Capítulo 33
A maior parte das pessoas vê no problema do amor, em primeiro lugar, o problema de ser amado, e não o problema da própria capacidade de amar.
Meus olhos focaram o homem como a minha frente de forma que fosse incapaz de desviar. Um sorriso gentil escapou por seus lábios rosados e, os olhos escuros penetraram os meus cuidadosamente, porém, rapidamente os desviei pelo seu corpo pela camiseta de marca ajustava-se perfeitamente em seus braços quando em seu abdômen e tórax. Os cabelos escuros estavam bem alinhados, ainda molhados e em seus olhos os óculos de sol ainda estavam ali. O perfume apimentado exalava ainda mais forte em minhas narinas.
Suspirei fundo como uma boba antes de olhá-lo.
— Poderemos ir para casa hoje, recebi alta... — contei suavemente vendo o sorriso surgir. — Poderia buscar umas roupas para mim na mansão?
— O que eu não faria por você Chéri? — sibilou, dando um passo até mim. — Ou o que seria de você sem mim! — Nossos olhares se conectaram antes de um sorriso contornar seus lábios perfeitos, que há dias sentia falta de tocá-los com o meu.
Porra! Eu desejava muito beijá-lo outra vez, mas minha reação automática foi revirar os olhos. Seu corpo se aproximou do meu sentado na cama com as pernas suspensas. Suas mãos colaram cada um do lado se uma perna minha fazendo com que Blake se inclinasse para frente alguns centímetros do meu rosto. E, antes que qualquer coisa fosse dita naquele quarto silencioso nossos lábios se fundiram. Gemi baixinho. Seu gosto era bom e, misturado a seu beijo estava à saudade, o carinho e o amor. Sua língua explorou minha boca arduamente como sentia a sua saudade. Eu senti saudades também, Blake.
Blake havia respeitado onde estávamos nos últimos dias e não havia tocado em mim, embora isso me entorpecesse de saudades.
— Eu já volto... — Um beijo casto foi depositado na minha testa antes de Blake sair.
No entanto, minutos depois, quando retornou me surpreendi ao vê-lo segurando duas sacolas da grife de Lorelai Schumann. Por breves momentos me perguntei se Marina estava por lá, porém, guardei minhas inseguranças para mim.
— O que é isso tudo? — questionei as sacolas sentindo o perfume apimentado exalar em minhas narinas como se ele houvesse passado outra vez.
— Roupas? — Blake respondeu dando de ombros me entregando as sacolas.
Revirei os olhos cerrando os olhos para ele antes de tocá-las.
— Espero que goste — arfei ao retirar o vestido lá de dentro e o sorriso foi inevitável. Meus olhos passaram pelos seus e um sorriso bobo o atravessou. Tratava-se de um vestido amarelo com estampas de girassol e um decote V e alças finas e aparentemente ajustáveis que faz um X nas costas. Era diferente, simples e lindo que nem parecia ter sido criado por aquela mulher.
— É lindo... — suspirei olhando-o e um sorriso dançou em meus lábios.
— Quanto você, Chéri.
Por mais bobo que pareça pensei nesse momento nos últimos sete dias. Em como sairia dali após os ferimentos amenizarem. Os rasgos dos braços estavam fechando bem, porém, a minha perna a qual não sentia tanta dor devido ás medicações ainda era algo que me preocupava. E, mesmo que já estivesse andando bem lentamente ainda sentia leves fisgadas que me incomodavam.
— Vou trocar de roupa e vamos embora — avisei vendo-o se aproximar da cama.
— Quer ajuda para descer?
Antes que eu respondesse seus braços firmes estavam e volta de minha cintura. Meus olhos passaram por seus olhos, prenderam-se como há muitos dias faziam, se conquistavam. Um sorriso tímido surgiu a meus lábios. Era involuntário e despretensioso desde soubera de seus sentimentos que ele nutria por mim, era real. Os dias haviam passado lentamente até chegarmos aqui, porém, a companhia de Blake amenizou dias que possivelmente seriam tediosos. Neste interim, muitas coisas ficaram ainda mais claras para mim... entre nós. O cuidado de Blake havia comigo era surreal como se eu fosse frágil demais e corresse o risco de partir ao meio a qualquer momento. Eu não era frágil. Não a esse ponto, embora muitos anos de solidão trouxesse átona uma Blessed que havia se perdido há muito tempo. No entanto, com Blake ao meu lado as coisas mudavam... Na verdade, muitas coisas mudaram dentro de mim. E, há quase uma semana vivia as coisas como deveriam ser. Reais.
Com cuidado caminhei até o banheiro para vesti-lo, que ficou ajustado em meu corpo, mentalmente, agradeci por ser longo e cobrir a faixa em minha coxa. O caimento, tamanho tudo ficou incrível.
— Chéri, você poderia ficar em minha casa — A voz de Blake ecoou convidativa em meus ouvidos, puxando a minha atenção para si.
Suspirei pesarosamente aliviada por deixar aquele lugar, entretanto ao mesmo tempo em que preocupada em como seria a minha convivência com a Heather.
Olhei para frente reconhecendo o caminho da mansão Kelleher, que não estava longe dali.
— Você sabe que eu não posso ficar na sua casa, badboy — A última palavra deslizou de meus lábios sendo suficiente para que Blake revirasse os olhos e retorcesse a face em uma careta contorcida enquanto olhava para a estrada.
— Apelido novo? Muito brega! — Um sorriso desdenhoso dançou em seus lábios antes dele retirar o objeto dos olhos e me encarar fazendo uma careta fofa.
Fiz careta antes de um sorriso leve brotar em meus lábios, não era tão brega assim.
— Eu quero cuidar de você, Mon Amour — O tom gentil de sua voz me fez suspirar. — Embora Elliot disse que a sua irmã está cuidando de tudo e até contratou a uma enfermeira particular e pessoas para trabalharem na casa.
— Ela fez o que? — questionei de olhos arregalados.
— A sua irmã mudou muito, Aurora. — Os seus olhos encontraram-se aos meus. — Heather está diferente. E até eu sinto isso quando ela aparece lá em casa — Olhei-o surpresa. — A Hannah a adora. E parece que elas estão se tornando amigas ou algo assim.
— As meninas disseram... — comentei incerta. — Disseram que Heather se afastou de Leslie Donavam. É assustador.
Blake concordou com a cabeça.
— Elliot confidenciou que sua irmã disse que o seu acidente serviu para enxergar coisas de outro modo. Ela quase há perdeu Chéri, e acho que esse era o choque que Heather precisava para poder enxergar além do mundo que criou na cabeça.
Não respondi tentando digerir tudo que havia acontecido desde que Dakota havia viajado... Desde que... Hea havia mudado... Desde que eu realmente havia me apaixonado.
Um suspiro profundo se esvaiu de meus lábios e o silencio se estalou entre nós.
Blake apertou o volante.
Seu olhar se tornou inexpressivo.
— Você está bem?
O homem meneou o pescoço e nossos olhares se encontraram brevemente antes de se voltar para o transito.
— Tive uma conversa difícil com o meu pai, mas está tudo bem, não se preocupe Cheri — confessou em um murmuro baixo. Por seu olhar distante não me parecia que estava tudo bem.
— Quer conversar?
— Não... — proferiu rapidamente e o certo desespero em sua voz que me fez cerrar o cenho. — Não se preocupe comigo, eu estou bem...
— Tudo bem... — tentei contornar a voz desapontada.
O silencio se tornou presente e quando chegamos em frente a mansão meu coração palpitou forte.
— Ainda há tempo para que venha comigo — disse Blake risonho ao abrir a porta de seu conversível e, ao descer me encontrei com os mesmos olhos que os meus.
Meu corpo enrijeceu.
Mas, ao olhar para Heather e ver seus olhos desfilando por meus braços suspirei profundamente caminhando até onde ela estava com Eliot ao seu lado. E, conforme me aproximava via algo nos olhos de minha irmã que não encontrava ha anos. A surpresa veio com as suas palavras. Com o cuidado em usar as palavras e o sorriso foi inevitável, embora soubesse que ainda teríamos muito que conversar, muito que ser esclarecido.
— Pedi para que Lolly arrumasse o seu antigo quarto — proferiu Hea olhando em meus olhos. — Que bom que voltou...
— Obrigada — sorri gentil, mas meus olhos desviaram até Elliot, notando o sorriso que pensava ter me apaixonado.
— É bom vê-la outra vez meu bem... — disse o loiro ao seu lado. E, pela primeira vez em meses vi um olhar diferente em seu rosto que fingi não notar, mas quando os meus olhos buscaram por Blake sabia que havia notado o mesmo que eu. Merda!
— Amour me ajuda a subir? — pedi em tom suave.
Blake esgueirou-se em silencio até a entrada e eu lentamente o acompanhei quando entramos no transporte, em silêncio.
Engoli em seco. Era estranho tê-lo tão próximo, mas ao mesmo tempo em que tão longe. No segundo andar meus olhos focaram os seus de soslaio, nossos olhares se encontraram e eu encontrei-me com um meio sorriso.
— Pode admirar Chéri! Sei que sou irresistível — Meu rosto virou-se para ele de forma automática.
— Você é um convencido de merda! — rebati revirando os olhos.
Ele sorriu, mas um sorriso que não durou o suficiente quanto eu desejava. O homem suspirou antes que o olhar pesaroso se encontrasse ao meu. E, pela primeira vez em meses vi a sombra que antes rodeava os seus olhos.
— Blake...
— Naquela sala lembrei o motivo de ainda estarmos nisso... — um meio sorriso forçado fez meu coração arder. — Vi como ele a olhou lá em baixo. E Sabe Cheri, a realidade é mais assustadora quando não estamos preparados para encontrá-la... — respondeu baixo, em um tom frívolo. — Talvez ele ainda te aceite quando disser a verdade...
— Blake... — A careta contorcida estampou meu rosto.
O encarei com o cenho fechado.
Blake não me olhava.
Procurava um ponto do elevador que não fosse eu.
— É doloroso saber o que entrei perdendo em sua vida... — confessou em um sopro e algo passou em seus pensamentos que transpareceu em seu rosto. O tom que usará expressava sua mágoa, e por sua expressão dolorosa suas palavras o afetavam. Por breves segundos seus olhos ficaram inertes, distantes. Em um rompante aquelas orbes castanhas me encontraram, carregando o peso a qual não estava acostumada a encontrar. — Quando aceitei o plano de Hannah eu sabia que o amava, entretanto eu pensei que pudesse mudar de ideia quando visse que eu não era tão ruim assim... Mas me enganei, Chéri... — Blake esboçou um suspiro pesado. — Se ainda o ama esse é o momento de encerrar esse assunto e lutar pelo que sempre quis...
As batidas do meu coração aceleraram, mal consegui respirar, mas mãos tremiam quando o elevador parou. Eu olhei para a porta estática, olhei para Blake esperando que fizesse qualquer coisa, mas a sua única reação foi me olhar magoado.
— Eu vou embora... — disse em tom pesaroso, e antes que pudesse apertar o comando do transporte minhas mãos entrelaçam nas suas, nossos olhares se encontraram e naquele momento implorei interiormente para que ele entendesse a minha suplica para não ir.
— Fica... — sussurrei.
— Me dê um motivo para não ir... — estimulou cuidadosamente.
Blake esticou o braço no sensor para que o elevador não descesse, antes de qualquer coisa escapar de meus lábios suspirei profundamente, e, quando nossos olhares se encontraram, sabia que era hora de terminar com isso dê uma vez por todas.
— Porque eu amo você... — fechei os olhos sentindo meu corpo esquentar. — Eu aprendi a te amar e a confiar em você, e, mesmo que desista por pensar merda. Eu não vou desistir do que podemos viver.
Minhas mãos suavam entrelaçada a de Blake, que me olhava como se estivesse encantado. Sabíamos o que sentíamos um pelo outro, mas dizer, ser ouvido causava arrepios.
Ele sorriu e um sorriso bobo deslizou de meus lábios antes de meus olhos transbordarem o que meu coração gritava e, mescladas às lágrimas que nublavam os meus olhos. Em um passo lento caminhei até Blake, que seus olhos não desviaram dos meus em momento nenhum. E ao me aproximar meus braços circundaram em volta de seus ombros, deixando-o perdido.
— Você escreveu o seu nome em meu coração, Mon Amour... — Minha voz saiu baixa como um sussurro, em seguida depositando um beijo leve em seus lábios. — Eu amo você como nunca amei ninguém antes.
Suspirei ao sentir as batidas do meu coração ficarem mais aceleradas.
Meus olhos ardiam quando os dedos de Blake tocaram a minha pele, fazendo com que ela se arrepiasse. Até que seus lábios rosados encontraram os meus olhos, e um sorriso lindo estampou ali. Não foi preciso palavras até que nossos lábios se fundiram. Um gemido baixo escapou de nossos lábios conforme o puxava para mim conforme intensificávamos nossos toques.
— Vamos sair daqui. — sussurrou em um gemido baixo.
Seus braços se enroscaram nas dobras das minhas pernas me levantando do chão. Saímos do elevador e após andar alguns centímetros passei a chave-cartão que Heather havia me entregado. Cuidadosamente Blake me carregou em seus braços até me sentar na cama, ajoelhando se na minha frente com os olhos presos aos meus.
— Eu sou louco por você, Mon Amour... — seus olhos escuros brilhavam, mordi o lábio inferior. — E por breves minutos pensar que talvez ainda sentisse algo por Elliot me destruiu por dentro, porra! — meu coração apertou. — Eu te amei quando a pela primeira vez... Te amo desde o momento que soube quanta merda havia feito com você e que me odiava por ser tão imbecil, mereci o seu ódio. E mesmo quando entramos nisso com um plano eu sabia que estaria ferrado, ainda mais quando disse que não era para me apaixonar por você quando eu já te amava. Eu tentei não sentir, mas estar ao seu lado fazia com que eu a amasse ainda mais. Você é tudo que sempre quis Amour, e se o escolhesse essa a maior certeza que o amor não era algo para mim. — Uma careta dolorosa estampou sua face. — Eu me apaixonei por seus beijos, Chéri... Por sua doçura... Até mesmo por seus medos. Você é quem eu sempre esperei mesmo sem saber e é quem quero estar independente do que acontecer.
Um sorriso estampou em seus lábios antes do jovem quebrar os poucos centímetros que nos distanciavam. Suavemente seus dedos deslizaram por minha nuca, por dentre o meu cabelo e seu lábio sugou o meu com cada vez mais força. Meu corpo aqueceu, possivelmente de Blake também, já que se afastou ofegante no momento seguinte, nossos lábios se fundiam intensamente, preenchendo o meu coração ainda mais de amor. Os beijos ficaram mais desesperados. Blake segurava minha nuca de forma voraz, automaticamente o meu corpo cedeu para trás encontrando com o lençol macio da cama. Blake havia se levantado e deitado sobre meu corpo com as mãos apoiadas na cama e quando seus lábios chuparam meu pescoço fechei os olhos sentindo a sua boca deslizar por minha pele arrepiada. Um gemido escapou por meus lábios e ele parou, abri os olhos para que seus olhos me olhassem e eu pudesse ver luxuria e desejo ali, evidente em seu rosto perfeito
— Temos que parar... Porra! — proferiu em tom rouco engatinhando de ré para descer da cama. — Preciso ir ou não conseguirei não... — ele não continuou. — Eu... preciso... ir... embora... — anunciou desnorteado. Seus olhos estavam presos em meu rosto assim como o desejo por mim, e quando e quando desceu por seu abdômen vi o motivo que desejava ir, por cima da calça vi sua ereção e provavelmente ao constatar meu rosto rubrou, merda!
Blake me olhou e estendeu a mão para que me sentasse e quando fiz seus lábios roçaram em minha testa. — Deixarei com que descanse e mais tarde venho te ver. Tenho que ir trabalhar.
— Vou esperar por você, badboy — confessei piscando um olho, vendo o revirar os seus antes de sorrir e deixar o meu quarto com uma expressão leve e suave a qual amava ver. Assim como os meus que não disfarçavam o quão feliz eu estava por saber que finalmente podíamos ser apenas Blake e eu, eu e Blake, sem que ninguém ou nada estivesse entre nós.
Os dias passaram rapidamente após isso. Vi o outono passar mediante as visitas de Blake e Elliot em nossa casa, minhas melhores amigas também vinham me ver com frequência e até passamos o dia de ação de graças juntas e me surpreendi quando a minha irmã quis cozinhar. Nesse interim Blake vinha todos os dias me ver, conversávamos até altas horas no meu quarto com o aquecedor no máximo. O inverno chegou de forma rígida e cruel em Pherce. A temperatura havia despencado em muitos graus abaixo de zero e, por sorte, estávamos de férias para o final do ano.
Com todos os cuidados estava melhorando. O prazo da medicação havia terminado e eu conseguia caminhar melhor, sem mancar tanto e estava tendo uma boa cicatrização. Haviam se passado um mês e sete dias desde o acidente, assim como o natal sorrateiramente se aproximava e o meu pai ter ligado naquela manhã para dizer que não conseguiria vir me deixou chateada, assim como preocupada por que talvez Dakota estivesse voltando de sua breve viagem.
A batida na porta do quarto me fez com que a olhasse, encontrando-me com a figura arrumada de Heather usando um sobretudo rosa e um cachecol em seu pescoço, calça preta e bota nos pés. Seus cabelos estavam presos em uma trança lateral bem feita e a maquiagem estava mais leve que geralmente usava. Suas mãos estavam para trás, longe de meu alcance.
— Podemos conversar? — pediu, suavemente recebendo um acesso positivo como resposta. Era anoite, por estar arrumada possivelmente sairia com o Elliot.
— Entre, Hea — convidei, vendo-a se juntar ao meu lado na cama. Pela primeira vez desde que chegou pude ver suas mãos e me surpreendi com a pequena caixa aveludada entre seus dedos brancos e finos e sem aliança. E me surpreendi ainda mais quando ela esticou para que eu pegasse, e quando abri vi o colar da mamãe e sua aliança ali.
Rapidamente meus olhos buscaram pelos seus, vendo-a suspirar tão profundamente ao mesmo tempo em que seus olhos nublavam a sua vista.
— O que... — perguntei incerta.
A primeira lágrima silenciosa deslizou por sua bochecha rosada.
— Não é justo eu viver nem mais um segundo no que deveria ter sido seu. — Seus dedos massageou a ponta de seus cabelos sem me olhar, nervosamente. — Eu fui uma vadia do caralho e roubei as suas chances antes mesmo de dá-las a você. Eu fui uma tola cega, Bless.
— Porque isso agora? — perguntei desconfiada.
— Por necessidade de desfazer esse erro. E acho talvez Elliot ainda goste de você... — Seus olhos claros fitaram-me com tristeza. — Eu prefiro desistir dele há desistir mim mesma outra vez...
— Porque acha que ele... — Não prossegui o raciocínio, não gostaria de pensar nessas possibilidades já que Blake estava sendo incrível comigo.
— Eu vi... — Heather suspirou — E quando ele cita seu nome é com tanto carinho que faz com que eu me sinta... insuficiente. — a ponta seus dedos passaram por seu rosto. — Antes eu pensava que era por desejar que voltássemos a ser amigas, mas hoje me pergunto se não tinha uma segunda intenção por trás de seus gestos gentis. Eu estou cansada de pensar no que poderia ter acontecido se eu não estivesse no meio. E sinceramente? Amar é deixar e ir, Bless. É também saber quando deve tirar o time de campo, ainda mais quando se entra na partida perdendo.
— Então está desistindo? — cerrei o cenho, perplexa.
— Exatamente! — Sua voz saiu baixa como um sussurro.
Heather soltou minha mão fechando os olhos por um segundo. — Eu deveria ter feio antes, mas fui fraca e não consegui... As mãos da minha irmã tremiam.
— Eu fui uma péssima irmã com você, não fui? — Seus olhos penetraram diretamente os meus. — E o que consigo agora é implorar para que me aceite já que desde que a mamãe se foi escolhi o meu caminho, mas não esperava que fosse tão cruel assim. Estávamos tão quebrados em nossas dores que a minha forma de lidar com a perda pesam em tudo que fiz, e sabe porque? Porque foi ali aonde perdi a minha identidade e por esse caminho acabei perdendo duas pessoas que eu amava... — Uma careta contorcida estampou sua face em meio a seus olhos nublados. — Naquele dia não perdi apenas a mamãe, Bless... Eu perdi você! — As lágrimas vieram a meus olhos por sentir o quanto Hea estava machucada. — E mesmo que não concorde você sempre foi à gêmea artista e carismática da família a mamãe e amava mais por ser exatamente como ela.
— Não sabe o que está falando! — rebati, olhando-a de olhos cerrados vendo-a forçar um sorriso de lado sem mostrar os dentes.
— Foi por isso aceitei a Dakota em nossa casa. Ela parecia gostar de mim sem ser a sua sombra. E assim aos poucos fui perdendo quem era e me tornei um fantoche da minha própria insegurança por temer que ninguém fosse capaz de me amar verdadeiramente... Eu escolhi a maldade, Blessed, até me apaixonar pelo garoto que não era para ser meu.
Com os olhos focados uma na outra chorávamos juntas. E pela primeira vez em anos sentia a conexão que sempre tivemos mais forte que nunca.
— Eu sinto que posso perdê-lo, mas não posso perder você, não outra vez, por isso imploro para que me aceite em sua vida, por favor... — sua voz saiu embargada, ferida pelo choro incessante. Meus olhos ardiam, se perdiam naquelas orbes que conseguia ler, que imploravam por perdão, por uma segunda chance. — Eu te amo tanto, por favor, me dê uma chance de concertar todo o mal que te fiz... — minha irmã se ajoelhou na minha frente e sussurrou. — Eu te imploro, me perdoe.
— Heather não faça isso. — Proferi com a voz embargada, levantando-a pelos ombros e sentando-a na ponta da minha cama.
— Me deixe concertar tudo... — seus olhos avermelhados encontraram-se aos meus. — Nem que para isso tenha que arrancar o meu coração.
— Você se apaixonou verdadeiramente por Elliot, Heather? — questionei, vendo uma lágrima solitária pingar em sua coxa.
— Isso não importa... — Ela fechou os olhos, suspirou fundo, antes de abri-los novamente e me encarar. — Vá atrás do seu príncipe e diga a ele que sou uma farsa e...
— Você se apaixonou? — repeti.
— Blessed não dificulta as coisas, por favor... — implorou baixinho.
— Responda a droga da pergunta!
— EU O AMO É O QUE DESEJA SABER? — Vociferou a prantos mais altos, dolorosos. Meus dedos se moveram rapidamente até seu rosto vermelho e inchado. — Mas isso não importa... Vá atrás do seu príncipe encantado e diga que sou uma mentirosa tola por me apaixonar por sua ingenuidade, por me apaixonar por sua bondade e ausência de maldade. Elliot é uma pessoa incrível, Blessed. Você terá sorte em tê-lo.
Suspirei fundo engolindo toda informação que Heather havia me passado.
A garota imbecil que me humilhou e não me defendeu da madrasta cruel durante anos merecia um castigo, mas, a garota quebrada a minha frente, não. A garota que reconhecia suas falhas e que desejava repará-las da melhor maneira possível merecia uma segunda chance e se ela estava disposta a sacrificar seu amor eu também estava.
— Heather — puxei suas mãos trêmulas para mim. — Não precisa desistir do Elliot se não quiser.
Com cuidado peguei a caixinha aonde depositará a alguns minutos e a coloquei em seu colo. Os olhos avermelhados se arregalaram surpresos. E antes que dissesse qualquer coisa meus dedos deslizaram até seu rosto enxugando as lagrimas que caiam.
— Está debochando de mim?
— Não estou debochando, Hea... — afirmei. — Eu não o amo.
— Pensava que esse relacionamento com Blake era uma farsa para atingir Elliot.
Eu sorri, levemente.
— Era... Entretanto o amor sempre tem planos diferentes para nós... — assumi com um sorriso genuíno em meus lábios. — Estamos felizes agora, de verdade, e espero que consiga ser feliz com quem ama também...
— Obrigada — agradeceu. — Eu também espero que consiga ser realmente feliz um dia sem... sem mentiras.
— Então sabe o que precisa fazer para que isso aconteça — aconselhei recebendo um sorriso gentil mesmo com seus olhos avermelhadíssimos de tanto chorar. — E eu amo você.
Sem que eu esperasse Heather me puxou de lado me abraçando como há anos não acontecia. Sorri, retribuindo o gesto da forma mais confortável que conseguíamos. E quando se afastou a minha irmã se levantou, mas tive que me levantar em seguida para apara-la quando as suas pernas cambalearam para trás.
— Você não está bem... Está pálida. — proferi olhando em seu rosto, Heather tentou sorrir, mas não chegou a seus olhos vermelhos.
— Eu estou... É que... — ela fez uma pausa quando sua mão que não estava envolta em minha cintura foi até os seus lábios.
— Só foi uma tontura chata e uma vontade cruel de vomitar, mas não se preocupe é apenas o meu estômago exigente demais nos últimos dias.
— Tem passado mal constantemente? — Questionei preocupada e ela negou.
— Não. Apenas nessas últimas semanas, acho que as provas me deixou ansiosa, mas em qualquer caso marcarei um ginecologista já que tenho algumas duvidas a ser tratadas. — respondeu suave. Seus olhos vermelhos aos poucos se amenizavam — Elliot virá para o jantar e iria levá-lo ao restaurante para contar a verdade e espero que ele não me odeie... — Instantaneamente os olhos da minha irmã se arregalaram, seus olhos azuis de esticaram tanto que pareciam saltar de seu rosto. — Bless, e se eu estiver gra...
Um grunhido na porta roubou a nossa atenção e nossos olhares se desviaram até lá no mesmo momento encontrando-se com Blake parado na porta do meu quarto. Seus olhos escuros se encontraram aos meus, mas meus olhos foram até seus cabelos cobertos pela touca grossa que cobriam todos os fios de seu cabelo que o deixava ainda mais com aparência de badboy. O cachecol branco em torno de seu pescoço o deixava ainda mais sexy e o casaco preto de botons grossos branco, a luva preta e a bota o deixava parecendo àqueles modelos da Peaple.
— Conversamos depois... — Heather me olhou preocupada, e eu também já que sentia que Blake havia cortado um assunto sério. Ao passar próxima a Blake ela o cumprimentou gentilmente nós deixando sozinho.
— É bom que estejam evoluindo.
— Ela quer se aproximar, mas eu não consigo confiar nela depois de tudo que aconteceu entre nós. — confessei caminhando até ele. — É difícil para mim depois de ter sido tão ferida por ela. Acho que talvez possa acontecer, mas não é fácil esquecer...
— Eu sei que não! — ele puxou a minha mão para seus lábios. — Deixe o tempo cuidar de tudo e o que tiver que acontecer entre vocês vai acontecer.
Nossos olhos se encontraram, Blake sorriu genuinamente antes de meus braços passarem por seus ombros, e seus braços passarem por trás de minhas costas. E quando seus lábios vieram até a minha boca senti o meu corpo ceder, se entregar a seu toque como muitas outras vezes havia acontecido e Blake decidia ir embora por não achar que era o momento certo, ainda mais por estar recuperando do acidente. Mas como lidar constantemente com o meu corpo queimando a cada caricia sem malicia? No fundo, sabíamos que queríamos mais, mas tínhamos medo do que aconteceria quando pulássemos esse estagio já que eu nunca havia comentado com ele sobre nunca ter transado com ninguém.
— Quero que venha comigo até Paris, Amour. — Seus lábios se afastaram de mim e mesmo sua testa colada na minha percebi por seu tom que se tratava de um assunto delicado. — Desde que perguntou há mim sobre Madhouse decidi investigar e decidi colocar pessoas importantes nesse caso para mim para que encontrasse pistas que ninguém conseguiu ter sobre o desaparecimento de sua mãe. Antoine contratou investigadores renomados em Paris, e quando descobriu algo você se acidentou e não pude ir até lá porque eu nunca te deixaria aqui, indefesa. — Nesse momento eu mal respirava, seus braços aliviaram-se de seu aperto quando percebeu. — O momento de descobrimos a verdade chegou e espero que com ele Scarlette volte para a sua vida e se a Dakota Kelleher estiver por trás disso queime no inferno.
Gente ando sumidinha daqui, mas foi a correria do dia dia que não estava conseguindo reescrever o livro, mas com fé esse capitulo saiu.
E que capitulo viu...
Alem de imenso intenso demais, acho que estavamos precisando desse perdão, dessa descoberta de amor.
SEM REVISÃO...
Espero que tenham gostado, beijinhos e até mais amores...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro