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Capítulo Único: Esmerald Eyes

James Potter amava o seu aniversário. Isso nunca mudou.

Nem mesmo em meio a uma guerra ele deixou de esperar ansiosamente por esse dia, principalmente por agora significar que ele sobreviveu por mais um ano naquele caos. Ele estava vivo e bem para comemorar seus vinte e um anos de idade.

Seria o terceiro sem aqueles que tornaram este dia tão especial. Seus pais, Fleamont e Euphemia, são os principais responsáveis pelo amor que James tinha por seu aniversário. Mesmo quando estava em Hogwarts, eles nunca deixaram de enviar-lhe muitos presentes e cartas descrevendo o tamanho amor, carinho e orgulho que sentiam. Não seria tão difícil quanto o primeiro, mas ainda não gostava de pensar que não os teria mais por perto nesse dia.

Agora, além de seguir comemorando esse dia como o grande evento de sempre, James estava decidido a, assim como os pais, tornar os aniversários de seu filho dias memoráveis, pois ele era com certeza o seu maior tesouro em meio a tudo que estava acontecendo.

Ainda faltavam alguns meses para o primeiro aniversário de Harry, então, por enquanto, focaria no seu próprio dia.

E o dia começou quando acordou ouvindo o filho chorar.

Despertou um pouco perdido, a visão embaçada. A primeira coisa que viu foram os travesseiros montando uma barreira na borda da cama e a forma pequena de Harry deitado ao seu lado. Bocejou e com cuidado, ainda sonolento, puxou o filho para mais perto e aconchegou-o em seu peito.

— Bom dia, Harry — sussurrou.

Esticou o braço para tatear a mesa de cabeceira até conseguir alcançar seus óculos e colocá-los no rosto enquanto sentava-se na cama e escorava-se na cabeceira. Bocejou mais uma vez e olhou ao redor do quarto, acalentando o bebê de oito meses em seus braços.

Permaneceu abraçado ao filho enquanto o sono ia embora e ele começava a se acalmar e parar de chorar. Olhou para Harry, que ergueu a cabeça para encará-lo com os grandes olhos verdes como esmeralda.

Aquela era a melhor visão que poderia querer logo cedo naquele dia.

— Estava chorando só para me acordar, meu pequeno despertador? — James riu. — É o seu jeito de me desejar um feliz aniversário?

Harry apenas o encarou com os grandes olhos verdes, e ele sorriu bobo, beijando a pontinha do nariz dele.

Ele ficou de pé com Harry nos braços e seguiu para o banheiro, onde escovou os dentes e lavou o rosto. Encarou-se no espelho do cômodo junto ao filho, observando os cabelos bagunçados de ambos.

Sirius sempre ressaltou o quanto Harry ficava cada dia mais parecido com ele. James concordava e tinha muitas fotos suas na infância para provar.

Mas com certeza, o que ele mais amava Harry herdou da mãe. Os olhos.

— Mamamama — Harry começou a balbuciar.

— Bem que você poderia começar a falar papai como presente de aniversário, hm? — James disse e beijou o rosto de Harry. — Vamos ver a mamãe.

James desceu as escadas até a cozinha, podendo sentir o aroma de panquecas. Ao adentrar o cômodo, avistou a mulher de cabelos ruivos vestindo o seu antigo suéter vermelho do time de quadribol da Grifinória despejando a última panqueca sobre o prato. Ela logo ergueu os olhos para eles, exibindo um sorriso brilhante ao levar o prato até a mesa.

— Bom dia, aniversariante! — ela disse alegremente.

Lily sabia o quanto aquele era um dia especial para James, e cumprimentá-lo com tamanha energia era essencial. Ela caminhou até ele animadamente e segurou seu rosto com carinho, e ele sorriu largo, admirando aquele sorriso e os olhos brilhantes.

James rodeou a cintura dela com o braço livre, mantendo Harry no outro, e ela beijou-o rápido, mas amorosamente. Ele enterrou o rosto no pescoço dela em seguida enquanto era abraçado, ainda sorrindo, o doce aroma de lírios invadindo-o.

— Bom dia, Giglio — sussurrou e depositou um singelo beijo em seu ombro.

— Feliz aniversário — ela disse.

— Obrigado, amor — agradeceu, então enchendo o rosto dela e de Harry de beijos.

Lily e Harry gargalharam, e James foi contagiado por aquela energia, rindo em seguida. Era ótimo acordar com sua família bem ali ao seu lado e poder celebrar mais um ano com eles.

— Mama.

— Vem com a mamãe, Harry — Lily disse rindo e pegou o filho no colo.

— Já faz quase um mês que ele aprendeu a falar "mamãe". Muito injusto ainda não saber "papai".

— Aceite que nessa você perdeu — ela riu. — Fala de novo, Harry. Mamãe.

— Mama.

— De novo.

— Mama. Mama.

— Me provocando no meu aniversário? Isso é muita desconsideração da sua parte, amor — James falou dramaticamente com as mãos no peito.

Lily voltou a rir e sacou sua varinha, acenando-a para trazer até a mesa o que faltava, enquanto James se sentava e apreciava o grande banquete que havia sido preparado. Ela colocou Harry sentado em seu cadeirão e logo sentou-se ao lado do marido.

James começou a alimentar Harry enquanto saboreava o seu café da manhã e Lily lia o Profeta Diário para eles em voz alta. Era parte da rotina que haviam criado. Lily cuidava de amamentar Harry ao nascer do sol; James alimentava com a papinha de abóbora — receita da grande Euphemia Potter — e outros alimentos que começaram a introduzir para ele durante o café da manhã, e ela lia o jornal. Almoço e jantar eles alternavam como melhor dispusessem.

Sem poder sair de casa graças a caça de Voldemort por seu filho, atualizar-se com o jornal matinal e algumas cartas durante o café da manhã tornou-se quase um ritual para eles que não dispensavam, nem mesmo no aniversário de James. Ele próprio fazia questão de saber tudo o que estava rolando pelo país.

— Nenhuma grande novidade além dos ataques de Comensais cada vez mais frequentes — Lily comentou.

— Queria poder estar chutando esses filhos da puta com a Ordem.

— Sem palavrões na frente do Harry! Ele está aprendendo a falar.

— Desculpa, amor… Mas eu realmente gostaria de estar fazendo mais — James suspirou.

— Eu sei, eu também — Lily admitiu e também suspirou, então focando o olhar em Harry, que sujava a mão no pote de papinha e levava a boca enquanto James estava distraído olhando na direção do jornal. — Mas estamos fazendo isso pelo Harry.

James forçou um fraco sorriso e então olhou para o filho, notando a carinha toda suja.

— Harry! — ele exclamou e riu sincero, limpando-o em seguida. — Não posso desviar os olhos de você nem por um segundo.

— Não era diferente com você em Hogwarts — Lily brincou.

— Ninguém conseguia tirar os olhos de mim, querida — rebateu ele com um sorriso ladino e apontando para si próprio, olhando para ela.

— Harry vai se sujar de novo.

James novamente voltou-se para o filho.

— Quer saber? Pode sujar, Harry. Hoje é aniversário do papai, pode comer sozinho e sujar tudo. — Entregou a colher que pegava a papinha na mão do bebê.

Lily riu, balançando a cabeça. Ela então pegou as cartas enviadas pelos amigos parabenizando James e começou a ler, enquanto ele devorava suas panquecas e dava algumas frutas para Harry.

Eram muito poucas cartas agora, devido a situação que se encontravam e a de alguns deles.

Alguns mortos, outros quase, outros sequer sabiam. Não eram tempos fáceis para ninguém, embora tentassem viver o mais normalmente possível e superar tudo por seu filho.

Receberam de Mary, Alice e Frank — que também estavam escondidos como eles —, Peter desculpando-se por não poder comparecer pessoalmente, alguns outros da Ordem da Fênix.

— Não tem de Sirius e Remus?

— Não — Lily respondeu.

James fixou o olhar na parede, pensativo. Esperava ansiosamente uma carta dos amigos, mas ainda havia um dia inteiro para esperar. Ele esperava que eles não pudessem ir para sua casa, apesar de querer muito, por questões de segurança e missões da Ordem, além de que os filhos gêmeos de Sirius estavam doentes na última vez que ele lhe enviou uma carta.

Apesar de saber e entender os motivos, James queria muito ter seus amigos ali. A última vez que se reuniram foi três meses antes, no aniversário de um ano de Canopus e Therion, ali mesmo na residência Potter. Era bastante difícil ficar tanto tempo longe deles após anos sempre tão unidos em Hogwarts.

James queria mesmo ainda estar na ativa assim como os amigos. Talvez não como Peter, que vivia ocupado em missões da Ordem e quase não dava notícias, mas como Sirius ou Remus. Black recebia muito menos missões que Lupin desde a morte da mãe de seus filhos, embora ele também tivesse reduzido o número de missões para ajudar a proteger os gêmeos, mas às vezes ele ainda saía para algumas enquanto Remus cuidava deles.

Queria sentir que estava fazendo alguma coisa. Detestava não fazer nada ou sentir que não fazia o suficiente.

— Killian?

— Acho que já podemos considerá-lo como morto também — Lily disse com pesar. — Nenhuma notícia.

— Aquele maldito idiota. Eu tentei convencê-lo, mas…

— Não comece a se culpar por isso, James.

— Acho que ele estava cego demais pelo medo, não é? — riu sem humor enquanto gesticulava com as mãos ao falar. — Só estando muito cego para acreditar que Sirius nos trairia assim como…

James se interrompeu na frase. Não ousou concluir seu pensamento, por mais que já fosse óbvio.

— Ele era um idiota. Ainda espero que ele tenha mesmo sido um grande covarde e fugido antes de ser encontrado pelos Comensais, se ele morreu…

— Que tal falarmos de alguma outra coisa, hm? — Lily tentou mudar de assunto para que o clima não pesasse tanto. Não era dia para tristeza. — Você poderia continuar sua missão de fazer Harry enfim aprender a falar "papai".

— Esse seria o melhor presente de aniversário. — Ele olhou logo para o filho mais uma vez. — Vamos, Harry. Fala "papai".

Harry apenas continuou olhando para eles enquanto se lambuzava com a comida. A mudança de assunto funcionou rapidamente com James, como quase sempre ocorria. Ele conseguiu arrancar boas risadas do bebê, mas não a palavra tão desejada.

Após terminarem o café da manhã, o casal lavou a louça suja juntos, enquanto Harry engatinhava ao redor. Tudo na cozinha possuía proteção para crianças, claro, para que fosse seguro deixá-lo livre pelo cômodo.

Assim que guardou o último prato, James colocou Harry de pé no chão e segurou suas mãozinhas, começando a caminhar com o corpo levemente curvado para segurá-lo e levando-o junto. O bebê tropeçou várias vezes, mas o pai não deixou-o cair. Era como tentava ajudá-lo a aprender a caminhar.

— Você pode quebrar o recorde dos gêmeos muito em breve! — comentou chegando a sala de estar.

No instante seguinte, Harry começou a grunhir agitado e puxar as mãos para jogar-se no chão.

— Não quer tentar andar com o papai, Harry?

Harry continuou a resmungar e debateu-se. Então James soltou-o com cuidado, e ele logo começou a engatinhar e sentou-se no tapete.

— Tudo bem, então. — Deu de ombros.

Lily chegou um tempo depois. Ela sorriu ao ver James e Harry juntos na sala desenhando. O bebê mais rabiscava um papel com giz de cera enquanto o pai desenhava concentrado em seu caderno, mas era uma cena extremamente adorável ainda assim.

Havia uma parede inteira de rabiscos no cômodo que ambos usavam. Focar muito no seu hobbie de desenho e pintura tem ajudado muito James a passar o tempo e tem sido extremamente gratificante para ele desde que Harry aprendeu a segurar um giz ou um pincel com mais firmeza, e o pequeno adorava. Era uma das poucas coisas que o deixavam calmo e pensando menos na vontade de agir.

Lily suspeitava que talvez o filho acabasse criando um grande amor por desenhos influenciado por James quando crescesse. Ele com certeza penduraria na sala todos os quadros e desenhos do garoto para que todos que viessem pudessem ver.

Ela sentou-se ao lado do marido e deitou a cabeça em seu ombro, olhando para o caderno. Sorriu ao ver que estava desenhando ela mesma com Harry nos braços, usando o mesmo suéter que usava agora.

— Está lindo — disse, mas ele não ouviu, focado demais no desenho. — James, amor!

— Hm? — James voltou sua atenção para a esposa de repente, num salto repentino de susto. Isso sempre acontecia quando ele estava focado demais desenhando em silêncio.

— Falei que o desenho está lindo — disse e riu baixo. — Você faz parecer fácil. Em pouco tempo já consigo identificar o que é.

— Muita prática — disse e voltou rapidamente a atenção para o desenho. — Mamma sempre me desenhava no meu aniversário. Comecei a fazer o mesmo com ela depois que aprendi.

— Adoraria fazer isso por você, mas desenhar não é meu forte.

— Tenho feito o bastante por todos nós. Em breve Harry vai poder fazer retratos nossos.

Eles olharam para o bebê, que balbuciava enquanto rabiscava várias folhas com formas abstratas.

— Puxou a você nisso. Ele adora brincar com os giz de cera e pincéis.

— Meu pai dizia que esse era o melhor jeito de me distrair quando pequeno para que parasse de correr e pular — comentou rindo. — Minha mãe colocava um pincel na minha mão e eu ficava focado nisso por horas. Quadribol também, adorava quando meu pai me levava para os jogos e as Copas e não parava de tagarelar sobre o jogo por uma semana.

— Você sempre foi muito hiperativo.

— É… Mcgonagall sabe bem — ele riu.

Não demorou muito para que James terminasse de desenhar e mostrasse o resultado para a esposa, que sorriu e beijou seu rosto.

— Está perfeito — disse. — Mas você só coloriu nossos olhos. Por quê?

— É o mais importante. A melhor coisa em Harry foi ter herdado os seus olhos.

— Pensei que seria ser sua cópia.

— Isso também. O equilíbrio perfeito. A minha cara, mas os seus olhos. Não poderia haver mistura melhor.

— E se ele fosse parecido comigo, mas os seus olhos?

James franziu o cenho e ficou pensativo sobre isso, tentando imaginar. Não conseguia imaginar Harry de outro jeito, ele era perfeito assim. Porém, conseguia imaginar uma bela criança igualzinha a Lily e seus olhos.

— Seria perfeito. Podemos dar um irmão ou irmã para ele para vermos pessoalmente como seria.

— James!

— Se você estiver disposta, claro, um dia podemos. Adoraria ter com você todos os filhos que quiser.

Lily sorriu e abraçou o pescoço de James.

— Podemos pensar sobre isso depois — falou. — Quando tudo se acalmar.

— Sim, quando enfim isso acabar e estivermos seguros. Gostaria que fosse uma menina igualzinha a você, até os olhos, mas tudo bem se for como os meus.

— Acha que Harry gostaria de uma irmã?

— Eu sou filho único e digo que adoraria ter irmãos para crescer comigo — James disse convicto.

— Eu tenho uma irmã e…

— Ela é terrível, eu sei. Mas Sirius tem feito um ótimo papel como irmão pra mim. — Sorriu. — E acho que os gêmeos também serão como irmãos para o Harry.

— Não tenho dúvida que serão — Lily concordou. — E conversaremos sobre uma irmãzinha no futuro.

— Repito que adoraria que ela se parecesse com você.

Lily sorriu boba ao ouvir aquilo mais uma vez. Parecia difícil às vezes pensar em fazer planos com James, porém também era como se agarrar a uma esperança em meio aquele caos.

James não queria imaginar qualquer outra possibilidade e se agarra a isso. Pensar num futuro com Lily era uma boa forma de se desligar de tudo, ter esperança de que teriam um futuro. Era seu lado otimista que falava mais alto em alguns momentos. Não gostava de pensar apenas nas partes ruins, embora não as ignorasse totalmente.

Seus planos poderiam ir por água abaixo a qualquer momento, como já ocorreu antes, mas não queria pensar nisso. Não.

Era seu aniversário. Ele precisava ter bons pensamentos pelo menos hoje.

— Harry é uma homenagem ao seu avô Henry. O nome dela seria a quem?

— Se for parecida com você, acho que podemos pensar em algo sobre você mesmo. Harry tem meu nome.

— Então o nome do meio seria Lily?

— Sim. E o primeiro… — ele divagou. — Se tiver seus olhos, chamar de Esmeralda seria bom, não é? Seus olhos são iguais à esmeralda. Sua família gosta de flores, mas uma jóia não seria ruim.

Lily riu.

— Oh! Se for ruiva poderia ser Ruby. Olhos de esmeralda e cabelos de rubi.

— De onde veio essa paixão repentina por jóias?

— Tem muitas jóias no cofre da minha família. Eu sempre gostei. — Deu de ombros. — Mamma tinha um par de brincos de rubi lindos que ganhou do meu pai que sempre usava no aniversário de casamento.

— Aqueles que você me deu antes do nosso casamento?

— Sim. Eles mesmos. Você guardou de volta no cofre, não foi?

— Valiosos demais para manter em casa. Estão mais seguros em Gringots — disse. — Mas gostei de Ruby, mas Ruby Lily…

— Verdade. Vamos pensar melhor nisso — James concordou com uma leve careta. — Mas já temos um nome pelo menos.

— Você é muito bom em planejamentos.

— Eu quem preparava muitas das melhores pegadinhas, meu amor, e era capitão do time de Quadribol. Planejamento é a chave do meu trabalho — gabou-se.

— Papa!

James congelou e arregalou os olhos, parando imediatamente de falar. Ele e Lily imediatamente voltaram os olhos para Harry que agora engatinhava até eles com uma folha numa mão meio amassada e um giz vermelho em outra.

— Ele disse o que eu ouvi?

— Acho que disse — Lily concordou.

— Papa — Harry repetiu sentado à frente dele e estendendo o papel e o giz para James.

— ELE DISSE PAPÀ! — James comemorou.

— Ou ele quer que você desenhe pra ele ou quer te mostrar o que fez.

James segurou-o e trouxe para seu colo com um enorme sorriso orgulhoso.

— Papa! — Harry balançou a folha.

— Está lindo, core mio — James disse para os rabiscos abstratos de Harry. — Melhor presente de aniversário! Fala de novo! Papà!

Papà.

— Já fala até italiano!

Lily então gargalhou com a última frase, chamando a atenção do marido.

— Sim, amor. Com certeza fala.

Il mio piccolo molto intelligente — James começou a falar com Harry em italiano. — Papà è molto felice oggi!

— Não seria você se não estivesse feliz em seu aniversário.

James riu e olhou para Lily, encarando os olhos verdes brilhantes. Ele abraçou sua cintura e dei-lhe um breve beijo nos lábios e depois um na bochecha de Harry.

Ele estava mesmo feliz. Apesar de tudo, ele tinha sua família e quem mais amava. Isso era o que mais importava.

***

Com a chegada da noite, James deu um banho em Harry e vestiu-o igual a si próprio: um suéter vermelho e uma calça preta. Lily riu ao vê-los iguais e logo tirou uma foto.

James distraiu-se momentaneamente ao ver a esposa num belo vestido vermelho. Ela estava exuberante com os cabelos ruivos caindo em cascata por seus ombro e usando um belo colar com "Lily" no pingente que ganhou de presente de aniversário dele mesmo há alguns anos, encomendado numa joalheria trouxa. Os pés estavam descalços, assim como ele e Harry, mas isso era apenas um charme a mais para tudo.

Naquela imensidão de vermelho, os olhos de esmeralda pareciam brilhar ainda mais em destaque.

James foi tirado de seus devaneios apenas quando sentiu Harry puxando os óculos de seu rosto, impedindo-o de enxergar algo nitidamente. Tudo o que via era o borrão vermelho que sabia ser Lily e a forma dos móveis. Ele não conseguia ver praticamente nada sem seus óculos desde que se lembrava.

Desde que Harry começou a engatinhar desconfiava que ele também possuísse o mesmo problema de visão dos Potter. Seu pai Fleamont também usava óculos desde criança, seu avô Henry e até seu bisavô. Alguns diziam ser a maldição dos Potter a miopia e o astigmatismo severo e precisarem de lentes mágicas para enxergarem com nitidez.

Talvez Harry não tivesse uma visão tão ruim quanto o pai, mas ele costumava se esbarrar em alguns móveis às vezes. Ainda não puderam ir atrás de um medibruxo para ter certeza, mas pretendiam ir assim que possível, por precaução.

— Papai precisa disso para poder ver você, Harry — James disse pegando os óculos de volta.

Harry começou a choramingar, tentando pegá-lo novamente.

— Harry, não pode, é do papai.

O bebê começou a chorar. James suspirou, e Lily rapidamente se aproximou para pegá-lo no colo enquanto ele ajeitava os óculos no rosto.

James teve uma ideia e então pegou sua varinha. Tirou os óculos apenas para bater a varinha nele e criar uma duplicata temporária, então colocou-o no rosto e deu a cópia a Harry, colocando em seu rosto.

— Pronto, agora está igualzinho o papai!

— Só precisa de um ajuste. — Com a própria varinha, Lily encolheu os óculos e fez surgir um elástico nas hastes para prendê-lo ao rosto de Harry. — Pronto! Gostou?

Harry tocou os óculos no rosto e sorriu com seus dentinhos que começavam a nascer, então apontando para o pai.

— É, você está igual o papai, meu amor — ela disse sorrindo.

James sorriu bobo com a cena que com certeza desenharia mais tarde. O filho ficou ainda mais parecido consigo com os óculos no rosto, os olhinhos verdes brilhando com alegria depois de uma boa soneca durante a tarde.

Eles haviam feito um bolo juntos e preparado o jantar, tudo para uma pequena festa em família. Mesmo que fosse apenas os três, estava bom para James. Ainda estava triste por não ter recebido nem uma ligação de Sirius e Remus, mas sabia que deveria haver um motivo para o silêncio.

Desceram em seguida. A mesa estava repleta de tudo o que James mais gostava e chegava a dar água na boca.

Porém, ele franziu o cenho ao perceber que havia mais dois pratos e que Lily triplicou o cadeirão de Harry.

— Para quê mais pratos e cadeirões?

— Uma surpresa — Lily disse e sorriu de canto. Ela olhou para o relógio na parede. — Aliás, eles devem estar chegando agora.

A campainha tocou poucos instantes depois.

James rapidamente correu até a porta, abrindo-a e dando de cara com os melhores amigos carregando dois bebês de pouco mais de um ano nos braços. Seu sorriso não poderia ser maior e mais brilhante.

Eles estavam ali. Depois de tanto se preocupar, eles estavam ali.

— Feliz aniversário, Prongs! — disse Sirius alegremente.

— Parabéns, James! — Remus disse em seguida.

— Vocês vieram!

— Não podíamos deixar de comemorar o seu aniversário, James — Sirius disse adentrando a residência Potter e já tirando a mochila que estava em seu ombro para jogá-la no chão, enquanto o filho tinha a cabeça deitada no outro.

— Como ensinamos a falar, meninos?

Os garotos ficaram calados, abraçados a eles. O que estava no colo de Remus bocejou, virou o rosto e enterrou-o em seu ombro, fazendo-o rir.

— Eles vieram dormindo no caminho, ainda estão um pouco manhosos — explicou.

— O que não aconteceria se viéssemos na minha moto em sua perfeita glória, mas você insistiu em transfigurar ela em um carro — Sirius resmungou.

— Sirius, não íamos trazer dois bebês em uma moto!

— É para isso que tenho o sidecar! Você poderia muito bem vir nele com um deles e outro comigo. Não são nem quarenta minutos de estrada de um vilarejo pro outro!

— Um carro é muito mais seguro, e sua carteira de motorista é para os dois. Quando voltarmos para casa, pode transfigurar sua querida moto de volta.

Sirius revirou os olhos e suspirou.

— Vamos, Canis. Diz parabéns para o seu padrinho igual o papai ensinou — Sirius disse para o bebê que estava em seus braços, e ele levantou a cabeça com um biquinho emburrado. — Parabéns, Tio Prongs.

O garoto continuou em silêncio e coçou os olhos, apenas então olhando para o padrinho.

— É o Tio Prongs. Vamos falar parabéns?

— Pabéns, Tio Pongs — ele disse um pouco embolado.

James riu com os olhos brilhando e tirou o afilhado dos braços do pai, abraçando-o e deixando vários beijos em sua bochecha enquanto fazia cócegas nele. O garotinho riu alto.

— Muito obrigado, Canis. Está falando muito bem! Logo vou começar a te ensinar italiano.

Remus abaixou-se e deixou o garoto no chão com cuidado, retirando a mochila que trazia nas costas. Tirou de lá um presente embrulhado e entregou-o para que segurasse, ficando ajoelhado ao lado dele.

— Entrega o presente para o Tio James, meu bem — disse num tom calmo e carinhoso enquanto o garotinho olhava para ele.

O garoto olhou para James e depois para o pai, que também abaixou-se no momento e assentiu com a cabeça, incentivando-o a seguir em frente. James também se ajoelhou no chão, deixando o outro de pé ao seu lado, e viu ele caminhar em sua direção.

Estendeu uma mão e pegou o presente que lhe foi entregue.

— Pabéns, Tio Jam — ele disse.

James sorriu carinhosamente para ele e afastou os fios de cabelo que caíam pelo rosto dele e cobriam a marca de nascença avermelhada na lateral próximo ao olho.

— Muito obrigado, Reggie — disse. — Posso ganhar um abraço também?

O garoto sorriu e o abraçou, e James retribuiu.

— Você também está começando a falar muito bem, hm? — falou. — Quer brincar com o Harry enquanto falo com seu papai e o Tio Moony?

Canis andou rápido até o pai, que havia pego outro presente na mochila, e então voltou até o padrinho para entregar, também o abraçando. James riu.

Lily estava parada há alguns metros apenas admirando a cena com Harry nos braços. Ela sorriu fraco enquanto observava toda a interação de James com os filhos de Sirius com aquele grande brilho típico de Potter. Não era à toa que as três crianças o adoravam.

Harry começou a ficar inquieto nos braços da mãe, que não demorou a entender que ele queria ir para o chão. Então ela colocou-o no chão e o viu engatinhar na direção do pai.

— Wow! Harry cresceu bastante nos últimos três meses! — Sirius exclamou admirado.

— Ele está indo muito bem na introdução alimentar — Lily comentou se aproximando. — Canis e Therion também parecem um pouco maiores do que no aniversário deles.

— Como você está Lily? — Remus cumprimentou a amiga.

— Exausta, mas indo bem.

— Tia!

— Oi, Theo! — ela disse, e ele caminhou até ela com os braços esticados pedindo colo.

Ela pegou-o no colo e beijou sua bochecha. Sirius ficou de pé com Harry no colo, sorrindo para o afilhado, que olhava para tudo ao redor.

— Está igualzinho ao seu pai com esses óculos — comentou rindo.

— Ele chorou querendo arrancar os meus, então dupliquei um para ele — James disse. — Por que não avisaram que viriam?

— Uma pequena surpresa. Avisamos a Lily.

— E você me deixou ficar preocupado o dia inteiro!

Lily deu de ombro. James ficou de pé com o afilhado nos braços.

— Obrigado pelos presentes, mesmo assim. Os meninos melhoraram? Na última carta você disse que eles estavam doentes.

— Eles estão bem — Remus quem respondeu. — Já andam pela casa inteira e bagunçam tudo. — Ele riu e ajeitou os cabelos de Therion. — Não tem nada que não façam flutuar de vez em quando.

— Harry ainda não demonstrou magia tão cedo. Acho que podemos considerar uma vantagem — Lily disse.

— Minha primeira magia foi quando eu tinha quatro anos. Ainda poderemos manter tudo em ordem por um tempo.

— Não tivemos essa sorte — Remus comentou.

— Eles não puxaram a mim nisso. Regulus demonstrou magia antes de mim. — Sirius deu de ombros, então paralisando em silêncio por alguns instantes e abaixando o olhar.

James comprimiu os lábios. Sirius sempre acabava num clima estranho quando mencionava Regulus, mesmo que o fizesse naturalmente sem perceber, principalmente depois que receberam a notícia de seu desaparecimento e, certamente, sua morte.

Um ano quase já havia se passado. Eles evitavam falar sobre isso. James evitava pensar.

Depois de ter negado ajuda a Regulus quando ele pediu — implorou, na verdade — e basicamente dito a ele para simplesmente lidar sozinho com Voldemort e sua escolha de se tornar Comensal, ele deserta dos Comensais e começa a ser caçado, desaparece e é dado como morto. James ainda se sentia culpado por não ter feito algo.

Harry nasceu meses depois no dia do aniversário de Regulus. Parecia um sinal do universo para lembrá-lo de como deixou-se levar pelo ressentimento e a mágoa e mais uma vez ele não fez nada e isso custou a vida de alguém.

O que tiveram já havia passado. James estava muito bem e feliz com Lily, a amava mais que tudo. Porém, ele sentia que devia ter ouvido aquele pedido de ajuda e dado um último voto de confiança.

Infelizmente, não poderia voltar atrás para desfazer isso.

James sabia que Sirius se culpava exatamente pelo mesmo, por também negar-se a ajudar, cego pela raiva e ressentimento.

Therion começou a resmungar no colo de Lily, debatendo-se para ir pro chão, o que desviou a atenção do clima um pouco tenso repentino. Lily o colocou no chão, e ele rapidamente andou até Sirius com os braços estendidos.

Sirius devolveu Harry a Lily.

— Papa! — Therion choramingou ainda pedindo colo.

— O que foi, Reggie? — Sirius pegou o filho no colo, e ele logo deitou a cabeça em seu ombro. — Ainda está com soninho, hm? — Olhou para o garoto e sorriu fraco. — Vamos comer primeiro.

— Isso, nós viemos para o jantar de aniversário do James — Remus falou, forçando um sorriso e tentando soar alegre e animado. — Imagino que teremos um banquete digno de Hogwarts!

— Fizemos nosso melhor — Lily disse.

Todos eles reuniram-se à mesa. Para elevar mais os ânimos, James colocou música para tocar, o que funcionou muito bem. Os bebês foram colocados nos cadeirões próximos aos pais e todos sentaram-se.

James começou a perguntar sobre as últimas missões dos amigos para saber como andavam as coisas além do que era dito no jornal. Sirius revelou não ter ido a nenhuma desde que se viram em dezembro, mas Remus comentou brevemente sobre a última que foi no início de março.

— Aliás, Remus, como foi seu aniversário? — James perguntou assim que o amigo terminou de falar que recebeu instruções para ficar em casa até o verão. — Você já tinha voltado da missão, não é?

— Sim, já tinha voltado e… Passamos em casa, claro… — Remus respondeu evitando os olhos dos amigos. Ele encolheu os ombros e abaixou a cabeça, comendo em silêncio.

Sirius remexeu-se inquieto na cadeira e olhou brevemente para Remus, então rapidamente desviando os olhos para os filhos. Eles não haviam se encarado nem uma única vez desde que chegaram, nem mesmo quando discutiram sobre a moto/carro.

James e Lily se encararam de cenho franzido numa conversa silenciosa entre seus olhares.

— Aconteceu alguma coisa? — James perguntou. Remus continuou em silêncio e seu rosto ganhou uma coloração avermelhada.

— O que teria acontecido? Fizemos um bolo apenas — Sirius perguntou. James o conhecia o suficiente para saber quando ele estava apenas mudando de assunto para evitar responder algo. — Ah! Therion conseguiu subir em cima do piano quando estávamos arrumando a mesa e quase caiu.

— E Canis ficou rindo e batendo nas teclas do piano enquanto isso. Uma ótima trilha sonora — Remus completou.

— Agradeçam enquanto Harry ainda não sabe andar. Daqui a pouco eles aprendem a pular o berço — Sirius riu e olhou para os garotos. Pegou um guardanapo e limpou a boca de Canis que estava um pouco suja, enquanto ele continuava a comer sozinho com uma colher na mão.

— Suco — Therion pediu balançando seu copinho de plástico. Remus rapidamente encheu o copo dele e limpou seu rosto também sujo.

— Tio Moony! — Canis chamou e pegou seu copo também, e Lupin sorriu bobo para ele.

— Aqui, Canis. — Remus esticou-se para encher o copo dele também, e algo chamou a atenção de James e Lily.

— Bonito colar, Remmy — Lily comentou.

— O quê? A-ah… — Remus olhou para seu colar e se endireitou, quase derrubando a jarra de suco ao colocá-la no lugar.

Lupin brincou com o pingente entre os dedos, o rosto corado.

— Presente de aniversário do Sirius.

— Você ainda não o tirou desde aquele dia — Sirius comentou, olhando para ele. Os olhares se encontraram pela primeira vez na noite.

— Não pretendo tirar tão cedo.

— Espero que tenha gostado tanto assim dos livros em italiano que enviei — James comentou. — Já fazia muito tempo que não os lia, pensei que gostaria.

— Eu gostei! — Remus falou. — Já estou lendo o último.

— Até eu estou lendo. Quando os meninos estão dormindo, a casa fica estranhamente silenciosa e isso é entediante!

— É relaxante. Também precisamos descansar.

— Por falar em descanso… — Lily disse. — A lua cheia foi há uma semana. Você está…?

— Estou bem — Remus respondeu rapidamente, antes mesmo que ela perguntasse. — Sirius nem me deixou levantar da cama para que me recuperasse.

— Você precisava descansar. Nunca te fez bem fazer esforço logo depois da lua cheia — Sirius justificou com preocupação.

— Sinto muito não poder estar lá… — James disse.

Remus suspirou e encarou o amigo.

— Eu estou bem, James. Não tem sido tão ruim. Você precisa cuidar do Harry com a Lily — falou. — E tenho uma ótima equipe de enfermeiros cuidando de mim. — Indicou Sirius e os dois bebês ao lado.

— Estamos aqui hoje para matar a saudade dos nossos amigos e do meu afilhado — Sirius falou. — O jantar está ótimo!

— Foi um trabalho de nós três — James falou e olhou para Harry. — Vamos brincar com o seu padrinho e os gêmeos para descansar o estômago antes do bolo, Harry?

Após isso, a sala de estar da casa dos Potter tornou-se um caos. A música tocava, os adultos bebiam cerveja amanteigada e riam, os bebês brincavam e gritavam alegres rodeados pelos brinquedos de Harry.

James não conseguiu descobrir de Sirius o que quer que estivesse escondendo sobre o aniversário de Remus, mas decidiu esquecer por ora. Ele contaria quando fosse preciso, embora tivesse suas suspeitas.

Sirius havia levado as vassouras de brinquedo dos gêmeos, e Harry rapidamente ficou fascinado por elas. James montou o filho em uma delas com cuidado para que voasse, ao lado dele segurando-o a todo instante.

— Você será um grande artilheiro e Capitão da Grifinória igual o papai! — James disse orgulhoso enquanto Harry se divertia por estar voando.

— Já temos os próximos três artilheiros da Grifinória aqui nessa sala — Sirius disse.

— Se eles forem para a Grifinória — Remus falou e rapidamente largou sua cerveja amanteigada para correr até
Therion que voava em direção a uma parede, pegando-o bem a tempo. — Eles ainda vão precisar de prática.

— Vou comprar uma dessas vassouras para o Harry no aniversário de um ano dele.

— Vamos treinar muito com eles quando estiverem maiores — James disse. — E toda a minha família é da Grifinória, Remus. Harry também será.

— Isso não é exatamente uma garantia — Lily disse apontando para Sirius.

— Bom, não vou me incomodar se forem corvinos igual a mamãe. Meus meninos são muito inteligentes. — Sirius pegou Canis da vassoura quando Remus direcionou-o para voar até si. — Não são? Você e o seu irmão são pequenos gênios! — Ele começou a fazer cócegas no filho, e o garoto gargalhou alto.

— Papa — Canis começou a choramingar aos pés de Sirius pedindo colo também.

Sirius riu e pegou-o também, pulando com os dois no colo enquanto cantava a música que tocava. James começou a acompanhá-lo, pulando com Harry em seu colo, logo puxando Lily pela mão e girando-a, e ela juntou-se a eles. Não demorou para Remus também entrar na dança.

A cantoria deles e as gargalhadas dos bebês encoaram por toda a sala, uma verdadeira festa. A energia alegre contaminava todo o local, todos sorrindo e se divertindo como se estivessem de volta aos dias de festa na Torre da Grifinória.

James agarrou a cintura da esposa e beijou-a, ambos com grandes sorrisos. Em seguida, beijou o rosto do filho, transbordando de felicidade.

— A ideia de eles virem ser surpresa foi toda sua, não foi? — perguntou.

— Sim, foi — ela admitiu.

— Obrigado. Eu estava sentindo falta disso.

— Eu sei. — Ela sorriu fraco. — Falei com Peter, e ele realmente não pôde vir, mas…

— Está tudo bem. Ainda estou me divertindo.

— Então… Missão cumprida!

James sorriu largo e continuou a dançar e pular agarrado a esposa e ao filho, seus grandes amores.

Ele olhou na direção dos amigos ao ouvir Remus e Sirius gargalharem como não os ouvia fazer há muito tempo. Lupin agora estava com Canis nos braços, Black ainda com o outro enquanto também abraçava sua cintura e tentava erguê-lo do chão enquanto dançavam, mesmo que ele fosse muito mais alto.

Remus abraçou os ombros de Sirius com o braço livre para não caírem enquanto gargalhava junto com o garoto em seu colo e sua testa recaía sobre a do Black. Logo Sirius parou de tentar erguê-lo, mas não se afastaram, apenas continuando a rodar pela sala.

Isso deixou James ainda mais feliz. Ele não via os amigos sorrirem genuinamente daquela forma com tanta frequência nos últimos encontros. Eles pareciam bem juntos, como uma bela família, assim como ele, Lily e Harry.

Eles acabaram colocando os garotos no chão, mas os gêmeos permaneceram contagiados por eles e começaram a pular até se desequilibrarem e cairem sentados no chão.

James colocou Harry no chão, e ele engatinhou até os amigos. Logo estavam os três engatinhando por toda a sala.

Era exatamente aquilo que James imaginava para sua vida.

Construir sua família e ver o filho crescer feliz junto aos amigos, esse era o seu objetivo. Ele e Sirius nem precisaram conversar muito sobre; mesmo com as restrições pela segurança dos garotos, sempre que visitava Black levava os filhos para que brincassem com Harry. Eles eram família, seus filhos também.

James olhou para Lily, que sorria boba admirando Harry brincar com os gêmeos, os olhos brilhando como nunca.

Lily buscou o bolo na cozinha com Remus mais tarde e trouxeram para a sala com as velas acesas, cantando "parabéns para você". James apenas sorriu, com Harry de volta ao seu colo. Ele assoprou as velas e ouviu os aplausos, até mesmo os gêmeos estavam batendo palmas e rindo.

E estando ali com sua família, James não poderia desejar mais nada.

***

Naquela noite, Remus e Sirius ficaram para dormir. Assim como fez com os cadeirões, Lily fez duas cópias do berço de Harry no quarto dele para os gêmeos dormirem. Os amigos ficariam no quarto de hóspedes.

Harry já estava dormindo em seu berço depois de Lily amamentá-lo pela última vez do dia. Sirius e Remus prepararam duas mamadeiras para os gêmeos e estavam agora cada um com um deles em seu colo bebendo o leite morno, Lupin na poltrona de amamentação de Lily, Black sentado no tapete escorado a poltrona, também cantarolando baixinho uma canção de ninar.

James retirou-se do cômodo para preparar-se para dormir. Ele sentou-se na cama após vestir seu pijama, ao lado de Lily, e abraçou sua cintura, deixando um beijo em seu ombro.

— Hoje foi um aniversário digno de James Potter?

— Hoje foi um aniversário digno de James Potter — ele confirmou com um sorriso de canto antes de beijar a esposa.

Lily encarou depois de se afastar, mostrando algo que tinha em sua mão.

— Seu presente.

Ela entregou-o o embrulho, e ele pegou-o franzindo o cenho.

— Presente? Mas como…?

— Não é nada comprado. Eu mesma que fiz.

Os olhos de James brilharam no mesmo instante. Ele abriu o presente rapidamente sem nenhum cuidado com o embrulho, encontrando uma pequena caixa. Ao abrí-la franziu o cenho ao ver uma pedra esverdeada e voltou os olhos para a esposa.

Lily não tinha o poder de ler mentes, mas conseguia perceber exatamente o que se passava na mente de James e sua confusão. Ela riu baixo e enlaçou o braço ao dele, escorando-se a ele e indicando que pegasse o presente.

Ele pegou a pedra e então percebeu que estava amarrada com um cordão trançado, formando um colar. Um sorriso bobo e genuíno surgiu em seu rosto enquanto admirava o brilho peculiar da pedra irregular. Também havia um bilhete ali escrito em um pequeno cartão.

“Minhas memórias mais felizes são com você, e nelas penso ao conjurar um patrono. Você faz muito por nossa família, isso é o bastante para mim.

Ti amo, mio caro”

— É lindo, amor — James disse com um sorriso largo e beijou o rosto de Lily. — Vou usar sempre. Me lembra os seus olhos e do Harry.

— Mas isso não é tudo.

— Você fez mais algum presente?

Ela negou com a cabeça.

— É algo que já está nesse presente.

James franziu o cenho e procurou dentro da caixa, depois analisou a pedra e a balançou, não encontrando nada. Lily riu.

— O que é?

— Algo que aprendi com a Karina — respondeu. — Lembra da Penseira que tem no escritório do Dumbledore?

— Sim. Sirius e eu acabamos caindo numa memória dele sem querer — James falou e riu com a lembrança. — Nossa sorte é que já estávamos encrencados por uma pegadinha de qualquer forma, então ele não nos puniu por isso. Foi como descobrimos sobre a Ordem da Fênix aliás. Dumbledore achou genial termos descoberto a senha da sala dele.

— Sim, sim. Você me contou isso.

— Oh, aquele dia foi insano! Nós…

— James, o presente.

— Oh, é! Desculpa, me empolguei.

— Tudo bem — Lily disse, já sabia como James conseguia viajar facilmente por alguns assuntos.

— O que a Penseira tem a ver com a Karina te ensinar alguma coisa?

— Ela descobriu como fazer algo parecido.

— Como assim?

— A Penseira foi feita exatamente para visualizar pensamentos e memórias, mas também é possível guardar memórias em outros lugares — disse. — E foi o que eu fiz, para que possa guardar algumas das minhas com você.

James olhou surpreso para a esposa, não fazia ideia de que aquilo era realmente possível.

— Eu realmente não sei como pode ser o dia de amanhã. Quero muito que essa guerra termine com Harry a salvo e que possamos ver ele crescer — Lily continuou e seus olhos ficaram marejados. — Quem sabe até podemos ter a nossa Ruby.

— Vamos ter, hm? Nós vamos conseguir.

— Deixei algumas das memórias que eu pensava para conjurar meu patrono e com Harry também bem aqui. — Ela segurou a mão de James com o colar. — Assim, sempre vai poder carregar elas com você. Poderá vê-las se quiser.

— Lily, isso é... Isso é muito. E-eu...

— Me deixe ser uma romântica exagerada também hoje, sim? — ela pediu rindo baixo e segurando o rosto de James. — É como se sempre tivesse um pedaço de mim com você nos momentos que mais precisar.

James riu, seus olhos começando a marejar emocionados. Aquele presente era algo que ele nunca poderia esperar.

Não sabia se ficava emocionado por saber que Lily sempre pensava nele para conjurar um patrono ou por confiar algumas das memórias a ele. Era realmente um ato extremamente romântico.

— E não se preocupe, ninguém além de você vai poder ver.

— Eu não deixaria ninguém chegar perto disso — James disse.

— Coloquei alguns encantamentos para proteger por precaução. No máximo, Harry poderia ver. Magia familiar.

— Você e Karina realmente se afundaram em livros de magias antigas, não é?

Lily deu de ombros e riu. Oh, James a amava tanto.

Ele colocou o colar em seu pescoço e sorriu, então segurando o rosto de Lily, focando o olhar em seus olhos.

Ti amo, Giglio.

Também te amo, mio caro — ela sussurrou de volta.

James a beijou com todo o amor em seu coração.

Quando seu último ano parecia ir de mal a pior, James não esperava que se aproximar de Lily e levaria a estar ali, casado e com um filho, com planos e sonhos para uma vida além daquela guerra. Sua vida havia virado de ponta cabeça não parecia haver saída, mas uma flor surgiu para acalentar seu coração machucado.

Por ela e por Harry ele lutava contra todos os impulsos que diziam para sair pela porta e lutar de frente contra quem os ameaçava. Não perdia nem um único minuto que poderia passar com eles.

Eles se afastaram, mas não totalmente, e James apenas admirou aqueles olhos verdes como esmeralda. Os olhos que seu filho teve a sorte de andar, da mesma cor do colar que carregava agora no pescoço com algo tão importante.

Se James fosse morrer amanhã, ele partiria com a imagem daqueles olhos em sua mente.

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