Capítulo 22
Ludmilla POV
Acordo no dia seguinte com raiva não acreditando que tinha perdido a chance de falar com Brunna, de me desculpar com ela, de dizer que agi feito uma tola terminando com ela, que ainda tenho sentimentos muito fortes, que a amo.
Os dias que se passavam meus pais praticamente acamparam no hospital cuidando de mim, John conseguiu um tempo na sua agenda para vir me visitar duas vezes, Só que pra falar a verdade eu já não estava fazendo muita questão de sua presença e Brunna, que era que eu mais queria que estivesse aqui, nunca mais voltou. Será que ela só quis me ver aquele dia por causa do acidente?
Fiquei um bom tempo andando de muleta pelos corredores do hospital, pensando em Brunna, se ela iria me visitar novamente, é que pudéssemos conversar com mais calma, mas esse dia não chegou.
Assim que consegui minha alta, só precisava do apoio de uma bengala para me locomover, tentei ir para casa, mas minha mãe insistiu que eu ficasse alguns dias na sua, pelo menos até ela ter certeza de que está tudo bem comigo.
(....)
Depois de jantar junto com meus pais vamos todos para sala, e percebo que minha mãe está querendo perguntar alguma coisa para mim.
-Filha..-Minha mãe fala. –....Está acontecendo alguma coisa entre você e o John, eu senti vocês tão distantes um do outro quando ele veio te visitar no hospital, sei que está chateada por ele não ter vindo muito ver você.
-Nós estamos distantes, porque antes do acidente, eu falei para ele que queria terminar o noivado. –Confesso.
-O quê?! -Meu pai fala atento a conversa. –Eu achei que você tinha falado isso no hospital só porque estava brava por ele não vir te ver, mas você realmente vai fazer isso Ludmilla, porque assim tão repentinamente?!
-Primeiramente pai, não foi repentinamente..-Me explico. –....desse tempo que ficamos juntos ele mal teve tempo para ficar comigo, só ficava enfurnado dia e noite naquele hospital.
-É normal minha filha, ele está construindo um futuro para ele. –Papai diz.
-Isso mesmo, para ELE, não para NÓS. –Enfatizo. –Como uma pessoa que está prestes a se casar não quer ficar com a noiva? Que amor é esse!!!
-Ok minha filha. –Minha mãe fala tentando acalmar nossos ânimos.- Você disse a nós que tinha outro motivo, qual outro motivo é esse?
-Sim...-Tomo coragem colocando a mão na corrente de Virgem de Guadalupe que Brunna me presenteou . –O motivo é que estou apaixonada por outra pessoa.
Meus pais se entreolham com uma cara de: como não percebemos isso antes.
-E quem é essa pessoa? –Meu pai pergunta.
-Brunna. –Falo encarando eles.
-Brunna? mas Brunna é nome de mulher. –Meu pai tenta questionar confuso, mas depois cai em si que estou apaixonada por uma mulher.
-Oh Ludmilla!!! –Minha mãe fala soltando um suspiro e meu pai me olha sério.
-E tem mais uma coisa. –Eu continuo.
-Mais coisa!! –Papai diz como se eu estivesse prestes a tacar uma bomba na sala.
-Vocês são médicos então espero que sejam compreensivos. –Eu falo.
-O que é Ludmilla? –Minha mãe pergunta.
–Brunna é intersexual.
-Ludmilla, você está de brincadeira com a gente, não está? –Diz meu pai.
-Não, estou apaixonada por Brunna e ela é intersexual.
-Confesso que pelo ponto de vista clínico eu adoraria conhecer essa Brunna, mas não para namorar a minha filha!!! –Ele diz se levantando exaltado andando de um lado para o outro.
-Pai!! –Brigo. –Não seja preconceituoso, você é médico!!!
-Ah me desculpe!!! –Ele fala alterado. –Mas eu acabei de descobrir que minha filha é uma lésbica!!!
-Michael por favor!!! –Minha mãe o repreende séria.-Filha se esta historia é mesmo verdade , cadê essa Brunna que nós nunca ouvimos falar, confesso que essa história está toda meio difícil de acreditar.
-Podem acreditar, John conhece ela, eu terminei com ela para reatar meu noivado com John, mas como vocês podem ver, não deu muito certo, eu ainda estou muito apaixonada por ela.
-John, aquele desgraçado não me contou nada a respeito!!! –Meu pai fala bravo.
-E eu não a apresentei a vocês, porque eu sabia que vocês teriam esse tipo de reação, que seriam preconceituosos com ela.
-Filha não nos torne uns monstros. –Mamãe se defende.
-Não os torne uns monstros, olha a reação de vocês.
-Essa história apenas está muito difícil de digerir. –Ela rebate.
-Chega, chega desse assunto!!! -Meu pai fala andando apressado até o segundo andar de sua enorme casa.
-E eu vou embora para minha casa, eu também não estou aguentando ficar aqui com vocês me julgando desse jeito.
-Filha fique, a sua perna... –Minha mãe pede.
-Não, eu não quero ficar nessa casa, com vocês olhando para mim como se tivesse cometido um crime. –Falo levantando exasperada com a bengala na mão.
-Então deixe que eu ao menos te leve.
-Não mãe, eu vou pegar um táxi, quero passar em alguns lugares antes de ir para casa.
-Ok, mas amanhã vou passar em sua casa pra ver se está tudo bem, não vai se ver livre de mim assim tão fácil Ludmilla, agora que descobri que você teve uma namorada que eu se quer ouvi falar, percebi que andamos muito distantes uma da outra, posso ser de uma geração antiga e ser um pouco tradicionalista, mas acima de tudo isso você é minha filha.
-Obrigada mãe!!! –Agradeço emocionada a abraçando.
Chamo um táxi e em menos de 5 minutos ele está na porta de casa dos meus pais, decido ir até John e mesmo que não pudesse me receber no momento, esperaria o tempo que fosse.
Chego ao hospital e já vou direto ao seu assistente.
-Olá Srta. Ludmilla. –Me cumprimenta como sempre cortês.
-Oi, tudo bem, posso falar com John?
-John está operando no momento. –Ele diz
-Faz muito tempo que ele entrou em cirurgia?
-1 hora e meia, mais ou menos?
-Posso esperá-lo na sala dele? –Pergunto.
-Claro, assim que ele sair da sala de operação, eu o aviso que a Srta. está o esperando.
-Obrigado. –Digo entrando na sala de John.
Sento no sofá de seu escritório e coloco a bengala ao meu lado, e o espero por mais 40 minutos, quando já estou quase cochilando em sua sala, ouço a porta se abrir e um John com uma cara cansada entrar.
-Oi Ludmilla. –Ele veio me dando um selinho em um ato automático. –Como está a perna?
-Está melhor, doendo menos e já quase consigo andar sem ajuda da bengala.
-Que ótimo!!!
-Tudo certo na operação? –Pergunto mais por educação e pela camaradagem da profissão.
-Sim, foi cansativo, mas deu tudo certo. –Ele responde.
–John, eu estou aqui e acho que você já sabe o porquê. –Digo olhando séria para ele.
-Sim...-Ele suspira. –Você quer terminar comigo para voltar para sua amada Brunna...... Ludmilla, eu não quero parecer negativista , mas o que te faz pensar que ela vai voltar pra você, depois de você ter terminado seu namoro para noivar comigo? –Ele me pergunta me deixando com raiva.
-Porque está tão desacreditado que ela vai voltar para mim John, eu não voltei para você, depois de você ter me despachado só para estudar em Londres. –Respondo e deixo ele sem ação.
-Ok, eu mereci isso.-Ele sorri irônico.
-Sinceramente, não sei se um dia Brunna irá me perdoar....-Eu confesso. -.... mas não é só por causa dela que devemos terminar, você tem que concordar comigo que não estava dando certo?
-Ludmilla, sei que sou um cara muito atarefado, sem tempo, mas eu gosto mesmo de você.
-Eu sei John, também gosto de você, e te amei durante os 5 anos do nosso primeiro relacionamento, e acho que só voltei para você porque acabei me confundindo com esse sentimento, mas eu acho que nosso tempo juntos acabou!!
-Acho que tenho que aprender a conviver com essa perda, estou tão acostumado a ter tudo que quero, que acabei não percebendo que te magoei no meio desse processo. –Ele admite.
-Eu entendo, também magoei uma pessoa. –Falo pensativa.
Tiro o anel de noivado que ele me deu do meu dedo e estendo para John. –Sei que um dia você vai encontrar uma mulher que mereça esse anel.
O abraço e depois beijo sua bochecha me despedindo, me levanto devagar e vou até a porta de sua sala.
-Ludmillaaa!!! –Ele me chama antes de eu sair.
-Sim!! –Olho para ele.
-Boa sorte com Brunna. –Ele deseja.
-Obrigado.
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