Capítulo 18
Se não posso regular os acontecimentos, regulo a mim mesmo.
— Michel de Montaigne
Quando Brandon estacionou em frente ao L'atelier Joel Robuchon, sorri, mesmo que Brandon estivesse entrado por ruas desconhecidas e tivesse me atrasado quase vinte minutos e ao me despedir do moreno não permiti que seus lábios tocassem aos meus antes de descer do carro, eu não estava apaixonada por Elliot, mas por seu modo gentil o mínimo que merecia era o meu respeito a ele.
Desci do carro de Brandon apressada e rapidamente caminhei até a entrada vendo o conversível desaparecer de minhas vistas. Quando cheguei em frente à Hostess a mulher me olhou assombrada, encarou o meu rosto com certa curiosidade.
— Tenho uma reserva no nome de Elliot Callaway — Minha voz ressoa em tom arrogante. E ela me olhava de olhos cerrados passando os olhos por trás de mim como se buscasse por alguém.
Depois de poucos segundos a mulher olhou em seu tablete e digitou algo nele e ao provavelmente ver o nome da reserva me olhou envergonhada.
— Guiarei à senhorita até lá. — orientou, e eu abri um sorriso falso.
Deixando dois brotamentos na porta a garota guiou-me até a mesa em que Elliot estava sentado. Estava de costas para a entrada, mas como batucava os dedos parecia nervoso.
— Desculpe-me o atraso, sai atrasada de casa... — menti com um sorriso nos lábios. Um sorriso compreensivo estampou os lábios do jovem nervoso. E quando me sentei em sua mesa, ele me olhou como se algo o preocupasse.
— É muito estranho que estejamos aqui depois de termos conversado após o jantar e decidir que seriamos apenas bons amigos porque antes disso disse a você que sentia algo por sua irmã e que esses sentimentos me confundiam. — Elliot suspirou, iniciando a conversa de forma gentil. — Mas naquele dia enquanto você cantava foi como se o cupido pegasse a sua fecha e mirasse certeiramente o meu coração. E após beijá-la naquela noite foi como se todos os sentimentos que tive por qualquer outra pessoa até ali fossem apagados.
Elliot silêncio quando o garçom entregou o cardápio, e quando fizemos o pedido e o homem deixou nossa mesa, prosseguiu.
— Quando gritei naquela noite que não desistiria de você é porque naquele momento havia tomado meu coração de forma absorta e inexplicável. Você, Heather trouxe sentimentos intensos a qual pensei que nunca sentiria por ninguém. E naquela manhã quando disse quem era passei a te admirar com os olhos daquele momento mágico em que vivemos.
Ri timidamente, se fosse a Blessed aqui provavelmente estaria vermelha, envergonhada.
— E a partir daquele dia passei a tentar te entender, Heather. — Meus olhos focaram aos seus. — Porque quando a conheci pensei que fosse mesquinha e esnobe por ver a forma que tratava a sua própria irmã. Essa era alguém que eu abominaria, mas quando conversamos por trás daquela fantasia e você disse seus sentimentos marcou-me como seu para sempre.
Seus dedos frios puxaram os meus levando-os até seu lábio, beijando-a no dorso com delicadeza que me fez suspirar.
— Elliot...
— Você é o que eu sempre precisei ao meu lado...
O peso de suas palavras invadiram meus pensamentos chegando em uma velocidade assustadora em meu coração. E, naquele momento meu tremi. E se eu realmente me apaixonasse por ele? Como viveríamos algo verdadeiro por cima de uma mentira, mas, o que aconteceria se eu desmentisse agora?
— Feche os olhos para mim minha misteriosa pianista — sussurrou sendo atendido prontamente. Ouvi a cadeira arrastando-se ao chão ao mesmo que senti sua presença atrás de mim e o cheiro adocicado de seu perfume dizia exatamente o mesmo. Prendi a respiração quando senti seu lábio tocar meu pescoço antes de subir por minha orelha, quis abrir os olhos, mas me contive ao ouvi-lo sussurrar. — Está na hora dele voltar a ficar com a verdadeira dona.
Ele o fechou em volta do meu pescoço sentando-se ao meu lado. Meus olhos escorreram pelo objeto pendurado. Arderam ao lembrar de quantas vezes havia visto a mamãe usando-o quanta saudades sentia dela. Como as coisas poderiam ter sido diferentes se ela ainda estivesse aqui.
— É uma lembrança de valor inestimável para mim — Uma corrente de sentimentos passou por meu corpo. Tantas lembranças de momentos felizes. Girei o verso e meus olhos encheram-se de lagrimas, mas a contive em meus olhos. Eu não era fraca... Eu não era como a Blessed havia se tornado por sua ausência.
Elliot puxou a cadeira e sentou-se ao meu lado, tão próximo que não me afastei, ele me olhava de forma intensa, tanta que não conseguia decifrar os seus olhos claros.
— Está me deixando nervosa pela forma que está me olhando. — estreitei os olhos vendo-o sorrir se afastando um pouco.
— Você está linda essa noite, amor — o amor escorreu de seus lábios com doçura e carinho a qual nunca havia sido olhada antes. O olhei boba, seus olhos havia frestas que me confundiam. Elliot Callaway era diferente de mim, era como se eu estivesse entrando em um mundo novo, um mundo perfeito por não conseguir ver nenhum defeito que o apontasse.
Sorri tocando em seu rosto, nossos olhares não se desprendiam, e, naquele momento tive a certeza que aqui era o lugar que eu deveria estar e mesmo sem saber eu precisava de sua calmaria em minha vida.
— Sabe como já tentamos outra vez poderíamos ir com calma para que possamos ser melhor um para o outro.
Seus olhos deslizaram para os meus lábios e um meio sorriso brotou de meu rosto. Estava assustada pelo que estava sentindo, por me ouvir depois de tantos anos sem acreditar que o amor fosse algo real. Cuidadosamente o jovem ao meu lado curvou-se a mim, unindo nossos lábios de forma delicada e carinhosa, dessa vez algo estava diferente, era como se estivesse me tocando pela primeira vez, era uma loucura, eu sei, mas era algo que eu sentia sem conseguir explicar.
Elliot desuniu nossos lábios e quando afastou nossos rostos levantou uma caixinha vermelha aveludada, que provavelmente havia retirado de seus bolsos e a abriu mostrando o anel de ouro branco em formato de um piano, era algo semelhante ao colar da mamãe.
— A vida é curta demais para que possamos nos arrepender do que não viver. Tivemos um jantar onde as coisas não fluíram como deveriam, mas agora, desejo dar chance ao que vivemos. — Elliot me olhava nos olhos, era bom com as palavras gentis e eu não conseguia me desviar dele. — Quando me apaixonei me vi desejando uma mulher sem rosto, mas agora o vejo o quão lindo ele é. Você é tudo que desejo em minha vida, seja a minha estrelam, amor...
Minhas mãos tremiam por não saber lidar com suas belas palavras e a verdade que passavam em seus olhos me fazia temer pela escolha que faria.
— Heather Kelleher aceita ser finalmente a minha namorada? — Sua voz saiu sussurrada. Eu sabia que ali deveria dizer toda a verdade mesmo que conquistá-lo era tentador, mas isso perdia a graça ao ver o quanto Elliot era intenso em seus sentimentos e agora mediante a seus olhos implorando por um sim sentia que Elliot merecia muito além de um relacionamento vazio. Porém, no fundo do meu coração algo dizia que isso terminaria mal, que eu estava entrando em uma emboscada que no fim não seria apenas Blessed ou Elliot que sairiam feridos emocionalmente era muito além disso.
Em silêncio Blake estacionou em frente ao restaurante sem em nenhum momento olhar para mim. Nitidamente estava arrependido por me levar até lá e me beijar, será que o havia marcado de forma tão ruim assim?
Afastei-me dessas divagações e desci do carro vendo o partir cantando os pneus dali. Rapidamente rolei os olhos para o alto para o céu notando a tempestade que provavelmente atingiria Pherce em breve. Caminhei até a entrada que havia estado antes, mas, desta vez nem mesmo os seguranças barram a minha entrada e olhavam-me de forma curiosa. Dei de ombros e entrei, mas, ao caminhar até a mesa que havia visto Elliot antes, agora ele não estava mais sozinho e Brandon segurou Heather ao máximo que pode. Ali, minha irmã esbanjava um sorriso largo ao admirar o enorme anel em seu dedo anelar.
Quando seus olhos olharam em meu rumo vi um sorriso sádico como se quisesse dizer eu venci dançava em seu rosto. Ela estava feliz, orgulhosa por ter conseguido, e para mim, quando meus olhos encheram-se de lágrimas senti que era tarde demais...
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