O fim de semana passou demasiado depressa.

Estou no carro com a minha mãe que insiste em cantar músicas do seu tempo, o que por vezes até é divertido.

- Porque é que eu tenho de ir para a escola? - resmungo.

- E porque é que perguntas isso a cada 5 minutos?

Ela sorri e olha para mim e eu reviro os olhos, não conseguindo evitar sorrir também. Ela já vez a matrícula mas não quis que eu fosse com ela, aparentemente ela fez uma "surpresa" e, sinceramente estou com um pouco de medo, quer dizer...a minha mãe consegue ser muito intensa ás vezes, e se por acaso ela juntar essa intensidade com a loucura que herdei dela, então tem muitas probabilidades disto correr mal.

Assim que chegamos, ela para o carro e olha para mim de sobrancelha erguida e com um sorriso no rosto, eu conheço esta expressão, ela esta a desafiar-me, parte dela duvida que não vá voltar atrás, cerro os olhos e agarro na mochila que está no banco de trás, antes de sair do carro, aproximo-me da minha mãe e beijo-lhe a bochecha.

- Boa sorte - pisca o olho quando já estou fora do carro e vai embora.

Agarro com mais força as alças da mochila e viro-me, observo a escola detalhadamente, os muros são altos, tem pelo menos 2 andares com várias janelas com vidro preto, a alguns metros, outro edifício muito mais baixo, provavelmente o ginásio.

Mas...porque é que não tem ninguém na rua?

Olho para todos os cantos, nenhum vestígio de presença humana, o local perfeito para começar um apocalipse...talvez eu esteja a exagerar. Mas, estranhamente, está tudo completamente limpo.

Observo atentamente o parte que estacionamento, completamente vazio. Sem me aperceber, um longo suspiro saí da minha garganta, começo a massajar as têmporas, de um segundo para o outro, um barulho estridente preenche todo o espaço.

Por momentos, fico petrificada, engulo seco enquanto repito na minha cabeça que os filmes de terror não acontecem na vida real...pois não?

Viro-me assim que encontro coragem e encontro uma das portas de vidro abertas, um arrepio percorre o meu corpo quando a luz do corredor principal é ligada.

Sem ter qualquer consciência das ações do meu corpo, ando em direção ás escadas, subo-as lentamente e encaro o corredor durante alguns segundos.

Respiro fundo e avanço. Uma escola não nos pode magoar...não fisicamente, certo?

Caminho com passos longos, tenho ambos os punhos cerrados, eu sou forte o suficiente para dar um soco se algum psicopata vier contra mim, tenho a certeza disso, por experiência própria, é uma longa história.

Aos poucos, as luzes vão se apagando, o meu coração começa a bater mais depressa mas não consigo impedir os meus pés de continuarem a andar. Quando é que perdi o total controle do meu corpo?

De um momento para o outro, chego ao que penso ser a cantina, a única luz que me permite ver minimamente as coisas é a lâmpada que está em cima de mim, já que o resto da escola parece estar completamente imersa na escuridão total.

Dou apenas mais um passo e estou dentro da cantina, enquanto os meus olhos se tentam adaptar á escuridão, vejo algo se mexer por entre as sombras, não muito longe de mim. Antes que consiga gritar, vários pares de mãos agarram-me.