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Capítulo 1

"Nossos destinos foram traçados e rascunhados... Mas, as nossas atitudes do dia a dia é quem define o desenho final de nossas vidas."

— Carlos Camillo

Por anos tentei entender o caos que toda a minha vida se tornou, e tentei ver por vários pontos diferentes, encontrar sentidos, mas não encontrei nada que justificasse o que eu passava havia um motivo e sim que tudo piorava. Dakota tentava de todas as maneiras tirar o que me restava. Um sorriso digno em meu rosto.

Acho que assim como eu, ela sabia que se isso acontecesse seria o fim da minha sanidade, e isso não estava tão longe de acontecer. A minha vida antes dela não posso dizer que era perfeita porque perfeição nunca existiu, e vivemos em um mundo muito longe disso, as pessoas são cobertas de erros, e com eles temos que aprender dia após dia a sermos melhores e mais fortes. Eu me considero forte já que cheguei a um ponto onde o cansaço se espalhou sobre mim e não me importava mais com provocações, e no fim, estava me acostumando a passar pelo inferno com o meu melhor sorriso no rosto.

De longe escutei passos sorrateiros próximos à porta do porão. Dakota afirmou que eu só retomaria a mansão quando papai retornasse da Suíça e que viveria no moquifo escondido cheio de tralhas e um acesso longo e cansativo porque ali era o meu lugar. Era longe da mansão principal, quase escondido nos fundos da casa. Ali quase ninguém tinha acesso e ninguém nunca ia até ali quando tínhamos alguma festa. Tínhamos uma enorme piscina, uma sala chiquérrima para eventos a quase quatrocentos metros dali e mais a frente um prédio para festas de três andares com outra piscina no terraço. Papai havia criado e planejado tudo, mas não usufruía de nada.

Quando Dakota disse que eu ficaria naquele lugar horrível até pensei que pudesse estar mentindo, mas quando foi embora e me deixou sozinha não duvidei que fosse verdade. Ela me odiava, aquele lugar era de menos para inflar seu ódio por mim. Durante aquela noite não consegui pregar os olhos tirando poeira dos moveis velhos e colocando veneno em pontos estratégicos contra animais peçonhentos. O quarto que era uns cinco metros de comprimento e três de largura, um banheiro minúsculo de agua gelada. Como não pude trazer nada da mansão para não estragar os moveis tive que improvisar com o que tinha sido jogado em algum momento ali. As paredes brancas estavam amareladas por estarem sujas e descascando. Improvisei uma cama com um sofá duro para que não dormisse no chão e empilhei alguns caixotes e dobrei as poucas roupas que Dakota me permitiu carregar, não as melhores, mas as que davam para o gasto.

Peguei uma mesa de vidro e coloquei um pedaço de espelho em cima para que pudesse fazer de penteadeira e fiquei feliz quando vi a pequena estante amadeirada que havia ali, poderia organizar as coisas da faculdade nela, além de colocar os poucos livros de romances que peguei na biblioteca da casa. Eu amava ler livros de romance e era mais um dom que havia herdado da minha mãe, ela dizia que o amor movia o mundo e...

O estrondo alto ecoou na velha porta de madeira fazendo com que eu pulasse do sofá e corresse até lá dando de cara com a megera.

— Você deveria estar em pé, preguiçosa!

A impaciência em sua voz me fez suspirar.

— Eu... — tentei argumentar, mas a megera me impediu enquanto entrava no quarto.

— Não retruque quando estou falando com você, Blessed! — A encarei.

Ela bufou, irritada.

— Preciso que vá ao shopping buscar um vestido para mim.

Olhei-a incrédula.

— Outro? Busquei um na semana passada e tenho aula em alguns minutos, não posso buscar quando voltar da universidade? É o primeiro dia do retorno, madrasta!

Perguntei vendo-a negar com um sorriso largo, tive que engolir meu ódio naquele momento para não gritar.

— Eu quero e você vai, e não estou me importando se tem algo ou não para fazer. Apenas acate minhas ordens, menina insolente — vociferou de dentes trincados, e essas foram suas ultimas palavras antes de sair do quarto pisando duro.

Era sempre assim, nunca tinha como negar, ela não aceitava não como resposta e no semestre passado ela fez do mesmo modo, vivia me mandando fazer coisas para ela no horário das aulas ou limpar algum cômodo da mansão e o resultado foi à retenção em uma matéria que eu teria que pagar nesse semestre, mas que por sorte consegui reverter com a ajuda das minhas anjinhas da guarda.

Dakota tentava me prejudicar a todo modo no curso.

Era uma mulher desprezível e quando não faziam as coisas a seu modo se tornava alguém implacável.

Respirei fundo segurando as lágrimas em sinal de fraqueza.

Eu deveria ter feito alguma coisa, respondido de forma melhor, sei lá, deveria ter sido mais dura para que me respeitasse.

Droga!

Entrei no banheiro grunhindo enquanto a minha pele entrava em contato com a água fria e quando meu corpo se adaptou lavei meus cabelos de longos fios aloirados e ondulados e os deixei secarem sozinhos. Peguei um vestidinho verde musgo acima dos joelhos, e nos pés uma rasteirinha de dedos já que não gostava de usar saltos por já ser alta, quando estava pronta bisbilhotei a entrada e como não havia sinal da megera tirei o celular que havia ganhado das gêmeas de dentro do sofá e mandei uma mensagem no grupo criado por Fayer:

Não poderei retornar hoje. Dakota exigiu que fosse buscar outro vestido.

Resposta não demorou a chegar.

Faith mandou um emoji revirando os olhos enquanto a irmã mandou um áudio, irritada:

Mande essa preguiçosa ir buscar, onde já se viu não ter coragem de levantar a bunda nem mesmo para buscar sua própria roupa, essa mulher está mais morta que viva, certeza!

Sua voz geralmente suave estava acelerada e irritada, não tive tempo de responder quando ouvi novos passos.

Enrijeci, escondendo o celular no mesmo lugar que o peguei e quando a minha voz me chamou da porta senti um arrepio, o que Heather estava fazendo aqui?

Quando abri a porta foi como ver um espelho, mas as roupas de Heather eram sofisticadas e vivas assim como a maquiagem bem feita que usava, sem duvidas estava bem melhor que eu. Suas unhas estavam grandes e pintadas de rosa, mas seus cabelos lisos estavam soltos. Era isso que nos diferia, os cabelos da minha irmã eram mais lisos e curtos que o meu, os meus tinham ondulações quase cacheadas. Éramos exatamente idênticas. Os olhos azuis, a altura e o porte físico.

— Poderia me emprestar sua escova de cabelo? A minha quebrou.

Pediu gentilmente me deixando confusa e quando fui até a mesa de canto para buscar a minha irmã entrou e sentou-se no sofá encarando em volta com nojo, Obvio, com todo o luxo que sempre vivemos Heather não suportaria esse lugar nem mesmo um minuto porque desde que havia sido enxotada ela ainda não havia vindo até aqui, mas porque viria? Porque perderia o seu tempo caminhando quase meio quilometro por nada, não é mesmo?

Quando entreguei o objeto minha irmã sorriu sem graça.

— Obrigada! — Ela olhou por cima do meu ombro e suspirou, olhando ao redor. — Dakota está indo longe demais. Isso não é justo.

— Agora que reparou isso, Heather? — Cerrei os olhos, minhas palavras saíram ríspidas, nem fiz questão de ser gentil.

— Não Bless, mas não posso me revoltar contra ela como você fez, não posso...

Ela se calou.

— Claro que não pode. Não quer perder a credibilidade e parar em quarto fedido quanto esse! — debochei ironicamente. — Entendo os seus motivos

Heather deixou a escova no sofá onde acabará de se levantar e começou caminhar até a porta, mas antes de sair, parou no portal.

— Sei que muitas coisas mudaram entre nós desde que a mamãe foi embora. Eu mudei e você também. — Nossos olhares se cruzaram e um sorriso amargo estampou seus lábios. — Pode achar que a convivência com Dakota tenha me moldado, mas isso não é verdade, não mudou Blessed e há coisas que ainda discordo e você viver aqui é uma delas.

Heather suspirou cansada e desviou o olhar pelo quarto antes de seus olhos novamente me encontrar.

— Quero que saiba que mesmo com tudo que está acontecendo em nossas vidas e com todas as diferenças nunca deixarei de te amar. Você é e sempre será a minha irmãzinha que nasceu minutos depois de mim.

O sorriso simpático exalou dos lábios do rosto idêntico ao meu, seus olhos azuis estavam limpos, suaves, e não havia sinais de deboche, maldade ou qualquer coisa do tipo, e por um instante parecia que estava vendo Heather, minha irmã de três anos atrás.

Olhei-a em choque.

Heather passou pelo portal sem olhar para trás, segui até onde ela havia acabado de passar a tempo de vê-la caminhar mais a frente na trilha de pedras que davam acesso ao jardim, involuntariamente meus olhos encheram-se de lágrimas junto da vontade incessante de abraça-la.

Eu amo você, Heather — sussurrei baixo, em tom embargado.

Não estava preparada para um momento como esse, não estava preparada para saber que minha irmã ainda tinha sentimentos quando pensava que Hea havia perdido seu coração. Talvez ainda houvesse coisas boas em seu peito que só precisava ser explorado com sabedoria e bondade, algo que Dakota nem Leslie haviam conseguido corromper.

A visita inesperada da minha irmã levou-me a memórias antigas, aquelas que guardariam no fundo do coração. Lembrei-me de Scarlette e o quanto sentia saudades e o meus olhos nublaram e de modo automático me joguei no sofá encarei o gesso branco descascando.

Como queria que o tempo voltasse — suspirei, fechando os olhos. — Céus! Como eu faria qualquer para tê-la de volta ou para ao menos saber os seus motivos para nos deixar porque éramos felizes.

O tempo voltar seria um sonho.

Meu sonho impossível.

A porta de madeira rangeu quando Dakota entrou parando na minha frente me olhando com escarneio e eu basicamente pulei do sofá às pressas recebendo um olhar reprovador.

— Diga a Lorelai que espero que tenha criado o meu vestido exatamente como o croqui que escolhi o modelo ou irei pessoalmente devolvê-lo — concordei com a cabeça. — E não demore! Esteja aqui para preparar a minha refeição porque não sou obrigada a ficar com fome nem um minuto.

Olhá-la irritada foi automático.

Eu não era obrigada a muitas coisas que ela me submetia a fazer, coisas que eu não era paga assim como limpar o seu chão ou preparar suas refeições. Eu quem não deveria ser obrigada a nada, mas aguentava quieta porque se expressasse meu ódio com certeza seria prejudicada ainda mais de todas as formas possíveis.

— Tudo bem, Mademoiselle — debochei, vendo-a empinar seu nariz fino.

— Tome — jogou seu cartão e alguns dólares em mim. — A senha está pregada atrás e acredito que isso dê para o metrô!

— Madrasta...

Tentei me aproximar para argumentar, mas ela se afastou quando comecei a implorar para que deixasse isso para quando voltasse da universidade, mas seu rosto branco avermelhou-se de ódio.

— Você não vai aprender a me respeitar, não é? Já disse que é para me chamar de senhora Kelleher, sua idiota! E ainda insiste em passar por cima das minhas ordens. Estou ficando sem paciência para você, menina insolente.

Seus olhos me encontraram e eu encarei seu vestido tubinho e o salto elegante, que adiantava tanto luxo se não tem nenhum pingo de empatia e amor?

— Deveria conversar com David para trancar de vez o seu curso, você nem frequenta as aulas como deveria, acho que isso deve bastar para ele ver quem você realmente é.

— A culpa de tudo isso é sua! — Enfrentei-a pela primeira vez, vendo surpresa em seu olhar. — Eu não quero faltar nenhuma aula, mas você me obriga a fazer coisas que não quero, sua...

Engoli a palavra vadia quando Dakota levantou a mão, mas logo abaixou trincando seus dentes.

Ela havia me feito perder o controle, eu havia perdido o controle.

— Feche a maldita boca antes que eu a arrebente, maldita!— Ameaçou alto e eu dei um passo para trás, Ali era afastado, ninguém ouviria caso ela me batesse. Dakota sempre foi cruel, mas nunca havia me ameaçado ou levantado à mão para mim antes.

O olhar reprovador foi tudo antes de bater a porta a minha frente deixando-me sozinha.

— Maldita golpista dos infernos — resmunguei olhando para o que havia em minhas mãos.

Suspirei fundo tentando conter minha raiva. Peguei o cartão e o pagamento da mulher e iniciei meu caminho pelas ruas, e durante todo o meu percurso me perguntava o que papai havia visto de tão encantadora em uma pessoa chata, fria, mal humorada e insuportável. Tá que ela era bonita, mas apenas isso pesou em sua escolha? Dakota era magra e passava horas na academia de nossa casa para manter a boa forma. Seu rosto era fino e traços suaves que começavam a aparecer com os sinais que sua juventude estava passando. Ela era uma mulher cheia de etiquetas da moda, requintada e cheia de frescuras e, mesmo que fosse fina nunca chegaria aos pés da mamãe. Scarlette era singela, delicada e amável com todos que a rodeavam e se estivesse aqui estaria com quarenta anos, mas garanto que chegaria a essa idade jovial já que ninguém dava sua idade quando estávamos juntas, diziam que possivelmente fosse nossa irmã. Ela era vaidosa e amava se cuidar e fisicamente éramos parecidas com ela e talvez esse fosse o motivo a qual papai nos deixou e também um dos motivos que o levou se casar já que até mesmo a bruxa golpista tinha nossos traços e em leves momentos lembrava a mamãe e quando David Kelleher parecia ter notado a merda que havia feito em se casar decidiu fugir deixando todas as lembranças para trás inclusive suas próprias filhas.

Vinte minutos depois estava em uma condução lotada e sabia que o trajeto não seria simples e como prevenção levei meu celular como forma de distração e durante todo o percurso fui ouvindo musica no fones de ouvido, o que me salvou da viagem tediosa. Quando desci do vagão apressei o passo porque ainda havia alguns minutos de caminhada. Ofegante, basicamente corri para que não demorasse, mas vir a um shopping antes das 7:00 da manhã era ridículo e mais ainda ter que me desdobrar para fazer caprichos de quem não me dava um pingo de valor.

Suspirei fundo quando entrei no shopping pelo estacionamento, apressada de com fones, estava perdida meus pensamentos em pensamentos quando meu corpo colidiu contra o alguém.

— Aí, Cristo — falei em automático conseguindo recobrar o controle do meu corpo para que não caísse e ao levantar os olhos encontrei com dois orbes azuis que fizeram minhas pernas amolecerem no mesmo instante como uma boba que nunca tinha visto um cara bonito na vida. Seu olhar focou-se ao meu e por suas roupas elegantes e finas notava-se que era alguém de alto padrão de vida.

— Perdoe-me, linda, você está bem? — Sua voz grave e melódica ecoou em meus ouvidos, quase suspirei, mas apenas concordei com a cabeça. — Estava distraído que não a vi.

— Faço de suas palavras a minha, me desculpe.

O jovem sorriu.

E em um deslize seus olhos passaram por seu rosto analisando minuciosamente sua boca pequena e fina, olhos pequenos extremamente claros como os meus e cílios volumosos, rosto quadrado bem definido.

— Que bom que não se machucou, preciso ir — falou gentilmente fazendo com que me sentisse patética.

Antes de partir sorriu e com um aceno gentil seguiu por seu caminho, e eu fiquei ali parada vendo-o desaparecer de minha vista, após isso continuei o trajeto para dentro do shopping e antes que chegasse ao ateliê luxuoso guardei o telefone na bolsa e subi o elevador a vitrine com vestidos luxuosos estampavam quase na minha cara.

Milagrosamente quando me aproximei à loja estava abrindo e não estava lotado, busquei por Lorelai, mas não a vi, ali na loja tinha apenas uma garota de cabelos ruivos, acho que aproximadamente da minha idade ou então pouca coisa mais velha. Havia desprezo em seus olhos esverdeados e o nariz parecia estar torcido. A garota usava um vestido da mesma cor dos seus cabelos com uma fenda lateral provocadora. Em todas as vezes que vim nunca a tinha visto antes, mas seu olhar provavelmente era pela simplicidade a qual eu estava vestida.

Lorelai entrou na loja pouco depois com um sorriso falso nos lábios. A senhora de cabelos ruivos curtos até na nuca tentava ser gentil, estava bem vestida também, um vestido cheio de rendas e cortes finos que marcava seu corpo rechonchudo absurdamente elegante.

Eu sorria sem graça tentando deixar a sensação ruim que a garota antipática causava e sem avisar ela deixou o estabelecimento e se foi, possivelmente deveria ser alguma cliente entojada.

— Vim buscar outro vestido da minha madrasta.

Tentei sorrir, mas o máximo que saiu foi uma careta forçada. Lorelai estava se acostumando já que sempre estava ali buscando os vestidos e provavelmente minha madrasta deve ter ligado para perguntar se havia chegado.

— Um minutinho, florzinha! — sua voz irritante saiu como música. Revirei os olhos quando a mulher desapareceu de minha vista, mas logo voltou, segurando uma capa preta enorme nas mãos e um sorriso largo nos lábios. — Esse é o vestido da Mademoiselle Kelleher, ela vai amá-lo.

— É... Ela vai — forcei um sorriso, lembrando-me de suas palavras antes de sair, se não gostasse o problema não seria meu.

Fiquei no ponto quatro horas para pegar o metrô lotado e quando entrei ajeitei os fones para seguir o trajeto ouvindo Sia e tomando cuidado com o vestido para que não chegasse amassado mesmo que eu tivesse sido espremida inúmeras vezes, teria sido fácil se a bruxa devolvesse o meu carro.

Quando finalmente cheguei de volta à estação, segui caminhando a pé por mais quinze minutos e só quase meia hora depois estava em frente à mansão e sorri por conseguir vencer a primeira etapa do inferno, mas a segunda estava por vir.

Subi o elevador até seu quarto, à megera estava sentada tomando um champanhe sozinha ouvindo musicas antigas como adorava ouvir e quando me viu seus olhos fervilharam caminhando bruscamente até mim.

— Cinco horas para buscar um vestido, Blessed? Você é uma incompetente mesmo, está atrasada!

Berrou estridente puxando o vestido com força da minha mão e jogando o liquido transparente de seu copo em meu rosto, fiz careta trincando os dentes de ódio, ah se eu pudesse fazer com ela tudo que eu desejava.

— Vai fazer essa careta de poucos amigos lá na cozinha enquanto prepara o meu almoço e suma da minha vista, insolente!

Não a respondi, mas em automático meus olhos a queimou com ódio e em troca recebi um sorrisinho debochado porque no fim ela havia vencido.

Ignorei sua expressão vitoriosa e quando cheguei à cozinha estava tremula de ódio enquanto enxugava meu rosto molhado pensava em como aquela mulher parecia gentil nas fotos e em meios sociais e até mesmo diante do meu pai era uma ótima dissimulada e manipuladora e em suas visitas me tratava como se fosse quebrar.

Voltei a dar atenção a cozinha quando o motivo a qual estava ali pesou, era um lugar luxuoso de móveis planejados caríssimos com luzes em led que o papai projetou pensando em nosso conforto, mas quem a usufruía era apenas eu já que fui obrigada a aprender a cozinhar enquanto elas provavelmente não sabiam iniciar as refeições a qual comiam. Preparei todo o almoço com cuidado e quando o cheiro exalou ouvi o salto fino bater no chão e não demorou muito para que o perfume Francês feminino invadisse minhas narinas, virei-me para a porta e minha madrasta estava lá, me olhava de braços cruzados e quando nossos olhares se encontraram ela caminhou lentamente até mim, eu era mais alta alguns centímetros.

— Quando terminar suma para aquele moquifo nojento em que você vive e não toque na minha comida. — Seu rosto se contorceu em uma careta amarga. Dakota era cruel, muito cruel — Ficará sem se alimentar por ser desobediente em relação aos meus horários, se não quisesse ser castigada tentasse ser pontual e se caso acontecer novamente os seus castigos aumentarão!

Abri a boca para questionar, mas fechei por saber que palavras deixariam a situação pior e mais uma vez engoli todas as palavras engasgadas para que Dakota não as usasse contra mim.

Dakota olhou o ponteiro marcando meio dia e ao retornar o olhar para mim fez careta.

— Se eu sentir qualquer gosto ruim nessa refeição te deixarei trancada naquele moquifo fedorento por duas semanas e até pensarão que você desistiu do curso e não é isso que deseja não é? — cerrou os olhos e eu neguei. — Então pense bem antes de agir contra as minhas costas sobre qualquer assunto que me envolva.

Dakota sorriu olhando em meus olhos, sobressaindo-se como todas as vezes que tentei agir e até mesmo contar ao papai sobre quem era de verdade, mas David nunca acreditava em mim ainda mais quando Dakota tinha o apoio de Heather para que eu saísse como mentirosa, , e no fim, fiquei trancafiada naquele quarto por quase três dias nas férias e aprendi que não deveria bancar a esperta porque sempre levaria a pior.

Suspirei derrotada.

Droga de vida miserável.

— Faça um suco de laranja e me leve no quarto.

Exigiu pomposa sem me dar tempo de uma resposta, mas que ela sabia que eu não negaria, não poderia negar. Por um momento pensei em colocar laxante em seu suco, sal ao invés do açúcar, cuspir dentro do copo, mas suas palavras me fizeram temer, não podia fazer nada. E algum tempo depois o almoço ficou pronto. Montei a mesa, alinhei os talheres e fiz o maldito suco e levei em seu quarto, assim que entrei em seu quarto ela gritou para que eu saísse, mas pude tive a satisfação de vê-la bebericar um gole. Ótimo, porque mexi o suco com o dedo para misturar uma quantidade elevada de açúcar, era o mínimo que ela merecia.

Entrei no elevador sorrindo, quando cheguei ao hall vi Heather aparecer na porta e o meu sorriso morreu. A minha irmã não disse nada ao passar por mim antes de entrar no elevador e eu também ignorei sua presença seguindo para uma longa caminhada e quando cheguei ao porão tranquei a porta recostando-me nela, aquela não era a garota que havia dito que me amava ontem, nem tão pouco a irmã que me lembrava, era uma imitação frívola de Dakota Turner.

Após o almoço passei a tarde inteira trancada no quarto e no final da tarde inicio da noite minha barriga ronronava de fome misturando-se a uma dor insuportável, estava quase um dia sem comer nada por minha madrasta sempre dizer para que eu não tocasse em nada de sua casa, que nada ali me pertencia. Deitei-me tentando encontrar a melhor posição para que meu estômago parasse de queimar, mas não havia posição confortável, eu precisava comer.

Uma lágrima solitária escapou de meus olhos a dor latejava ao mesmo tempo em que a impotência instalava-se em meu corpo por não poder ajudar a mim mesma.

— Eu queria tanto que estivesse aqui, mamãe.

As lágrimas explodiram incansavelmente antes que fosse consumida pelo cansaço.

Acordei mais cedo, tomei banho e corri até a cozinha, infelizmente e, milagrosamente Dakota estava lá, com passos suaves sai sem ser vista ou sabia que se visse fazia mais coisas para arruinar o meu diploma. Caminhei até o ponto do metro meio trôpego, estava cansada, me sentindo fraca e sabia que deveria pedir ajuda, mas a vizinhança toda tinha nariz em pé demais para oferecer comida a alguém. O metrô não demorou muito estava lotado como sempre, mas por sorte consegui sentar. O campus não ficava longe dali, então, por sorte, não demorei muito a chegar e quanto mais me aproximava estava pior, recostei-me na janela de olhos fechados sentindo meu organismo queimando, reagindo de forma negativa que me impedia de respirar e eu não sabia até quando lutaria sem forças. Parei de andar quando senti que a mais um passo cairia no chão, e ao chegar suspirei aliviada, só precisava encontrar...

— Blessed estava com saudades — ouvi a voz familiar de Faith ecoando em meus ouvidos, mas sua voz cessou. — Meu Deus, você está péssima.

— O que aquela desgraçada fez com você? — Fayer ao seu lado não ponderou em suas palavras.

— Preciso comer qualquer coisa antes passe ainda mais mal ou que desmaie aqui — sussurrei, quase inaudível.

Senti o abraço quente e mais robusto Fayer passar em volta da minha cintura.

— Aquele demônio te deixou sem se alimentar de novo, não foi? — falou perto do meu rosto e eu concordei. Fayer soltou um palavrão alto. — Sinceramente não consigo entender como se submete a essa humilhação. Por Deus, você é uma Kelleher para viver esse inferno.

— Eu não tenho escolhas — respondi abaixando a cabeça e quando a olhei novamente engoli em seco segurando as lágrimas em meus olhos — Fayer, ela tornou-se a ditadora da minha vida a partir do momento que o papai nos abandonou, além de que, essa situação eu mesma criei ao permitir tudo que ela começou a fazer.

— O que ela faz é crime, se contasse a polícia ela estaria presa por maus tratos. — Faith comentou exasperada.

Fayer estendeu a minha mão depositando alguns dólares ali pedindo para que comprasse algo para me alimentar, conversaríamos sobre qualquer coisa depois.

— Eu vou com você! — Faith deu um passo até mim quando pedi a irmã me que soltasse, mas toquei seu pulso suavemente.

— Não precisa amiga, de verdade — olhei-a nos olhos. — Não quero que percam a aula por mim, vá indo que te encontro mais tarde.

Faith me olhou como se quisesse pedir algo, mas se calou quando insisti que Fayer fosse para a sala, com muita insistência viraram o corredor do bloco para pegar o elevador, caminhei até a lanchonete em pequenos passos, minhas mãos tremiam enquanto meu estômago revirava roncando alto e aos poucos a escuridão me assombrava.

Cambaleei, mas rapidamente recuperando o equilíbrio evitando uma queda, não aguentava mais, minha visão nublou, precisava de ajuda ou não chegaria ao lugar.

— Por favor, será que... — Meus olhos perderam as forças para abrir novamente, eu precisava tentar...

— Heather? — ouvi a voz masculina ecoar em meus ouvidos, passando o braço por minha cintura e o grave de sua voz me soou familiar, mas não consegui simula-lo a ninguém que conhecia. — Meu Deus, você está horrível.

Em um abraço terno fui aconchegada em seus braços aspirando o perfume adocicado masculino. Suspirei sentindo meu coração bater descompassado pela aproximação, seu corpo era quente e bem firme e antes de se afastar tocou minha testa certificando que eu não estava com febre, o seu toque me passou confiança. Forcei abrir os olhos e levantei o olhar, mas tudo girava e eu não conseguia focar no rosto a minha frente, na realidade, em nada. Meus pés tropeçaram um no outro e eu senti meu corpo desfalecendo e braços fortes amparando-me novamente.

— Vai ficar tudo bem. Prometo que vou cuidar de você. — Essas foram às últimas palavras que ouvi antes de tudo escurecer. 

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