Capítulo 1
"Os jovens acadêmicos são, em geral, o grupo mais arrogante, ignorante e dogmático que existe."
- William Hazlitt
Escopo. Do grego "skopós", que significa "aquele que observa, guardião, protetor", e do latim "scopus", que se traduz como "alvo, meta, mira, pontaria". Falando de maneira simplista, escopo é o conjunto de objetivos, requisitos e limites de um projeto ou tarefa, definindo o que deve ser feito e o que está fora do alcance. Também fora o nome designado a uma sociedade de acadêmicos responsáveis por preservar todo o conhecimento mágico do mundo.
Gabriel Glasgow pertencia a uma longa linhagem de escopos, mas ainda era humano. Ele só ascenderia para algo além da humanidade caso fosse aceito como erudito, mas a seleção demorava muitos anos e exigia requisitos que alguém tão jovem não poderia cumprir. Mesmo assim, sempre soube que as pessoas fora da Torre Arcana não o consideravam seu igual.
A definição de Gabe para um escopo não era a mesma que a do imperador Goliath Fehnrir e todo o império sugeria: enquanto ele e os demais escopos se baseavam no significado grego dessa palavra, Fehnrir e seus súditos optaram pelo latim, e não no bom sentido.
Os eruditos, estudiosos que tiveram a longevidade prolongada através de magia secreta e os responsáveis pela organização da torre desde seus primórdios, afirmavam que a perseguição aos escopos começou ainda no início da unificação do império.
Naquela época, cinco séculos atrás, a Torre Arcana já existia há milênios. Bethany Fehnrir, aquela que unificou toda Western sob a bandeira de sua família, suplicou aos skopós da torre que compartilhassem o conhecimento secreto em magia para assegurar sua vitória turbulenta sobre os reinos conquistados, mas teve seu pedido recusado e, como todo bom tirano, não aceitou tamanha afronta.
Foi assim que os atuais escopos, ou scopus, como preferiam os aristocratas do palácio imperial, acabaram sendo caçados como traidores da coroa.
Gabriel sorriu de lado enquanto subia os infinitos — no sentido literal da palavra — lances de escada rumo à biblioteca central da torre. Os westeranos foram tolos ao declarar guerra contra a única construção remanescente dos tempos antigos que ainda abrigava magia. Eles sequer poderiam encontrá-los, considerando que a localização exata da torre era um mistério até mesmo para seus residentes.
Ninguém sabia onde ela estava, ou onde esteve antes de sua imponente estrutura esculpida em uma única rocha emigrasse para uma distorção do espaço-tempo criada pela magia milenar que nela se abrigava.
Também não sabiam como isso aconteceu. Talvez fosse um mecanismo de defesa desenvolvido pelos primeiros eruditos, ou talvez não passasse de uma mera reação natural à abundância de manuscritos com as páginas antigas carregadas de magia proibida. Era impossível ter certeza, por mais que um grande grupo de formandos daquele ano demonstrasse interesse no tópico e pretendesse estudá-lo na pós-graduação.
Gabriel, que começara o primeiro ano letivo ainda naquela semana, achava o tema em questão uma grande perda do precioso tempo dos estudiosos da torre. Eles deveriam exercer o conhecimento mágico acumulado ao longo de quatro longos anos de estudo em pautas úteis aos interesses atuais dos escopos, como a destruição total do império Fehnrir ou algo do gênero.
— Ei, Gabe — uma voz sonolenta o surpreendeu nas escadas. — Pensando na queda do império outra vez?
— Céus, Dam — ele se virou na direção do rapaz às suas costas, o sorriso aumentando nos lábios de maneira irrefreável e inconsciente. — Traduziu algum pergaminho com um feitiço de telepatia ou algo assim?
Damen Swind lhe devolveu a risada jovial e preguiçosa de alguém com um futuro brilhante que acabou de ser arrastado para fora da cama contra sua própria vontade. Assim como Gabriel, ele era um jovem acadêmico no início de seu primeiro ano letivo, mas as semelhanças entre ambos acabavam por aí.
Enquanto Gabriel tinha o corpo franzino e uma tez pálida que raramente via a luz do dia, Damen era todo músculos bem distribuídos e pele banhada pelo sol. Seus cabelos eram negros como a escuridão inescrutável nas profundezas da torre, e os olhos dourados brilhavam como cotas de ouro polido. Ele tinha um sorriso largo, de lábios cheios, que poderiam enfeitiçar qualquer um e sabia bem como usar isso ao seu favor.
Já Gabriel, muito mais básico, se limitava a exibir um belo par de olhos verde-esmeralda para compensar o castanho terroso sem graça do cabelo e a estatura mediana que herdou do pai. Olhando para Gabe, o rapaz taciturno que nunca deixava a segurança da torre, e depois para Dam, seu amigo condescendente que passava mais tempo causando problemas e escapando sem permissão do que estudando de fato, ninguém era capaz de entender como acabaram tão próximos.
Observando com atenção, no entanto, se tornava fácil perceber o motivo através dos olhares atentos de ambos sempre que um erudito mencionava alguma pequena investida sobre o império, ou quando algum acadêmico particularmente dedicado traduzia feitiços de procedências catastróficas que poderiam ser usados para esse mesmo propósito.
Nenhum dos dois jamais admitiria aquilo em voz alta, mas o fato de terem se tornado inseparáveis assim que se conheceram fez com que um alimentasse o desejo por libertação no outro ao longo dos anos, tornando o ódio pelo imperador e seus súditos algo palpável entre ambos. Para Gabriel, era como se devessem lutar por isso juntos, pois ninguém desejava ser mais livre do que eles.
Mas também havia algo a mais. Algo denso, porém indefinido. Uma mistura de olhares longos e toques demorados, como se nenhum dos dois quisesse quebrar o contato, e sorrisos insinuantes que sempre deixavam ambos desconcertados quando outra pessoa notava. Com isso em mente, Gabriel tratou de desviar os olhos da boca de Dam antes que alguém surgisse nas escadas.
— Não preciso de um feitiço para ler sua mente — Damen alegou quando retomaram a subida íngreme pelos degraus esculpidos a partir de uma única pedra. — Sua transparência deixa os pensamentos óbvios para quem te conhece. Você é como um manuscrito aberto.
— Não sou não.
— Um manuscrito de leitura infantil. Simples e objetivo.
— Livros infantis contêm nuances de ensinamentos sábios para guiar as crianças na trilha do bom convívio social — Gabriel retrucou. — São educativos em tantas camadas que um idiota obcecado por linguagens românicas como você jamais entenderia.
— Qual seu problema com as línguas românicas? — Dam esbarrou nele como forma de protesto e tomou a frente do caminho. — São muito mais claras do que a aberração cantonesa em que você anda trabalhando ultimamente. Como pode entender alguma coisa de um idioma que não possui declinações?
Apoiando-se no antigo corrimão de madeira, Gabriel se certificou de estabilizar o equilíbrio antes de retomar sua caminhada com um resmungo irritadiço.
Talvez por ser grande como era, Damen não desfrutava de um senso adequado de suas capacidades físicas. Era comum que exagerasse nas brincadeiras que envolviam contato físico — especialmente quando os dois estavam a sós — e Gabriel sempre acabava com algum hematoma e vários pedidos de desculpa. Nada disso era um problema para ele, que se acostumara com o comportamento jovial de Dam há muito tempo, mas cair das escadas na Torre Arcana significava morrer em uma queda muito, muito longa e dolorosa, e aquilo não fazia parte de seus planos para o dia.
A torre, toda esculpida a partir de uma única rocha que superava a altura das montanhas, estendia-se até os limiares das nuvens em meio a um deserto sem saída. Passagens escavadas na pedra e encantadas com feitiços funcionavam como pequenos atalhos entre andares distantes, no entanto, as estreitas escadas que conectavam as salas eram o meio de locomoção mais usado pelos estudantes, resultando em frequentes acidentes fatais e semanas de luto entre os acadêmicos.
O problema residia na aparente falta de início ou fim da torre. O espaço se distorcia dentro dela, tornando-a ainda maior do que parecia para quem a observava de fora. Se alguém escorregasse nos degraus e rolasse escada abaixo, continuaria caindo até que o primeiro azarado no caminho conseguisse pará-lo ou fosse levado junto na tentativa. Gabriel estremeceu involuntariamente ao olhar sobre o corrimão de pedra da escada em espiral. Não havia nada além daquela escuridão infinita circulada pelos degraus que ocasionalmente davam acesso às portas embutidas na rocha.
— Oh, sinto muito — disse Damen. — Quase o fiz acabar como Martin.
Martin Skindor era um segundanista arrogante e também a mais recente vítima das escadas íngremes e traiçoeiras. Nenhum estudante sentiu por sua vida, mas ele seria um futuro tradutor de línguas mortas de extrema importância para as pesquisas dos acadêmicos ativos na torre, e perder esse recurso entristecia a todos. Cada aluno perdido significava uma contribuição a menos no estudo dos manuscritos antigos, e todos sentiam luto por esse trabalho encerrado antes mesmo de começar. Todos exceto Damen, que parecia achar os acidentes risíveis.
Se não estivesse tão cansado pela longa subida de seu pequeno quartinho apinhado no dormitório dos calouros, Gabriel teria feito algumas observações sobre isso que deixariam o amigo emburrado, mas foi vencido pela exaustão e se limitou a mudar para um assunto menos cansativo, ainda que um tanto delicado.
— Onde esteve ontem à noite? Soube que sua irmã estava te procurando.
— Ela estava? — Damen franziu o cenho, mas não parecia verdadeiramente preocupado. — Dei uma escapadela por uma das saídas quando ninguém estava olhando. Estive em casa.
Gabriel demorou mais do que o adequado para assimilar aquelas palavras. Ao contrário dele, que nasceu e viveu na torre, Dam cresceu em uma vida tranquila e abastada na capital imperial. Após a tragédia que o levou até a torre, foi surpreendente saber que ainda chamava aquele lugar de casa.
— Por quê? — Foi tudo o que Gabriel pôde dizer entre uma avalanche de perguntas que invadiram sua mente. De repente, a ideia de jogar Dam escada abaixo parecia bastante plausível. — Sabe o que eles fazem conosco quando nos pegam.
— Ah, eu sei — Um riso amargo se misturou à pontada de dor que escapou de sua garganta, os passos cada vez mais rápidos e furiosos à medida que se aproximavam do andar da biblioteca. — Sei muito bem, portanto não tente me passar sermão. Eu sou cuidadoso quando deixo a torre. Preciso de ar fresco de vez em quando.
— Se eles te reconhecerem... — Gabriel se calou quando Dam parou abruptamente diante da grande porta de madeira incrustada na rocha que dava acesso a biblioteca. De acordo com as leis da física, aquela passagem deveria se abrir para o lado de fora da torre, mas não funcionava assim na Torre Arcana.
— Eu tinha oito anos, Gabe. E Catine é uma cidade imensa — Seus olhos se encontraram quando ele parou diante da grande porta que dava acesso à biblioteca, os dedos longos se fechando ao redor da maçaneta como se quisesse garantir que Gabriel não prosseguiria sozinho. — Ninguém me reconheceria depois de uma década. Deixe essas preocupações desnecessárias para os eruditos e os professores. Há quanto tempo você não visita o mundo lá fora?
Ele não respondeu. Não precisava. Damen sabia que Gabriel não saía sem que lhe fosse solicitado, e que ele nunca fazia a solicitação por vontade própria. Alguém que nasceu entre aquelas paredes cilíndricas de pedra negra dificilmente sentiria falta do mundo que nunca conheceu, mesmo que às vezes fosse necessário atravessar as poucas passagens remanescentes que ainda conectavam a torre à realidade mundana.
Como se estivesse decepcionado, Dam balançou a cabeça enquanto entrava na biblioteca, deixando um Gabriel levemente constrangido por algum motivo não identificado para trás.
Contraditório, considerando que Gabriel deveria ser aquele a sentir-se decepcionado. Damen continuava quebrando as regras e fugindo sempre que tinha a chance, desrespeitando os eruditos e colocando em risco toda a segurança dos escopos. Caso fosse apanhado pelos soldados do império e revelasse a localização aproximada das passagens para a torre juntamente com o método utilizado para realizar a travessia, todos estariam perdidos.
Ainda assim, parecia tão errado se impor contra ele, que tomava suas próprias decisões sozinho e não temia ninguém. Talvez aquela coragem fosse o que faltava em todos os escopos. Se eles decidissem reivindicar seus direitos como Damen fazia, as coisas seriam diferentes? Gabriel não precisaria mais fazer suplementação das vitaminas e nutrientes que lhe faltavam devido à privação de sol? Não viveriam mais em constante vigia e sobrecarregados de preocupações?
Dam não se preocupava com nada disso. Ele saía, conseguia o que queria, e os anciãos odiavam-no por conta disso. Mesmo assim, apesar de contrariar as regras e colocar a torre em risco, Damen sempre fora o mais livre de todos eles, e Gabriel estaria mentindo se dissesse que não invejava essa liberdade ao menos um pouquinho.
Por isso, Gabe não disse nada enquanto seguia-o para uma das mesas vazias da biblioteca, caminhando na frente com aquela postura alheia e despreocupada como sempre fazia.
Os dois passaram por fileiras intermináveis de estantes de madeira escura e polida que se erguiam como colossos, cada uma abarrotada de tomos raros e pergaminhos antigos. As prateleiras superiores eram acessíveis apenas por escadas móveis que deslizavam suavemente sobre trilhos de bronze desgastados, mas ambos encontraram os livros desejados nos suportes inferiores enquanto passavam, e portanto não precisaram delas, que quase desapareciam nas sombras junto ao teto abobadado, este último cuidadosamente sustentado por doze pilares esculpidos na rocha.
Não haviam lustres ou velas para evitar incêndios, por mais que uma professora chamada Adeline François, famosa em sua era, tivesse traduzido um pergaminho em hindi contendo um feitiço para afastar o fogo que, mais tarde, foi aperfeiçoado pelo erudito Charles Wheatstone para uma versão que repelia qualquer início de incêndio. Mesmo com o feitiço, os eruditos optaram por não arriscar nem mesmo um único acidente, e somente lamparinas de fogo-fátuo foram permitidas nas bibliotecas da torre.
O fogo-fátuo era invocado pelos professores e alguns dos quartanistas que conseguiam permissão. Não queimava como fogo comum, brilhava como esferas gasosas e multicoloridas que flutuavam graciosamente até que o ar as dissipasse. Armazená-los nas lamparinas fazia com que durassem menos, mas simplificava seu manuseio.
A maioria dos alunos e professores — incluindo Gabe — optava pelos fogo-fátuos na coloração branca ou amarelada visando um maior conforto na leitura, mas Damen costumava solicitar as lamparinas vermelhas para si. Caminhando entre as estantes pouco iluminadas, o carmesim vibrante reluzia contra as íris douradas dele em uma dança pulsante de laranja e amarelo. Pareciam os olhos de um animal particularmente perigoso quando em contraste com a escuridão da biblioteca, como uma víbora ou um grande felino, e Gabriel suspeitava que Dam gostava disso.
Juntos, os dois encontraram seus lugares favoritos nas mesas de leitura robustas dos nichos escondidos entre as estantes e se acomodaram. A biblioteca estava estranhamente vazia, mas fazia sentido quando se olhava para o grande relógio de pêndulo posicionado no espaço entre a parede e as estantes. Tecnicamente, o dia teria acabado de começar àquela altura.
Era difícil dizer as horas na torre sem o auxílio de um relógio, já que a distorção no espaço que ocultava-a dos olhos indesejados também a prendia em uma faixa de terra desértica da qual sol só emergia no horizonte após seis meses de escuridão total. Questão que dificultava todas as tentativas dos escopos de cultivar alimento por conta própria e resultava em uma série de negociações perigosas com outros criminosos do império.
Ao menos não precisavam se preocupar com a água, já que cascatas abundantes jorravam da torre através de um mecanismo semelhante ao que a escondia do império.
Na biblioteca central, não existia qualquer janela ou abertura esculpida em pedra para assistir as impressionantes cascatas, mas o som quase imperceptível da água escoando da rocha ressoava em seus ouvidos enquanto Gabriel abria um dicionário de bengali ao lado de Damen.
— Você me assusta — Dam comentou ao notar o conteúdo do dicionário. — Por que não estuda grego ou gaélico, como as pessoas normais fazem?
— Prefiro optar pelos idiomas que mais carecem de tradução — Gabe deu de ombros. — Não vou pelo caminho mais fácil.
— Bom, eu vou — Damen indicou a pequena pilha de pergaminhos e manuscritos em línguas românicas à sua frente. — Se vou trabalhar de graça, farei com o mínimo esforço possível.
Só que ele estava sendo modesto quanto a isso. Com dezoito anos, Dam já falava fluentemente mais de sete idiomas, quase o dobro da média de línguas faladas pelos calouros daquele ano. Suas contribuições seriam incomparáveis quando iniciasse as pesquisas independentes, e quem sabe se tornaria um ancião muito antes dos outros candidatos.
Ele sequer fazia uso do dicionário ao seu lado, tomando nota de várias passagens em francês do que parecia se tratar de um profundo estudo sobre a filosofia da feitiçaria, feito por um erudito especializado em magia empática chamado Robert McNaught.
Gabriel sabia que deveria deixá-lo com sua filosofia francesa e se concentrar nos próprios estudos, mas parecia tão difícil manter o foco quando Damen sentava tão perto. Ele tinha feições impressionantes mesmo em seus piores ângulos, mas parecia etéreo enquanto estudava sob a iluminação cintilante dos fogo-fátuos. Quase que por necessidade, Gabe se pegou chegando mais perto, e Dam apoiou seu ombro no dele em resposta.
Ele queria correr e se esconder. Estava horrorizado, eletrizado e enfeitiçado em iguais medidas. Damen continuava concentrado em sua pilha de pergaminhos, alheio ao mundo fora da caligrafia rebuscada dos documentos antigos, mas Gabriel só podia assisti-lo como se nada mais lhe importasse.
— Não vai me perguntar o que fiz quando fugi ontem a noite? — disse Damen de repente, ainda concentrado em suas notas, e Gabriel percebeu que esteve encarando-o em silêncio por tempo demais. — Pensei que estaria curioso.
Gabriel abriu a boca e depois fechou-a novamente. Dam nunca falava de suas aventuras ilegais em lugares públicos, e por mais vazia que a biblioteca estivesse, parecia imprudente tocar no assunto em um dos salões mais movimentados de toda a torre.
Ainda sim, não era segredo para ninguém que Damen escapava para diferentes regiões do império sempre que encontrava uma passagem vazia, e a curiosidade atingiu Gabe como um enxame de abelhas enraivecidas.
— E o que você fez? — perguntou em um sussurro cuidadoso.
— Nada de mais — disse ele, os lábios se torcendo em um sorriso vagaroso, finalmente tirando os olhos dos documentos e voltando sua atenção para Gabriel. — Só matei um dos filhos do imperador.
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