Capítulo 26
Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida
Depois do jantar fiz chamada de vídeo com as meninas até alta madrugada. Contei tudo detalhadamente com direito a surto fofo de Faith, que insistia em dizer que Blake estava amarrado a mim. Ela confessou também sobre estar conhecendo melhor Leonard, estavam ficando mesmo sem saber no que isso acarretaria já que era uma amizade de longa data. Fayer também havia conversado com Brandon e desde o acontecimento com Heather ele havia terminado o noivado e mandava mensagem para minha melhor amiga, que decidiu ver no que isso daria também.
No fim, éramos três ferradas no amor. Faith tinha mais chance de não quebrar a cara do que qualquer uma de nós duas.
Ao amanhecer à noite mal dormida cobrava o seu preço.
Estava cansada para ir a esse encontro de casais patético. Ver a minha irmã se exibindo com o cara que eu gosto era uma péssima ideia.
Sai das divagações quando me lembrei de que eu não tinha um biquíni no porão, mas, por sorte a chave-cartão ainda estava comigo. Sorrateiramente subi as escadas. Dakota deveria estar descansado em seu quarto, abri a gaveta onde deixava os biquínis e escolhi um de bojo Pink neon com franjinhas. Uma saída de banho e um chapéu de palha com tons do mesmo rosa do biquíni.
Tudo estava combinando, era de tirar o folego, definitivamente!
Coloquei dentro de uma bolsa de lado e subi até o quarto da megera, que abriu a porta com expressão derrotada, nunca a tinha visto assim, como se a noite também não estivesse sido fácil para ela, seus olhos estavam avermelhados em volta como se estivesse... Chorado.
Não era possível!
Lagrimas não combinavam com uma mulher fria como Dakota.
— Estou indo para a casa dos Callaway — avisei vendo seu olhar superior através de seu rosto cansado.
— Isso chega a ser ridículo! — suspirou fundo. — Mas ok, Blessed. Não há o que eu possa fazer a não ser permitir que vá. — Dakota engoliu em seco e eu forcei um sorrisinho sem mostrar os dentes antes de sair, um sorriso menos falso que ela.
Ela estava tendo que engolir seu orgulho, seu veneno por não saber dizer não a George, o que era ótimo para mim.
Desci o elevador saindo rapidamente para a rua das mansões, se tivesse sorte com na estação rapidamente estaria na rua luxuosa onde a mansão estava localizada. Caminhava a passos rápidos quando vi a Mercedes da minha irmã parar ao meu lado. Maneei a cabeça encontrando-me com Heather, a minha irmã estava sem maquiagem e os cabelos estavam presos em uma trança lateral.
— Entre, eu levo você.
— Não preciso de sua caridade!
— Bless...
— Já disse para não fingir que se importa, droga! — vociferei irritada. — Se toda essa merda que está acontecendo é culpa sua.
— Mas para quem se dizia tão apaixonada arrumou consolo rapidamente. — disparou sem paciência. — Blake é um ótimo consolo.
— Cale a boca. — trinquei os dentes, irritada. — Você não sabe o que está falando, me deixe em paz!
Heather suspirou fundo.
— Bless... — Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, mas nenhum som saiu de seus lábios. — Por favor, entre no carro. Eu levo você, além do mais hoje é domingo. E você passará horas naquela estação.
Engoli em seco.
Meus olhos passaram pela rua parada, infelizmente Heather estava certa. Eu ficaria horas ali. Engolindo a raiva e a magoa por suas mentiras dei a volta e sentei-me ao seu lado, em silêncio. Heather sorriu, mas não disse nada durante todo o percurso, nem eu puxei assunto, era melhor assim.
Pouco depois estávamos em frente a mansão a qual estivemos a algum tempo, mas dessa vez tudo parecia mais calmo. Tocamos a campainha e fomos recepcionados por Hannah, a irmã de Blake, que olhava de mim a Heather com olhar intrigada.
— Entrem que os meus idiotas favoritos estão esperando por vocês lá no fundo... — disse a garota de cabelos loiros, educadamente.
Seguimos Hannah até onde os garotos estavam e ao longe me surpreendi quando vi Blake dedilhando as cordas do violão. Olhei-o intrigada, não havíamos conversado sobre musica, não sabia o que ele gostava, mas a me ver guardou o instrumento na capa. E, ao atravessarmos a piscina chegamos a edícula.
Heather se aproximou Elliot com um sorriso largo nos lábios e o garoto depositou um beijo casto em seus lábios que quase me fez revirar os olhos.
— Não vai até o Blake? — ouvi Hannah perguntar.
Eu havia paralisado ao ver Elliot e Heather que até me esqueci de que agora namorava com o Blake. Com um sorriso envergonhado sai de perto de Hannah e em poucos passos estava ao lado do homem de presença marcante. Blake me olhava de forma curiosa e quando estava em sua frente ele me puxou para os seus braços.
— Tente disfarçar mais o ciúme... — sussurrou em meu ouvido, e quando se afastou vi a sombra em seus olhos escuros. Inesperadamente ele beijou a minha testa.
— Fico feliz que tenha vindo Bless... — Elliot comentou naturalmente.
Sorri para disfarçar o desconforto que era estar ali. Era mais fácil acompanhar a farsa de longo ao ter que vivê-la como se tudo estivesse certo quando na verdade Heather era uma bruxa tão mentirosa quanto a Dakota.
Inesperadamente á música Bad Liar do Imagine Dragons ecoou em nossos ouvidos, maneamos a cabeça ao mesmo tempo olhando Hannah com um sorriso largo nos lábios e o controle em suas mãos.
— Em homenagem a Blake com sua banda favorita. — A garota piscou fazendo o homem ao meu lado sorrir.
— I'm a bad liar, bad liar — Blake cantarolou. Arregalei os olhos ao ver quanto era afinado. Ele deu de ombros, curtinho as musicas da banda que vieram a seguir. — Sem duvidas é uma das melhores bandas do mundo atualmente, embora ame as músicas do Coldplay.
— Melancólicas demais, Blake! — rebateu Elliot revirando os olhos. — Ninguém supera a Marrom 5, você sabe que voz do Adam Levine é surreal.
— De novo isso? Discussão por qual banda é melhor. — Hannah os advertiu, sentando-se no pequeno degrau olhando para nós. — Vocês são dois idiotas, ainda mais com a namorada de vocês aqui!
— Eu não me importo em falar sobre música. — respondi dando de ombros. — Embora, ache Coldplay incrível e Marrom 5 também.
— Você canta Bless ou toca algum instrumento? — Elliot perguntou.
Os olhos da minha irmã focaram em mim de forma dura e impiedosa como se quisessem dizer "conte algo e eu acabo com você", apenas suspirei negando com a cabeça. Era ridículo mentir outra vez, por Heather eu estava me tornando tão mentirosa quanto a ela. Eu poderia acabar com ela ali, mas e o que faria quando voltasse à mansão? O que Dakota faria comigo? Bom, não queria pensar.
— Vamos vestir o biquíni, Bless? — Heather me convidou fazendo com que a olhasse de maxilar travado.
Olhei para Blake e vi algo em seus olhos que não conseguia compreender. Elliot estava sentado ao seu lado, não dava para falar.
— Tudo bem... — disse a ela, suspirando.
Heather beijou Elliot antes de sair.
Meu olhar encontrou-se ao de Blake, que concordou com a cabeça. Segui Heather até o banheiro que não ficava longe dali, apenas atravessava a piscina e alguns metros pra frente. Durante o percurso não dissemos nada a outra, mas quando a porta fechou vi os olhos mudarem.
— Pensei que diria a verdade a eles. — Heather estava parada na minha frente com os olhos presos aos meus.
— Acredite, eu não menti por você! — respondi rispidamente, entrando na cabine e deixando-a sozinha.
Dentro de uma das cabines coloquei o biquíni. E, quando o lugar silenciou sai encontrando-me com o espelho enorme na parede. Admirei o biquíni em meu corpo, havia destacado a tonalidade da minha pele e meus seios pequenos e arredondados, em baixo enrolei a canga rosada isso ainda era algo meu que não gostaria de exibir. Quando sai do banheiro e me aproximei da piscina os olhos de Blake me analisaram de forma crua e faminta. Os olhos do meu namorado faiscaram ao me olhar e um sorriso estampou seus lábios. Heather já estava sentada ao lado de Elliot usando um maio de oncinha, ela conversava com Elliot até o olhar do jovem voltar-se para mim. Nossos olhares se encontraram e foi como se visse um sorriso sutil ali.
— Quer ir para a piscina?
Heather tocou o rosto do namorado chamando a sua atenção. Aproximei-me sentando ao lado de Blake, que colocou a mão em minha coxa exposta com um sorriso cínico nos lábios. Quis revirar os olhos, mas forcei um sorriso tirando a sua mão com um aperto duro.
— Tudo bem, amor — Elliot levantou-se a segurando pela mão os segui com os olhos. Engoli em seco quando o vi ajuda-la a entrar na água.
Os olhos de Hannah fizeram o mesmo caminho que eu.
— Pobre apaixonado... — sussurrou baixo, indo até o circuito de som outra vez colocando a música de Marrom 5.
— Por isso que te amo irmãzinha... — O garoto piscou, passando a mão pela cintura da minha irmã.
— Irei estudar para que os bombinhos tenham um pouco de liberdade. — Ela piscou deixando-nos sozinhos.
Blake estava ao meu lado olhando na mesma direção. Vendo Elliot tratar a minha irmã com amor, acariciando seu rosto com gentileza.
— Acho que deveríamos estar fazendo alguma coisa real contra aqui dali... — olhei para eles suspirando frustrada. — Sei lá, não é esse o plano? Porque eles estão tão... apaixonados!
Ouvir essas palavras saírem de meus lábios me fez sentir como invejosa, e quando a minha irmã o beijou no rosto, quis abrir mão de tudo. Provavelmente era tarde demais para levar o plano adiante.
— Você precisa observar o inimigo para depois poder atacá-lo em seu ponto mais fraco. — Olhou-me de soslaio. A postura de Blake era a mesma, embora estivesse distante. — Iremos conseguir, mas para isso precisa parar de demostrar esse desespero.
— É fácil falar quando as coisas não estão acontecendo com você... — Meus olhos voltaram-se para ele. — O tempo não para, Blake. E olhe! Eles estão vivendo como um casalzinho feliz quando na verdade...
— Na verdade o que, Chéri? — Seus olhos cerraram como se desejasse que eu confessasse. Era sempre assim, meias palavras, nada concreto nem que dissesse o real fato das coisas. Seu olhar me analisava curiosamente como se quisesse ouvir algo de mim.
Será que ele desconfiava que a garota do baile fosse eu? Ou havia certeza depois daquela acusação mesmo que eu não tivesse dito nada, embora eu aceitar seu plano dissesse muita coisa.
— Elliot está perdendo o verdadeiro amor de sua vida. — sussurrei vendo Blake sorrir amargurado, desviando o olhar de mim e focando em Elliot e Heather que se divertiam na água.
— Ele é um tolo por não notar o amor por ele em seus olhos. — Blake afirmou com olhos focados no irmão. — Desejo que um dia seja realmente feliz, Aurora!
Suspirei e pela primeira vez em tanto tempo a pergunta retórica veio em meus pensamentos:
— Porque me tanto chama de Aurora? Quem é Aurora, Blake? — Perguntei a ele, incerta.
Não sabia se gostaria ou não de uma resposta, mas quando Blake sorriu meu coração se aliviou, provavelmente não deveria ser nome de nenhuma de suas ex-namoradas ou desejava que não fosse.
— Não é quem, mas sim o que é... — riu suavemente olhando novamente para mim. — Acredito que já tenha ouvido falar do fenômeno óptico que corta o céu noturno e cintila em muitas regiões polares em decorrência do impacto de partículas de vento solar com a alta atmosfera da Terra — arregalei os olhos quando vi sua explicação, tão simples. — Quando a vi pela primeira vez havia oscilação em seus olhos, não conseguia definir se eram azuis ou verdes, então, são as órbitas mais lindas que admiro incansavelmente em pleno silêncio, e é por isso que apelido carinho que casou-se perfeitamente com você, minha Aurora.
Pisquei algumas vezes. Sem palavras para admirá-lo, desviei os olhos sentindo-me como uma tola.
Ouvi a risada de Blake em meu ouvido.
Inesperadamente vi Ambre entrar a passos largos e Hannah atrás dela tentando segurá-la para que não viesse até nós, mas a francesa estava irritada. Em seus olhos salpicaram em ódio e explosão que a me ver ao lado de Blake grunhiu alto como um animal sedento por sangue.
— Eu pensei que fosse a aproximação daquela ruiva iludida que o afastou de mim. Mas, foi por essa menininha tola que ignorou as minhas mensagens? — Ambre estava parada na nossa frente.
Blake a olhava de olhos cerrados e mandíbula tencionada.
— Você é pior do que do eu esperava, meu noivinho! — cuspiu as palavras odiosas em puro deboche.
Meus olhos desviaram da garota até a piscina. Heather me olhava como se estivesse a ponto de deixar a água, mas Elliot a segurava pelo braço, sussurrando algo em seu ouvido.
— Que inferno está fazendo aqui? Pensei que já tinha voltado para Paris. — vociferou, irritado.
— Eu disse que não iria desistir de você!
— Vai embora, porra! — A voz de Blake ecoou em nosso ouvido firme e irritada, realmente ela fazia com que Blake perdesse o controle.
— Não fomos apresentadas corretamente! — Seu olhar enojado mudou-se para mim. Ambre cruzou os braços acima dos seios apertados dentro de seu vestido justo, revirei os olhos. — Sou a noiva de Blake.
— A noiva vadia... — cerrei os olhos com um sorriso cínico.
Ela trincou os dentes.
— Venha! Vamos resolver essa merda! — Blake a segurou pelo pulso e saiu arrastando Ambre para longe dali.
Não era fácil lidar com tantos sentimentos ao mesmo tempo, mas o pior deles era encontrar-me com os de Ambre, a garota cujo não tinha vergonha na cara depois de tudo que me fez passar. Estar aqui era ridículo, e quando a arrestei para a cozinha para findar isso de uma vez por todas vi seu sorrisinho cínico.
— O seu pai disse ao meu que não está satisfeito com esse relacionamento repentino. E que fará com que volte para mim, nem que seja pelos negócios. — Foi petulante em falar com um sorriso nos lábios pintados de vermelho.
Olhei para o rosto bem maquiado de Ambre sentindo a ânsia subir. Como não havia enxergado quem era essa pessoa desprezível antes?
— Não sei o que o meu pai falou para o seu! Mas prefiro morrer a me casar com uma vadia sem caráter como você! — Disparei como tiros a queima roupa. O sorriso morreu assim como seu olhar vitorioso. Eu a odiava. Maldita cretina. — Ambre Poulin tome vergonha na cara e suma da minha vida. — gritei passando os dedos entre meus cabelos de forma nervosa. — Além do mais, eu amo a minha namorada.
Ambre me olhou com ódio e não respondeu. A garota girou o corpo e correu como uma louca pelo caminho que havíamos acabado de fazer.
Fui atrás dela, mas quando cheguei já era tarde.
— O Blake vai voltar logo... — Hannah sentou-se ao meu lado para me fazer companhia. De dentro da piscina Elliot conversava com Heather, mas podia sentir os olhares da minha irmã em mim.
— Essa garota parece que o ama. — suspirei vendo o olhar de espanto no rosto da jovem.
— Talvez amou, mas hoje, não ama ninguém além de si mesma... — proferiu pensativa. — Entretanto entrou em nossas vidas há tão pouco tempo, mas trouxe luz para a vida ferrada do meu irmão. E eu te admiro por isso.
Sorri, mas não tive tempo de responder.
Ambre Poulin adentrou correndo a área gourmet atraindo todos os olhares, a garota parou na minha frente com olhos furiosos e frios cravando as unhas enormes em meu braço, um gemido escapou de meus lábios enquanto eu retorcia para me soltar.
Hannah estática, em choque.
— Você não vai ficar no meu caminho sua desgraçada! — Mesmo sobre meus protestos a garota me arrastou até a borda da piscina.
— Um dia Blake verá a garota inofensiva. Medrosa e covarde que escolheu amar e nesse dia voltará para os meus braços.
E antes que eu conseguisse me estabilizar ela me empurrou dentro da piscina com força. Senti a água absorver o meu corpo tão rápido e fundo que não consegui me reerguer até sentir os braços finos rodearem em minha cintura me fazendo emergir.
No olhar de Heather havia raiva, fúria quando olhava para a loira que Blake arrastava pelo braço irritado. Hannah acordou de seu transe me oferecendo uma toalha quando Elliot me ajudou a subir. Heather estava em silencio, observando.
Quando Blake voltou eu estava sentada no sofá ao lado de Hannah. Blake sentou-se ao meu lado, puxando-me para seus braços.
— Você está bem? Eu sinto muito por isso... — Ele segurou meu rosto com as suas duas mãos, obrigando-me a olhar para ele. — Ambre dessa vez foi embora.
— Você deveria tê-la confrontado. — Heather havia saído da piscina e estava parada na minha frente e de Blake. — Até quando vai agir de forma tão covarde?
— E até quando você vai ser tão cínica? — Meu olhar se encontrou ao seu de forma irritada. Heather se calou, pois sabia o que eu estava falando, e se me provocasse eu a ferraria ali mesmo.
— O almoço está pronto. — Hannah falou de modo gentil, mas no fim tentava apaziguar a situação constrangedora.
Após o almoço pedi a Blake que me levasse embora, estava cansada da noite mal dormida e do ciúme ridículo de Ambre. Blake e Hannah pediram que eu ficasse mais um pouco. Elliot estava sentado ao lado de Heather que após o episódio se calou. Conversávamos apenas o necessário. Ela estava sendo ótima em mentir para o Elliot, e eu, ótima em fingir que estava tudo como deveria.
Era noite quando Blake estacionou a moto em frente à mansão. Elliot levaria Heather para jantar. Eu me sentia patética com esse plano absurdo, mas no fim, a companhia do imbecil Callaway não era tão ruim.
— Você está preocupada, não está? Essa proximidade dos dois está te incomodando.
— Eu não queria que as coisas chegassem a isso. — suspirei, derrotada. Encarei a sua blusa preta de uma banda qualquer. E então, por fim, meus voltaram aos seus. — O que estamos fazendo não vai dar certo! Não vamos fazer ciúmes em ninguém, no fim, sairemos com os nossos corações partidos.
Blake desceu da moto e puxou minha mão para si e beijando-a em seguida.
— Ou talvez ainda mais apaixonados...
Não respirei. Ouvir suas palavras mais apaixonados significava que ele nutria algo por mim, mas não poderia dizer o mesmo já que isso era apenas um plano para separar a minha irmã de Elliot. Eu não podia brincar com os sentimentos de Blake. Ele foi destruído demais para que fosse novamente ferido.
— Blake eu não sei como isso vai acabar, mas peço que não deposite sentimentos nisso ou em mim porque sabemos que mesmo que pareça... nada disso é real — engoli em seco quando vi o brilho de seus olhos esvaírem. — Eu gosto o seu irmão. Gosto muito dele e é lado onde que pretendo passar os meus dias quando tudo for esclarecido como precisa ser feito. Por favor, não se apegue a isso ou irá sofrer quando isso terminar. — As palavras amargaram meus lábios. Blake me olhou de forma intensa como se tentasse dizer algo com seu olhar, mas limitou-se a dizer:
— Eu sei que tudo é uma farsa, não se preocupe não irei me apaixonar por você! — Blake usou um tom duro dessa vez e consigo trouxe as sombras de seus olhos.
— Eu não quero que me odeie por estar sendo sincera com você!
— Você disso o que eu precisava ouvir... — Blake subiu em sua moto colocando o capacete. — Tenha uma boa noite, Aurora.
Ele não esperou respostas desaparecendo pelas ruas de Pherce. Meu coração palpitou forte sentindo que minhas palavras soaram duras demais. Mas dizer era necessário, ou no fim, mais corações seriam partidos caso Blake se apaixonasse realmente por mim. Havíamos que impor limites, estávamos sendo abertos demais, livres demais com esses beijos que não deveriam acontecer a não ser mediante o casal a qual desejávamos separar.
Suspirei antes de subir as escadas para avisar que havia chegado e que iniciaria o jantar. Mas encontrei-me com Dakota emperiquitada dentro de um vestido verde claro em frente a seu espelho. Em sua cama havia uma pilha enorme de vestidos chiques amontoados.
— Irei jantar com as minhas amigas, mas quero que essas roupas não estejam em cima da minha cama quando eu voltar. — Dakota se levantou. Seus saltos batiam no chão enquanto caminhava até mim com um olhar superior. — Você não é útil para nada mais que isso, maldito estorvo. — Proferindo as palavras ultimas palavras pesadas deixou seu quarto.
Suspirei olhando para aquilo e para o tempo que levaria para arrumar. Ao menos não teria que fazer o jantar antes.
Comecei naquele mesmo instante a arrumar tudo. Eram tantos vestidos que não duvidava que aquela megera não houvesse experimentado nem a metade deles. Quase duas horas se foram quando terminei de alinhar e colocar o último vestido no cabide. Fiquei surpresa que ao terminar havia uma caixa preta em formato de coração junto do pequeno cadeado a chave estava pendurada junto dele.
Surpreendi-me ao ver o objeto, nunca o tinha visto antes, provavelmente Dakota havia olhado o conteúdo e mediante o compromisso esqueceu se de guardar.
As palavras que ouvi ontem circundam em meus pensamentos. "como vocês não a encontraram ainda". Lembro-me do desespero em seu corpo angustiado e isso é o solavanco para que girasse a pequena chave sentindo meu coração acelerado por estar invadindo o espaço da megera golpista.
Sentei-me na cama com a caixa em minhas mãos, que, ao abrir me surpreendi em encontrar cartas, postais e comprovantes de pagamentos enchiam a pequena caixa. Com cuidado virei em cima do colchão pegando o último envelope que estava ali, provavelmente o primeiro a ter recebido. Seu emitente era provindo de Paris, suspirei fundo sentindo minhas mãos tremerem ao abrir e desdobrar o papel de letras digitalizadas no computador.
Prezada Dakota Meredith Turner Kelleher agradecemos por confiança mesmo mediante a situação complicada em que a paciente se encontra, entretanto, iremos reverter à situação devido às medicações que serão aplicadas em sua veia fazendo com que aos poucos deixem de ser tão realistas.
Madhouse, 12 de novembro de 2015, Paris – France.
Olhei para o conteúdo da carta assombrada. Uma carta a qual nem a conhecíamos ainda, entretanto, havia dez dias que mamãe havia desaparecido de Pherce.
Minha mente divagou ao lembrar, era um dia delicado, porém lembrava-me dele como se fosse ontem:
Tomávamos o café da manhã para que a mamãe nos levasse na escola, o papai já havia saído para trabalhar, o que deixava a função de nos levar para a mamãe.
Heather estava frustrada e não queria ir.
— Sei que está ansiosa para que chegue o momento que entre na universidade, mas precisa focar em concluir seus estudos, filha! — Mamãe advertiu Heather com sua voz calma e gentil.
— Eu sei mamãe, mas estou ansiosa e cansada também!
Minha irmã confessou arrancando um sorriso alinhado da mulher arrumada a nossa frente. Mamãe usava um macacão amarelo estampado com girações e flores, combinava com o dourado de seus cabelos ondulados, idênticos aos meus.
— Eu sei amor, mas foque no momento em que está vivendo. Não pode pular as etapas, querida. — A vi esticar os braços para acariciar o rosto da minha irmã.
— A Heather quer arrumar um namorado, mamãe... — alfinetei brincando vendo-a revirar os olhos e fechar sua expressão em uma careta.
— Não seja boba, Bless. Eu nem tenho idade para isso.
Deu de ombros.
— Enquanto estão na escola irei fazer as comprar e após isso passarei na livraria para trazer novas historias para que possamos ler juntas. O que acham? — Um sorriso largo estampou seu rosto, um sorriso singelo que chegava aos seus olhos.
— Uma ótima ideia. — respondemos juntas, devolvendo o sorriso largo.
Se eu soubesse que aquele que aquele dia seria o último dia que a veria teria insistido em que Heather ficasse, eu também ficaria.
Continue Bless... – Pediu meu subconsciente e eu devolvi o envelope no lugar pegando outro. Peguei várias cartas com o conteúdo semelhantes e os canhotos proviam do mesmo lugar Madhouse. Eram muitos envelopes, não dava para ler todos ou correria o risco de ser pega em flagrante, mas o teor me deixava intrigada. Dakota estava escondendo alguém, era um fato.
Suspirei fundo pegando o outro envelope.
Devido à calamidade do Madhouse precisaremos de uma ajuda de custo onde a nossa reforma está avaliada em 330 milhões de dólares, e, contudo sabemos de sua boa condição financeira contamos com o seu apoio como colaboradora.
Mensalidade R$ 120.000 mil dólares
Ajuda de custo R$ 63.000 Mil dólares
Total a pagar R$ 183.000 Mil dólares
Madhouse, 22 de Outubro de 2018, Paris – France.
Esse lugar aparecia em todos os emitentes e comprovantes. Minhas mãos tremiam e por algum motivo a minha mãe pairava em meus pensamentos conforme lia seus bilhetes secretos.
— Quem é realmente essa mulher. — Me perguntei colocando o bilhete por cima do último que havia lido e pegando outro.
Após anos de reforma entramos em contato para agradecer sua contribuição e cuidado com nossa clinica, senhora Kelleher, sem duvidas é um orgulho que tenha confiança em nós para cuidar de seu ente querido.
Você tornou-se conhecida por aqui por seus feitos e nunca esqueceremos sua generosidade.
Madhouse, 09 de fevereiro de 2019, Paris – France.
Olhava para o papel inúmeras vezes perdida. Esse era o mais recente.
Será que Madhouse estava interligada a seu surto?
Estava interligada com quem ela estava gritando dias atrás? Quem ela temia tanto encontrar. Entes queridos? Quem era já que ela não tinha mais ninguém. Isso ficava cada vez pior e a cada dia essa mulher se enrolava ainda mais em suas mentiras.
Suspirei fundo quando decidi trancar a caixa deixando-me na dúvida do que faria com ela. Optei por deixar no mesmo lugar, um ato arriscado, mas se a retirasse dali a megera desconfiaria que andasse xeretando por onde não deveria. Desci o elevador com mil pensamentos em minha cabeça e durante o percurso lembrei-me do acontecimento quando a mamãe não apareceu naquela tarde e sim o papai, que nunca nos buscava, mas por seu olhar algo estava errado:
— Papai o que está fazendo aqui? — perguntei intrigada, mas David Kelleher apenas em olhou perdidos, com um olhar magoado.
— Papai? — Heather perguntou confusa.
— Entrem no carro que ao chegarmos em casa precisamos conversar...— Foi o que conseguiu dizer quase em um sussurro.
Durante o percurso foi silencioso.
Heather me olhava confusa, mas não dizia nada. Papai dirigia aleatório, preocupado. Chegamos a frente à mansão Kelleher e estranhei o carro da mamãe não estar na garagem, o que era inédito.
— Onde está a mamãe? — Heather teve a coragem de perguntar, David Kelleher apenas abaixou a cabeça.
— Ela foi embora... — O seu tom estava magoado.
O papai não conseguia olhar, mas vi um brilho de lágrima em seus olhos. — Scarlette pegou algumas roupas e outras foram jogadas em cima de nossa cama. Ela simplesmente entrou em seu carro e simplesmente foi embora...
— Não! Você está mentindo. — Heather gritou, descendo do carro correndo.
Seus olhos passaram por todos os cantos antes de correr para a entrada com as lágrimas escorrendo por seus olhos, transtornada.
— Por favor, diga que está mentindo. — implorei deixando escapar um soluço por meus lábios. — Por favor, diga que é um engano.
— Eu sonhava que fosse um engano, Blessed, quando vi aquelas roupas. — Eu estou destruído. Dói tanto. — Ele suspirou fundo tentando recobrar sua força, mas suas mãos tremiam. — Eu a amo tanto.
Não esperei que dissesse mais nada, corri pelas escadas e ao chegar no quarto dos meus pais vi a minha irmã ajoelhada em frente a cama, chorando abraçada a um vestido que a mamãe amava usar. Meu coração se rasgou ao vê-la cair.
— Por quê? — Heather berrou em puro desespero. — Não, ela não nos deixou, ela nunca faria isso. Não, por favor, diga que é mentira, Bless.
Eu não tinha forças para responder com palavras, apenas abracei a minha irmãzinha com todo o conforto que eu podia dar.
Era difícil.
Sufocante.
Meu coração
Meu mundo ruiu, senti-me destruída. Eu não queria acreditar, mas realidade era mais cruel mediante as roupas retiradas de seus cabides como se não houvesse pretensão de voltar.
Voltei à realidade tapando a boca com uma dor dilaceradora em meu peito. Tentava respirar, mas queimava.
Sua falta sempre seria insuperável.
Inspirava fundo tentando conter os sentimentos que me avassalavam. Peguei uma maça para forrar o estômago e iniciei a caminhada para o porão, e, após um longo banho peguei o celular vendo as mensagens curiosas das minhas melhores amigas, mas me surpreendi ao ver uma de numero desconhecido e foi a que me chamou a atenção.
Espero que não fique chateada por eu pegar o seu número de telefone secreto com a sua amiga que acredita que estou apaixonado realmente por você. Confesso que gostei dela. Faith não é? Ela é um doce...
Pensei que poderia avançar com as cartas para as mensagens, ela me disse que não pode ter um telefone como todos da sua idade e eu fiquei curioso para saber o porquê, e espero que me conte isso também.
Por enquanto que seja o nosso segredo.
Amanha passarei para te buscar para irmos juntos para a universidade, Aurora porque agora que assumimos o namoro publicamente é importante que as pessoas nos vejam juntos.
Com carinho, Blake.
Li sua mensagem mais de uma vez.
E, sorri por lembrar-me da loucura que isso estava se tornando.
Blake era genioso e seguro do que estava fazendo e isso parecia importante para ele, mas precisávamos impor regras nisso, seus beijos eram suaves e viciantes, mas era errado. E era tudo que eu não poderia sentir para que nenhum de nós dois saíssemos feridos.
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