Vale a pena investir em Prêmios e Concursos?
Esse capítulo é dedicado aos autores que estão mirando o mercado de livros.
"Para não dizer que não falei das flores". 😂 🙌
Há escritores que seguem sozinhos seus caminhos - isolados dos grandes picadeiros de deslumbramento.
Infelizmente, muitos dos escritores do Wattpad desistem, porque a plataforma não tem uma política concreta de incentivo.
E não, eu não considero o Wattys uma política de incentivo. Um selo e a promessa vaga de publicação para os ganhadores? Por favor, o Wattys no Brasil é um mero esboço. Não é uma estrutura real de incentivo. No exterior, o Prêmio Wattys tem a reputação de lançar novos nomes no mercado editorial. Mas, no Brasil, o Wattys não funciona nesse sentido.
Pelo contrário, meio que acaba reproduzindo a estrutura excludente do mercado editorial brasileiro.
Eu observo o funcionamento da comunidade do Wattpad em outros países. Leio os livros em inglês, espanhol e observo como o pessoal faz sugestões e comentários (tanto os escritores quanto os leitores estrangeiros). Ocorre uma busca mais ativa por obras para uso na televisão, filmes e para publicar pelo selo de sua própria editora: a Wattpadbooks. Lá fora, o Wattpad tem um perfil chamado talentscout que é uma espécie de "agente literário" que ajuda autores com potencial para aprimorar sua obra e publicar no mercado mais amplo. Eles até dão dicas de escrita para TV e para outras formas de entretenimento que não só livros.
É muito diferente de como a coisa rola aqui. No Brasil, algumas Agências Literárias aparecem na surdina e pescam escritores com dinheiro ou com padrinho (um intermediário que indica o autor). Tem agência que deixa claro no site da empresa: "destaque em sua mensagem se você tem indicação de alguém reconhecido".
Sendo assim, considere todo o esforço feito pelas pessoas envolvidas na realização do Prêmio Wattys... É a maior premiação que existe na internet, pois independe da origem do escritor e de seu currículo para ter a chance de concorrer e ganhar. (Agora, se isso vai te levar a algum lugar, é outra história).
É um Prêmio que promete mundos e fundos e não cumpre a terça parte do que promete. Pelo menos, não no Brasil. Eu ganhei duas vezes e não recebi a tal propaganda diferenciada nas mídias sociais. Não fui chamada para publicar no Wattpadbooks, nem sequer fui entrevistada.
Para não dizer que não ganhei nada do Wattys, reconheço publicamente que ganhei um selinho. 😂👍
Prêmios como o do Wattpad são interessantes para você ter uma ideia de como está indo a sua escrita, sem ter que pagar para betas ou blogueiros.
Mas o nível e o acesso é muito diferente do Prêmio Amazon. Se no Wattys, temos amadores e profissionais, no da Amazon, o nível da escrita tem que ser mais profissional.
A vantagem do Prêmio Amazon sobre o Prêmio Wattys é que no da Amazon realmente se trata de um suporte para o escritor ser publicado e valorizado. Se ele ganha, é publicado é divulgado.
Assim, se estiver pensando em participar de concursos, sugiro que utilize o Wattys para ganhar experiência e descobrir até onde a sua escrita vai. Se você ganha, é currículo como escritor. Agora, se pretende avançar na carreira, tente prêmios como: Amazon, Jabuti, Oceanos, Leya, SESC, José Saramago, Hernani Cidade e Biblioteca Nacional.
Se você vive em outro país, verifique o calendário de premiações literárias e se há alguma que você considere a possibilidade de participar.
Observe as datas e prazos, programe-se, mantenha algum texto preparado ou quase pronto, registre sempre as suas obras, observe o tipo de livros que eles premiam e veja se dá conta de escrever na mesma linha...
Sim, os prêmios do Brasil têm predileção por certos temas, que são: diversidade, questões de gênero, pobreza, natureza e os dilemas da sustentabilidade, família, discussões sobre camadas e classes sociais, infância abandonada, deficientes e seus obstáculos ou triunfos em sociedade, mídias sociais, adolescência... Enfim, o "nó" dos enredos é geralmente uma discussão assertiva sobre a sociedade brasileira.
Eu já não tenho vez nesse tipo de concurso, porque existe muito preconceito contra a fantasia e a ficção científica, e mais ainda contra livros de entretenimento. Não que não ganhem, mas precisa saber dar o formato certo para esses concursos e, como eu já disse antes, eu gosto de voar sem amarras.
Nos outros países ocorre uma maior valorização de obras de ficção científica e de fantasia.
Quem quiser participar de premiações precisa estar atento ao formato da estória. Na Amazon, por exemplo, nunca vi o Prêmio Kindle premiar mafiosos apaixonados, nem cowboys desnudos, sarados e suados. Não premiam fanfics em geral.
Mas nos EUA, alguns concursos importantes premiam romances com cowboys e heróis apaixonados.
Já no Prêmio KDP nacional, não adianta o autor ou a autora insistir e depois dizer que seu livro foi prejudicado, porque não foi. Nem eu votaria em livros como estes, se eu fosse jurada de um concurso desse porte. Lamento, mas estou sendo honesta. Se o autor ou a autora quiser avançar por meio das premiações nacionais, receio não dever gastar sua energia com esse tipo de enredo.
Para participar de concursos e prêmios importantes, evite utilizar personagens de outras obras suas. Nunca use personagens de outros autores (mesmo as personagens clássicas da literatura). Nunca use imagens que você não tem certeza de que não possuem direitos autorais. Nunca cite (mesmo que corretamente) trechos de outras obras. Porque implica em referência bibliográfica e sua obra começa a sair do formato previsto do "romance" - eu digo romance como explicado dentro deste livro. Busque temas de interesse social e menos clichê.
Percebo muitos autores do Wattpad se atirando ao Prêmio Amazon com livros como "Vendida para Donald Trump" volume 1; "Um docinho de merendeira para o CEO", volume 3; "Perseguida por Pepe Le Gambá, o bonzão do tráfico"; ou "O idiota e tarado do meu primo matou um cara e se escondeu no meu armário pra gente xavecar"...
Entre outras pérolas...
Antes de qualquer coisa, é essencial ler o edital do concurso com atenção. O Prêmio Amazon só aceita obra inédita, de um único volume... e duvido que algum dia eles premiem algo do tipo "Dividida por dois caras ninfomaniacos...", "Me Joga na Parede e Me Chama de Minha Lagartixa Caolha", ou "Um bebê inesperado caiu de paraquedas no quintal do CEO".
Botar a família inteira para votar no livro, pedir para os amigos e fãs dos livros "Vendidas", votarem... esse tipo de coisa nunca influenciou a premiação. Os jurados não são tolos. Se troca de leituras e votos funcionam em espaços mais informais, como o Wattpad, não é o caso dos prêmios nacionais como aqueles supracitados. As editoras antigas e experientes, parceiras daqueles concursos, também não são tolas.
Mas nunca se sabe. Nunca diga nunca...
😂😂😂😂😂😂😂
Tirando os Prêmios, outra forma de acesso é contratar um agente literário competente ou, mandar uma cartinha e rezar. Com as editoras tradicionais funciona mais um bom agente literário (e para chegar nele também precisa de indicação, ou de dinheiro; na maioriados casos, precisa de indicação e de dinheiro)...
Se você tiver dinheiro para bancar a produção inicialmente, como fizeram Eduardo Sphor, Andre Vianco (que investiu todo o seu fundo de garantia), Camilla Moreira e Robson Pinheiro... pode ser que chegue nas editoras grandes.
Alguns autores, hoje famosos, visitaram os livreiros. Foram batendo de porta em porta oferecendo suas obras. Outros até criaram mini editoras para publicar seus livros. Depois contrataram boas equipes de marketing. Hoje eles têm contratos com editoras tradicionais.
Se você não tem estratégia e não é conhecido, pode achar que apenas investir dinheiro vai te ajudar a chegar lá, igual aos autores acima mencionados.
Não vai. Só se você estiver com uma boa estratégia na cabeça.
Contudo, se for para ganhar na base do "eu compro o meu lugar ao sol", estamos falando de você ter um capital inicial para investir. 15 a 30 mil reais. Talvez mais. No caso de um pacotão de lançamento, eu diria 60 mil.
Mas, se você tem estratégia... a coisa muda.
Lembro de uma autora brasileira famosa por publicar um romance erótico diferenciado e ganhar muita visibilidade tanto no Wattpad quanto na Amazon. Estratégia perfeita. Ela apostou na originalidade e na sua marca.
Se pensa que o livro vai se vender sozinho no Brasil, infelizmente, mesmo que você escreva uma obra prima, as editoras de hoje não querem ter o trabalho de avaliar. Querem que a internet diga se é bom. Por outro lado, ao fazer isso, o autor e a editora correm o risco de quebrar a cara por que o público crítico que lê livros não aceita esse tipo de coisa. O livro real não vende na base do "tráfico de leituras" da internet a longo prazo. Só a curto prazo. A internet ajuda na explosão inicial. Depois, se o livro não for bom, cai no esquecimento e o leitor fica desconfiado, tanto com a editora quanto com o autor. Ele vai pensar duas vezes antes de gastar dinheiro outra vez.
Isso porque o leitor que compra livros, como eu, por exemplo, tem bem claro na cabeça que o dinheiro não dá em árvores. Esse tipo de leitor pode até ser enganado nas primeiras compras, mas a mentira do "vou te vender a ponte Hercílio Luz" não se sustenta.
Pelo contrário, a editora perde a credibilidade e o autor que fez tráfico de influência para vender o livro, também perde a longo prazo. Geralmente, vira autor famoso de uma obra só, se tanto... Temos alguns casos bem conhecidos por aí de autores de uma única obra.
Os leitores deixam de acreditar em ambos - no autor e na editora. Alguns, como eu, observam um livro mal editado, com uma estória mal desenvolvida e se sentem traídos. Não compram mais.
Por tudo isso, estratégia só funciona quando se tem material de qualidade para trabalhar. Não pode ser um livro escrito de qualquer jeito. Tem que ser bem pensado! Tem que caprichar! Tem que ser especial a ponto de valer o seu investimento! Os autores brasileiros mencionados lá em cima apostaram todas as fichas em suas produções. Foram empreendedores ao aplicar o capital, ao divulgarem e venderem suas obras.
Se for especial pra você a ponto de você investir o seu esforço, torna-se especial para o leitor também. Ele percebe, ele sabe!
Você pode autopublicar e também pode tentar as editoras nacionais. Mas elas não tem prazo pra te responder. Só respondem se têm interesse.
Sejamos sinceros: a maioria das editoras nacionais tradicionais nem lê os e-mails enviados com submissões não solicitadas. Só se vierem com indicação.
99,9999% das submissões não são lidas por 99,9999% das editoras
Não custa arriscar, vai que............. 1,1111% consegue ser lido??? E desse percentual, 0,00000001% é aprovado para uma publicação tradicional (sem que você pague por ela).
Ou seja, é a mesma chance de ganhar na loteria.
Se você tentar a sua sorte com as editoras, comece a redigir as cartas de apresentação e as sinopses dos seus livros. Estude os modelos disponíveis na internet. Leve em consideração tudo o que eu já disse nos outros capítulos.
Cada editora tem exigências específicas, e você deve atendê-las na íntegra ou vai perder seu tempo.
Apresentar o seu livro para uma editora envolve o trabalho cansativo de contar a estória de novo, resumidamente, desta vez, com um enfoque para vendê-la. E acredite, dá tanto trabalho quanto ter escrito o próprio livro.
Agora, o que as editoras têm em comum, o que elas não aceitam: Não adianta dizer que seu livro é o mais maravilhoso da face da Terra, porque não é. Pode ser pra você, mas os outros têm que ser convencidos. Imagine que você seja o leitor do seu próprio livro, e não o autor. O que te chamaria a atenção ao procurar um livro PARA COMPRAR??? Não para ler de graça. Quais seriam as qualidades de um livro comprável??? Por que o seu livro tem chance de vender??? No que ele se destaca??? O que ele tem de interessante??? Enfim, estude os modelos de apresentação e seja objetivo.
Ah, também não adianta chorar para o editor realizar o seu sonho de publicar um livro, porque não vai rolar. A editora nem quer saber de Porta da Esperança. Também não resolve dizer que o seu cachorro gostou do livro, porque não funciona.
Essa pérola até eu tentei.
😂😂😂😂 🤷♀️ 🐶🐶🐶🐶
Não se sinta triste se for rejeitado mesmo fazendo tudo certo. Tem coisas que independem de você. Por exemplo: conheci agência literária e editora que não aceitam material se você não for descendente de nórdico (Não estou brincando!); conheço outras que dão prioridade ao grupo étnico afrodescendente; conheço agência e editora que dá prioridade ao grupo lgbtqia+; outra que só quer influencers ou gente com mais de 100 mil seguidores.
Pode ser que ninguém queira publicar uma coroa de 52 anos, cabelo grisalho, com artrose, que por acaso escreve 🤷♀️😂👽
Mas vamos focar no lance do investimento. Eu falei dos prêmios, dos editais e do cuidado com o texto. Agora se você está mirando o mercado editorial, e quer entrar no jogo para ganhar, lembre-se: "aprende a engatinhar primeiro, para depois aprender a andar". Não adianta caprichar na embalagem do livro (a capa), nas cenas hot, e nem se fiar na devoção dos leitores de internet, se o livro está mal escrito. Se o autor ou a autora não estiver preparada, vai ficar a ver navios...
Eu costumo fazer a revisão dos meus livros, por falta de grana, mas quem puder contar com um segundo par de olhos, é o ideal. O olho do escritor tende a não enxergar os problemas. A não ser que ele deixe o texto descansar por alguns meses. Daí, na revisão, ele consegue enxergar tudo. É um efeito de percepção que a Psicologia da Gestalt explica bem.
Sugiro que procure gente competente para ajudar você. Afinal, se quer mesmo investir no mercado, tem que investir primeiro no seu material. Procure profissionais qualificados.
Tem vários por aí, fazendo trabalhos muito bons!
Como eu disse antes, este livro não é pra quem está interessado no mercado, mas não me custa dar alguns pequenos conselhos: cuidado com quem você se associa, não confie cegamente em qualquer editora, especialmente as que cobram para publicar. Nem todas vão se esforçar para vender o seu livro, ou divulgá-lo, depois que embolsar o seu dinheiro.
Provavelmente, vão deixar pra você o trabalho de divulgar seu livro e correr atrás do leitor.
Nunca assine um contrato com cláusulas vagas e estranhas. Não aceite ceder o seu livro por mais de dois anos. Cinco anos é abuso. Nunca deixe de registrar suas obras (se a Biblioteca Nacional está devagar, procure outras formas de registro), e procure gente qualificada para te orientar.
Não concordo com tudo o que é falado pelos profissionais do mercado editorial (e verdade seja dita: é difícil encontrar gente que não trate o escritor como se fosse um tonto sem nenhum conhecimento). Entretanto, sei que há profissionais e profissionais.
Existem os pedantes e metidos a besta, que debocham descaradamente do escritor não-famoso, ou não-publicado. Parece que alguns têm uma "habilidade" extraordinária de esquecer bem rápido o significado de "cortesia" e "gentileza". E num país em que as pessoas se acostumaram a só serem gentis para cultivar algum interesse (especificamente monetário), esteja preparado e preparada para ser maltratada... Na cara dura.
Por outro lado, existem aqueles que têm sensibilidade e fazem um trabalho sério. Para descobrir, você tem que pesquisar e prestar muita atenção ao jeito com que eles falam dos escritores, em seus canais de YouTube, Telegram, TikTok, Instagram, etc. Observe os detalhes, pois são os detalhes que revelam o caráter das pessoas.
A não ser que você tenha 500 reais sobrando para uma conversinha de 1 hora e meia pra falar de coisas que não te interessam. Daí, a coisa muda de figura. Com dinheiro, todo mundo "fica" mais amável. Se você tiver grana e for uma fina flor, bem, ainda correrá o risco de ser levado no bico (enganado). Às vezes com sutileza, ou muitas vezes com um chute na bunda...
Se você quer saber se o seu material é vendável, mas o dito profissional vai querer te avaliar sem ler o material (pode um negócio desses? Vender um livro sem ler? Ou... pegar o seu dinheiro e fingir que vai tentar?). Acho que primeiro, o material deveria ser avaliado, para depois discutir as possibilidades... mas como tudo nesse país, inverte-se a ordem. E é nessa hora que você corre mais risco de ser enrolado.
Por isso............. Lembre-se: procure evitar os profissionais de livros que se comportam como divos e divas! E isso inclui agentes literários, mentores e editores tão egocêntricos que nem sabem (ou não querem saber) o que leitor gosta de ler.
Pelo pouco que assisti na internet, conclui que alguns profissionais orientam de maneira razoável a galera. Talvez possam mostrar a vocês a postura que se deve ter para tentar a sorte. A começar pelo fator empreendedorismo versus discoverability do livro. Quer compreender esse palavreado estranho? Procure no Instagram e no YouTube. Assista os vídeos e as videoaulas gratuitas, então, tome a sua decisão. É sempre um risco. E quem está na chuva...
Diante do cenário que descrevi, duvido que um autor como Stephen King pudesse se criar, se fosse um autor iniciante nos dias de hoje e sem uma rede de apoio. Ele jamais permite que metam a mão no seu trabalho. E sempre foi assim. E para ser aceito no mercado de hoje, precisa aceitar que muita gente vai meter a mão no seu trabalho.
Acredito que muitos autores famosos, de décadas passadas, não se criariam nos dias de hoje. O tempo de hoje não é para autores muito críticos e exigentes, não é para profundidades, ou criticidades, mas para celeridades e oba-oba... Alegria-alegria... O perfil do escritor no mercado, agora, é outro. Alguns ainda furam o cerco, mas são cada vez mais raros. Hoje em dia, a qualidade da obra fica em segundo plano. O autor precisa ter muitos seguidores na Internet e precisa ser meigo e fofo o tempo todo.
Por isso, meu conselho para você, que sonha com o mercado, é: Seja uma flor de pessoa. FINA FLOR. Concorde (pela frente, ao menos) com tudo o que lhe disserem (você não é obrigado a fazer, mas precisa "dançar conforme a música"). O povo do mercado editorial só curte escritores bem comportados, afáveis, meigos, e que dizem que adoraaaaam e que beijaaaaaammm o chão que eles pisam!
Seja uma flor de pessoa!
🌹🌹😉🌹🌹😉🌹🌹
E agora você sabe porque eu não estou escrevendo este livro para os lutadores da arena editorial. Não posso resumir a escrita a esse processo totalmente injusto, que o mercado de hoje se tornou, fazendo com que muita porcaria seja publicada, restando pouco espaço à criatividade.
Claro que existe coisa boa sendo publicada! Lógico. Mas assim como os filmes, os livros de hoje parecem ecos robóticos de grandes obras do passado. Cópias. A criatividade está sendo cada vez mais sufocada e transformada em purê enlatado. Preferem reinventar o super-homem e a mulher-maravilha do que criar novos super-heróis. O mesmo vale para os gêneros literários.
As obras originais estão mais raras, acompanhando em direção diametralmente oposta ao avanço da linguagem de Internet. Esta, caracterizada pela regressão e condensação de significados para uma linguagem imagética e abreviada. Não escrevemos mais o que sentimos, colocamos emojis no lugar. Estamos ensinando os novos escritores a simplificar cada vez mais o mundo simbólico e abstrato e ninguém quer saber de dicionário.
Mas emojis, todo mundo usa. 😇
Existe um processo violento e desumano, que massacra escritores potencialmente talentosos, fazendo com que acreditem não merecer a publicação. O povo do mercado editorial dita as regras e cria a ilusão da verdade absoluta, só para justificar suas regras.
Não existe verdade absoluta.
Para mim, na maneira como vejo a escrita, o escritor não deveria acreditar que depende do mercado editorial. É o mercado editorial que depende do escritor.
É graças ao escritor que os profissionais do mercado ainda recebem um salário para continuar atuando como agentes, mentores, professores e revisores.
Quanto aos escritores que estão mirando o mercado editorial como está posto, e desejam se submeter mesmo assim, desejo-lhes sorte! Quando eu era mais jovem, pensava que a escrita só "se concretizava" se o autor fosse publicado por uma editora de verdade. Hoje eu entendo que existem sistemas que subvertem o propósito da escrita. Poucos conseguem atingir um grande público. Depende de uma combinação de fatores: empreendedorismo e sorte. Muita sorte! Estar no lugar certo, na hora certa e com o livro certo. Conhecer a pessoa certa e ter contatos certos!
Um agente literário famoso lá nos EUA uma vez disse uma verdade incontestável: o mercado editorial é um mercado subjetivo. Volto a repetir: só cabe a você dar a medida do valor que a escrita tem na sua vida; e o que você pretende alcançar com ela. Não vamos perder tempo, nem oportunidades. A vida é curta. O mais importante é saber o que você quer e lutar por isso.
Entretanto, não deixe de escrever só porque acha que sua escrita está abaixo do que o mercado exige. Muitos autores de sucesso estavam fora do padrão e literalmente obrigaram o mercado a abrir espaço para o seu estilo de escrita.
E se você não conseguir isso, que se danem todos eles! Pense nas alegrias que a escrita pode lhe trazer.
Quanto a mim, atualmente, só quero ser feliz com a minha escrita e não ter que me sujeitar a ninguém. Afinal de contas, hoje, podemos estar vivos. Amanhã, podemos não estar.
E você? O que você quer??
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro