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Quando a gente fala de escrita, logo pensa em literatura... livros... Romances...
Eu me entendo como uma escritora de livros, ou obras. Não de outra coisa. Mas o escritor não escreve somente livros. Ele escreve para diferentes formatos. Hoje, mais do que antigamente.
Escrever envolve produção. Deixe-me descrever alguns tipo de produção escrita:
1) Produção de material didático. Um campo bastante interessante. Se um professor decide compartilhar seus estudos criando um material didático sobre determinado tema ou tópicode conhecimento, ele estará atuando como escritor, ou estará procurando um escritor para ajudá-lo a desenvolver o projeto.
2) Produção de livros infantis, e também as bandas desenhadas (quadrinhos), que exigem um roteiro bem elaborado para acompanhar, ou orientar as ilustrações. Para isso, o escritor deve ter conhecimento de como criar roteiros.
2.1. Narratologia 1 - Produção de scripts e roteiros para quadrinhos, animes, videogames, séries de TV e filmes.
3) Produção de posts, blogues, matérias jornalísticas, resenhas, sinopses, etc., para a publicação em diferentes espaços públicos.
3.1. Narratologia 2 - Produção de roteiros para videos e videos-aulas, que poderiam entrar no número um e no número dois. Mas eu separei porque não necessariamente envolve conteúdo didático e/ou curricular, nem séries e filmes.
Uma video-aula pode abordar qualquer tema, inclusive, escolar. Temos cuidados com jardins, consertos em casa, receitas culinárias, tricô, crochê, roteiros e diários de viagem, diários do cotidiano, etc.
4) Traduções de obras estrangeiras. E aí, um escritor tem o trabalho de reconstruir um enredo inteiro dentro da lógica de uma determinada língua. Se o tradutor não souber escrever, não rola.
Observação: Você como leitor (a lazer ou para estudos), não se esqueça que a origem (versão) da tradução de um livro é muito importante. Existem versões melhores e piores. Não vá se apaixonar ou rejeitar um livro sem ter certeza de que dispõe da melhor versão. A tradução faz toda a diferença. Assim como a edição. Exemplo 1 - Averigue a diferença gritante entre o texto de Crepúsculo e A Hospedeira (1ª edição). A princípio, parece que se descortinam duas autoras completamente diferentes. Mas trata-se da mesma Stephenie Meyer.
Exemplo 2 - Traduções contaminadas por interpretações culturais levaram a equívocos retumbantes nos significados de algumas expressões, na Obra de Sigmund Freud.
E por falar em tradução e edição:
5) Edição de textos. Como revisar os formatos escritos por outros ou por você mesmo. Somente alguém que sabe escrever conseguirá ver onde cortar e como cortar. Ou... O que não cortar.
5) Textos para vendas. O famoso copywriting que é a coqueluche do momento. Saber como escrever para vender um produto é essencial nos dias de hoje. E um bom escritor nessa área pode ganhar muito bem.
E vamos combinar que não há coisa melhor do que ser valorizado pelo seu esforço. (Enquanto o copywriting é o caminho mais valorizado atualmente, a escrita no mercado de livros é a menos valorizada e que mais demora a se obter retorno financeiro em relação ao esforço por parte do escritor.)
6) Produção literária (que não é só escrever romances, mas poemas, poesias, cantilhenhas, parlendas, enfim, a perpetuação da nossa cultura e raízes, por meio da literatura).
Existe atualmente um renascimento e incentivo para a valorização das poesias. Concursos, chamadas e prêmios literários abundam nessa área da escrita, nos dias de hoje.
7) Produção de anúncio, slogan e frase de outdoor.
8) Especificações técnicas de produto; de textos técnicos, inclusive manuais e guias.
9) Produção/formatação de artigos acadêmicos; edição de teses de conclusão de curso; de teses de mestrado; de doutorado. Essas são obras que devem ser feitas pelo acadêmico em evolução científica, pois dependem de um processo de pesquisa. Os trabalhos de conclusão da pesquisa se convertem em obras como essas. E o cursista têm que saber escrever... Você pode revisar escrita científica ou pode redigir artigos científicos, sociais e culturais. Desde que tenha alguma familiaridade com o texto científico, é claro.
A redação pode envolver ensaios, artigos, resenhas, sinopses, análises, etc.
10) Produção de projetos, planos e planejamentos, relatórios de pesquisa; etc. Sabia que para obter verba federal os municípios dependem da apresentação de projetos escritos dentro dos moldes corretos? As prefeituras disputam a tapa funcionários que sabem colocar no papel, dentro dos requisitos dos editais. Muitas prefeituras perdem verbas federais porque não conseguem apresentar projetos escritos de maneira adequada.
11) Produção de documentos (Redação Oficial) - ofícios, certidões, comunicações, informações, pareceres, laudos, atestados, declarações; etc.
12) Produção de peças teatrais (uma forma de narratologia).
13) Produção de letra de canção. A letra tem que combinar com o ritmo da melodia. Daí o letrista precisa ter um bom vocabulário para saber trocar a palavras que combinam ou não. Tem que ser bom em fonética ou vocalizações. A fonética faz parte do estudo da língua e, portanto, da escrita. Lembrem-se de Paulo Coelho e Raul Seixas.
Tantas e tantas produções...
Vocês podem fazer tantas coisas, basta se propor e se dedicar. Até para fazer betagem, é preciso entender de escrita. Do contrário, o leitor beta não sabe o que procurar, ou o que criticar num livro. "Ah, é ruim"... Mas não sabe dizer o motivo e nem sugerir como remodelar. "Ah, é bom"... Mas só porque segue a modinha e a pessoa não sabe detectar o verdadeiro potencial do livro.
Bom, o enquadramento da escrita muda conforme as regras intrínsecas ao processo. Cada tipo de texto exige que se observe as regras e moldes. Textos oficiais requerem palavras técnicas, adequadas, concisas, objetivas. Requerem um narrador inexistente (impessoal).
Exemplo: (certo) Faz-se necessário que se observe os itens descritos na página xx.
(Formato Errado) Olha, eu acho necessário que vocês percebam os itens descritos na página xx.
Textos para roteiros, scripts e peças teatrais exigem que o escritor seja bom de síntese e, ao mesmo tempo, seja claro na descrição da cena e do cenário. Textos para blogs, posts, assim como textos para anunciar produtos, precisam destacar as qualidades dos mesmos, mas não só. O autor precisa entender quais são os interesses do público leitor/comprador. Daí entram em jogo palavras-chaves que captem o interesse antes do leitor pular para outro post sem aprofundar a leitura no seu.
O tamanho do texto também varia conforme o formato. Posts não devem ser longos. Outdoor e anúncios devem ser curtíssimos e impactantes a um só tempo.
Tudo isso exige estudo e treino. Não existe texto mais fácil ou mais difícil. Existe texto regido por regras. Essas regras dependem de método. Assim, existe texto bem elaborado ou texto mal escrito. O escritor domina o método e escreve melhor do que aquele que não domina o método.
Agora, no tocante ao texto romanesco (romance), dotado de narrativa, as regras também dependem dos diferentes formatos: romance do tipo história de amor, suspense, terror, fantasia, ficção científica, etc.
Há uma série de características a considerar. Entre elas:
As palavras escolhidas que combinam com o cenário.
A descrição do cenário.
A narração e flexão dos tempos verbais. (Quem vai ser o narrador? Ele vai narrar no presente ou no passado?)
A composição das personagens: Quem são? De onde vêm? O que fazem? Quais são suas angústias e desejos?
A linha de interesse no texto (foco).
O ritmo (o que você dará mais ou menos destaque/importância dentro do texto).
A abordagem aos temas (forma de articular as ideias e/ou problemas). Vou tratar do bullying pelo ponto de vista de uma garota lésbica que estuda no terceiro ano do ensinou médio? Vou tratar da deficiência física de uma criança em idade pré-escolar?
Tudo isso muda conforme o tipo de produção e até mesmo dentro dos gêneros de romance. Lembre-se de duas coisas: ENQUADRAMENTO do tema e FORMATO de texto.
Enquadramento é quando uma coisa vaga é encaixada e ganha um molde (formato). O resultado mostra ao leitor que tipo de texto é o seu.
Esses são elementos para você refletir.
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