estourando.
" Bem... Agora não tenho escolha. "
Assim que conseguiu controlar o Fusca, ela deu seta, mais porque estava acostumada a fazer isso e virou à direita.
Parou perto de alguns carros (alguns deles eram antigos) e desceu.
Olhou à sua volta por alguns instantes e não conseguiu ver viv'alma. O lugar estava mergulhado no mais absoluto silêncio.
Layla franziu o cenho ponderando que aquilo não era um bom sinal. De jeito nenhum.
- Bem, eu preciso de um telefone.
Sua voz pareceu soar muito alta no silêncio que reinava naquela lugar.
Layla começou a caminhar em direção ao posto. Seus saltos pareciam ecoar no piso cimentado.
A porta da loja de conveniência estava aberta.
Ela se aproximou das bombas e viu um homem sentado em uma cadeira.
Layla levou um susto. Podia jurar que aquele homem não estava ali antes.
Se aproximou com cautela e então verificou que não se tratava de um homem, mas sim de um manequim.
Layla sentia seu coração palpitar, um arrepio estranho percorria todo seu corpo.
Ela entrou na loja e viu que era uma pequena lanchonete.
Estava deserta.
- Oiê. Tem alguém aí?
Silêncio.
Layla avistou um telefone e correu até ele. Verificou que estava mudo.
- Mas que merda.
Olhou para a janela e de repente soltou um grito. Havia um rosto colado nela.
Layla correu para fora e deu de cara com um homem.
Ele era loiro, olhos azuis, estava usando um macacão azul manchado de graxa, e quando ele sorriu, Layla percebeu que ele não tinha os dentes da frente.
- Desculpa se eu assustei o cê moça.
- Não... Sim... Eu... Eu estava procurando um telefone...
- O telefone tá mudo.
- Eu... Eu percebi.
O homem sorriu novamente. Layla estremeceu. Alguma coisa não estava certa na maneira que ele olhava para ela.
- O que qui aconteceu com cê?
- Ah... Meu... Meu carro... O pneu.
- Se tá persisano trocá o pneu, eu troco pu cê.
- Sério? Nossa... Eu... Eu iria ficar muito grata.
- Vamo lá vê.
Os dois caminharam até o Fusca.
- Sabe, num passa muitas moça bonita por aqui, qui nem u cê. U cê é muito bonita.
Layla corou e sentiu-se incomoda. Podia sentir os olhos do homem sobre ela, sondando cada curva de seu corpo.
Chegaram ao Fusca.
- Aqui está.
- Certo. Vô levá ele pô garpão. As ferramenta tão lá.
O homem assumiu a direção, ligou o motor e olhou para Layla.
- Entra aqui moça.
- Não... Eu estou bem... Espero aqui.
- Deixa de sê boba.
Layla sentiu-se intimidada. Aquilo não a agradou, mas ela entrou no carro.
O homem dirigiu até um galpão que ficava atrás do posto.
Tudo o que Layla queria era que o homem trocasse logo o pneu, para ela poder sair dali. Algo naquele lugar não a agradava nem um pouco.
- Eu troco rapidinho pu cê moça.
Layla sorriu tentando ser gentil.
- Obrigada.
Ela saiu do carro e caminhou até a porta do galpão.
Eram por volta das três da tarde. Um vento quente assoprava balançando as árvores em redor.
Layla viu um poço há alguns metros.
Escutou um ruído e olhou para trás.
O homem havia erguido o carro com um macaco e arrancado a roda. Mas o homem não estava ali.
Layla deu um passo para dentro do galpão.
- Moço?
Silêncio.
O silêncio era opressor, chegava a incomodar.
Layla sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiar.
Deu mais um passo na direção do Fusca e sentiu alguma coisa parada atrás de si.
Olhou para trás. Seus olhos saltaram da órbita. O terror a envolveu mas ela não conseguiu gritar. Cobriu a boca com a mão numa expressão de horror, não podendo acreditar no que estava vendo. O que estava vendo era impossível.
Layla estava vendo Michael Mayers dos filmes de terror Halloween. Ela sabia porque tinha assistido o filme e conhecia aquela máscara branca terrivel.
Mayers segurava uma faca e de repente a golpeou.
Layla levou uma facada no peito e dessa vez gritou. Seus gritos quebraram o silêncio sepulcral que dominava o lugar e foi como ouvir uma explosão.
Layla tombou no chão e levou outra facada nas costas.
*****
Ele pegou uma marreta e começou a bater na cara da moça.
O sangue explodiu como uma chuva pintando a máscara branca de vermelho.
Ele se divertia e sentia que estava perto do êxtase. Era bom demais. Era surreal.
Quando ele terminou e finalmente conseguiu gozar, o rosto da mulher não existia mais, mas ela ainda estava se mexendo e emitia sons estranhos com aquilo que antes era uma boca.
Ele começou a arrastá-la. A arrastou até o poço e teve uma certa dificuldade em erguê-la, mas conseguiu jogá-la no poço.
Ele tirou a máscara. Pegou as três velas que estavam no bolso e as acendeu na borda do poço.
Sua mãe havia lhe ensinado que uma alma precisava de uma vela para encontrar a paz.
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