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Apresentação

Os fãs de Sozinha! costumavam me perguntar, de vez em quando, a razão do título do livro... Só hoje entendo que, mesmo pertinente e lógico para o enredo, há algo de simbólico por trás disso. Um motivo sensível e que reside nas entrelinhas... A partir de agora, vocês poderão ter um bom palpite sobre a escolha do título e do próprio tema do livro.

Sigmund Freud iria adorar isso! (Risos)

Quando eu era adolescente, perdi oportunidades reais por desconhecimento de como agir ou para onde olhar... Por outro lado, gastei energia com falsas oportunidades. Bati a cabeça desnecessariamente, procurando um caminho onde não havia nenhum; sofri tentando me encaixar, tentando melhorar a minha escrita sem saber como, nem por onde começar...

Desanimei diante da falta de apoio e a incompreensão de pessoas próximas, no que se refere às necessidades e anseios de um escritor. Eu não tinha um espaço respeitado, onde pudesse escrever. Era perturbada a qualquer momento, de diferentes maneiras. Às vezes precisava sair de casa para conseguir escrever alguma coisa; e o resultado final, eu acabava considerando duvidoso.

Eu não sabia se estava indo na direção certa, ou o que precisava fazer para melhorar, porque não tinha apoio nem orientação. Tudo o que escrevia era desprezado. Então, para não passar vergonha, eu guardava os rascunhos, os roteiros e escondia os desenhos.

Minha família sempre me dizia que escrever é um luxo para poucos; é supérfluo; é pra gente rica; é pra quem está ocioso e com a vida ganha; etc; etc; etc. Além do mais, se não ganha dinheiro com isso, não vale a pena investir. Sofri em silêncio, achando que meu trabalho não fosse bom o bastante para ser mostrado. Eu internalizei tudo o que me diziam na infância e na juventude.

Com o tempo, venci esse lance de me menosprezar. Mas, daí, eu me deparei com um novo problema. Descobri que existe uma via crucis esperando pelo escritor, quando este termina uma obra. Ele se depara com a pergunta: E agora? O que eu faço?

Queimei as fichas com contatos, ações e metas dignas de Dom Quixote de La Mancha, tentando combater moinhos de vento, só para mostrar o meu trabalho aos profissionais do mercado editorial. Não tive nenhum retorno produtivo. E quando tive, não foi para avaliar se tenho ou não talento, foi para pintar um cenário impossível de alcançar... Para mostrar que existe o grupo dos eleitos e dos rejeitados.

Eu, claro, não pertencia ao grupo dos eleitos.

O escritor acaba sofrendo muita violência simbólica, vulnerável como está diante da opinião de pessoas que se proclamam especialistas em livros... Mas voltarei a isto mais adiante.

Naquela época, durante minhas inúmeras tentativas de mostrar meus livros, o que consegui foi desenvolver alergia crônica às cartas de apresentação, loglines, sinopses e resumos. Eu passei a desenvolver coceira, vermelhidão e vontade de sair correndo (brincadeirinha kkkk, quer dizer, menos a parte de sair correndo), já nem conseguia mais me inspirar para redigir cartinhas inteligentes para xavecar editores e agentes literários, mesmo porque os critérios para fazer uma carta de apresentação perfeita pareciam piores do que uma prova de Vestibular ou do ENEM. A carta tem que ser breve, porém, excepcionalmente criativa, contendo todos os elementos abaixo (a lista é longa, tá!).

-Falar sobre você de forma a tornar sua marca atraente (mas sem parecer metido a besta).
-Dizer quem te recomenda (padrinho/madrinha/pistolão).
-Qual o perfil do público do seu livro e quais são os interesses desses leitores.
-Dizer porque o seu livro é melhor que os outros do mesmo tema e gênero, e porque deve ser publicado.
-Dizer onde, no mercado editorial, o seu livro se encaixa, em termos estratégicos.
-Dar o seu currículo.
-Quantos seguidores você tem na Internet.
-Apontar se você pertence a um grupo socialmente engajado, como LBGT+, étnico-racial, etc.

E a lista continua...Você basicamente tem que fazer o trabalho do editor, do relações públicas, do pessoal do marketing, para o qual eles são pagos. Afinal, tudo isso deveria ser visto depois de apurada a qualidade e o potencial de vendas do próprio livro.

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Escrever esse tipo de carta é muito cansativo e chato.

Quando termino uma história, não quero mais olhar para ela. Nem ficar recontando tudo, mesmo que de maneira resumida. Eu quero partir para o próximo enredo.

É um pé no saco! E ainda ter que "vender o peixe"??? De certa maneira, é humilhante...

Porque eles, os editores, nem lêem o que você escreveu na carta de apresentação, nem na amostra do livro. A não ser que alguém que eles conheçam recomende o seu trabalho, ou que você esteja lidando com editoras que cobram para publicar. Neste caso, tudo fica fácil.  Eu mesma recebi uma dúzia de propostas. Tive meus livros aprovados por todas elas, que querem o dinheiro e depois somem;  guardam a sua criação literária numa prateleira mais escondida do que a gaveta da sua própria escrivaninha.

Agora, se você busca editoras tradicionais ou agentes literários tradicionais (que são raríssimos no Brasil de hoje em dia), é muito difícil que te deem a atenção devida. Mais fácil o editor te mandar contratar um agente (e aí, você fica na mesma, pois os agentes bons são tão inacessíveis quanto os editores ditos sérios), ou pode ser que o editor te envie uma respostinha pronta-padrão, meia hora depois de você mandar a sua mensagem, jogando na lata de lixo o tempo que você gastou para escrever. Sim, porque escrever uma carta que convença um editor cético/cínico, caprichoso e empedernido a ler o seu material, é  mais difícil e demorado do que escrever o próprio livro.

O ponto aqui é: até onde você consegue ir, ou está disposto a ir, sem perder a paixão pela escrita? Eu perdi completamente a minha e fiquei anos sem escrever nada, porque não me considerava digna de ser publicada. Eu não me via como uma escritora bem sucedida. Sim, eu confundia publicar com ser boa escritora, porque nem todo autor publicado é um bom autor; nem todo autor bestseller é, sempre, um bom escritor.

Ao contrário do que dizem por aí, não existe uma equação matemática que explique por que um livro bom não faz sucesso e por que uma porcaria faz. Existem outros elementos envolvidos que irei tentar explicar mais à frente. Basicamente, pode ter a ver com conexões entre pessoas de um mesmo meio, ou pode ter a ver com pontos de vista. Tanto dos profissionais do livro quanto dos leitores, que são convencidos de que uma obra preenche, ou não, as suas necessidades.

Na maioria dos casos somos nós,  leitores, que transformamos os livros em "bem sucedidos" e "mal sucedidos". Contudo, muitas vezes somos manipulados pelas casas de publicação a acreditar que um livro é  bom para nós porque olhamos apenas para o que as editoras querem que a gente olhe. Se a gente for mais crítico, a editora é  obrigada a mudar o seu padrão porque perde o controle sobre os compradores. E quando elas perdem o controle sobre os compradores? Quando estes se tornam mais exigentes e não engolem qualquer coisa.

O mercado editorial é um tanto contraditório nesse sentido porque, por um lado, reflete a tendência de leitura do comprador e, por outro, mantém uma linha de obras que são escolhas exclusivas dos editores. No entanto, em ambos os casos, a palavra final é de quem compra. Resta saber se o leitor tem consciência do poder que detém, em relação às editoras. É  meio parecido com o poder do voto durante uma eleição. Só é significativo quando um grande número de pessoas passa a desafiar o poder de alguns poucos.

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As rejeições às minhas cartinhas cheias de flores e corações ajudaram a agravar a minha insegurança, na juventude, assim como as tentativas de roubo das minhas obras, que também me desanimaram.

Eu me conformei em me tornar uma pagadora de contas para a família. A mula de carga que trabalha, trabalha e afoga seus sonhos. As muitas inspirações para livros vieram e se foram, sem que eu as transformasse em obras. Bem, foi minha escolha. Ninguém me obrigou. Eu optei em ser o sustento de uma família desajustada, e deixei para trás os sonhos.

Isso foi antes de quase ter morrido. Eu fiz uma cirurgia que deu errado. Por pouco, não sobrevivi. A experiência de ficar cara a cara com a morte me fez rever os meus conceitos sobre tudo. Decidi que já tinha perdido muita coisa na vida e também perdi tempo demais  sem fazer o que realmente queria fazer.

Com o surgimento das autopublicações, eu retomei os meus manuscritos arquivados (quase duas décadas depois de ter desistido). Reparei que as editoras tradicionais e seus métodos de rejeição não mudaram com o passar do tempo. O que mudou foi a minha visão sobre elas. Eu comecei a perceber como a indústria funciona e a quem ela privilegia. Como o imperialismo de países de primeiro mundo repercute na indústria de livros dos países subdesenvolvidos. O problema não é se eu tenho ou não talento, mas se eu me encaixo na engrenagem. Daí tive a minha primeira revelação: eu não quero me encaixar. Eu quero voar sem amarras.

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Talvez tenha sido a minha mentalidade quixotesca (sonhadora, teimosa e íntegra), que me ajudou a não sucumbir completamente ao desespero e à depressão. Eu era jovem e ingênua demais e acreditava que um livro se vendesse por ele mesmo, por sua própria qualidade. Que as pessoas iriam me dizer: seu livro é ruim ou é bom. Simples assim. Mas nem isso eu consegui descobrir, porque meus livros sequer foram lidos pelos profissionais para quem eu os enviava.

Eles não  lêem a maioria dos livros recebidos. Essa é a primeira coisa que você precisa compreender. Eles precisam ser convencidos a ler e quando o fazem, se não for de interesse pessoal deles, apenas passam os olhos para ver se encaixa em algum estereótipo ou se pode concorrer com outros no mercado. Nas editoras grandes, a pré-leitura é  feita por assistentes de editor. Os editores não acompanham tudo, como antigamente. Do contrário,  não veríamos  tantas porcarias encalhadas nas prateleiras, repletas de erros de português e com falhas ou descontinuidade de narrativa.

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Quanto às editoras pequenas, fui vítima de alguns enroladores cheios de lábia, que me arrancaram dinheiro, manipulando o meu sonho de escrever e de encontrar o meu público. Não foram muitos que conseguiram me enrolar, porque eu não sou tão tola assim. Mas tentaram, de diferentes maneiras...

Sofri tentativas de plágio... Tentativas de roubo de autoria... E tentativas de roubo de ideias. (Acredite, não são a mesma coisa). Sofri tentativa de estelionato, também.

Estelionato? Nossa, que pesado! Mas é  a palavra certa. Eu explico: significa que, às vezes, surgem editoras que lançam a isca, dizem que o seu trabalho é empolgante (mas nem sabem o nome dos seus personagens ou sobre o que se trata o seu livro); comentam que são editoras tradicionais, depois dizem que você precisa dar uma pequena quantia só para os custos iniciais. Depois que você dá esse pequeno valor (eu não dei, mas outros que conheço deram),  e já se encontra enredado, contrato assinado, etc, eles começam a cobrar mais caro para cumprir o que te prometeram no início.

Enfim...

A verdade é que não tive ninguém que me mostrasse honestamente os caminhos que eu poderia trilhar. Foi uma trajetória bem solitária, a minha. Obtive o meu aprendizado impulsionada pela automotivação e pela observação, sem qualquer incentivo externo.

(Com exceção de três boas amigas. A primeira foi Marlyane Addams. Depois de muito hesitar, eu lhe entreguei "O Papiro" para que lesse. Para o meu espanto, Marlyane adorou. Se não fosse por ela, que bancou a leitora beta sem querer, numa época em que isso nem existia, eu provavelmente não teria voltado a escrever e hoje não teria 38 livros e 5 contos autopublicados. Eu detalho mais a respeito, na apresentação do próprio livro).

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Recentemente, descobri que estou com princípio de catarata e com artrose espalhada pelos ossos, em grau agressivo. Especialmente: coluna, mãos e pulsos. É genético e precoce. O médico disse que se eu quiser manter as mãos funcionando daqui para frente, tenho que pegar leve com o uso delas.

Agora começa uma nova fase da minha vida: aposentar a escrita. Tenho que dar adeus a ela. Não será fácil, mas já estou me trabalhando para isso. Estou organizando meus livros antigos para deixá-los na vitrine da Amazon; estou terminando o meu último livro - a saideira: um romance épico, que se passa na Roma Antiga. Desde adolescente, quando li Quo Vadis? quis escrever algo assim. O enredo está na minha cabeça há 40 anos.

Daí, considerando os diagnósticos funestos, decidi que, antes que não consiga mais, preciso compartilhar o meu aprendizado sobre a escrita com vocês. Para que outros jovens escritores escapem das amarras e das armadilhas. Para que melhorem seu trabalho e consigam ter uma perspectiva ampla e realista. Principalmente, que escrevam sem medo nem culpa. Quem sabe, assim, escolham realizar os seus sonhos.

Escrever não precisa ser como os outros lhe dizem: um mundo só para os eleitos. A canção de Billy Idol está aí para dizer: você pode ser feliz dançando sozinho, consigo mesmo.

Pra começar, basta saber que tem escolhas. Não precisa e nem deve cair nas garras da manipulação. Você não precisa deitar na famosa cama de Procusto (dê uma olhada na mitologia grega), onde os viajantes, para serem aceitos, tinham que se encaixar ou eram amputados/esticados, dependendo de sua estatura, caso não coubessem perfeitamente na cama.

A parte divertida de escrever está em escapar desse tipo de nivelamento; escapar de se tornar um robozinho frustrado - que talvez nunca saiba se pode ou não desenvolver o seu verdadeiro e ÚNICO potencial. O GRANDE barato é alçar altos voos, ousar sem medo, sem as preocupações de agradar a gregos ou troianos, porque se você começar a sua jornada pensando em encaixar a sua escrita num molde, já vai sabotar o próprio trabalho na largada. Vai se autocensurar, como eu fiz. E para ser sincera, NINGUÉM agrada todo mundo. Isso é impossível. As pessoas são diferentes, mesmo que leiam os mesmos gêneros, pois esperam coisas diferentes das histórias que lêem.

Nivelar a sua escrita para tentar produzir um livro de sucesso é, em certa medida, destruir a criatividade; é perder o prazer de escrever. Cada escritor é único. Sua jornada é única; e sua arte é única!

Eu só consegui escrever melhor, concluir os meus livros e publicar, depois que tive essa compreensão. Perdi tempo, é verdade. Se tivesse aprendido mais cedo, ao invés de ter produzido 38 livros, eu poderia ter feito 100 ou mais.

Como teria sido mais fácil se tivesse encontrado alguém experiente que me explicasse um pouco do que vou explicar a vocês nos próximos capítulos... A experiência do "eu sozinha" foi o meu único motor para continuar. Pelo menos, eu aprendi. É fato. Hoje, aos 51 anos, escrevo com mais prazer e facilidade do que aos 18 ou 20.

Sinto que se tenho o dom para escrever, esse dom tem que servir para melhorar a vida das pessoas. Não só para contar histórias exuberantes, mas para orientar, alertar e dizer que vocês não estão sozinhos.

Sei que não estou dizendo nenhuma novidade. Muitos escritores já passaram por tudo isso que estou relatando: a violência simbólica e a crueza do mercado editorial, a solidão, a rejeição, a insegurança, etc. Aqui, porém, pretendo apresentar questões baseadas em minha experiência pessoal para que vocês tenham opção de não cair em ciladas. Não trato de nada que eu mesma não tenha enfrentado, sofrido, testado, ou experimentado. Nada que não tenha feito por mim mesma.

Sozinha!

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