Parte 1 | O seminário dos três minutos
Lendo os vários conceitos disponíveis na internet, depreendi a seguinte definição profissiográfica de "escritor":
O escritor, grosso modo, é alguém que emprega as palavras por meio de diferentes técnicas de escrita e estilos de narrativa, a fim de dar notícia ou comunicar algo a alguém. O escritor realiza isso de maneira a criar literatura, poesia, textos informativos, científicos, apresentações, entre tantas maneiras de interagir com determinados públicos. O escritor modela a formatação que a linguagem escrita pode assumir para expressar adequadamente ideias e opiniões, sentimentos e emoções, valores e situações, contribuindo para a cultura e a sociedade, de maneira geral.
O que você acha?
Vamos um pouco além... dentro da definição apresentada. Seria correto dizer que um escritor pode escrever só para si, ou ser escritor significa obrigatoriamente comunicar algo a outrem?
O que, afinal, eu entendo sobre ser um escritor? O que representa para mim, escrever? É uma necessidade, como respirar, comer, fazer sexo, ou é só algo que eu faço eventualmente?
Escrever é algo que posso passar sem? Ou... É algo que me completa, portanto, não vivo sem?
Quando estou escrevendo, penso particularmente nos ganhos (financeiros e a apreciação do público), mais do que nos meios (o próprio ato de escrever)? Quando estou escrevendo, penso mais em encontrar a aprovação coletiva, com base no que eu vejo fazer sucesso? Ou eu escuto as ideias que brotam do fundo do meu coração? Escrever é algo que consigo fazer bem, de maneira intuitiva, ou preciso de planejamento e esforço?
Estou me preparando para ser escritor, ou quero apenas curtir um pouco disso?
Pode ser que eu esteja me preparando e aperfeiçoando, mas não no formato pré-fabricado do mercado... Ou, ao contrário, tudo o que quero é estar entre os autores consagrados em determinado segmento, os autores "da hora", ou da "moda". Os queridinhos do mercado. Nada contra, mas isso tem que estar muito claro, em sua cabeça.
Que resultado eu espero alcançar?
Não interessa para quê, para quem, ou o quê você deseja escrever. Mas, se deseja, precisa refletir sobre o significado da escrita em sua vida. Esse é o primeiro desafio em sua jornada, pois a medida em que tem claro isso, terá claro, também, o tanto que está disposto a investir. Melhor: o tanto e o como deseja investir. Tanto representa a quantidade de energia que pretende gastar e o que pretende sacrificar para realizar este objetivo. Como representa que caminhos terá em vista a fim de realizá-lo; que ferramentas irá buscar para dar conta do seu objetivo. Por que o significado da escrita, em sua vida, irá ditar os dois: a quantidade de energia gasta, as ferramentas e os caminhos a serem percorridos.
De um jeito ou de outro, escrever envolve exercício e compromisso.
Se curte rótulos e esforço mínimo, adianto que este livro não é para você; pois o que precisa é mirar nos estereótipos e modelos de escrita circulantes (os pré-fabricados e pré-aprovados); precisa fazer cursinhos Wallita para pegar as "manhas"; as fórmulas; e os segredinhos. Muitos segredinhos.
Na minha época de vestibular, a gente chamava esses segredinhos de "macetes." Macetes são úteis a curto prazo, não a longo prazo. Geralmente se tornam informação datada, desatualizada. O conhecimento se modifica, como a própria sociedade, e os "macetes" perdem a utilidade. Você utiliza para um fim e esquece logo porque não se trata de um aprendizado duradouro. Os macetes são como as clássicas "decorebas" funcionam, na escola. Uma ladainha que decoramos para sermos bem sucedidos numa prova. Mas não paramos para pensar no sentido daquilo.
Na verdade, as "decorebas" são parcialmente culpadas de a escola ter perdido o sentido real, na vida dos alunos.
Eu já deixo claro desde já que não curto fórmulas, pois para mim, elas quebram as asas de um escritor; amputam a criatividade. Eu não conseguiria segui-las, nem que a minha vida dependesse disso. Acho que é a razão pela qual eu não era bem sucedida na escola. Eu não aceitava as verdades ensinadas assim, só porque me diziam que o mundo funciona "daquele" jeito. Eu queria saber "por quê". Alguns me chamavam de rebelde, inconformada; outros diziam que eu era arrogante. Alguns tentavam me encaixar na categoria nerd e, frustrados, desistiram de tentar me encaixar em qualquer categoria. Na maioria dos casos, me aconselhavam a baixar a cabeça e aceitar tudo sem questionar; especialmente os adultos.
Bem, alguns têm vocação para cordeiros, outros, para leões. Algumas ovelhas seguem o rebanho. Os lobos seguem a alcateia.
Mas sempre existem as ovelhas desgarradas e os lobos ômegas.
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Se deseja um resumo do que se trata este livro, bem, confesso que não saberia resumi-lo com exatidão... Fui escrevendo e escrevendo livremente e sem fórmulas... (Só as que eu criei para mim mesma...) Até que comecei a ler um livro introdutório de Programação Neurolinguística (PNL)1, e um trecho sobre aprendizagem me chamou a atenção. Encaixou como uma luva.
Refere-se a como às vezes precisamos desaprender algo para aprender melhor o que já fazemos de forma mecânica e automática. No tocante à escrita e à aprendizagem, penso que tem tudo a ver.
O trecho abaixo citado faz analogia a como resumir o conceito de Programação Neurolinguística em três minutos. Os autores da obra colocam de uma maneira que emprestei ao propósito re resumir o conceito de sucesso na escrita.
O SEMINÁRIO DE TRÊS MINUTOS¹
Se o processo de aprender a escrever, ou obter sucesso na escrita, fosse apresentado em um seminário de três minutos, seria mais ou menos assim:
Senhoras e senhores, para ter sucesso na escrita, uma pessoa só precisa ter em mente três coisas. Primeiro, saber o que quer. Ter uma ideia clara do objetivo desejado em qualquer situação.
Segundo, estar alerta e receptivo para observar o que está conseguindo.
Terceiro, ter flexibilidade para continuar mudando até conseguir o que quer.
E agora, olhem para a lousa:
RESULTADO
ACUIDADE
FLEXIBILIDADE
O que acha?
Você concorda?
Reflita.
E este seria o resumo deste livro.
Se você for do tipo imediatista, não precisa continuar lendo. Sugiro que se contente com o seminário de três minutos.
Agora, feche este livro, esqueça-o e parta para os romances tórridos, com um milhão de visualizações.
1 - Fonte:
O'CONNOR, J.; SEYMOUR, J.; Introdução à Programação Neurolinguística. 6 ª Edição. Editora Summus Editorial, p. 26
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