Capítulo 15
A incerteza dos acontecimentos, sempre mais difícil de suportar do que o próprio acontecimento.
— Jean Massillon
Ao amanhecer me sentia indisposta, sem ânimo para o que estava por vir, talvez pelo simples fato de ser o dia do jantar da minha irmã com Elliot, a pior aula do Campus e ainda ter que fingir que minha sanidade estava ótima depois de todo aquele surto de Dakota.
Cheguei cedo, mas não queria estar ali, encontrei Fayer e Faith juntas, estavam repassando um plano, a qual a mais nova não concordava com os meios da irmã, esses que elas não me deixaram saber, íamos para o nosso prédio quando vi Blake passar abraçado a garota ruiva, que sorria ao olhá-lo. Observei os dois e ao vê-lo sussurrar algo em seu ouvido, a garota corou com um sorrisinho travesso, provavelmente era um encontro intimo quando saíssem dali.
Desvencilhei-me daquela imagem e segui para a aula e ao chegar, Bridget havia tido atritos suficientes para me provocar estava sentada, me deu uma longa olhada, o que me fez deduzir que a manhã seria extremamente difícil, apenas a ignorei e entrei.
— Essa mulher te olha como se fosse um animal peçonhento.
— Eu não me importo mais! — dei de ombros olhando nos olhos claros da minha amiga — Já sofri demais por causa dela, agora, apenas foco em passar essa maldita matéria e dane-se o restante!
Fayer soltou um sorriso largo.
— Gosto quando você mostra a sua força, deveria mostrar a Dakota também. Vou amar saber que jogou a verdade na cara dela.
— Nesse dia chame um psiquiatra — ri baixinho vendo Fayer revirar os olhos. — E me internem, certamente enlouqueci — fechei a expressão e ela me olhou fixamente, fazendo uma careta feia. — Não dá de enfrentá-la!
— Para obter o sucesso é necessário enfrentar os medos de frente! Você é mais forte do que TODOS conseguem ver. Eu acredito em você, mas preciso que faça o mesmo.
— Filósofa Fayer Roosevelt... — debochei vendo a minha amiga bufar, sorri. — Obrigada por acreditar em mim...
— Sempre estarei aqui para você, Bless!
Despedi-me de Fayer no estacionamento e ao não ver o carro da minha irmã coloquei os fones no ouvido caminhando até a saída e quando cheguei um toque em meu ombro por trás pulei no susto. E, ao me virar vi as irmãs Roosevelt paradas atrás de mim.
— Vocês ainda vão me fazer ter um ataque cardíaco — sorri, tocando em meu peito, suspirando fundo.
— Pensei que precisasse só de um psiquiatra, cardiologista é novo para mim — Faith sorriu e Fayer revirou os olhos — Quanto exagero, Bless.
Então a minha melhor amiga me olhou, profundamente.
— Viemos avisar que o jantar ira mesmo acontecer hoje. — Fayer me olhou nos olhos. — Faith ouviu as vadias conversando no banheiro e saiba que a sua irmã quer jogar com todas as armas... — suspirei fundo. — Heather não medirá esforços para levá-lo para cama.
Arregalei os olhos seguindo uma careta, Faith fez a mesma expressão. Fayer estava com o rosto sério.
— Se arrume e esteja às 6:00 p.m. no L'atelier Joel Robuchon. É isso mesmo, Elliot marcou o jantar no restaurante francês mais caro da cidade.
Faith tocou meu ombro chamando minha atenção para si.
— Você vai ficar bem, estamos cuidando para que fique!
— E o que vai acontecer com a Heather? — perguntei perguntei preocupada e os olhos da Roosevelt mais nova se voltou para a irmã.
— É Fayer! Conte a Bless o que você fez — alfinetou recebendo um par de olhos claros cerrados em sua direção.
— Estou cuidando para que a gêmea do mal esteja longe quando disser que você é você! — Diz ríspida. — E aquele cafajeste consiga mantê-la distante o suficiente.
— De quem estamos falando?
Fayer não respondeu.
Faith parecia se divertir com a situação com um sorriso idiota estampado a boca até que decidiu contar quando a irmã não faria.
— A sua melhor amiga mais trouxa do planeta foi atrás do ex-namorado para colocar ordem na sua irmã safada, ou seja, essa noite tudo será crucial para muitas decisões inclusive para as de Fayer.
— Cala a boca, Faith — Fayer retalhou a irmã e me olhou. — Ele está bem longe de ser algo meu, mas isso contarei a ela em outro momento, sem pressão, não é irmãzinha?
— O namorado é seu, conte quando quiser! — deu ombros, logicamente estava provocando a irmã propositalmente.
Olhei para Fayer sentindo um aperto no peito. Meus pensamentos viajaram até Elliot e se ele não aceitasse quando lhe dissesse a verdade? E se ele me rejeitasse por ter permitido que iniciasse algo com a Heather, eram tantos contras que minha mente girava em círculos que quase me deixavam tonta.
— E se ele preferir que fosse a Heather e não eu?
— Então ele não merece você... — Faith fez careta ao olhar em meus olhos.
Ela estava certa. Eu seria eu mesma e ia mostrar a ele o que tinha a oferecê-lo, e se Elliot não quisesse aceitar não era mais um problema meu já que somos donos das nossas próprias escolhas.
— Tente não pensar nisso agora e esteja ainda mais linda ao anoitecer. — Fayer comentou sorrindo.
— E o restante é com o Brandon, sei que ele vai conseguir...
Fayer tentava se convencer que daria certo, eu concordava embora sentisse medo do que aconteceria após a explosão que isso causaria. Tinha que me preparar, o caos estava chegando.
Ao chegar à mansão segui o mesmo cronograma de todos os dias, porém dessa vez não precisei chamar Dakota para almoçar, mas pela sua expressão cansada parecia ter passado a noite em claro. Nitidamente estava preocupada. Mas, o que essa bruxa tanto temia.
— Preciso que passe em meu quarto mais tarde — comunicou em tom baixo. Sua voz estava tão suave que era estranho ouvi-la. — Tem roupas que você lavou e passou que precisam ser organizadas por cores em meu closet.
— Tudo bem, Mademoiselle.
Ela me deixou sozinha quando ouviu que a minha irmã havia chegado, da cozinha. Ouvi risadas estrondosas vindas da sala enquanto tentava organizar os pratos de suas refeições, não antes de esconder o meu como costumeiro. Ao me aproximar ouvi Heather conversando animadamente com a Dakota.
— Hoje finalmente iremos jantar, embora tivemos alguns encontros escondidos pelo Campus. Ele é muito bonzinho Dakota, não faz muito o meu estilo — confessou baixo.
— Divirta-se com ele boba, transe algumas vezes e conquiste-o que logo estará apaixonada. — instruiu de forma divertida. — Foi assim que aconteceu comigo e com o seu pai.
— Teria sido tão fácil se naquele outro jantar o Blake tivesse ao menos olhado para mim. — confessou me deixando surpresa. — Eu o desejava quando o vi madrasta, mas depois que ele entrou na universidade de Pherce ele passou a transar com metade do Campus, mas quando cheguei a ele expondo meus atributos simplesmente negou... — bufou frustrada. — Será que estou errando ao jogar meu charme? Elliot é um fofo, mas eu queria mesmo era me deliciar naquele corpo forte daquele playboy gostoso.
Não dei chances a Dakota de respostas. Entrei na sala de olhos cerrados para Heather, que o sustentou. Como ela podia fazer as pessoas de fantoches a esse ponto? Brincava com os sentimentos das pessoas, Elliot era incrível e não merecia passar por isso, fui estupida a não dizer a verdade quando tive a chance.
— A mesa está servida! — disse a contragosto voltando para a cozinha. Após isso me concentrei em servir e ignorar a conversa animada entre ambas sobre o que aconteceria está noite.
Após organizar as louças do almoço, a tarde passou em um piscar de olhos quando você fica horas assíduas dentro de um closet lotados de roupas para organiza-las. Estava exausta, mas não poderia parar ou não conseguiria terminar a tempo para ir ao encontro de Elliot. Fiz o jantar e deixei pronto, mas ao subir o elevador para comunicar Dakota ela estava arrumada, provavelmente jantaria fora e todo o tempo que passei naquela cozinha seria desperdiçado. Ao abrir a porta do quarto da minha irmã para limpar torcia que ela já estivesse partido, mas revirei os olhos quando a encontrei em frente a sua penteadeira terminando de se maquiar.
— Veio conferir como eu estava para encontra-lo?
Ela se levantou estendendo suas mãos, mostrando sua roupa. Um vestido roxo justíssimo até os joelhos e com mangas bufantes rendadas no mesmo tom. A maquiagem estava pesada, mas era o que ela amava. E o longo cabelo liso estava preso de forma elegante.
— Não se preocupe irmãzinha o seu príncipe estará em ótimas mãos.
Não respondi, virei às costas a passos duros. Estava irritada, queria ter gritado que era uma vadia usurpadora, mas como? Como gritaria com a Dakota no quarto quase a seu lado.
Fiz o retorno pela trilha de pedras sem sentir adistância. Em breve esse pesadelo terminaria e desse certo, todos os outros.
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