Capítulo 29
Descobri que, às vezes, momentos marcam nosso corpo. Eles estão ali, alojados sobre a pele como sementes pintadas de surpresa, tristeza ou medo. E se você virar para um lado ou cair, uma delas pode se soltar, pode se dissolver no sangue ou fizer surgir uma árvore inteira. Às vezes, quando uma se solta, todas começam a se solta.
Naquele dia, antes que o sol se fosse conversamos por horas a fio. Blake ligou para que Hannah pedisse comida, que não demorou mais de uma hora a chegar ali. Conversamos sobre a vida, sobre planos e principalmente sobre Paris, uma cidade a qual Blake parecia amar. Naquela tarde fui acolhida por seu carinho e doçura a qual nunca esperei vindo de alguém com o coração endurecido. Vi a sensibilidade em Blake que não esperava, no fundo, ele era bom como Elliot, entretanto, precisava descobrir isso.
Após aquela sexta feira da penúltima semana de outubro os dias passaram a ser tristes e chuvosos. A segunda semana de novembro chegou solene, sem chuvas, aperfeiçoando se aos finais de campeonatos, finais de provas dando ao menos um pouco de alivio a quem estudou como uma condenada, dessa vez, havia dado o meu melhor com a ajuda de Fayer e não ficaria pendente em nenhuma matéria.
Neste ínterim Dakota não havia voltado, nem mesmo ligado para dar noticias de onde estava. Heather permanecia organizando suas coisas. A minha irmã até preparava o almoço e deixava comida para mim. Se ela estava sendo os olhos de Dakota, então, a megera também havia mudado também. Elliot ia à mansão buscar a minha irmã, falávamos o essencial desde que haviam começado a namorar. Nitidamente a companhia do rapaz a fazia ser alguém melhor, talvez com esse namoro a minha irmã tornasse alguém que havia deixado de ser a anos.
Enquanto isso, Blake me buscava em seu conversível com um sorriso gentil nos lábios. A dor em sua expressão dissolveu e as sombras ao redor de seus olhos aos poucos foram amenizando. Estávamos mais próximos que nunca. Talvez, Blake dizer abertamente há semanas atrás que em breve partiria modificava algo dentro de mim.
— Hoje é a final do campeonato, Bless — A voz de Fayer decepou meus pensamentos. Fiz careta para a garota elegante ao meu lado, estávamos na sala. — E se ganharem a sua irmã disse que a festa será na sua casa.
— O que você disse? — perguntei incrédula e a minha melhor amiga revirou os olhos, tirando o celular da mochila, fuçando algo no aparelho e me mostrando a mensagem, diretamente no Jornagram.
Festinha liberada na mansão Kelleher após o jogo? Certeza que temos boas novas amanhã no site. Com direito a música, piscina e muita pegação. Você não vai querer ficar de fora, não é?!
Havia muitos comentários de confirmação na publicação. Meus dedos uniram se a minha massageando lentamente a minha têmpora, e, de meus lábios emiti um longo suspiro.
— A Heather enlouqueceu e quer me enlouquecer também.
A minha irmã não havia vindo ao curso hoje, provavelmente estava confabulando planos ao lado de sua amiga megera para a festa de hoje à noite.
Surpreendi-me quando a coordenadora do curso adentrou em nossa sala, pedindo autorização para um comunicado. Olhei a mulher de meia idade, intrigada.
— É com pesar que informamos o desligamento de Bridget Connor da Universidade de Pherce — olhei para o rosto maquiado da mulher em choque. Ela olhava para todos como se buscasse expressões, até que a sua parou em mim. — Não toleramos atos sexuais impróprios e profanos em nossa universidade. Sendo assim iremos alguém que a substitua quando retomamos com as aulas, obrigada a todos pela atenção!
— Soube que a megera andou sentando em alguns alunos e traindo o namorado pouco de fodendo que estava sendo gravada — sussurrou Fayer.
Olhei-a de olhos arregalados, em choque. Mediante as poucas da senhora me senti aliviada, embora, eu não gostasse da desgraça dos outros, mas, sentia-me aliviada por não ter que vê-la nunca mais.
As aulas passaram rapidamente após isso.
— Virá ver o jogo anoite? — Perguntou Fayer.
— E eu tenho alternativa? — revirei os olhos frustrada.
Fayer estalou a língua em um sorriso travesso. Era obrigatório, todos tinham que estar ali. E, ao se despedir disse que disse que se encontraria com Brandon, suspirei vendo-a entrar em seu carro e desaparecer de minha vista.
Comecei a caminhada até o metro, não tinha mais tanta preocupação em correr, já que a meu ver Dakota não estava na cidade. Mas, ao virar uma determinada rua senti como se estivesse sendo seguida. Olhei para trás me surpreendendo com a senhorita Connor vindo rapidamente em minha direção.
— Espere, Blessed! — comentou tomando a minha atenção para si. Olhei-a descrente ao vê-la em um vestido justo vermelho carregado um decote mais sensual que o normal, essa não parecia à professora bruaca que me infernizou por quase dois malditos anos.
— O que quer? — perguntei cética. E um sorriso falso brotou nos lábios pintados de vermelho da loira, quis revirar os olhos.
Que merda havia acontecido com essa mulher?
— Estou indo embora de Pherce de vez, mas não poderia partir sem que saiba a verdade. — olhei-a incrédula observando seus leves gestos de nervosismo. — Eu tinha um namorado, Toddy, há quase seis anos, mas em certa do segundo ano ele mudou comigo e começou a dizer que eu era certinha demais, que gostava de foder com vadias na cama e não uma mulherzinha sem graça. Começou a me oprimir psicologicamente e quando vi estava em um relacionamento abusivo a qual perdi totalmente o controle da minha vida. Eu já era formada quando o conheci, e então surgiu a vaga de trabalhar aqui na universidade de Pherce e eu a agarrei com as duas mãos mesmo sobre protestos do homem a qual passei a dividir o mesmo teto. — vi a expressão corporal da mulher retesar. — Mas, após isso as agressões verbais pioraram, e em um dia saindo daqui conheci uma mulher elegante que não fazia noção quem era. — olhei-a incrédula, vendo-a encarar os meus olhos. — Ela me fez uma proposta indecente como se soubesse tudo que eu vivia. — Um bico escapou de seus lábios. — Uma liberdade pela outra. Eu tinha que infernizar uma menina para que ela desistisse do curso em troca seria bem paga por isso. E eu aceitei, e durante esses dois anos tenho juntado dinheiro pago por essa mulher que descobrir a poucos dias em uma entrevista ao lado de uma amiga que se chamava Dakota Kelleher. — olhei-a de cenho enrugado. — Eu estava planejando há anos ir embora de Pherce, dar um pé naquele desgraçado e vê-lo sendo tarjado de corno quando o vídeo explodisse entre os alunos. — Fez biquinho, e, em seus lábios vi um sorriso sínico. — Quero te dizer que as implicâncias nunca foram pessoais, mas que com o tempo passou a ser algo... Divertido. — a mulher deu um passo a minha frente. — Você nunca entendeu a forma que a tratava, mas eu estava sendo paga para maltratá-la.
— Você é podre! — cuspi em asco. — Foi suja em aceitar essa merda!
— Eu precisava de grana só o que recebo é pouco para recomeçar a vida em outro lugar, entretanto agora finalmente consegui, e quando eu sair de sua vista nunca mais iremos nos ver.
— Fique longe de mim. — cuspi com os olhos cobertos por lagrimas presas.
Maldita Dakota.
A mulher não prolongou a conversa, me olhou profundamente antes de virar e retroceder o caminho a qual trilhou para chegar até a mim, mas parou na metade do caminho.
— Tome cuidado com ela, com a sua madrasta. — alertou. — Pelo jeito ela não gosta de você! — novidade, quis retrucar, mas a deixei ir sem prolongar conversa.
Fiz o caminho regresso pensando no que senhorita Connor disse, sabia que a megera me odiava, mas, pagar alguém para me ferrar fazia me questionar ainda mais a sua péssima índole e repudiar a escolha que papai havia feito. Desde que a mamãe foi embora ele tinha todo o direito de recomeçar a sua vida, entretanto, tinha mesmo que ser com uma pessoa tão horrível quanto a Dakota Turner?
Depois de algum tempo estava em frente à mansão, que por azar encontrei a minha irmã descarregando algumas caixas de dentro de seu porta-malas.
— Ei, o que pensa que está fazendo? — gritei aproximando-me da garota de cabelos trançados e vestido marsala até os joelhos.
— Organizando uma festa? — deu de ombros, como se respondesse o obvio.
Revirei os olhos.
— Eu não vou limpar a sua bagunça!
— Não preciso que faça nada, Bless — revirou os olhos, suspirando. — Contratei uma equipe de decoradores maravilhosos, entretanto esses copos personalizados não irão parar lá no bar sozinho, se puder me der licença.
Dei um passo para o lado. E, a minha irmã passou ao meu lado a passos largos e precisos.
Olhei-a partir sem reconhecer o quão realmente a minha irmã estava melhorando embora não confiasse nela.
O meu telefone dentro da bolsa vibrou. Olhei para dentro certificando que Heather havia entrado na casa. Olhei a mensagem, era de Blake, e, ao abrir um sorriso bobo dançou em meus lábios.
Poderia ter me esperado para levá-la em casa, Chéri.
Fiz bico enquanto digitava o pequeno texto:
Não queria desviar a sua atenção sendo que precisa estar preparado para o jogo de hoje à noite.
A resposta demorou um pouco, mas, quando chegou arregalei os olhos, surpresa.
Não me importo com o jogo se ao menos permitir ser minha companhia, Mon Chéri.
Olhei para a mensagem inúmeras vezes enquanto mordia o lábio inferior, o que responderia?
Suspirei profundamente, e, antes que eu digitasse a próxima mensagem vi o carteiro, um senhor de meia idade, robusto e de rosto gentil, que passar ao meu lado e depositar uma correspondência em nossa caixinha, olhou para mim com um sorriso.
— Tenha um bom dia senhor... — cumprimentei, olhando-o caminhar para a próxima casa. Meus pés travaram no chão fazendo com que uma sensação ruim percorresse por meu corpo. Suspirei fundo quando obriguei meu cérebro ir até lá. E, meu corpo estremeceu quando vi o envelope preto destinado a Dakota Turner Kelleher, e quando girei o verso meu coração acelerou.
O selo era Francês.
Provavelmente de Madhouse.
— É de Madhouse. — proferi as palavras de meus pensamentos em voz alta.
– Abra – Meu subconsciente gritou, mas eu não podia.
— Vai se tornar a nova estatua de frente da casa? Você é muito maior que um Anão de jardim... — Heather proferiu atrás de mim me pulei de susto, mas rapidamente me virei para ela, catatônica. — O que é isso? — Seus olhos estavam em minhas mãos.
— Um bilhete de Blake. — menti, vendo-a franzir o cenho. — E eu não te devo satisfações.
Essas foram às últimas palavras que disse entre nós. Fiz os trezentos metros rapidamente com as cartas entre os dedos. E, ao entrar coloquei a mochila no sofá e a carta em cima da penteadeira improvisada, mas olhando-a a cada segundo. Eu queria abrir, embora sentisse medo de seu conteúdo. Sabia que Dakota estava por trás de algo sujo, que, se fosse mesmo de Madhouse talvez ali fosse o inicio para que suas tramoias fossem descobertas.
Os dias corriam rápidos desde a minha promessa. Entretanto, ver o olhar sádico naquela manhã me fez ter a certeza que Blessed vivia algo naquele lugar, e que eu estava disposto a descobrir nem que a minha vida dependesse disso. A senhora Kelleher era além do que geralmente dizia, não era a doce e caridosa que apareciam nos noticiários, àquilo era uma forma de mascarar o sua verdadeira face, que certeza não era um rosto bonito e maquiado. Naquele mesmo dia pedi a Antoine que investigasse Madhouse, e estava aguardando resposta desde então, o fodido era um bom advogado e tinha ótimos contatos por toda a França. Antoine e Marie Leblanc viviam como estamento social por seus pais que vieram de linhagem real, que hoje eram grandes empresários, e poderosos em toda a França.
— Você não parece animado para o jogo de hoje, campeão — Hannah estava encostada no portal do meu quarto com um sorriso nos lábios. A minha irmã caminhou sentando-se ao meu lado. — Parece menos angustiado Blake, entretanto desanimado.
— Esperava respostas, que ainda não as tive. — respondi frustrado. — E não sei como será essa noite, estou nervoso.
— Se estiver nervoso por medo de perder eles é quem deveriam estar com medo... — A minha irmã abriu a boca para falar, mas a luz do meu celular acendeu seguindo do barulho estridente. A foto de Antoine aparecia no visor, Hannah olhou para o celular e para mim — Talvez sejam as respostas. — Fez careta. — Te espero lá em baixo.
Assim que a minha irmã passou pelo portal fechando a porta, atendi.
— Blake você precisa vir urgentemente a Paris... — Seu tom de voz esvaiu desesperada. Provavelmente o meu melhor amigo não estava sonolento, eram sete horas de diferença, lá já era outro dia. — Cara, não sei os seus motivos para querer investigar sobre Madhouse, mas tem coisas sinistras acontecendo. Marie está assombrada.
— Irei amanhã ao amanhecer. — suspirei tentando manter a calma... Se antes estava nervoso, agora, provavelmente ainda mais. — Tenho um jogo para vencer e uma minha namorada para conquistar, au revoir. — Despedi-me de Antoine dando lhe a certeza que nos encontraríamos amanhã.
Estava na hora.
Tínhamos um campeonato para vencer.
Vencemos o campeonato, pianista com voz de anjo.
Li a mensagem de Fayer com um sorriso bobo em meus lábios. Quando paguei o senhor e fiz o caminho pela trilha de pedras tive que passar pelo jardim. Estava decorado de das cores do uniforme. As siglas estampavam o fundo do bar. A piscina estava reluzente com cores flamejantes que alternavam suas cores, que furtavam suas cores. A piscina tinha bolas que me alertava que em breve aquele lugar federia a testosterona e sexo, como na mansão Cawallay naquela noite, e esse era um dos motivos que preferia não me encontrar com Blake.
Esse não era o meu mundo.
Mensagens começaram a pipocar.
Uma... Duas... Três...
Eram todas de Blake. E partir da quinta deixei de contar. Até que chegava ao porão quando a foto de Blake apareceu na tela do aparelho.
— Pensei que a minha namorada estaria aqui quando eu estivesse levantando a taça. — A voz grossa e firme ecoou em meu ouvido e por sua entonação não parecia de bom humor. — Onde você está?
— Em casa... — proferi com um suspiro. — Eu não faço parte desse mundo Blake. Eu espero que entenda que essa noite não irei aparecer nessa festividade, se comporte e não estrague tudo!
— Eu preciso que esteja comemorando ao meu lado, Mon Chéri. — suspirou. Ouvi gritos eufóricos do outro lado. — Estamos indo para a sua casa.
— Isso deixou de ser a minha casa desde que a... — refreei minhas palavras. Blake ficou em silêncio. — Tenha uma boa noite!
— Diga-me aonde você está... — implorou como se dependesse daquilo. — Diga e irei até você! Eu realmente não importo com a festa, prefiro a sua companhia, amour.
Fechei os olhos, revivendo e degustando as palavras em minha mente.
— Não posso deixar que perda o seu momento por mim! — Comprimi os lábios, abrindo os olhos e voltando a realidade. — Sinto muito.
— Você não tem o direito de escolher por mim o que quero ou não, Blessed! — retrucou. — Está sendo egoísta.
— Não! Só não quero te privar do seu momento por algo que não é real... — suspirei engolindo o nó que se formava em minha garganta.
— Se é o que deseja... — deixou de insistir. — Tenha uma boa noite também, Chéri.
Assim que Blake encerou a chamada a sensação fria de um vazio interno estalou-se por meu corpo. Como uma tola, sentei-me no sofá com os pés fixados no chão e a mão entre o rosto. Essa não era realmente a resposta que gostaria de dar, mas, como retirá-lo do seu momento? Seria injusta.
Blake estava sendo um ótimo amigo nesses últimos dias, embora, eu sentisse que estávamos indo além do que o plano permitia. Blake sorrateiramente se aproximou conquistando o seu espaço. Mostrando-me que era melhor que um erro. Talvez, o meu melhor acerto...
Levantei-me em um solavanco, agoniada, andando de um lado para o outro.
— Não. Eu não posso pensar nele, não posso — murmurei tentando desvair meus pensamentos, entretanto, os olhos escuros daquele moreno com aparência de anjo caído pairava em meus pensamentos. — Blake não gosta de mim, é apenas um plano. Ele vai embora...
Ouvir as palavras escaparem de meus lábios e ressoarem em alto e bom som em meus ouvidos fazem a minha garganta arranhar.
Definitivamente não estava preparada para perdê-lo.
Toquei em meu rosto sentindo o molhar em minhas bochechas. E, de modo involuntário outras trilham os mesmos caminhos.
Meus olhos arregalaram-se ao me lembrar das palavras de minha mãe:
"Os olhos marcantes penetrarão veemente em suas almas levando-as para novos horizontes a quais jamais ousaram chegar. Enquanto as borboletas rodopiam gentilmente em seus estômagos enquanto suas mãos soam. E, quando acontecer saibam que o amor crescerá em seus corações sorrateiramente ou de forma avassaladora."
Paralisei sentindo o choque percorrer por cada tecido de meu corpo.
Elliot foi gentil comigo e meus sentimentos por ele aconteceu de forma sorrateira, entretanto, acho que a ausência de amor contribuísse para que eu pudesse aceitar as migalhas que dividia entre eu e Heather. Ele era gentil com a minha irmã também, isso não significava que sentia algo por mim.
Blake tudo foi de forma avassaladora. O seu jeito conturbado me assustou, me tirou de zona de conforto, me mostrou que não era apenas eu que possuía meus traumas, ele sentia os seus demônios o assolarem também, mas mesmo assim esteve ao meu lado, dando-me forças com todo de si. O homem de olhos escuros ocupou um espaço que pensava ter sido ocupado por Elliot, entretanto, era incomparável.
— OH MEU DEUS... — Um grito ecoa de meus lábios. Meu coração bombeia o sangue mais rápido, minhas pernas amolecem e minhas mãos tapam a minha boca, em choque. — Eu estou apaixonada pelo Imbecil Callaway.
Assusto-me quando vozes altas e gritos espalhafatosos entravam em meus ouvidos. Eles haviam chegado. E, pela indecisão da altura do som estavam felizes pela vitória da universidade de Pherce.
O celular apitou outras inúmeras vezes como nunca antes. Meu coração falhou uma batida pensando ser Blake, porém quando olhei eram mensagens do nosso grupo. Fayer e Faith perguntavam sem parar aonde eu havia me metido, as ignorei deixando um suspiro escapar como um soluço baixo, meus olhos deslizam até a penteadeira dando-me conta do que ignorei a tarde toda.
Pé ante pé caminhei até lá encarando arduamente o pequeno envelope. Involuntariamente minhas mãos tremiam, mas rompi o selo, que só então havia notado as siglas com as iniciais MH em selo antigo, que nas outras não haviam mais. Os envelopes não havia identificação, mas ao ler o emitente em baixo confirmava as minhas suspeitas.
Era mesmo de Madhouse.
Senhora Dakota Turner Kelleher;
Viemos em meio a esse comunicado lamentar o procedente que estamos buscando reparar o transtorno que a causamos.
Sei que durante esses quatro anos cuidados de seu ente de acordo com as necessidades que a senhora proviam, e, mediante as medicações e alucinógenos pensávamos que ela não conseguiria mais distinguir o real da insanidade criada por sua cabeça, infelizmente a subestimamos.
O acidente na estrada e descuido da segurança será cobrado. Acharemos um culpado para que a transferência dos internos não fossem um sucesso e o valor por seu erro não será pago com dinheiro, não pouparemos a vida.
Espero que a encontremos viva e que há confie em nossas mãos outra vez.
Somos imperfeitos e fadados ao erro, embora não podemos errar, entretanto, faremos o possível para encontrar e trazer a sua irmã mais nova, a senhora Scarlette Madison Hills Kelleher de volta a Madhouse.
Madhouse, 26 de outubro de 2019, Paris - France.
Um grito agudo e ensurdecedor ecoaram pelo o quarto, rasgando os meus pulmões ao findar a última linha escrita. Eu sugava o ar, tentava respirar, mais estava sufocando.
As lagrimas nublaram minha vista ao mesmo tempo em que sentia meu coração dilacerar outra vez.
Minhas mãos tremiam, a carta havia sido enviada mês passado, necessariamente quatro dia após quatro anos do desaparecimento da minha mãe.
Torturei-me outra vez ao tentar ler, precisava me certificar que não era o meu ódio pregando-me alguma maldita peça, uma brincadeira de péssimo gosto, mas ao reler cada linha minhas pernas amoleceram e nunca tentativa falha de me mantém em pé apoiei-me na empilhadeira improvisada, e esse foi o meu pior erro...
O gesto em falso de me apoiar em sua ponta fez com que mesa virasse contra mim, trazendo consigo tudo que estava em cima dela. O espelho estilhaçou-se em mil pedaços, fechei os olhos, protegendo o meu rosto com o braço, entretanto, grunhi alto quando a senti a dor dos vidros rasgarem alguns lugares a qual mal conseguia identificar.
As lagrimas escorriam de meus olhos, meu corpo todo ardia e o cheio do meu sangue empreguiçou-se por todo o quarto.
O nó em minha garganta misturava-se as lágrimas de meus olhos que rolavam involuntariamente. Deslizei os olhos para minha perna, o sangue manchava o vestido claro que usava, latejava. Assim como o meu antebraço que escorria sangue manchando a minha face daquele tom de vermelho. Reuni a minha força para tentar me levantar, em vão, era inútil.
Eu chorava em silencio, implorando para que alguém aparecesse, mas mediante a festa lá fora quem viria até ali não sendo nada perto.
— Blake, amour... — um soluço escapou entre as lagrimas, tentei me rastejar até a porta para que pedisse ajuda, mas a minha visão falhou miseravelmente como se a consciência a qualquer momento fosse me abandonar.
Fechei os olhos, as palavras pairavam em minha cabeça, sua irmã, Scarlette, como?
Mamãe disse que seus pais morreram há muitos anos, era uma adolescente em um... Acidente de helicóptero.
Engoli a dor.
Como não me toquei quando aquela megera apareceu na nossa porta contando em como havia perdido a sua família. Era da mesma forma que perdi os meus avós.
Se ela era mesmo irmã da minha mãe porque de tanta maldade em seu coração? Porque me odiava tanto e o pior é como havia mentido para todos e escondido à verdade há fodidos quatro anos?
Algum músculo da minha coxa fisgou arrancando outro grito de meus lábios. A expressão dolorosa em minha face foi inevitável.
— SOCORRO... — Um brado misturado ao choro escapou de minha boca o mais alto que consegui, entretanto, a música alta foi a minha única resposta, ninguém me encontraria ali.
Reunindo o fio de sanidade que havia tentei me arrastar pelos estilhaços, mas parei quando senti outra perfuração adentrar a minha pele. Eu precisava conseguir... Precisava dizer que a minha pele estava ferida, mas o que sangrava era a minha alma.
Minha visão nublou obrigando os meus olhos a se fecharem.
Ouvi o trinco da porta ecoou em meu cérebro. Forcei-me abri os olhos, tendo a incerteza que realmente houvesse alguém ali ou era o delírio pregando-me peças pela ausência de sanidade.
Não consegui levantar o olhar, meus olhos lutavam contra mim, estavam cansados pelo choro e de lutar para manter a lucidez. A recém-descoberta me destruía como uma arma que me explodia por dentro.
Não tive forças para abrir os olhos outra vez. E, quando mãos fortes envolveram por meu corpo de forma cuidadosa e gentil e o perfume apimentado emanou em minhas narinas misturando-se ao sangue soube imediatamente quem era.
— Encontrei você, Mon Chéri... — A voz grossa, adornada por anjos sussurrou em meus ouvidos. E, antes que a lucidez fosse embora quis sorrir, pois sabia que estava protegida pelo homem que eu amava.
WE ARE THE CHAMPIONS, MY FRIENDS.
EMOCIONANTE DO COMEÇO AO FIM, E INTENSO DEMAIS, MEU JESUS...
Gente está ficando lindo, tudo se encaminhando, nossa menina está amadurecendo, e eu estou cada vez mais encantada por eles...
E Blake investigando a Madhouse, ooh God. O que será que ele encontrará?
Estou tão ansiosa quanto vocês...
Espero que tenham gostado, está sem revisão, mas em breve resolveremos isso.
fiquem com Deus, bebam muita água!
Beijinhos da Liah, até mais...
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